sábado, 28 de novembro de 2015

Pesquisadores acham em SC sítio arqueológico de quase 6 mil anos

Sambaqui é um dos mais antigos já registrados na região.
Acúmulo de conchas era feito por povos que viviam no período pré-colonial.


Pesquisadores encontraram em São Francisco do Sul, no Litoral Norte catarinense, um dos sambaquis mais antigos já registrados. As primeiras análises indicam que o sítio arqueológico tem 6 mil anos. A descoberta revelou também que figuras pintadas em pedras podem ajudar os pesquisadores a entenderem melhor os hábitos de vida dos primeiros moradores da região (veja o vídeo acima).

A cidade de São Francisco do Sul é a terceira cidade mais antiga do Brasil, fundada em 1504. Antes das primeiras construções, outros povos ocupavam a região. “São sítios arqueológicos pré-coloniais, caracterizados pelo acúmulo intencional de conchas por povos que viviam em todo o litoral brasileiro“, diz a arqueóloga Dione Bandeira.

Pesquisadores acreditam que as pessoas que construíram os sambaquis tenham sido eliminadas ou se misturaram às tribos de índios tupis-guaranis antes da era cristã.


Investigação
“Aqui próximo desse morro tinha uma propriedade grande de engenho de farinha. Poderia ser procedente disso, de ocupação histórica”, afirma a arqueóloga Maria Cristina Alves. Mas pelas características e pela quantidade de sambaquis, a gente resolveu investigar melhor isso. E aí a gente percebeu que se tratava de um sítio pré-colonial.

Diferentemente da maioria dos sambaquis, que ficam a céu aberto, o sítio encontrado chamou a atenção porque ficava em um abrigo, coberto por rochas. Enquanto outros sambaquis da região podem chegar até 20 metros de espessura, ele tem 35 centímetros na parte das conchas.

“A gente tem sambaquis, mas não como esse. É bem raro, e esse foi um dos fatores para ele ser escolhido para escavação”, afirma Dione.

O resultado da datação veio em outubro. “No início a gente tinha até dúvida se era mesmo pré-colonial, podia ser um acúmulo de conchas recentes. Essa era nossa preocupação.Por sorte, no primeiro dia da sondagem, a gente já encontrou material humano. E essa data, de 5.910 anos, acabou sendo o sítio mais antigo que a gente tem com concha.

Figuras elaboradas
Figuras encontradas nas rochas da casa de pedra, como o local é chamado, ainda não foram analisadas a fundo, mas tudo indica que elas sejam pinturas mais elaboradas, bem diferentes das gravuras em baixo relevo encontradas na região de Florianópolis.

“Nós teríamos um sambaqui em abrigo e uma pintura associada a essa ocupação. Isso vai dar muita discussão para a arqueologia regional e até para a arqueologia brasileira”.


Fonte: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2015/11/pesquisadores-acham-em-sc-sitio-arqueologico-de-quase-6-mil-anos.html?utm_source=facebook&utm_medium=social&utm_campaign=g1




















Sambaqui se caracteriza pelo acúmulo de conchas
(Foto: Reprodução/RBSTV)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Edifício-sede do IAB em São Paulo é tombado pelo Iphan

CONSIDERADO UM DOS PRINCIPAIS REGISTROS DA ARQUITETURA MODERNA PAULISTA, O EDIFÍCIO SEDE DO IAB-SP FOI TOMBADO PELO CONSELHO CONSULTIVO DO IPHAN

