quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Um ótimo ano para todos.
Brindemos 2010!

http://cid-09f2d1d236bf1936.skydrive.live.com/self.aspx/Mensagens/Feliz%20Ano%20Novo.pps

Copa 2014 – Olimpíada 2016 – Bem – vindo ao país da Fantasia

O Brasil entrou em uma aventura de alto risco – Organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, esta voltada exclusivamente para a cidade do Rio de Janeiro.Quando do anúncio desses dois eventos, houve festa, comoção nacional, discursos inflamados de atletas, ministros e do presidente da República, todos concordando que o Brasil finalmente chegou na turma de cima, a dos países ricos, e tem capacidade para organizar grandes eventos esportivos.
Os otimistas vão dizer que o país está em outro patamar, com uma economia sólida, com capacidade para ingressar no mundo dos países desenvolvidos, que esses eventos vão nos deixar um grande legado, enfim, argumentos não faltam para mostrar o poderio econômico e a capacidade do país.Não quero ser pessimista, mas já sabemos de antemão onde vai dar tudo isso.Não precisa ser vidente para saber que o orçamento vai estourar, que o governo vais usar dinheiro público nas obras, que não vai haver licitações, e o dinheiro do país vai escoar pelo ralo.
Já sabemos que o orçamento do Pan de 2007 ficou 10 vezes maior.Algumas instalações esportivas ficaram sem utilidade e o legado para o Rio de Janeiro foi péssimo.O estádio do Engenhão foi alugado a preço de banana para um clube falido, sem falar que fica num bairro de difícil acesso, sem vias de trânsito capazes de suportar o fluxo e ainda sem áreas de estacionamento.O parque aquático foi entregue de bandeja para o COB, porque a Prefeitura do Rio não tem condições de arcar com as despesas.Metas de melhoria do transporte público, despoluição dos rios e ampliação do saneamento básico foram ignorada.Dados que mostram como estamos despreparados para enfrentar os problemas e organizar eventos de grande porte.
Ainda não começamos nenhuma das obras para 2014 e já embarcamos na aventura de organizar a Olimpíada de 2016, com orçamento previsto para 5,5 bilhões, isto só para começar.Já ultrapassamos o valor previsto somente na divulgação da candidatura para 2016, o que esperar então quando começarem as obras.
Vivemos um sonho utópico de transformar as capitais brasileiras com os projetos para 2014.Ora, fomos escolhidos em 2007 e ainda estamos em fase de discussão, sem sequer uma obra iniciada. É claro que existem bons projetos para os estádios, mas não podemos pensar em estádios, arenas ou instalações olímpicas sem se preocupar com o entorno.Não queremos estádios assentados em bairros conflituosos, sem a infra-estrutura necessária para seu funcionamento, como transportes, acessos, questões ambientais e compatibilidade com o entorno.Além disso, é preciso planejar toda a infra-estrutura para sediar um evento dessa magnitude, com hotéis para turistas e delegações, aeroportos operando com sua capacidade de segurança, estradas bem pavimentadas, ruas livres de esgoto a céu aberto e principalmente, resolver a questão da violência urbana.Apenas algumas questões para resolvermos até 2014, mas...Ainda não começamos.
Todas essas questões de planejamento, além de postas em prática, necessitam de projetos desenvolvidos por profissionais capacitados – arquitetos, engenheiros, geógrafos, sociólogos, enfim, todos que de uma forma ou de outra, pensam e participam do planejamento urbano.Sem dúvida, este é o momento destes profissionais agirem e transformar nossas metrópoles caóticas em cidades mais saudáveis.Todavia, precisam também contar com o apoio do governo para poderem realizar seus projetos.
Faltam quatro anos para o primeiro dos dois eventos acontecer.Ainda estamos planejando.Há muita fantasia no ar – metrôs gigantescos, planos urbanos mirabolantes.Não precisa ser expert para saber que em 4 anos, num país onde reina a corrupção, muitas dessa obras não sairão do papel.Não cumprimos ainda nem os prazos de editais prometidos à FIFA.E aí, como sempre, vamos deixar tudo para a última hora, e o resultado será obras inacabadas, sem licitações, orçamentos estourados e o dinheiro do contribuinte jogado fora.
Mas vivemos no país da fantasia, onde problemas graves de saúde, educação e segurança pública são deixados de lado e o presidente diz que “nunca antes na história desse país... as coisas estiveram tão bem”.Aí, para não dar vexame lá fora, vamos usar o velho “jeitinho brasileiro”.
O problema vai ser quando acordarmos do sonho.Torçam para que isto seja apenas uma manifestação de pessimismo, ou rezem bastante.


Bibliografia
Bola Dividida – Mário Marcos de Souza, Jornal Zero Hora, Porto Alegre – RS, 26 de setembro de 2009.
Portal Vitrúvius – Minha Cidade – Copa 2014: Welcome to Congo! – Eduardo Barra – Artigo – outubro de 2009

Eder Santos
Encruzilhada do Sul, Dezembro de 2009

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Parabéns colegas recém-formados

Parabéns a todos os colegas formados este ano no curso de Arquitetura e Urbanismo da UNISC.
Sucesso, ética, responsabilidade e bons projetos a todos.Mostrem sua arquitetura para o mundo.
Bom fim de ano a todos!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Niemeyer - Gênio - 102 anos de vida e arquitetura

O arquiteto Oscar Niemeyer completará 102 anos de idade amanhã em plena atividade e depois de ter superado vários problemas de saúde que o obrigaram a submeter-se a duas cirurgias nos últimos meses.
Niemeyer, que ainda trabalha em seu estúdio no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, não alterará sua rotina por causa do aniversário, pelo qual já começou a receber felicitações de diferentes partes do mundo, conforme disse nesta segunda-feira, 14, seu neto Carlos Oscar Niemeyer.
"Amanhã vai trabalhar normalmente. Seguramente a família irá almoçar com ele e alguns amigos, mas não temos prevista nenhuma comemoração especial", contou o neto de Niemeyer. À tarde, segundo ele, Niemeyer terá aula de filosofia com um professor particular, como costuma fazer todas as terças-feiras há cinco meses.
Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu no Rio de Janeiro no dia 15 de dezembro de 1907 e, como arquiteto, sempre se caracterizou por ser um inovador nas formas arquitetônicas, com uma obsessão por dotar dar curvas ao cimento, característica que o tornou um dos precursores da arquitetura moderna.
Documentário
"Quando me encomendam um edifício público, tento torná-lo lindo, diferente, que gere surpresa. Porque sei que os mais pobres não aproveitam nada, mas eles podem parar para vê-lo e ter um momento de prazer, de surpresa. É essa a forma como a arquitetura pode ser útil", explica o próprio arquiteto em "Oscar Niemeyer: A Vida É Um Sopro", um documentário de 90 minutos lançado há dois anos e que resume sua vida e sua obra.
No mesmo documentário, Niemeyer admite que as curvas de seus edifícios tiveram como inspiração as montanhas do Rio de Janeiro e as formas do corpo feminino.
Seu amor pelas mulheres o levou a casar-se em novembro de 2006, aos 98 anos, enquanto se recuperava de cirurgia e escondido de sua família, com Vera Lucia Cabreira, 40 anos mais nova que ele e que foi sua secretária durante décadas.
O arquiteto se casou pela primeira vez aos 21 anos com Annita Baldo, com quem teve uma filha chamada Ana Maria e viveu 76 anos junto, até sua morte, em 2004.
Foi com a mulher como inspiração que Niemeyer se tornou um dos arquitetos mais conhecidos do mundo, com obras construídas nos cinco continentes e com uma cidade como galeria viva para sua arte: Brasília, declarada Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Brasília
A capital brasileira, inaugurada em 1960 no meio do nada e sob os planos de seu amigo Lúcio Costa, abriga várias das principais obras deste gênio: o Palácio do Planalto, o Congresso, a sede do Supremo Tribunal Federal, a Catedral e o Museu Nacional, entre outros.
Mas suas obras se espalham por todo Brasil e entre elas destacam-se o conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte; o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, mais conhecido como "Oca", além do Auditório Ibirapuera, ambos no parque em São Paulo; e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ).
No âmbito político, Niemeyer se caracterizou por ser um fervoroso comunista, razão pela qual teve que exilar-se em Paris durante a ditadura no Brasil.
Em 1966, desenhou sem cobrar nada a sede do Partido Comunista Francês, em Paris, e também deixou sua marca no Centro Cultural Le Havre (França) e em um zoológico em Argel (Argélia), entre outros.
Entre as últimas obras que saíram da prancha do arquiteto está o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, que será inaugurado em maio de 2010 em Avilês (Espanha).
Atualmente, trabalha no projeto de uma torre de 60 metros que será construída em Niterói, além da sede de uma biblioteca árabe-sul-americana, em Argel, trabalhos que teve que interromper durante várias semanas por causa das cirurgias às quais se submeteu em setembro e outubro.
Fonte: Jornal o Estadão
Niemeyer:
"Nao é a linha reta, dura e inflexível, feita pelo homem, que me atrai. O que me chama a atenção é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, nas margens dos seus rios, nas nuvens do céu e nas ondas do mar. O universo está cheio de curvas, um universo de Einstein."
" A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem."
De um traço nasce a arquitetura. E quando ele é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arte."
"O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos e este mundo injusto que devemos modificar".
Parabéns, Mestre!

