O historiador, Dr. Alcides de Freitas Cruz, em um trabalho sobre Encruzilhada, publicado no anuário da Província do Rio Grande do Sul (1901), do Dr. Graciano Azambuja, afirmou, depois de ter examinado aqui antigos documentos, inventários e registros paroquiais, que os primitivos habitantes do nosso município procediam das ilhas dos Açores, da Vila de Laguna, da São Paulo e de Rio Pardo.Assinalou, também, o autor, que um contingente indígena das Missões foi trazido para cá provavelmente no início do século XIX.Na realidade, esses guaranis faziam parte de um contingente maior que, após a Guerra Guaranítica, veio com o general português Gomes Freire de Andrade para Rio Pardo. Parte deles seguiu para Cachoeira, e a leva mais importante ficado em Rio Pardo foram transferidos para Encruzilhada e aqui assentados na Aldeia Velha, local situado hoje no perímetro urbano, junto ás atuais ruas 4 de Dezembro e Ernesto Dorneles.
É bom esclarecer que este aldeamento não se constituiu em uma redução jesuítica aos moldes das que formaram no século XVII os Sete Povos das Missões. Aqui não tivemos a presença dos padres da Companhia de Jesus. Os aldeados, na parte religiosa, eram assistidos pelos padres da freguesia. Só não sabemos é se os índios daqui eram sujeitos ás mesmas restrições impostas a seus irmãos na Aldeia dos Anjos, onde, além de serem proibidos de falar o idioma nativo, tiveram seus nomes trocados por nomes portugueses como nos seguintes exemplos anotados pela professora Ana Cristina Oliveira Álvares na obra Os índios da Aldeia dos Anjos. O índio Cababayu passou a ser chamado Dionísio Pereira; Poti ficou sendo Miguel de Sousa, Tiripá foi “rebatizado” como Estanislau Goularte, e assim por diante.
Mal fechados em Encruzilhada, os índios trataram logo de erguer uma capela na Aldeia Velha, onde colocaram seus santos de madeira e um sino que, segundo o historiador oriental Uruguay Veja Castilhos, com quem conversamos a respeito, teria vindo das missões argentinas. Esta hoje, no Museu Municipal, junto á Biblioteca Público. Nele esta gravada a seguinte inscrição: Ano de 1766 – Apostoles S. Pero.
Abaixo da capela, no correr da Rua 4 de Dezembro, os índios tinham seu cemitério. Anos atrás, em escavações feitas no local, foram encontradas ossadas humanas.
Com o passar do tempo, esses indígenas foram se dispersando. Lá pelo ano de 1890 já restavam poucos. Entre esses ficou uma velha índia muito conhecida na vila pelo apelido de Chica Pancha, a qual, segundo se sabe, foi a última guardadora dos santos de madeira, do sino e das alfaias da capela. Ela faleceu aqui a 6 de fevereiro de 1893, portanto há cem anos. Seu passamento foi registrado pelo jornal local A Encruzilhada, dois dias depois, com os seguintes termos: “Anteontem foi sepultado o corpo da china velha Francisca, vulgarmente conhecida por China Pancha”.
Com isto, comprova-se ter existido no passado mais um templo em Encruzilhada. Tivemos, assim, fora a atual Matriz, a Capela de Santa Bárbara, a Capela do Cemitério, próxima a atual Praça Barão do Guarai, e a Capela dos índios Missioneiros, na Aldeia Velha.
Humberto Castro Fossa - Historiador
Caminhos, Boletim da Paróquia de Santa Bárbara, maio de 1993
É bom esclarecer que este aldeamento não se constituiu em uma redução jesuítica aos moldes das que formaram no século XVII os Sete Povos das Missões. Aqui não tivemos a presença dos padres da Companhia de Jesus. Os aldeados, na parte religiosa, eram assistidos pelos padres da freguesia. Só não sabemos é se os índios daqui eram sujeitos ás mesmas restrições impostas a seus irmãos na Aldeia dos Anjos, onde, além de serem proibidos de falar o idioma nativo, tiveram seus nomes trocados por nomes portugueses como nos seguintes exemplos anotados pela professora Ana Cristina Oliveira Álvares na obra Os índios da Aldeia dos Anjos. O índio Cababayu passou a ser chamado Dionísio Pereira; Poti ficou sendo Miguel de Sousa, Tiripá foi “rebatizado” como Estanislau Goularte, e assim por diante.