Na última quarta-feira, dia 25 de novembro, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, vinculado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tombou o edifício sede do Instituto de Arquitetos do Brasil - Departamento São Paulo (IAB-SP). A decisão unânime foi realizada em reunião em Brasília. 
Para o presidente do IAB-SP, José Armênio de Brito Cruz, o tombamento é mais um importante passo no sentido da viabilização do restauro do edifício.
Além disso, o IAB destacou que “a motivação para o tombamento federal está respaldada em valores históricos, visto que o imóvel é representativo da trajetória e elemento de afirmação da arquitetura moderna brasileira, bem como da profissão de arquiteto, representada pelo papel desempenhado pelo IAB. Há também os valores artísticos do edifício, como bem de destaque da arquitetura moderna, já reconhecido no meio técnico e acadêmico.”
Em 1946, três anos após sua criação, o IAB-SP realizou concurso público nacional de arquitetura para a escolha do projeto de sua sede. O júri, composto por Oscar Niemeyer, Firmino Saldanha, Hélio Uchôa, Fernando Saturnino de Britto e Gregori Warchavchik, decidiu que as três equipes finalistas desenvolveriam o projeto definitivo em conjunto.
Construído entre 1947 e 1950, o edifício sede é assinado por Rino Levi, Roberto Cerqueira Cesar, Miguel Forte, Jacob Ruchti, Galiano Ciampaglia, Zenon Lotufo, Abelardo de Souza e Helio Duarte.
Segundo o IAB, a participação de arquitetos com diferentes formações revelou-se uma associação democrática dos projetos participantes do concurso, como um resumo da arquitetura paulista do período.
A edificação é marcada por sua estrutura independente, com planta livre que garante maior flexibilidade no manejo dos espaços. Além disso, por causa do Código de Construção da época, as fachadas dos dois últimos andares são recuadas e a laje do piso em balanço vai até o alinhamento do lote, permitindo a manutenção da leitura prismática, e tendo sido recuados apenas os caixilhos.
A sede do IAB-SP incorporou obras de arte ao longo dos anos, como o mural de autoria de Antônio Bandeira, no térreo, e do móbile intitulado Black Widow (Viúva Negra), de Alexander Calder, atualmente exposto na Tate Modern de Londres. Há ainda uma escultura atribuída a Bruno Giorgi, no escritório do instituto, no quarto andar, e um mural de Ubirajara Ribeiro no primeiro andar.
Também foram tombados, nesta reunião do Iphan, as estações telegráficas construídas pela Comissão Rondon em Vilhena e Ji-Paraná (RO); o conjunto arquitetônico, paisagístico e acervo de bens móveis do Terreiro Omo Ilê Aboula, em Salvador; e os remanescentes do antigo Teatro de Cultura Artística, em São Paulo.


Fotos: divulgação / Rafael Schimdt

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Cadê o Museu da Escravidão?

O Brasil, país que mais tem afro-descentes no mundo,fez um museu para contar a saga dos imigrantes mas não fez um museu para mostrar o holocausto dos escravos. Por quê?

IVAN MARTINS
20/11/2015 - 20h13 - Atualizado 20/11/2015 20h13


Um dos lugares mais impressionantes que eu conheço é o Museu do Holocausto, em Washington. Ele foi concebido para que o visitante repita de forma simbólica a experiência dos campos de extermínio nazistas. Quem entra no museu ganha o número e o nome de uma vítima real, e caminha por ambientes idênticos aos que conduziam às câmaras de gás. Num dado momento, é preciso atravessar uma sala forrada com os sapatos de homens, mulheres e crianças mortos nos campos. A sensação é devastadora.
Hoje, Dia da Consciência Negra, é uma boa ocasião para perguntar por que não temos no Brasil um Museu da Escravidão, capaz de provocar nos visitantes as mesmas reflexões humanistas e antirracistas que o museu dedicado ao Holocausto provoca. 
A escravidão é o fato histórico mais relevante da história do Brasil. Seus efeitos sociais, culturais e econômicos estão em toda parte. A violência da escravidão durou mais de 300 anos, consumiu a vida de 3 milhões de africanos e de incontáveis descendentes e deu ao país a fisionomia mestiça, injusta e desigual que ele tem até hoje. Por que, então, não há um museu específico para lembrar essa atrocidade monumental, da qual descendem (pelo menos...) os 53% de brasileiros que se definem como negros e pardos?
Antes que alguém avise, eu sei que existe o Museu Afro-Brasil, em São Paulo, criado em 2004. Mas a sua finalidade é outra. Trata-se de um museu da cultura afro-brasileira, que tem a escravidão como um dos núcleos de exibição. É um museu fundamental, mas não suficiente. Mal comparando, é como se houvesse em Washington um Museu da Cultura Hebraica, e que, nele, as evidências do Holocausto ocupassem algumas salas. A intenção e os resultados não seriam os mesmos.
Intenção, neste contexto, é uma palavra importante. Toda vez que se discute a herança da escravidão no Brasil aparece alguém para dizer que a situação não é tão grave assim. É como se o país ainda resistisse em admitir o tamanho do crime cometido contra os africanos e relutasse em oferecer desculpas simbólicas e práticas aos seus descendentes. Quando o Supremo Tribunal Federal votou favoravelmente às cotas raciais nas universidades, em 2012, não faltou gente instruída prevendo o apocalipse pedagógico e a explosão dos conflitos raciais no país. Nada disso aconteceu, obviamente, mas ninguém veio a público pedir desculpas. Por quê? 
No século XIX, a elite brasileira acreditava que o “problema negro” do país seria resolvido com a importação de imigrantes europeus e o consequente “branqueamento” da população. Era uma espécie de pensamento mágico que hoje nos parece tão racista quanto ridículo. No século XXI, a mentalidade é de negação. Os miseráveis que pedem nas esquinas são negros e não há negros nos restaurantes caros, nos teatros e nas salas de reunião das grandes empresas. Ainda assim, as pessoas repetem, mecanicamente, que não há um problema social ligado à cor da pele no Brasil - e que a população negra não precisa de programas específicos de apoio e compensação. Isso me sugere que o país não fez uma autocrítica profunda da escravidão e que tampouco se percebe como descendente dos escravos. Como no século XIX, ainda nos enxergamos como um país branco que tem uma população pobre de negro, "um problema".
Por isso talvez não tenhamos no Brasil um Museu da Escravidão, embora tenhamos o Museu da Imigração. Num grupo o país se reconhece, o outro ele nega como um corpo estranho. Isso faz com que nossas crianças e jovens sejam privados de um museu onde poderiam- por exemplo - ganhar o nome de um adolescente africano, embarcar no porão de um navio negreiro, ser vendido como animal no Valengo e entender a humilhação da senzala, onde pessoas cresciam e morriam em meio ao medo e à fome.
A escravidão foi o nosso Holocausto e nossas crianças e jovens, de todas as cores, deveriam ser ensinadas a refletir sobre isso. Se não por descenderem de escravos, por viverem cercadas das consequências profundas da escravidão todos os dias, em toda parte do país, ao longo de toda a vida.