sábado, 12 de dezembro de 2009

Dia do Arquiteto - 11 de dezembro - Vídeos sobre Arquitetura

Doís vídeos sobre Arquitetura:



Dia do Arquiteto - 11 de dezembro - Parabéns

Sou arquiteto,
Aquele que dizem ser engenheiro frustrado,
Decorador disfarçado,
Esquisito, meio pirado,
Às vezes alienado, outras, por demais engajado;
Às vezes de Havaianas, outras engravatado.

Sou arquiteto,
Aquele que chamam de sonhador;
Ah! pudesse eu ter meus sonhos de volta,
Mas sou ainda um aprendiz na escola da vida;
Dominei a forma, distribuo espaços,
Mas muitas vezes me sinto fora de esquadro,
Perdido em linhas paralelas demais,
Numa escala indefinida.

Mas sou arquiteto.
Sou poeta,
E sou muito mais que um sonhador,
Porque possuo em cima da velha prancheta,
Projetos para todos os sonhos;
Casas para abrigar um novo amor;
Caminhos para chegar ao arco-¡ris;
E jardins para o aconchego do entardecer...

Lienne Liarte

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Projeto Social no Chile

Nesta matéria, do blog ArqPB, o arquiteto chileno Alejandro Aravena comenta o projeto feito para assentar famílias no deserto de Iquique, no Chile.Boa leitura.

http://arqpb.blogspot.com/2009/11/elemental-alejandro-aravena.html

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Vídeo sobre Madeira

Neste vídeo, o engenheiro mostra como foi a construção da casa de campo na serra da Mantiqueira, residência projetada pelo arquiteto Mauro Munhoz.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Christian de Portzamparc

Nestas matérias, publicadas pela Revista Au, o arquiteto Christian de Portzamparc fala sobre seu novo projeto, o Museu Hergê, na Bélgica, e na entrevista fala sobre a Casa da Música no Rio, a CPI e sobre a arquitetura contemporânea:
http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/187/museu-herge-arquitetura-de-geometria-complexa-e-grandes-transparencias-153327-1.asp

http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/187/entrevista-christian-de-portzamparc-fala-sobre-a-casa-da-153329-1.asp87/entrevista-christian-de-portzamparc-fala-sobre-a-casa-da-153329-1.asp

Fotos do Museu Hergê:

Croqui

Fachada


Recorte irregular das aberturas


Museu à noite

Espaço de Exposições

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Vídeo sobre Madeira

Neste vídeo,o arquiteto Marcos Acayaba Arquiteto fala sobre o uso de madeira na estrutura da casa Em entrevista, Marcos Acayaba comenta as vantagens desse material, citando grandes nomes da arquitetura.

Nestes outros vídeos, Programa Construir Bem, fala sobre estruturas de madeira. Há entrevistas com o arquiteto Marcos Acayaba que projetou a casa Hélio Olga Jr. Também há entrevistas com o próprio eng. Hélio Olga, falando sobre as características da madeira. O professor e arquiteto Yopanan fala sobre encaixes na madeira. No segundo bloco o arquiteto Silvio Sant'anna fala sobre o sistema wood-framing, usado na casa Barulho d'água e ainda pouco difundido no Brasil.