Mal fechados em Encruzilhada, os índios trataram logo de erguer uma capela na Aldeia Velha, onde colocaram seus santos de madeira e um sino que, segundo o historiador oriental Uruguay Veja Castilhos, com quem conversamos a respeito, teria vindo das missões argentinas. Esta hoje, no Museu Municipal, junto á Biblioteca Público. Nele esta gravada a seguinte inscrição: Ano de 1766 – Apostoles S. Pero.
Abaixo da capela, no correr da Rua 4 de Dezembro, os índios tinham seu cemitério. Anos atrás, em escavações feitas no local, foram encontradas ossadas humanas.
Com o passar do tempo, esses indígenas foram se dispersando. Lá pelo ano de 1890 já restavam poucos. Entre esses ficou uma velha índia muito conhecida na vila pelo apelido de Chica Pancha, a qual, segundo se sabe, foi a última guardadora dos santos de madeira, do sino e das alfaias da capela. Ela faleceu aqui a 6 de fevereiro de 1893, portanto há cem anos. Seu passamento foi registrado pelo jornal local A Encruzilhada, dois dias depois, com os seguintes termos: “Anteontem foi sepultado o corpo da china velha Francisca, vulgarmente conhecida por China Pancha”.
Com isto, comprova-se ter existido no passado mais um templo em Encruzilhada. Tivemos, assim, fora a atual Matriz, a Capela de Santa Bárbara, a Capela do Cemitério, próxima a atual Praça Barão do Guarai, e a Capela dos índios Missioneiros, na Aldeia Velha.
Humberto Castro Fossa - Historiador
Caminhos, Boletim da Paróquia de Santa Bárbara, maio de 1993
Texto extraído do livro:
Memória Encruzilhadense - Humberto Castro Fossa – Vol.3. Alice Therezinha Campos Moreira, Dione Teixeira Borges Moreira (org.). Porto Alegre. Evangraf - 2008
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 06 de Julho de 2009
Olha só que interessante isso...
ResponderExcluir=)
BHá, Eder, transformei meu blog em apenas para leitores vips agora...
quando tu puder, me manda por e-mail o teu endereço de e-mail que tu usa pra blogar aqui que eu quero te add como um leitor vip do meu blog...
abraços...
Opa, muito bom, fiquei curioso sobre o tema. Seria interessante saber se estes índios não eram prisioneiros dos portugueses, já que provavelmente eram missioneiros sobre domínio espanhol.
ResponderExcluirAtt Fernando Filho
Gosto demais do teu trabalho! Parabéns e mt obrigada por nos fazer conhecer fatos interessantes da nossa Encruzilhada querida. Abração, Nina
ResponderExcluirQual povos indiginas que habitavam encruzilhada do Sul ?
ResponderExcluirNão achei esta informação, mas se vieram das Reduções Jesuíticas, deveriam ser ìndios Guaranis.
ExcluirQuero saber qual tribo habitava Encruzilhada do Sul, moro em Curitiba e meu avó era descendente de [indio de Encruzilhada do Sul e quero fazer uma tatuagem com o povo de Encruzilhada.
ResponderExcluirNão achei esta informação, mas se vieram das Reduções Jesuíticas, deveriam ser ìndios Guaranis.
ExcluirCaro Eder, você possui alguma informação sobre o mármore que foi extraído na Encruzilhada no século XIX? Marcelo Grillo, Cachoeiro de Itapemirim, ES
ResponderExcluirInfelizmente não tenho essas informações.
Excluir