João Ferreira e sua babá, Mônica ( Wikimedia Commons, Museu Afro-Brasil)

sábado, 14 de novembro de 2015

Jaguarão (RS) tem de volta o Teatro Esperança totalmente restaurado

Esta sexta-feira, dia 13 de novembro, será mais uma data histórica para a cidade de Jaguarão (RS). O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura Municipal entregam à comunidade o Teatro Politheama Esperança, totalmente restaurado. Tombado pelo seu valor histórico pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae-RS), em 1990, o espaço é considerado um templo das artes que abriga expressões artísticas da região e do país vizinho, o Uruguai. A cerimônia de reinauguração começa às 19h, com shows de Shana Muller e Ângelo Franco; e de Serginho Moah, vocalista da banda Papas da Língua. 
A obra teve início em 2010, um investimento de cerca de R$ 5,5 milhões. O restauro do imóvel gerou trabalho e renda para muitas famílias. Neste período foram contratados 60 funcionários diretos e outros 15 de forma indireta. A primeira etapa da obra entre 2010 e 2011, envolveu o restauro da cobertura, do forro de estuque, do piso das galerias e sistemas de proteção de descargas atmosféricas. Na segunda etapa foram realizados o restauro do palco, camarins, piso da plateia, forro das galerias, escadas de madeira, restauro do foyer das lojas, reforma nos banheiros com acessibilidade, construção da escada de incêndio, iluminação e sonorização.
O símbolo de uma época de expansão econômica
O Teatro Esperança começou a ser construído em 1887 e foi inaugurado dez anos depois. É apontado como o terceiro mais antigo do estado do Rio Grande do Sul, precedido pelo Teatro Sete de Abril, de Pelotas; e pelo Teatro São Pedro, de Porto Alegre. É reconhecido no cenário nacional, por sua qualidade acústica. A arquitetura do teatro remonta à expansão econômica de Jaguarão no final do período oitocentista e princípios do século XX, época também da fase áurea da construção civil e do engajamento da sociedade com a movimentação cultural e artística do país.
A cidade estava no roteiro das companhias que se apresentavam no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Pelotas, e seguiam para Montevidéu, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Por sua localização estratégica e importância política, recebeu peças de autores de renome como Shakespeare, Alexandre Dumas, José de Alencar, Lobo da Costa, entre outros. O espaço também foi palco de espetáculos circenses pois era possível remover as cadeiras e o piso da plateia, já que o tablado era móvel e se transformava em picadeiro.
Serviço:
Reinauguração Teatro Esperança
Data: 13 de Novembro de 2015, às 19h
Local: Teatro Esperança
Endereço: Avenida 27 de Janeiro, 533 Jaguarão/RS

Informações para imprensa: 
Assessoria de Comunicação Iphan
comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
Mécia Menescal – mecia.menescal@iphan.gov.br
(61) 2024-5476 / 2024-5479
(61) 9381-7543














Crédito das Imagens: Portal Iphan

General Câmara - RS - Patrimônio prestes a virar ruínas

Nas raízes de uma história a natureza faz morada. Em silêncio, a casa construída em 1763, sente o peso da idade e o abandono. As raízes das árvores que hoje a habitam também pedem socorro. Telhado, paredes e assoalhos – por insistência – continuam a demonstrar sua imponência e a importância cultural da arquitetura luso-açoriana. Mas até quando?