Cidades: Percepção, memória e esquecimento

O homem, para se orientar, ou em busca de referência, precisa ler o ambiente em que se encontra.E isto ajuda na percepção que o usuário tem do espaço ao seu redor, e esta leitura, dependendo se é fácil ou difícil, nos mostra o quão legível é o espaço, e a relação que o habitante tem com ele.
Na nova realidade que começa a se impor, o ser humano está deixando de assumir o estatuto de extraterritorialidade e o mundo material deixando de ser um dado intangível.A arquitetura, o espaço urbano, o lugar, tornam-se mais permeáveis a ação do homem, e estes estão expostos à realidade de suas ações, bem como de seus medos e desejos.E. Hall exemplifica bem isto, ao dizer que “o homem e suas ações constituem um sistema inter-relacionado”. É um erro agir como se os homens fossem uma coisa e a sua casa, a rua, seu bairro, sua cidade, fossem algo diferente (1). Ao considerarmos qualquer análise sobre a percepção do homem no espaço que habita, temos que levar em conta todos os fatores que influenciam essa percepção. Para Kevin Lynch, a imagem è formada pelo conjunto de renovações experimentadas ao observar e viver em determinado ambiente. E essas imagens resultam desta relação. Porém, o sentido que o observador dá para o que vê pode variar de pessoa para pessoa e estas diferenças dependem de suas características individuais, mas também das caraceterísticas sociais e culturais (2). E esta sobreposição de imagens individuais gera a imagem publica da cidade e também a memória coletiva.
Os ambientes construídos pelos homens através dos tempos guardam a memória das idéias, das pràticas sociais e sistemas de representação dos indivíduos que ali convivem. Porém é impossível querer manter integralmente a memória materializada na produção cultural. O processo de ativação da memória dos indivíduos, implícito na ação de preservação do patrimônio cultural, corresponde a programar o esquecimento e controlar seletivamente aquilo que considera importante. Em uma analise de tombamento ou requalificação de projetos arquitetônicos, por exemplo, temos que voltar a atenção para os elementos que serão mantidos e ficarão como legado.
Segundo Walter Benjamim, a memória é constituída de impressões, de experiências e sua importância e significado especial estão no fato de que ela é o que nós retemos e o que dá a nossa dimensão de sentido no mundo.A arquitetura e os lugares da cidade constituem o cenário onde nossas lembranças se situam e, na medida que essa arquitetura e esse lugar fazem alusão a significados simbólicos, evocam narrativas relacionadas às nossa vida, e assim, a maneira com entendemos nossa experiência no espaço, converte-se em nossa realidade e nos dá sentido ao mundo físico (3).
Como mostra Maria Alice Rezende Carvalho, “uma praça de grandes manifestações, uma esquina boêmia, um píer na praia, um café centenário, um edifício histórico, são fundamentos de uma cidade análoga, que se repõe insistentemente, mesmo que a cidade real se altere” (4).Portanto, o conjunto de recordações que emergem da cidade nos reporta para a memória urbana, que é a realidade que marca nossa própria fugacidade na história, ao mesmo tempo em que anuncia a possibilidade de transcendermos nossa temporalidade individual.
Gaston Bachelard, em A Poética do Espaço, discorre a respeito das imagens que emergem do “fundo poético do espaço da casa”, afirmando que “é exatamente porque as lembranças das antigas moradas são revividas com o devaneio que as moradas do passado são imperecíveis dentro de nós”.Afirma ainda que “todo o espaço realmente habitado traz a essência da noção de casa”, e a preciosidade está na proteção que a casa oferece ao sonhador, na paz de se poder descansar, permitindo que esse devaneios produzam “valores que marcam o homem em sua profundidade”, Um espaço feliz é um lugar que provoca, pacifica e gera uma sensação de acolhimento, instiga a troca e o conhecimento e desperta uma ligação afetiva em quem nele vive, pela memória que persiste nas pedras, solidificando imagens, identidades e signos (5).
Na visão de Bachelard, a lembrança tem função primordial no espaço, atribuindo-lhe a condição de âncora da memória: “o inconsciente permanece nos locais. As lembranças são imóveis, tanto mais sólidas quanto mais bem espacializadas”. Todos os espaços com os quais estabelecemos uma relação de intimidade adquirem “valores oníricos consoantes”. São justamente as lembranças localizadas na região da intimidade que nos dão o sentido de valorização dos aposentos, praças, ruas, edifícios e paisagens que constituem patrimônios da história da humanidade, de uma determinada sociedade ou das histórias íntimas e individuais. Os devaneios suscitados pelas lembranças convidam-nos à imaginação e provocam transformações nas profundezas do ser. A ausência de possibilidade de devanear gera, ao contrário, o estreitamento da imaginação e a acomodação em relação à realidade. Em outras palavras: a ausência do sonho, do devaneio, impede a construção de utopias. É neste sentido, e não como tentativa de um resgate de um tempo perdido ou de uma cultura já morta, que a preservação da arquitetura e dos ambientes urbanos adquire importância (5).
Em uma linha mais contemporânea, Aldo Rossi em “A Arquitetura da Cidade”, apresenta uma teoria geral da cidade, fundamentada na análise da cidade histórica.Em contraposição ao urbanismo “arrasa – quarteirão”, surge à noção de lugar ou genius loci – conceito teórico – filosófico que e refere a um campo perceptivo resultante, na definição de Rossi, da “relação singular e, ao mesmo tempo, universal, entre certa situação local e as construções existentes naquele local” (6). Já Kenneth Frampton desenvolve a teoria do lugar em contraposição a idéia de totalidade, norteadora das idéias de proposição da cidade modernista. Para Frampton, o espaço não deve ser tratado como algo abstrato, mas como o lugar de habitação dos homens. Formula então a proposta de um regionalismo crítico, onde a questão do lugar é pensada a partir de suas significações e referências históricas, geográficas e culturais (7).
O ser humano sempre teve uma "necessidade pelo passado", e os traços do passado da cidade - suas ruínas - são, simultaneamente, sinais de um passado imaginado que tem o poder de nos reconfortar, como sinônimo de uma proximidade; sinais de um passado artístico; marca de uma continuidade e de um finalismo. Os monumentos históricos funcionam então como representações ou ícones de um passado atemporal, uma criação artística do passado e simbólica do presente, dentro de um sentido de eternidade.A relação que o indivíduo mantém com o espaço que o cerca, é o que mais influencia na sua forma de uso, significação e valorização.E nossa memória, constituída de impressões, de experiências, é o que nós retemos e o que nos dá a exata dimensão do que percebemos e sentimos através do nosso lugar no mundo.

Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, Outubro de 2009

Notas:
1
HALL, Edward. “A dimensão oculta”. Apud ELALI, Gleice Azambuja. Psicologia e arquitetura: em busca do locus interdisciplinar.
2
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Traduzido por Jefferson Luiz Camargo. São Paulo, Martins Fontes, 1997, p. 51.
3
Ver, a esse respeito, AGGIO, Sandra Mara, Cidade e Memória em Walter Benjamim in revista Caramelo , n◦ 8, São Paulo: FAU-USP, nov./95, pp. 153 – 162.
4
CARVALHO, Maria Alice Rezende de, Quatro Vezes Cidade, Rio de Janeiro: Sette Letras, 1994, p. 96.
5
BACHELARD, Gaston, A Poética do Espaço, São Paulo: Martins Fontes, 1993, pp.25 e 26.
6
ROSSI, Aldo, A Arquitetura da Cidade, São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 185.
7
FRAMPTON, Kenneth, História Crítica de la Arquitetura Moderna, Barcelona: Ed. G. Gilli, 1981.

Bibliografia:

Ortegosa, Sandra Mara - Cidade e memória: do urbanismo “arrasa-quarteirão” à questão do lugar – Artigo – Portal Vitrúvius – Setembro 2009
Almeida, Eneida de e Bogéa, Marta – Esquecer para preservar – Artigo – Portal Vitrúvius – Dezembro 2007
Scocuglia, Jovanka Baracuhy C., Chaves, Carolina e Lins, Juliana – Percepção e memória da cidade: o Ponto de Cem Réis – Artigo – Portal Vitrúvius – Janeiro 2006

Restauro da Vila Santa Thereza em Bagé - RS

Segue o link para ver as reportagens da AU e Projeto Design.
http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/183/restauro-na-vila-santa-thereza-flavio-kiefer-bage-rs-2004-141166-1.asp

http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/revitalizacao-restauro-flavio-kiefer-vila-santa-thereza-17-09-2009.html
Boa Leitura!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

CAOS DA METRÓPOLE AMERICANA

No livro Tristes Trópicos, o filósofo francês Claude Lévi-Strauss diz em uma passagem do livro que as cidades americanas vivem febrilmente uma doença crônica: “eternamente jovens, jamais são saudáveis, porém”.Segundo ele, para as cidades européias a passagem dos anos constitui uma promoção, para as americanas, é uma decadência.
Particularmente acho que Lévi-Strauss tem razão.A maioria das cidades americanas (e quando digo americanas, não me refiro somente às cidades norte-americanas, mas a todas as cidades da América), não são apenas construídas recentemente, mas construídas para se renovarem com a mesma rapidez com que foram erguidas, ou mal erguidas.Quando surge um novo bairro, ás vezes nem sequer são bairros, são brilhantes demais, novos demais, alegres demais.Assim que passa a euforia, a festa termina e os novos bairros fenecem, as fachadas descascam, a chuva e a fuligem das fábricas traçam os sulcos e o estilo sai de moda.Muitas vezes, esses bairros ou até mesmo cidades inteiras não são sequer planejados, expandindo seus tentáculos para todos os lados, ocupando terrenos inadequados e áreas de risco.
O modo como é ou foi construído um bom número de cidades, como La Paz na Bolívia, implica na impossibilidade de alterações positivas futuras, conseqüentemente isso acaba gerando problemas como falta de moradias, adensamento de bairros, agravamento da exclusão social – marginalização, violência e desestruturação de pautas de convivência, gerando uma cidade dividida entre o setor formal (bairros) e o informal (favelas).
O que acaba gerando o exposto acima é provocado pelo fenômeno da globalização, pelo fato de que temos hoje a confluência de uma crescente dependência do movimento de capitais entre os países e um constante incremento de novas tecnologias.O que era local, de apropriação do habitante local, se internacionaliza, adquire e incrementa novas culturas, muitas vezes distante de sua realidade, e isso reflete no modo de vida e organização das cidades.
Podemos também verificar uma tendência para a exacerbação dos conflitos, dificuldade de coexistência entre as diversas camadas e classes da população, isto porque um setor, ao ver o outro invadindo o seu, acaba reagindo, muitas vezes com violência.Enumerei alguns dos principais problemas das cidades contemporâneas da América, mas há outros tantos – apropriação de espaços públicos por parte da população mais pobre, construções irregulares, condomínios que ao invés de promover a integração dos habitantes, acaba fazendo o papel ao contrário.
Soluções? Penso que não só arquitetos e urbanistas, mas toda a sociedade deveria interagir com o poder público na busca de soluções urbanas inovadoras, capazes de tornar nossas cidades um espaço melhor para viver.Buscar parcerias internacionais, acordos com Ongs e indústrias.Procurar também aprender com o modelo europeu, não que as cidades européias não tenham problemas, mas estão hoje em um nível superior ao nosso.Então, ao juntarmos essas soluções, podemos quem sabe tornar nossas cidades mais humanas.

Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, Agosto de 2009

Bibliografia:
- Jáuregui, Jorge Mário- Megacidades, exclusão e mundialização.Do ponto de vista da América Latina – Artigo – Portal Vitrúvius – Abril 2002
- Ultramari, Clóvis – Guerras, desastres, pobreza, mas também resiliências urbanas – Artigo – Portal Vitrúvius – Agosto 2006
- Strauss, Claude Lévi – Tristes Trópicos – Companhia das Letras – São Paulo – 4º ed. – 2001

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A contribuição Açoriana na Formação do Povo Encruzilhadense

A chegada efetiva dos açorianos no Rio Grande do Sul foi entre 1752 e 1754, tendo em vista o povoamento das chamadas Missões Orientais, território cedido pela Espanha a Portugal, pelo Tratado de Madri, em troca da Colônia de Sacramento. Na Capitania de São Pedro do Rio Grande, os imigrantes açorianos se estabeleceram inicialmente em Viamão, dispersando-se a seguir para Rio Pardo, Santo Amaro e Taquari.
De Rio Pardo, chegaram até Encruzilhada por volta de 1810, que nessa época era habitada por tropeiros e soldados portugueses aqui instalados para defender o Forte Jesus Maria José do ataque dos espanhóis. A partir dessa data, começa efetivamente o desenvolvimento da malha urbana do município, com a nítida influência dos traçados portugueses, traçados que se fazem de acordo com a topografia, com ruas retas, mas não tão retas assim, pois nem sempre são paralelas ou ortogonais umas em relação às outras.
Essa influência no urbanismo se estende também aos prédios. A Igreja, situada em um ponto central, de preferência o mais alto, tem uma arquitetura simples, se comparada à arquitetura religiosa do centro do país. É interessante notar que na maioria das cidades que recebem imigrantes açorianos, a igreja se configura como o ponto central da cidade, e a partir dela, se organiza toda a malha urbana da cidade. A influência açoriana marcou presença também nos prédios públicos e residências.Arquitetura que hoje, ainda que precariamente, é preservada.
Os açorianos deixaram um legado que vai além da arquitetura e do urbanismo. Deixaram marcas acentuadas na estrutura social do povo encruzilhadense, com a língua usada em todos os recantos do município, os usos e costumes do povo, as brincadeiras infantis, as canções de ninar, os festejos populares e as festas religiosas.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 23 de Julho de 2009
Bibliografia consultada
Memória Encruzilhadense - Humberto Castro Fossa – Vol.3. Alice Therezinha Campos Moreira, Dione Teixeira Borges Moreira (org.). Porto Alegre. Evangraf - 2008
BARROSO, Vera Lucia Maciel (org.). Presença açoriana em Santo Antonio da Patrulha e no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST, 1993.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

APEAÇABENSES

Em 1943, quase passamos a ser chamados apeaçabenses, em vez de encruzilhadenses, pois, naquele ano, o governo Vargas entendeu que não deveria haver no país duas ou mais localidades com a mesma denominação.Em vista disso, não iria existir mais de uma Encruzilhada no território brasileiro.
Por essa razão, os burocratas federais resolveram que tal nome só poderia ficar com um município baiano, sob o argumento de que a referida comuna vinha com esta denominação desde o século XVI e, para a nossa Encruzilhada escolheram, arbitrariamente, o nome de Apeaçaba.
A alfadada escolha, como não deveria deixar de ser, causou indignação entre a população local e levou o prefeito municipal, Cel. Honório Carvalho, a travar um batalha com o conselho Nacional de Geografia, luta essa iniciada com um memorial enviado ao Conselho Regional e seguido de telegramas endereçados ao embaixador Macedo Soares e ao nosso conterrâneo ministro Pedro Mibielli, solicitando a interferência desses ilustres homens públicos, no sentido de que fosse mantido o nome de Encruzilhada para este município, nome vindo do tempo em que aqui acampavam os contingentes luso – brasileiros que vigiavam e combatiam os invasores castelhanos.
Com a finalidade de resolver o impasse e não descontentar baianos e gaúchos, o Dr. Leite de Castro, então secretário do Conselho Nacional de Geografia, sugeriu o nome de Encruzilhada do Sul para o nosso município, uma vez que o homônimo nortista não seria de forma alguma mudado.Para nos livrarmos do patromínico apeçabense, o negócio foi aceitar a denominação de Encruzilhada do Sul como se entende lendo o telegrama enviado àquela autoridade pelo Cel. Honório Carvalho: “resposta telegrama vossência informo aceitamos nome Encruzilhada do Sul”.
Assim, a 1º de janeiro de 1944, no antigo salão nobre da atual prefeitura, em sessão solene presidida pelo juiz de direito da Comarca, Dr. Pedro Marques da Rocha, com a presença de autoridades e pessoas gradas, depois de cantado o hino Nacional seguido pro vibrante salva de palmas, o magistrado com “voz clara e pausada”, em nome do governo do estado, confirmou para este torrão histórico, tão cheio de glórias, o nome de Encruzilhada do Sul.
Humberto Castro Fossa - Historiador
Jornal 19 de julho, 10 de julho de 1951
Texto extraído do livro:
Memória Encruzilhadense - Humberto Castro Fossa – Vol.3. Alice Therezinha Campos Moreira, Dione Teixeira Borges Moreira (org.). Porto Alegre. Evangraf - 2008

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A Capela dos Índios em Encruzilhada do Sul

O historiador, Dr. Alcides de Freitas Cruz, em um trabalho sobre Encruzilhada, publicado no anuário da Província do Rio Grande do Sul (1901), do Dr. Graciano Azambuja, afirmou, depois de ter examinado aqui antigos documentos, inventários e registros paroquiais, que os primitivos habitantes do nosso município procediam das ilhas dos Açores, da Vila de Laguna, da São Paulo e de Rio Pardo.Assinalou, também, o autor, que um contingente indígena das Missões foi trazido para cá provavelmente no início do século XIX.Na realidade, esses guaranis faziam parte de um contingente maior que, após a Guerra Guaranítica, veio com o general português Gomes Freire de Andrade para Rio Pardo. Parte deles seguiu para Cachoeira, e a leva mais importante ficado em Rio Pardo foram transferidos para Encruzilhada e aqui assentados na Aldeia Velha, local situado hoje no perímetro urbano, junto ás atuais ruas 4 de Dezembro e Ernesto Dorneles.
É bom esclarecer que este aldeamento não se constituiu em uma redução jesuítica aos moldes das que formaram no século XVII os Sete Povos das Missões. Aqui não tivemos a presença dos padres da Companhia de Jesus. Os aldeados, na parte religiosa, eram assistidos pelos padres da freguesia. Só não sabemos é se os índios daqui eram sujeitos ás mesmas restrições impostas a seus irmãos na Aldeia dos Anjos, onde, além de serem proibidos de falar o idioma nativo, tiveram seus nomes trocados por nomes portugueses como nos seguintes exemplos anotados pela professora Ana Cristina Oliveira Álvares na obra Os índios da Aldeia dos Anjos. O índio Cababayu passou a ser chamado Dionísio Pereira; Poti ficou sendo Miguel de Sousa, Tiripá foi “rebatizado” como Estanislau Goularte, e assim por diante.
Mal fechados em Encruzilhada, os índios trataram logo de erguer uma capela na Aldeia Velha, onde colocaram seus santos de madeira e um sino que, segundo o historiador oriental Uruguay Veja Castilhos, com quem conversamos a respeito, teria vindo das missões argentinas. Esta hoje, no Museu Municipal, junto á Biblioteca Público. Nele esta gravada a seguinte inscrição: Ano de 1766 – Apostoles S. Pero.
Abaixo da capela, no correr da Rua 4 de Dezembro, os índios tinham seu cemitério. Anos atrás, em escavações feitas no local, foram encontradas ossadas humanas.
Com o passar do tempo, esses indígenas foram se dispersando. Lá pelo ano de 1890 já restavam poucos. Entre esses ficou uma velha índia muito conhecida na vila pelo apelido de Chica Pancha, a qual, segundo se sabe, foi a última guardadora dos santos de madeira, do sino e das alfaias da capela. Ela faleceu aqui a 6 de fevereiro de 1893, portanto há cem anos. Seu passamento foi registrado pelo jornal local A Encruzilhada, dois dias depois, com os seguintes termos: “Anteontem foi sepultado o corpo da china velha Francisca, vulgarmente conhecida por China Pancha”.
Com isto, comprova-se ter existido no passado mais um templo em Encruzilhada. Tivemos, assim, fora a atual Matriz, a Capela de Santa Bárbara, a Capela do Cemitério, próxima a atual Praça Barão do Guarai, e a Capela dos índios Missioneiros, na Aldeia Velha.
Humberto Castro Fossa - Historiador
Caminhos, Boletim da Paróquia de Santa Bárbara, maio de 1993
Texto extraído do livro:
Memória Encruzilhadense - Humberto Castro Fossa – Vol.3. Alice Therezinha Campos Moreira, Dione Teixeira Borges Moreira (org.). Porto Alegre. Evangraf - 2008
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 06 de Julho de 2009

