sábado, 20 de junho de 2015

Congresso internacional em Porto Alegre debate os efeitos dos ventos nas cidades

Profissionais da engenharia do vento estudam como evitar que as rajadas danifiquem prédios, estádios e veículos, colocando em risco a segurança

Por: Guilherme Justino
20/06/2015 - 04h02min


Para além da energia eólica, das marés e da previsão do tempo, a força dos ventos é um aspecto fundamental no planejamento de qualquer cidade. Seus efeitos têm influência no desenho de prédios, na estabilidade de pontes, na eficiência dos aviões, em aplicações que vão da construção civil ao esporte. Os ventos, afinal, são capazes de moldar estruturas — e estudá-los é garantia de segurança.
Esse é um trabalho para a engenharia dos ventos: um tema que, a partir de domingo, traz especialistas internacionais para Porto Alegre. Até a próxima sexta-feira, cerca de 500 conferencistas de 33 países participarão da 14ª edição do Congresso Internacional de Engenharia do Vento (ICWE, na sigla em inglês), que pela primeira vez será realizado na América do Sul. O evento vai tratar de assuntos como aerodinâmica, meteorologia, poluição e até bem-estar.
— Considerando-se as modernas estruturas sujeitas aos ventos, a estabilidade raramente é um problema. Evoluímos muito nesse sentido. O que preocupa mais atualmente é o movimento induzido pelo vento, algo crítico em prédios mais altos, por exemplo, que tornam o conforto um desafio — explica Chris Letchford, professor do Instituto Politécnico Rensselaer, no Estado de Nova York (EUA), que será um dos palestrantes.
O desafio em arranha-céus, por exemplo, está em manter a solidez em cada andar — nada de balançar por conta de uma ventania mais forte. A temperatura interna também não pode ser diferente da base ao topo, ainda que o exterior vá esfriando conforme se chega mais alto. No solo, busca-se evitar pontos onde a confluência de ventos faça chapéus voarem, priorizando o bem-estar dos pedestres.
A intensidade dos ventos é algo que varia dependendo da região. Em geral, quanto mais perto dos extremos, maior sua força — e as construções precisam ser projetadas de acordo. Determinar o impacto dessas rajadas nas estruturas é um trabalho feito em laboratório, no chamado "túnel de vento".
Um dos poucos disponíveis no país está localizado no Laboratório de Aerodinâmica das Construções (LAC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que identificou problemas e orientou mudanças em projetos como a Arena do Grêmio e a reforma do Beira-Rio. No primeiro, a cobertura foi trocada para que não carregasse tanto vento; no segundo, a preocupação foi com o deslocamento estrutural da cobertura, que acabou modificada.
— A principal preocupação da engenharia dos ventos é com a segurança. Qualquer vidro estilhaçado ou cabo que solte pode comprometer uma vida, e trabalhamos para evitar esse risco — diz Acir Mércio Loredo-Souza, diretor do laboratório e presidente da Associação Brasileira de Engenharia do Vento.
* Zero Hora
No link abaixo, vídeo  de como os ventos afetam estruturas como a Arena e o Beira-Rio e infográfico sobre o efeito do vento nas cidades.





Impacto da construção ao esporte: cidade fictícia reúne diferentes estruturas que são estudadas na engenharia do ventoFoto: Editoria de arte

terça-feira, 16 de junho de 2015

Prefeitura de Ouro Preto é proibida de asfaltar ruas em áreas tombadas

A medida de suspensão das obras valerá pelo menos até o julgamento final da ação, quando a Justiça decidirá se a proibição de asfaltar as vias na área tombada será definitiva

A Justiça proibiu a prefeitura de Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais, de asfaltar vias públicas calçadas artesanalmente com pedras dentro do perímetro tombado do município histórico. A decisão é do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que, em grau de recurso, deferiu uma liminar do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) para suspender as atividades de capeamento. 

A possibilidade de as obras causarem danos de difícil reparação foi apontada pelo MP em uma ação civil pública. Segundo a instituição, esse tipo de pavimentação é danosa, mutiladora, incompatível com as ruas da cidade e capaz de descaracterizar o conjunto urbano de Ouro Preto. 