Município mãe de Venâncio Aires, Santo Amaro do Sul, hoje, 2º Distrito de General Câmara, foi um dos primeiros municípios do Rio Grande do Sul, fundado em 1752. Por sua importância cultural, em 1998, recebeu do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o tombamento de 14 prédios e a Praça da Igreja, já restaurada.
Entre estes está a casa mais antiga, com 252 anos, que no meio dos escombros, de parte do telhado começa a enterrar a sua história. Ela que abrigou o líder farroupilha José Gomes de Vasconcelos Jardim, a primeira Câmara de Vereadores do então município, serviu de cenário para o filme “Um certo capitão Rodrigo”, em 1970, baseado na obra “O tempo e o vento” de Erico Verissimo também guarda fatos que permanecem no imaginário social da sua gente. Reformas? Quando os recursos chegarem. Se houver tempo.
E o futuro?
O velho casarão, atualmente, pertence aos herdeiros de Tarso de Prado, já falecido. Ele que era militar, foi proprietário do imóvel por 50 anos, conforme informa a filha Margarete de Tarso do Prado, moradora de São Leopoldo. Conforme anúncio em uma das portas, o imóvel está à venda. O que foi confirmado pela herdeira, na quinta-feira, 10, em entrevista à reportagem. O valor do imóvel também está confirmado: R$ 180 mil. Valor este que deverá ser mantido, mesmo após restaurada pelo Iphan, caso aconteça. Margarete destaca que esta orientação vem do Instituto, e o comprometimento é deverá ser documentado.
Quanto à reforma, Margarete relatou que, inicialmente, o Iphan informou-lhe que a casa não era tombada. De posse da informação, chegou a pedir orçamento para reparos. No entanto, os valores apenas para descritivos de materiais se tornaram inviáveis. Acompanhada de profissional da área jurídica, ela buscou a comprovação do tombamento junto ao Iphan.
Diante da veracidade, iniciaram-se as negociações há um ano, junto aos técnicos do Instituto para a restauração do imóvel. Ela acrescenta que há 70 dias, também, comprovou a sua impossibilidade financeira em participar do processo de restauração.
Uma voz que se levanta
Professora aposentada, a venâncio-airenses Olinda Konrad, é uma das defensoras da cultura açoriana do local. Moradora há 15 anos, na Vila Histórica, ela retratou por meio de pintura em telas os imóveis tombados, material que já foi exposto, inclusive na Assembleia Legislativa do RS.
No mês de setembro, Olinda participou em Santa Cruz de Graciosa, a convite do governo de Portugal, do 24º Colóquio de Lusofonia, com a participação de 19 países. Na pauta do encontro a imigração açoriana, arte, literatura e manifestações da cultura portuguesa. Na bagagem, a professora trouxe ideias e esperanças de preservar as raízes portuguesas do distrito. Ela defende que o prédio, objeto da reportagem, seria o ideal para reunir em um só lugar todas as manifestações artísticas e culturais portuguesas e alavancar o turismo do município. Olinda que também é presidente da Associação dos Amigos de Santo Amaro (Avasa), destaca que é preciso a união das forças municipais independentemente de partido, para a preservação da cultura local.
Municipalidade
Para o prefeito de General Câmara, Darci Garcia Freitas, há entendimento da importância histórica dos imóveis, especialmente, do prédio em referência. Freitas concorda que eles poderiam impactar o turismo cultural do local. Entretanto, o município não tem intervenção por se tratar de prédio particular. Cabe ao Iphan a fiscalização dos mesmos. Iniciativas da Administração Municipal somente podem ocorrer, a partir da titularidade. Investimento, atualmente, inviável, diante de outras prioridades nas áreas da saúde, educação, obras e agricultura, segundo o chefe do Executivo.
Freitas relata, que a municipalidade está empenhada e aguarda há dois anos, projeto encaminhado, via Iphan, na ordem de R$ 250 mil, para a restauração do atual prédio, onde funciona o Clube Social e a Casa de Cultura “tombados”. Prédio que após 20 anos de cedência ao município foi adquirido pelo montante de 40 mil, parcelado em dez vezes. Negociação justificável à época e que se enquadrou nas finanças da Prefeitura, conforme Freitas.
Santo Amaro é uma pérola preciosa dentro do município de General Câmara e que não é valorizada pelos administradores. O que cabe é o governo federal investir aqui, dinheiro tem. A edificação deste prédio é 24 anos mais velha que a igreja e é parte fundamental da história de Santo Amaro do Sul e do Rio Grande do Sul’- Olinda Konrad (presidente da Avasa – Santo Amaro do Sul)