segunda-feira, 1 de junho de 2009

EDSON DA CUNHA MAHFUZ - ENSAIO SOBRE A RAZÃO COMPOSITIVA - 1995

Neste livro, Edson Mahfuz procura entender o processo de projeto – constesta o conceito do todo em arquitetura, procurando distinguir o momento em que a obra é unitária, quando está realizada e o outro momento, o da obra ao ser feita, onde uma coleção de partes devem ser conciliadas.
O tema central é o fazer da arquitetura e não o seu resultado.O autor nos propõe crer que a obra de arquitetura é uma organização de partes que estão pré-existentes ao todo.Mahfuz nos leva a entender que: “a noção de que a arquitetura procede do todo para as partes deriva da ilusão de que o todo existe previamente às partes. Só pode existir um todo após as operações de projeto e construção estarem concluídas”.
O texto contém estudos parcias como a classificação em tipos de processo projetuais que separa projetos inovativos, tipológicos, miméticos e normativos.Examina também conceitos de totalidade e de ordem.Em todos os campos do conhecimento onde o conceito de totalidade aparece, ele é entendido como algo composto por partes.Porém a relação entre as partes e o todo não é examinada a fundo.
O ponto principal do livro é investigar a natureza das relações existentes e possíveis entre as partes e o todo no âmbito da composição arquitetônica.Para isso, não é suficiente analisar o objeto concluído, mas discutir em detalhes o processo projetual.
È possível dizer que a composição de um objeto consiste na criação de um todo através de suas partes.A hipótese de trabalho do estudo é que, na composição arquitetônica, o sentido de progressão é das partes para o todo, e não o contrário.
O livro discute as relações e tamanhos das partes.O foco do estudo é determinar qual a natureza da relação que existe entre as partes e o todo durante o processo de criação ou composição.O termo composição é usado no sentido genérico de arranjo entre as partes para se chegar ao todo.

Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 01 de junho de 2009

ARQUITETURA LATINO – AMERICANA

Ao tentarmos entender e discutir a arquitetura latina – americana hoje devemos atentar para a realidade da globalização.Uma tarefa que se torna indispensável frente ao transtorno derivado da aceleração e da futilidade da informação que se produz e circula no mundo.Informação esta que se origina em uma visão deslocada da arquitetura, voltada para sua própria capacidade de simbolismo na época do hipercapitalismo.
As causa advindas desse processo predatório da globalização é a compreensão errônea do significado da era da informação e dos meios que estão à nossa disposição.Fatores que fazem com que jovens arquitetos estejam mais obstinados em produzir a própria imagem pessoal do que fazer arquitetura adaptada para a realidade atual.Hoje temos uma internacionalização da arquitetura, processo que desencadeia o desejo de projetar edificações que se alçam a nível internacional, resultando na chamada “arquitetura do espetáculo”, arquitetura para ser vista, para alçar o projetista a níveis dogmáticos, e não para gerar conforto e segurança ao usuário.
A arquitetura mundial se encontra numa crise de idéias, em uma falta de capacidade para gerar projetos que encarnem o ideal de progresso.E essa incapacidade deve servir de motivação para rechaçar e fugir desses devaneios arquitetônicos, produzindo uma arquitetura que respeite e valorize o local onde está inserida.
O chamado “Projeto Moderno” vai chegando ao fim, devido ao avanço da tecnologia digital e pelos fatores que definem num nível mais amplo o contexto presente.Devemos então trazer à tona o debate sobre a arquitetura latino-americana, seus desafios de responder as questões atuais neste mundo de transição e regido por certas estrelas da arquitetura mundial, o chamado “star sistem contemporâneo”.Estrelas que desembarcam em qualquer parte do globo e “despejam” seus projetos, sem levar em conta a realidade do lugar.
Diante da sua posição na arquitetura atual, o maior desafio para a arquitetura latina –americana é levar a cabo ações e projetos que definam sua atividade arquitetônica no século 21.O resultado já podemos ver em alguns locais, obras de grande excelência construtiva, riqueza expressiva e sensual, onde se interpretam e reelaboram os fundamentos da linguagem moderna e contemporânea.
Arquiteturas regionais que se assentam sobre seu local de origem, fincando num trabalho sério dão frutos e logram reconhecimento mundial. É o caso, por exemplo, da arquitetura chilena da última década, produzida por uma geração que teve condições econômicas e culturais favoráveis, onde pode então desenvolver uma arquitetura de marca pessoal.Uma arquitetura concentrada em sua própria razão de ser e capaz de fazer persistir seus valores além do efêmero e do homogeneizado.
A situação atual nos leva para um momento histórico que parece representar uma ruptura violenta com os parâmetros da história mais recentes, mas que na verdade é o início de um processo que nos torna mais conscientes da existência e da necessidade de elaborar outros modos de síntese e de relações com o cenário mundial.Diante desse quadro, a arquitetura latino-americana se encontra diante da superação da tentação das superestruturas que impõem uma forma de violência arquitetônica, e que pode provocar nas gerações mais jovens uma perda de identidade devido a um novo e desmedido estilo internacional.
Diante dessa violência falsamente compreendida como progresso, é preciso buscar novas formas de projetar, enfatizando a realidade local e mantenha o espírito do tempo.Jovens arquitetos que vem seu trabalho apenas como alavanca para chegar ao olimpo global nada podem acrescentar a arquitetura de seu país. É preciso buscar a sensatez pragmática e a coerência nos projetos.Construir a partir do social e do público, trazendo respostas para as questões locais.
A América trouxe o apogeu do movimento moderno, movimento que cobrou vida própria e deu lições a Europa, através da energia e idéias com os aquis trouxe a concepção de uma nova arquitetura.Hoje os magos da arquitetura, com sua visão cosmológica tentam doutrinar as futuras gerações com modelos egocêntricos.Frente a essa sedução pelo globalizado, deve o arquiteto buscar, a partir da ação local, uma resistência crítica e alternativa a imposição das doutrinas arquitetônicas contemporâneas.