A medida de suspensão das obras valerá pelo menos até o julgamento final da ação, quando a Justiça decidirá se a proibição de asfaltar as vias na área tombada será definitiva. Além disso, o Ministério também requer a remoção do capeamento já implantado na Rua Engenheiro Corrêa e a adoção de medidas de acessibilidade no local. 

De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, caaso a Justiça dê provimento aos pedidos do MP, o município de Ouro Preto também terá que realizar estudos arqueológicos nas proximidades do Museu Casa dos Inconfidentes para verificar a existência de vestígios das antigas trilhas que levavam ao imóvel, analisando a possibilidade de reativar o antigo acesso ao local. 

O Ministério Público ainda pede que o município e o prefeito de Ouro Preto sejam condenados ao pagamento pelos danos materiais coletivos, estimados em R$ 200 mil. O prefeito ainda poderá ter que arcar com multa referente a valores usados para a colocação e a retirada do asfalto na rua Engenheiro Corrêa. 

Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura de Ouro Preto, o procurador do município, Kleyton Pereira, informou que a prefeitura foi notificada na segunda-feira sobre a decisão, que será estudada para a elaboração de um parecer.



















Prefeitura não poderá colocar asfalto sobre ruas com calçamento de pedra no perímetro tombado

Projetos de Portugal, Espanha e Itália vencem o Prêmio Europeu de Intervenção em Patrimônio Arquitetônico 2015

Após analisar mais de 200 inscrições de 25 países e eleger 14 obras finalistas, o júri finalmente selecionou os projetos vencedores da segunda edição do Prêmio Europeu de Intervenção em Patrimônio Arquitetônico AADIPA 2015: uma residência em Portugal, uma biblioteca na Espanha e um masterplan na Itália estão entre os trabalhos premiados.
O trabalho do escritório português SAMI-arquitectos na Casa E/C e da firma espanholaParedes Pedrosa Arquitectos no projeto da Biblioteca Pública do Estado de Ceuta foi reconhecido pelo júri do prêmio internacional - organizado pelo COAC (Colegio Oficial de Arquitectos de Cataluña) e pela AADIPA (Associação de Arquitetos para a Defesa e Intervenção no Patrimônio Arquitetônico) - que busca "se consolidar como catalisador e observatório dos novos desafios trazidos pela globalização da arquitetura contemporânea na conservação e intervenção do patrimônio construído."
Veja, a seguir, os projetos vencedores.
A segunda edição do Prêmio Europeu de Intervenção em Patrimônio Arquitetônico AADIPAfoi dirigida por Ramón Calonge, Oriol Cusidó, Marc Manzano e Jordi Portal.
Categoria: Intervenção no patrimônio construído
Prêmio: Primeiro Lugar (ex aequo)
Obra: Biblioteca Pública del Estado de Ceuta
Arquitetos: Paredes Pedrosa Arquitectos (Espanha)

Do júri: "Uma intervenção capaz de valorizar o patrimônio, estabelecendo uma perfeita convivência com um programa público contemporâneo, e construir um novo lugar onde a dualidade interior-exterior se mantém no tempo."
Categoria: Intervenção no patrimônio construído
Prêmio: Primeiro Lugar (ex aequo)
Obra: Casa E/C
Arquitetos: SAMI-arquitectos (Portugal)

Do júri: "Estabelece um intenso diálogo entre momentos diferentes, reHabita (sic) uma antiga ruína com materiais que evoluem em sincronia com o tempo e reativa a condição de lugar em relação à paisagem."
Categoria: Espaços externos
Prêmio: Primeiro Lugar
Obra: Intervenção no entorno do monastério de Caaveiro
Arquitetos: Isabel Aguirre Urcola e Celestino García Braña (Espanha)

Do júri: "Intervenção que com uma economia de recursos consegue a máxima integração com o sítio. Trata-se de uma renúncia em favor da expressividade do lugar. Em um mundo globalizado, essa obra representa uma manifesto em defesa da recuperação da identidade, da memória e da natureza."
Categoria: Planejamento
Prêmio: Primeiro Lugar
Obra: Masterplan para Monza, Itália
Arquitetos: Ubistudio (Itália)