Para qualquer tipo de investimento à preservação do imóvel, em primeiro lugar o município precisa ter a sua titularidade, para posteriormente encaminhar projetos junto ao Iphan, a fim de se buscar recursos às reformas, e mantendo-se as características históricas.
Darci Garcia Freitas (Prefeito – General Câmara)
Posição do Iphan
“Temos conhecimento do precário estado de conservação de alguns imóveis tombados da Vila de Santo Amaro. Temos solicitado recursos nos Planos de Ação Anuais para a elaboração dos projetos de restauração e obras de restauração necessárias, mas infelizmente, por contenção de gastos, os referidos recursos ainda não foram liberados. Informo que estamos executando todos os esforços para a recuperação do referido patrimônio.’ Eduardo Hahn – Superintendente Estadual do Iphan

Por Beatriz Colombelli
Fonte original da notícia: Folha do Mate
Construído em 1763, velho casarão pede socorro. Foto: Beatriz Colombelli/Folha do Mate

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

SescTV exibe programa sobre arquitetura dos Arcos da Lapa

 TERCEIRO EPISÓDIO DA SÉRIE ARQUITETURAS VAI AO AR NO SÁBADO, DIA 14 DE NOVEMBRO, ÀS 21H

Os Arcos da Lapa da cidade do Rio de Janeiro, obra do período colonial, serão o tema do próximo episódio da segunda temporada da série Arquiteturas, exibida semanalmente pelo SescTV.
Construída para distribuir à população as águas das nascentes do Rio Carioca, hoje a estrutura serve de viaduto para outra grande atração: os bondes que ligam a Estação da Carioca ao bairro de Santa Teresa. 
Símbolo da Lapa, bairro que já serviu de referência para o que de mais importante aconteceu na vida noturna do Rio, os Arcos da Lapa têm 270 metros de extensão. A construção tem estilo romano e possui 42 arcos duplos de alvenaria, construídos por índios e escravos no século 18.
A segunda temporada da série Arquiteturas, com 26 episódios, de 26 minutos cada, aborda os espaços públicos cujo uso e ocupação foram alterados pelo próprio público, muitas vezes de forma até antagônica à pretendida pelo projeto original.
O programa tem direção do jornalista Paulo Markun e do cineasta Sergio Roizenblit. Os próximos episódios serão sobre a cidade de Itá, em Santa Catarina (21 de novembro), e o Largo da Batata, em São Paulo (28 de novembro).
O episódio sobre os Arcos da Lapa será exibido neste sábado, 14 de novembro, às 21h. No dia seguinte à exibição de cada episódio, o público tem acesso ao conteúdo na íntegra em arquiteturas.sesctv.org.br/.
Para sintonizar o SescTV:
Canal 128, da Oi TV, ou consulte sua operadora
Assista também online em http://sesctv.org.br/aovivo

Crédito da Imagem: do site

Painéis que retratam o São Gonçalo dão início a projeto de valorização do patrimônio