Texto baseado no artigo “Energia de Reação”, de Fredy Massad e Alice Guerrero Yeste Revista AU – n 172
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 01 de junho de 2009

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Em Defesa do Patrimônio

Em defesa de Patrimônio Cultural e Arquitetônico

O reconhecimento e a necessidade de preservação dos bens culturais de uma sociedade, de uma cidade ou de um país se configura como a herança cultural que recebemos de nossos antepassados, que não é transmitida biologicamente e que está na base da configuração e dos padrões da cultura que produzimos e vivenciamos hoje.
Por trás das formas construídas e fabricadas pelo homem, podem - se distinguir uma série de normas subjacentes, implícitas e geralmente inconscientes na mente coletiva que determinam os valores e as categorias do que é bom ou ruim, do que é correto ou incorreto, do que é belo ou do que é espúrio, na produção dos artefatos ou objetos culturais.
Definido o que significa Patrimônio Cultural; a falta de valorização deste patrimônio causada pela realidade econômica e social, não só de Encruzilhada do Sul, mas de grande parte dos municípios do Vale do Rio Pardo, põe em risco não somente a memória coletiva, mas também o poder de realização e de expressão verdadeiramente cultural da comunidade.
Nosso município tem um grande significado histórico – cultural para o Brasil e para o Rio Grande do Sul.Em sua origem, situada no cruzamento de estradas que levava os tropeiros e os militares portugueses ao sul da Província do Rio Grande de São Pedro, em busca de animais para o centro do País ou na luta contra os espanhóis, marcou profundamente a influência portuguesa e açoriana em nosso município, incluindo a arquitetura.A riqueza de nossa arquitetura está expressa na igreja, nas casas de origem açoriana, nas ruas e nas praças e conta um importante capítulo na história do estado.
Atualmente, os prédios históricos de Encruzilhada do Sul vêm se deteriorando, sem que nada seja feito para preservar essas edificações, exceto por iniciativa própria de alguns proprietários.Cito aqui dois exemplos, um deles é um dos prédios mais antigos do nosso município, em que uma das paredes ameaça cair, prédio este situado na Praça Silvestre Corrêa.Construído em 1887, foi residência de Silvestre Sabino Corrêa da Silveira e além de residência, funcionava junto a esta sua farmácia.Em estilo colonial português, tem as características típicas da arquitetura portuguesa, como as janelas em arco, com as folhas de abrir para dentro, o número ímpar de aberturas na fachada e os cunhais no canto das paredes.Atualmente, está interditado pela prefeitura, pois oferece risco para os transeuntes, com a ameça de desabar uma de suas paredes a qualquer momento, mas a prefeitura nada pode fazer, pois a edificação pertence a particulares que não tem condições de arcar com as despesas de uma restauração.A outra edificação, muito bem conservada, é residência do atual prefeito do município, Artigas da Silveira.Misturando um pouco do estilo colonial português com o neoclássico, esta residência foi construída na década de 20 e demonstra bem a união do estilo colonial com o neoclássico, apresentando do partido clássico platibanda, janelas encimadas por molduras e avarandado sustentado por colunas na fachada, do colonial apresenta a distribuição interna dos ambientes e o número ímpar de aberturas na fachada.Nota –se o bom estado de conservação da edificação, fruto da iniciativa do proprietário.Porém, nem todas os ocupantes de prédios históricos têm recursos para conservar o imóvel com suas características originais.Cabe então aos órgãos públicos tomarem a iniciativa e conservar o patrimônio construído.
Diante deste quadro, surge a pergunta: até quando vamos deixar nosso patrimônio se deteriorar? Dar prioridade à preservação do patrimônio arquitetônico não significa assumir uma postura que seja contrária ao novo, mas antes, uma reflexão crítica que implica em assumir uma responsabilidade social cada vez maior com o que é construído.Cabe não só aos profissionais capacitados encontrar os caminhos capazes de identificar e conciliar as forças do passado para transformá – lo no futuro, mas a toda a sociedade.

Eder Santos Carvalho - Encruzilhada do Sul - Maio de 2009
Residência Artigas Silveira














Residência Silvestre Corrêa










História de Encruzilhada do Sul

RAFAEL PINTO BANDEIRA - RIO GRANDE - 16 DE NOVEMBRO DE 1740 - RIO GRANDE - 9 DE ABRIL DE 1795

Rafael Pinto Bandeira viveu numa época em que o atual território do Rio Grande do Sul ainda era alvo de acirrada disputa entre portugueses e espanhóis, que travaram sucessivas guerras pela posse do território.Comandou inúmeras batalhas em defesa das possessões portuguesas no Rio Grande do Sul, à época Capitania de São Pedro do Rio Grande.
Todas essas batalhas terminavam em tréguas ou tratados de paz em que se tentavam fixar as fronteiras sul americanas dos impérios espanhol e português, mas nada do estipulado valia na prática. As hostilidades eram constantes pela própria dificuldade de determinar, na falta de marcos confiáveis, onde começavam os domínios de um e outro, bem assim pelo fato de o contrabando ser a principal, senão a única atividade econômica importante no período. Portanto, para comandar os primeiros habitantes das terras gaúchas era necessário um caudilho e Pinto Bandeira preenchia perfeitamente esse perfil. Valente, grande estrategista, era uma lenda para seus comandados, que lhe atribuíam várias qualidades excepcionais, como uma memória prodigiosa que lhe permitia conhecer em detalhe cada palmo do território e um senso de orientação que o fazia capaz de se orientar na noite mais escura apenas pelos cheiros e ruídos da natureza.
Era também simpático a seus comandados pela generosidade com que os recompensava com terras e dinheiro. Alguns deles vieram a se tornar grandes estancieiros.
Campanhas militares
Rafael Pinto Bandeira esteve ininterruptamente envolvido em campanhas militares desde 1754, com 14 anos incompletos, até 1777, quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Santo Ildelfonso, que deu certa estabilidade às fronteiras meridionais do Brasil, pois foi seguido de demarcação demorada e detalhada dos limites de cada império. Nessas campanhas, cavalgou e lutou por todo o território gaúcho, da tomada do forte de São Martinho, na região dos Sete Povos das Missões, ao norte do hoje Estado do Rio Grande do Sul, próximo da fronteira argentina (Corrientes), passando por Rio Pardo, na retirada sob constante perseguição inimiga, e culminando no cerco ao forte de Santa Tecla, em Bagé, no extremo sul do Rio Grande, junto à fronteira uruguaia.
Não era, no entanto, homem rude, pois cultivava gostos refinados. Chegou a ter uma orquestra particular, que tocava durante suas refeições. Alimentava, ainda, o sonho de transformar o Rio Grande numa terra realmente civilizada, construindo cidades e trazendo da Europa os requintes da civilização. Este lado utópico de Pinto Bandeira pode ser apreciado por quem lê O Continente, primeira parte da trilogia O Tempo e o Vento de Érico Veríssimo.
Assume a governança militar da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul em 1784. De 1788 a 1790 esteve na Corte em Lisboa, a convite da Rainha Dona Maria I.
Ao retornar ao Rio Grande, reassumiu a governança militar.Mas os anos em Portugal e o cargo público fizeram dele um homem sedentário e prejudicaram sua saúde. Tornou-se obeso, a ponto de somente poder montar a cavalo com a ajuda de outra pessoa. Morreu justamente em um acidente ao cavalgar. Seus restos mortais estão depositados na Catedral de São Pedro, em Rio Grande, numa tosca urna de madeira.
Importância de Pinto Bandeira para Encruzilhada do Sul
Aos 15 anos, Pinto Bandeira assentou praça no Regimento dos Dragões, comandado por seu pai, o coronel Francisco Pinto Bandeira, com quem aprendeu a arte de guerrear.Em pouco tempo assumiu a liderança de um pelotão de aproximadamente 150 homens, formados pelas Guardas de Encruzilhada e de Camaquâ e, também por soldados negros vindos de sua estância.Com estes, nada de canhões nem de pesado aparelhamento das forças regulares.Apenas o cavalo, a lança, a pistola, a faca e o grande líder, com o mapa do Rio Grande no cérebro, o grande estrategista, destemido e bravo.Com sua pequena coluna, Rafael Pinto Bandeira venceu espanhóis, em maior número e mais aparelhados, em 1774, nas proximidades do arroio Santa Bárbara, nas terras de Encruzilhada do Sul.Houve outras batalhas, nesse mesmo ano, e Pinto Bandeira venceu todas.
È dessa época que surge a ordem do vice – rei do Brasil para intensificar o povoamento no sul do país, e então Rafael Pinto Bandeira começa o povoamento de Encruzilhada, deixando por aqui alguns de seus comandados do Regimento dos Dragões.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, Maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Dia das Mães