Do júri: "Fácil compreensão tanto do processo de análise como das propostas para promover novos usos e atividades através do reconhecimento de sua própria paisagem, assim como de sua capacidade de síntese que utiliza uma representação gráfica precisa e esclarecedora."
Categoria: Divulgação
Prêmio: Primeiro Lugar
Publicação: Almeida/Ciudad Rodrigo – A fortificaçao da Raia Central
Arquitetos: Fernando Cobos (Espanha) e Joâo Campos (Portugal)

Do júri: "Um trabalho merecedor do Prêmio por sua forma inovadora de enfocar o conhecimento dos sistemas territoriais e patrimoniais das fortificações da "faixa" luso-espanhola central e pela rica documentação histórica e cartográfica da análise comparativa entre as cidades de Almeida (Portugal) e Ciudad Rodrigo (Espanha)".
Mais informações sobre o prêmio aqui.
Fonte:Valencia, Nicolás. "Projetos de Portugal, Espanha e Itália vencem o Prêmio Europeu de Intervenção em Patrimônio Arquitetônico 2015" [España, Portugal e Italia, ganadores del Premio Europeo de Intervención en Patrimonio Arquitectónico 2015] 16 Jun 2015. ArchDaily Brasil. (Trad. Romullo Baratto) Acessado 16 Jun 2015.







Casa E/C / SAMI-arquitectos. Cortesia de AADIPA 2015







Biblioteca Pública del Estado de Ceuta / Paredes Pedrosa Arquitectos. Imagem © Roland Halbe







E/C House / SAMI-arquitectos. © Paulo Catrica








Intervenção no entorno do monastério de Caaveiro / _Isabel Aguirre Urcola e Celestino García Braña (Espanha). Imagem © Roland Halbe





Masterplan para la cidade de Monza / Ubistudio. Imagem © Roland Halbe









"Almeida/Ciudad Rodrigo: A fortificaçao da Raia Central" / Fernando Cobos (Espanha) e Joâo Campos (Portugal). Imagem © Roland Halbe

quarta-feira, 10 de junho de 2015

São Paulo apresenta projeto de revisão do zoneamento urbano

Semana passada o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, apresentou à Câmara Municipal um novo projeto de lei para modificar a atual lei de zoneamento.
Entre as mudanças da proposta, que será avaliada pela Comissão de Constituição e Justiça e, posteriormente, pela Comissão de Política Urbana, está o fomento de novas atividades nos bairros, o estabelecimento de condicionantes para a construção de novos edifícios e a criação de requisitos ambientais a serem cumpridos.
Para o prefeito, “o objetivo desse projeto é a comodidade dos cidadãos”, de acordo com o que disse na apresentação da proposta na última semana.
Nesse sentido, a nova legislação busca fazer com que a lei que rege cada uma das zonas da cidade permita um melhor uso dos edifícios existentes localizados em áreas residenciais ou próximos a corredores de transporte. Para isso, pretende-se permitir mais atividades comerciais para que as avenidas permaneçam movimentadas também durante o período noturno, o que garantiria maior segurança aos cidadãos.
Frente a isso, o prefeito comentou que “O princípio que nós estamos discutindo precisa valer para toda a cidade e a ideia é, na medida do possível, não considerar que corredores existentes passem por esse momento do dia em que eles se tornem quase que um lugar impróprio para a vida urbana. Isso significa modular as regras para permitir soluções mais interessantes do ponto de vista urbano.”
Além disso, a proposta tem como objetivo garantir a ampliação das calçadas e estabelecer um número mínimo de estacionamentos públicos para bicicletas em diversos lugares da cidade.
O projeto que segue para aprovação considera preservar o zoneamento atual que rege certos bairros da cidade, como o Jardim Europa, Jardim América, Alto da Lapa e o Pacaembu, considerados “pulmões” para a cidade.
Fonte:
Constanza Martínez Gaete. "São Paulo apresenta projeto de revisão do zoneamento urbano" 10 Jun 2015.ArchDaily Brasil. Acessado 10 Jun 2015.







© lubasi, via Flickr. CC