São sete painéis que, instalados na entrada do Campus Porto, no Anglo, trazem a quem passa a visão do Canal São Gonçalo. É como se o olhar atravessasse o prédio. A obra, do artista Zeca Nogueira, é a primeira intervenção artística do projeto QR Code Patrimônio UFPel. A intenção é valorizar o patrimônio da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) através da arte e do acesso a informações sobre o tema com o apoio da tecnologia.
A proposta é vinculada ao Núcleo de Patrimônio Cultural da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PREC), que prevê intervenções artísticas em outros espaços da Universidade de forma a valorizar o patrimônio. Conforme a pró-reitora de Extensão e Cultura, professora Denise Bussoletti, a proposta é ocupar e ressignificar espaços, inclusive aqueles que ainda precisam passar por obras e restaurações. “Isso abre uma visibilidade, valorizando o passado e projetando o futuro, evidenciando a necessidade de preservação”, pontuou.
Ao mesmo tempo, todas as Unidades da UFPel receberão um pôster com um ícone QR Code. Ao acessar a imagem com um dispositivo móvel, o usuário será levado a um site especialmente desenvolvido para concentrar informações tanto sobre o patrimônio da Universidade quanto sobre as propostas artísticas para os locais. Segundo o coordenador do projeto, professor João Fernando Igansi, trata-se de inclusão social através da facilidade de acesso à informação. “Há uma rápida resposta na formação de público em relação ao patrimônio da UFPel, seja ele material ou imaterial”, disse.
Para o reitor Mauro Del Pino, a ideia cumpre o compromisso da Universidade em dar vida ao patrimônio histórico que compõe o acervo da Universidade. “Nele está incluso o Canal São Gonçalo, que queremos que deixe de ser um elemento secundário, que muitas vezes passa despercebido, para ser um sinal das nossas preocupações com a sustentabilidade e a valorização do meio ambiente”, observou.
Um edital será lançado em dezembro para selecionar as próximas intervenções artísticas, que em princípio serão propostas a 15 monumentos da Universidade.
São Gonçalo transposto
O artista convidado para o projeto inaugural, Zeca Nogueira, recebeu a incumbência de propor algo transformador para a fachada da rua Gomes Carneiro, 1. Segundo ele, trazer o Canal para a frente do Campus é uma forma de atrair a atenção do público a esse patrimônio para o qual a cidade está “de costas”. Os painéis são um convite para que as pessoas vão até o Canal, notem sua existência, interajam e contemplem.
Com o apoio da filha, a acadêmica de Jornalismo da UFPel Isabela Nogueira, Zeca visitou o Canal diversas vezes e capturou diferentes luminosidades e enquadramentos até encontrar a sequência perfeita. As imagens foram feitas individualmente, de forma a construir a ideia de horizonte, o que uma fotografia panorâmica não possibilitaria.
A estudante de Nutrição Bruna Moura, 23 anos, tem todas as suas aulas no Campus Porto e terá os painéis em seu cotidiano. “Achei muito bonito. Antes era muito escuro, sem vida. Agora está alegre”, afirmou.
Batizada de São Gonçalo Patrimônio Ambiental, a obra será um convite permanente para frequentadores e visitantes do Campus Porto. Segundo o artista, um elemento para o despertar da consciência das pessoas para a importância da aproximação. “A paisagem remete à ideia de infinitude, que não é qualquer lugar que possui. Como a ideia da beira do mar”.











Crédito das imagens: do site

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Arquiteto português restaura hotel histórico no Rio de Janeiro

O arquiteto português Luis Antônio foi o responsável pelo retrofit do hotel Vila Galé, no Rio de Janeiro. Confira uma entrevista exclusiva com ele e veja as fotos do resultado da reforma

Simone Raitzik

Em plena rua movimentada, no centro da cidade do Rio, o hotel Vila Galé é um oásis - em todos os sentidos. Ali, a fachada histórica foi preservada, assim como grande parte dos detalhes da arquitetura original do casario, onde por muitos anos funcionou um tradicional colégio. Pisos de tábuas corridas largas de madeira maciça e corredores revestidos de ladrilhos hidráulicos estampados conferem um ar clássico e elegante ao conjunto, que ganhou também um prédio novo (em menos em evidência) nos fundos do terreno de 6600 m². No pátio interno, o destaque fica por conta da piscina com raia de 25 m, uma surpresa deliciosa em pleno coração nervoso da cidade maravilhosa.
Abaixo, um papo com o arquiteto português Luis Antônio, responsável pelo projeto de reforma, desvenda um pouco do que foi o processo de retrofit desse palacete histórico, que aposta em uma decoração moderna, inspirada no samba e na bossa nova.
- O local era uma escola, no passado? E, para o hotel, foi construído um novo prédio e o centro de convenções?
No passado foi uma escola e antes disso uma hotel. Fomos obrigados pelo patrimônio a preservar os 3 edifícios que compunham parte do programa do hotel. Mas, para viabilizar economicamente o investimento, fizemos uma torre nos fundos, com restaurante, centro de convenções e mais quartos.
- Qual o padrão da escolha do mobiliário dos quartos e das demais dependências do hotel
O grupo Vila Galé tinha acabado de inaugurar em Portugal o seu primeiro 5* com uma solução idêntica, composto por uma parte antiga e outra totalmente moderna. Nesse projeto, optou-se por uma decoração clássica na parte antiga e moderna na área nova, o que repetimos aqui.
O mobiliário é feito de madeira nobre o que dá sempre um requinte aos espaço. Para o Palácio, foi escolhido um tom mais clássico, com peças desenhadas por nossa equipe e que mandamos executar. Tudo exclusivo.
-Como você definiria o estilo da decoração do hotel? Dê exemplos
A decoração do hotel é mista, com o palácio e os prédios preservados, nas laterais, decorados com mobiliário clássico. Já a torre, nos fundos, ganhou uma decoração moderna.
- Como foi feita a preservação da área antiga? O que foi mantido e o que foi modificado da construção original?
As construções antigas foram mantidas. No Palácio e nos prédios laterais, preservamos as fachadas e mexemos na configuração interna dos quartos. Foram também mantidas e recuperadas as escadas de madeira existentes.
- Revestimentos internos, como papéis de parede, azulejos e ladrilhos. Por que eles foram utilizados?
Quanto aos revestimentos, procuramos usar materiais que não comprometessem muito a decoração e de fácil manutenção. Por isso mesmo, recorremos à pintura das paredes, pois permite uma rápida intervenção no caso de algum reparo. No entanto, buscamos para cada hotel de nossa rede uma inspiração única e, no caso do Rio de Janeiro, o Grupo Vila Galé recorreu a imagens da história Luso-brasileira, de Samba e Bossa Nova.
- A piscina é um dos destaques da construção? Quais as dimensões dela?
Já existia uma piscina, embora não exatamente no mesmo local. Era importante ter um espaço de lazer e apostamos em um pátio generoso (a piscina tem 25 x 7 m), confortável, que fosse atraente para os hóspedes. Quase um oásis em pleno centro.
- A fachada foi mantida da construção original? O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) teve algum papel nesse processo? O tom da pintura teve de ser aprovado pela instituição?
A fachada principal do Palácio foi mantida integralmente, e inclusive fomos obrigados a recuperar os dois torreões que já tinham desaparecido. O patrimônio fiscalizou o processo todo e acompanhou a obra, definindo e aprovando as cores da fachada.