Para todas as mães que conheço:
Uma tarde, um menino aproximou-se de sua mãe, que preparava o jantar, e entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito.Depois que ela secou as mãos e tirou o avental, ela leu:* Cortar a grama do jardim: R$3,00* Por limpar meu quarto esta semana R$1,00* Por ir ao supermercado em seu lugar R$2,00* Por cuidar de meu irmãozinho enquanto você ia às compras R$2,00* Por tirar o lixo toda semana R$1,00* Por ter um boletim com boas notas R$5,00* Por limpar e varrer o quintal R$2,00* TOTAL DA DÍVIDA R$16,00
A mãe olhou o menino, que aguardava cheio de expectativa. Finalmente, ela pegou um lápis e no verso da mesma nota escreveu:
* Por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida - NADA* Por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti - NADA* Pelos problemas e pelos prantos que me causastes - NADA* Pelo medo e pelas preocupações que me esperam - NADA* Por comidas, roupas e brinquedos - NADA* Por limpar-te o nariz - NADA
* CUSTO TOTAL DE MEU AMOR - NADA
Quando o menino terminou de ler o que sua mãe havia escrito tinha os olhos cheios de lágrimas.
Olhou nos olhos da mãe e disse:"Eu te amo, mamãe!!!"
Logo após, pegou um lápis e escreveu com uma letra enorme:
"TOTALMENTE PAGO"
Assim somos nós adultos, como crianças, querendo recompensa por boas ações que fazemos. É difícil entender que a melhor recompensa é o AMOR que vem de Deus. E para sorte nossa é GRÁTIS. Basta querermos recebê-lo em nossas vidas.
Feliz dia das mães.
Eder Santos Carvalho


Porque dar Flores a uma Mulher

Porque as Mulheres Gostam de Receber Flores

Dar flores a uma mulher é provocar – lhe a alma, é sentir o que de mais profundo existe no coração de uma mulher.
Dar flores a uma mulher é ver através de seus olhos sua beleza interior.
Dar flores a uma mulher é convidá –lá para partilhar seu amor com você.
Dar flores a uma mulher é sentir sua amizade verdadeira.
Dar flores a uma mulher é sentir o perfume que exala de sua alma.
Dar flores a uma mulher é receber um sorriso meigo e carinhoso, que você não esquecerá jamais.
Dar flores a uma mulher é sentir toda a doçura que vem do seu coração.
Homens se querem conquistar uma mulher sem usar palavras, dêem lhe flores, as flores emocionam e conquistam todos os corações.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Contraponto: Uma Crítica à Vila Savoye

Contraponto – Livro A Arquitetura da Felicidade – Alain de Botton
Vila Savoye – 1929 – 31


Por trás de um muro, no cume de uma colina em Poissy, um caminho de cascalho curva –se por entre uma mata densa antes de sair numa clareira, no meio da qual ergue-se um caixa retangular, branca e esguia, com janelas envidraçadas nas laterais, sustentada acima do chão por uma série de colunas incrivelmente delgadas.Uma estrutura no alto da Vila Savoye parece uma caixa d’água ou cilindro de gás, mas a um olhar mais atento ela revela ser um terraço com uma parede de proteção semicircular.A casa parece uma peça de um mecanismo preciso, primorosamente trabalhado.A casa parece uma visitante temporária, esperando receber um sinal para acionar seus motores e iniciar a viagem de volta para um galáxia distante.
A influência da ciência e da aeronáutica continua no interior.A porta da frente, de aço abre para um hall de entrada limpo e claro que mais parece uma sala de cirurgia.Dominando a sala, uma rampa larga leva aos aposentos principais.A cozinha está equipada com todas as conveniências da era moderna.O clima é técnico e austero.Não há nada irrelevante ou decorativo aqui, nenhuma rosácea ou cornija, nenhum floreio ou ornamento.A linguagem visual inspira-se nas fábricas.
“O que o homem moderno precisa é de uma cela de monge, bem iluminada e aquecida, com um canto de onde possa olhar as estrelas”, escreveu Le Corbusier.Quando a obra foi concluída, a família Savoye tinha motivos para se sentir confiante de que na casa projetada para eles, os requisitos exigidos estariam satisfeitos.
Tão forte era o interesse estético dos modernistas, que ele várias vezes prevalecia sobre considerações a respeito da eficiência.A Vila Savoye podia parecer uma máquina com intenções práticas, mas era na realidade uma extravagância com motivações artísticas.
A cobertura da Vila Savoye era desastrosamente desonesta.Segundo Le Corbusier, uma cobertura plana seria preferível a uma pontuda, por ser mais barato e mais fácil de manter.Mas uma semana após a família Savoye se mudar, começaram os problemas.A cobertura em cima do quarto do filho apresentou um vazamento, deixando passar tanta água que o menino contraiu uma pneumonia.Seis anos após o término da obra, Madame Savoye resumiu os sentimentos sobre o desempenho da cobertura plana numa carta: ”Está chovendo no Hall, na rampa, e a parede da garagem está encharcada, continua chovendo no meu banheiro, pois a água passa através da clarabóia”.Le Corbusier prometeu que o problema seria sanado imediatamente, e aproveitou para lembrar os comentários favoráveis da crítica especializada em arquitetura: ”Os senhores deveriam colocar um livro sobre a mesa do hall e pedir a todos os visitantes que registrem seus nomes e endereços. Mas não convenceu os insatisfeitos moradores:” Após inúmeros pedidos de minha parte, o senhor finalmente reconheceu que esta casa é inabitável.A sua responsabilidade está em jogo, torne a habitável imediatamente ou vou recorre à justiça.Só com o começo da Segunda Guerra Mundial e a fuga da família Savoye livraram Le Corbusier de ter de responder no tribunal pelo projeto de sua máquina de morar, quase inabitável, porém belíssima.

Cobertura da Vila Savoye – 1931
Belo, mas não à prova de chuva

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Para Entender o Desconstrutivismo

Para entender o Desconstrutivismo – Silvio Colin – Revista AU nº 181 – pág. 84

Neste artigo, o arquiteto Silvio Colin desvenda as concepções do desconstrutivismo na arquitetura, suas vertentes – estruturalismo e pós – estruturalismo, a relação dos arquitetos desconstrutivistas com os filósofos franceses dos anos 60 e 70, a desconstrução do plano horizontal, do triedo mongeano e do sólido geométrico.
Abaixo, o Link para o artigo:
http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/181/artigo131095-1.asp

sábado, 2 de maio de 2009

Vila Savoye - Le Corbusier - Uma Análise da Forma

Abaixo, em anexo, um resumo da análise de Geofrey Baker sobre a Vila Savoye.
http://cid-09f2d1d236bf1936.skydrive.live.com/browse.aspx/.res/9F2D1D236BF1936!237
Ao acessar, abra o arquivo Estudo da Forma.Pode demorar um pouco para abrir, o arquivo é grande.Tem também a versão em Pdf, mais rápido para visualizar
Eder
Encruzilhada do Sul, 05/05/2009