Fonte da imagem: do site

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Rompimento de barragens destroi também patrimônio histórico em Minas

Desastre destruiu Bento Rodrigues, lugarejo que surgiu no século XVIII como uma das primeiras unidades mineradoras em Minas Gerais. Veja como era o local antes da tragédia.

Thiago Ventura

Além das mortes, desaparecidos e dano ambiental causados pelo rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Região Central de Minas, a tragédia também acabou com um patrimônio histórico. A Igreja de São Bento, padroeiro do lugarejo, foi arrasada pela lama. 

A primeira igreja de São Bento foi construída em 1718 e a construção atual foi erguida no mesmo local, com um recuo maior. Segundo informações da Prefeitura de Mariana, reunidas pelo portal do Patrimônio Cultural, o templo afundado pela lama foi construído no período colonial.

Apesar de não ser tombada pelo patrimônio municipal ou estadual, a Igreja de São Bento estava em bom estado e exibia detalhes típicos das construções barrocas, com cruz latina e paredes de pau-a-pique. O povoado de Bento Rodrigues surgiu no século XVIII como uma das primeiras unidades mineradoras do estado.

A outra igreja do local, Nossa Senhora das Mercês escapou da avalanche por ser construída num ponto mais alto. Moradores buscaram refúgio no templo para escapar da tragédia. O altar original da Igreja de São Bento estava nesse templo e ficou preservado.

Em nota, a Arquidiocese de Mariana lamentou a tragédia: “Manifestamos nossa mais sentida solidariedade às famílias que tiveram suas casas e seus bens destruídos e às que choram a morte de seus entes queridos, vítimas dessa catástrofe de proporções incalculáveis”, destacou a instituição em comunicado. 



 Imagem da Igreja de São Bento antes do desastre (foto: Reprodução/Street View)


Vilarejo foi arrasado; teto no canto inferior esquerdo era da escola de Bento Rodrigues (foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação)
















Imagem de satélite mostra Bento Rodrigues antes da tragédia. Igreja de São Bento ficava na praça no canto inferior direito (foto: Google)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

UNESCO lança publicações sobre sítios arqueológicos e patrimônios mundial e imaterial no Brasil

Por meio de fotos, ilustrações e informações dos sítios brasileiros inscritos nas listas da UNESCO, publicações – disponíveis online – acrescentam conhecimentos sobre o passado e o presente da região. Lançamento será nesta sexta-feira (6), às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

Um livro pode nos levar a lugares longínquos, nos causar diferentes sensações e possibilitar variadas descobertas. Quando se une essa capacidade à vontade de viajar e conhecer belos lugares e que tenham valor extraordinário para a humanidade, a curiosidade é geral.
Duas publicações produzidas em coedição pelo escritório da UNESCO no Brasil e a Editora Brasileira e que priorizam as imagens – acompanhadas por breves textos (em português e em inglês) – reforçam o prazer das muitas viagens que começam nas páginas de um livro.
As publicações “Patrimônio da Humanidade no Brasil: suas riquezas culturais e naturais”, com textos de Marilúcia Botallo, fotos de Marcos Piffer e ilustrações de Paulo Von Poser, e “Sítios arqueológicos brasileiros”, com textos de Cristiane de Andrade Buco e introdução de Niède Guidon, serão lançadas, juntas, nesta sexta-feira (6), às 19 horas, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo (Alameda Santos, 2.152, Loja 122, Bela Vista).
A primeira teve o patrocínio da Deicmar e da Cerâmica Portinari e a segunda, da Mineração Jundu/Saint Gobain. Ambas contam com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil e poderão ser adquiridas nas Livrarias Cultura de vários estados e em grandes livrarias como Saraiva, FNAC, Travessa e outras.
Patrimônio da Humanidade no Brasil: suas riquezas culturais e naturais
O Brasil possui hoje 19 sítios inscritos na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo 11 sítios do Patrimônio Cultural, sete sítios do Patrimônio Natural e um sítio na categoria de Paisagem Cultural, que é o Rio de Janeiro – o primeiro desta categoria em todo o mundo. Conheça aqui quais são os sítios brasileiros que estão na Lista da UNESCO.
Eles são regidos pela Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, de 1972, da qual o Brasil é signatário. Com imagens deslumbrantes, todos os sítios do país estão representados na publicação Patrimônio da Humanidade no Brasil: suas riquezas culturais e naturais.
Além desses bens, a publicação traz também informações e ilustrações sobre os itens brasileiros inscritos na Lista do Patrimônio Imaterial da UNESCO, que é regida pela Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, de 2003.
São eles: Expressões Orais e Gráficas dos Wajãpis, do Amapá; Samba de Roda do Recôncavo Baiano, Bahia; Yaokwa, ritual do povo enauenê-nauês para a manutenção da ordem social e cósmica, Amazônia; Museu Vivo do Fandango, das comunidades costeiras do Sul e Sudeste do Brasil; Frevo, artes cênicas do carnaval de Recife, Pernambuco; Círio de Nazaré na cidade de Belém, Pará, e Roda de Capoeira, manifestação cultural afro-brasileira. Mais informações sobre esses itens que fazem parte dessa outra lista da UNESCO você encontra aqui.
O objetivo da publicação é difundir os sítios que são patrimônio mundial no Brasil e os que estão na Lista do Patrimônio Imaterial como forma de valorizar e reforçar a importância cultural do país em sua região e em todo o mundo.
“Muitos brasileiros ainda não conhecem os sítios de seu país que fazem parte da Lista do Patrimônio da UNESCO”, comenta o representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz. “Esse reconhecimento pela sociedade e pelo poder público pode ainda trazer muitos benefícios para a sociedade brasileira.”
Sítios arqueológicos brasileiros
A exploração de sítios arqueológicos no Brasil traça novas hipóteses sobre a chegada do homem à América, questão que sempre desperta grande interesse não apenas dos estudiosos mas da sociedade em geral. Quem não quer saber mais sobre o passado da Humanidade?
Um dos principais sítios arqueológicos brasileiros, se não o principal, é o da Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no sudeste do estado do Piauí, um dos pontos de estudo em que se descobriram vestígios de civilização datados de 40 mil anos. As escavações costumam revelar como aconteceu o povoamento dos espaços, os tipos de vida o homem levava e os aspectos culturais que eram relevantes na época.
A publicação fala da Serra da Capivara com destaque, mas mostra vários outros sítios arqueológicos no Brasil, apresentando ao leitor informações históricas e científicas sobre o planeta Terra, o Brasil e a cultura pré-histórica, além de oferecer opções de visitação a parques arqueológicos e paisagens naturais.
Serviço: Lançamento das Publicações
Data: 06/11/2015
Horário: 19h
Local: Livraria Cultura do Conjunto Nacional
Endereço: Alameda Santos, 2.152, Loja 122, Bela Vista, São Paulo-SP

Livro: Patrimônio da Humanidade no Brasil: suas riquezas culturais e naturais
Textos de Marilúcia Botallo, Fotos de Marcos Piffer, Ilustrações de Paulo Von Poser
Formato: 31,5×23,5 cm; capa dura; 220 páginas

Livro: Sítios arqueológicos brasileiros
Textos de Cristiane de Andrade Buco, Introdução de Niède Guidon
Formato: 24,5×24,5 cm; capa dura; 200 páginas

Mais informações:
UNESCO no Brasil: Ana Lúcia Guimarães, (61) 2106 3536(61) 9966-3287, a.guimaraes@unesco.org; Fabiana Pullen, (61) 2106 3596, f.sousa@unesco.org







Boqueirão da Pedra Furada, na Serra da Capivara. Foto: Otávio Nogueira/Flickr/CC)