segunda-feira, 27 de abril de 2009

Educação Patrimonial

Como compreender o valor da riquíssima diversidade cultural do Brasil, se muitas vezes não a reconhecemos ou somos alijados do processo de sua construção e enraizamento? Se não aprendemos a respeitá-la, de que adianta o esforço dos órgãos de preservação para a proteção e conservação do nosso patrimônio?Uma sociedade que não se reconhece está fadada à perda de identidade e enfraquecimento de valores intrínsecos.
A resposta para esses questionamentos pode vir através da Educação Patrimonial, que de um modo geral, pretende ser um programa que busca a conscientização das comunidades acerca da importância da criação, valorização e da preservação dos patrimônios locais.Essa conscientização é construída por meio da interação da população como os patrimônios da região onde vivem.Segundo Itaqui (1998, p. 20), “Esse trabalho de Educação Patrimonial é levar os indivíduos de uma sociedade a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para uma melhor utilização destes bens”.
Através do conhecimento crítico e apropriação consciente dos valores de seu patrimônio, é que a comunidade vai entender e participar do processo de preservação desses bens.O patrimônio é algo herdado de nossos antepassados, e essa herança só passa a ser nossa se nos apropriarmos, conhecermos e a entendermos como algo que nos foi legado, e que devemos deixar para nossos filhos e para as gerações futuras.Essa herança constitui a nossa riqueza cultural, individual e coletiva, a nossa memória e a nossa identidade.A percepção desses valores e dessa diversidade contribui para o desenvolvimento do espírito de tolerância, de valorização e respeito às diferenças e também da noção de que não existe povo sem cultura ou culturas superiores.
Esse processo de Educação Patrimonial cabe aos profissionais e instituições da área – arquitetos, historiadores, arqueólogos, museus e órgãos de preservação. Profissionais estes capacitados para entender o processo de fortalecimento e revitalização de nossa cultura, levando não só a si próprio, mas a sociedade como um todo, a um entendimento e comprometimento da nossa identidade cultural.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Porque Preservar o Patrimônio Histórico e Cultural

Discute –se muito hoje a necessidade de preservação do Patrimônio Cultural, valorização do passado e memória coletiva das cidades; não só na arquitetura, mas em diversas áreas do conhecimento humano.
O Patrimônio Arquitetônico representa uma produção simbólica e material, carregada de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais de uma sociedade.
Mas, com o rápido e desordenado crescimento das cidades brasileiras, com uma progressiva perda e descaracterização do Patrimônio Histórico, nos faz refletir acerca da constante necessidade de transformação dos espaços urbanos, paralelo às implicações referentes à qualidade ambiental e preservação do patrimônio construído.
Nossas cidades não são locais onde apenas se ganha dinheiro, não se resumem em ser apenas dormitório para seus habitantes.Nela vivem seres humanos que possuem memória própria e são parte integrante da nossa história.Por esse motivo, não passa despercebido pelos habitantes das cidades à destruição da casa de seus antepassados, de antigos cinemas, bares, teatros e outros prédios históricos.Toda essa “destruição do patrimônio” para dar lugar ao automóvel ou aos gigantes edifícios de aço e concreto deixam nossas cidades poluídas, sem emoção e seus habitantes perde um pouco da identidade e identificação com o local onde vivem.
Passado a euforia do modernismo, o homem se volta para a busca de seu passado, de suas memórias.Essa busca vem do anseio de uma civilização dominada pela técnica que deseja voltar seus olhos para o passado.Uma espécie de saudade da época em que nossas cidades eram mais humanas, em que o homem tinha mais tempo para refletir sobre seu destino.
Assim, a memória coletiva das cidades está em seus velhos edifícios.Eles são o testemunho mudo, porém valioso, de um passado distante.Servem para transmitir às gerações posteriores os episódios históricos que neles tiveram lugar e também como referência urbana e arquitetônica para o nosso momento atual.Preservá –los não só para os turistas tirarem fotos ou para mostrar aos nossos filhos e netos, mas para que as gerações futuras possam sentir “in loco” a visão de uma cidade humana e como se vive nela.Para terminar, parafraseio um importante historiador: “Uma cidade sem seus velhos edifícios é como um homem sem memória”.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, Abril de 2009

sábado, 18 de abril de 2009

Ensinando a Viver

Recentemente, vi um filme muito bom, sobre um escritor que adota um menino "problemático":
Quando era criança, o escritor David Gordon (John Cusack) sempre se sentiu excluído. O menino se achava diferente, e cresceu sonhando com o dia em que os ETs viriam buscá-lo e levá-lo para casa, no espaço sideral. Os aliens nunca vieram. Mas sua imaginação o transformou em um escritor de sucesso. Mesmo hoje em dia, no entanto, David continua se sentindo um solitário. Desde a trágica morte de sua noiva há dois anos, ele nunca mais experimentou qualquer traço de vida afetiva.
Todavia, David sempre quis ser um pai. E ele finalmente resolve tentar - e acaba adotando o brilhante e problemático Dennis. Assim como David, Dennis vive trancafiado em seu próprio mundo de fantasia. Quando era criança, David queria ser um alien. No caso de Dennis, ele acredita de verdade que é um marciano em missão de exploração na Terra. E talvez ele seja de verdade... Um filme divertido e emocionante sobre o poder de redenção do amor e sobre o verdadeiro significado da palavra "família".
Analisando o filme, me perguntei:
Será que temos realmente que ser igual a todo mundo, fazer as mesmas coisas, aceitar as mesmas regras.Porque é tão difícil aceitar as nossas diferenças, porque a maioria das pessoas acham que temos que ser iguais a elas?Fiquei sem resposta.
Será que não podemos ser marcianos em missão de exploração neste planeta maluco chamado terra?As vezes acho que sou estranho por ser um pouco diferente, mas vendo este filme, revi meus conceitos.
Então, se o que importa mesmo é ser feliz, então vamos ser feliz do nosso jeito, sem se importar muito com o que vão achar ou pensar a nosso respeito.
Sejamos marcianos em exploração na terra, talvez então possamos entender este planeta maluco onde vivemos.
Quem puder,assista ao filme, é muito bom.
Eder - 18/04/09

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Inocêncio Bar e Café






Algumas imagens do Inocêncio Bar & Café, em Encruzilhada do Sul.Este espaço é de uma grande amiga, Edaguimara (Marinha).O café é muito bom, quem puder, aprecie.
Neste Projeto, fiz o desenho do balcão de atendimento e dei algumas dicas no projeto de interiores.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Minha Visão ao visitar o Museu Iberê Camargo

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO - ÁLVARO SIZA

Álvaro Siza criou em Porto Alegre sua obra – prima.Se for verdade as palavras de Leonardo Benévolo, que o arquiteto só cria obras marcantes quando está mais velho e mais experiente, o já consagrado autor septuagenário Álvaro Siza se superou e criou uma obra de força, que dialoga com a paisagem do Guaíba.Diante do prédio, a primeira impressão que se tem é de respeito para com a escala do visitante.
Siza apropriou –se de nossa cultura e criou algo original, com a cara do Brasil, a cara de Iberê Camargo.Siza realizou uma espécie de canibalização de nossa cultura, como bem nos lembra Mário de Andrade em seu Manifesto Antropofágico.Siza trouxe para Porto Alegre a Escola do Porto, seus volumes brancos, as curvas que têm influência da Escola Carioca, a união da tradição – o universo lusitano com a modernidade, via arquitetura orgânica, de Aalto e Wright.
Há no prédio um quê de arquitetura colonial portuguesa, com o volume branco destacando – se ao longe, há a nítida influência de Wright com as curvas do Guggenhein.Wright coloca suas curvas internas ao prédio, Siza as trás para o exterior.Há ainda a apropriação por parte do arquiteto das curvas de Niemeyer, as curvas expostas nas rampas e no volume branco do prédio, e então reflete a nossa alardeada monumentalidade, a grandeza que o arquiteto português afirma encontrar nas matas, no verde da natureza e na vastidão do território, em outra clara referência a Niemeyer. .
No interior, há um jogo de luzes que fascina, convida o espectador a participar da arquitetura.Há os detalhes que só um olhar atento percebe: o mármore branco em cruz no topo do guarda – corpo, o mobiliário desenhado por Siza, a maçaneta da porta de entrada, que segundo ele é o primeiro contato com o edifício, os rodapés elevados, o jogo de luzes da iluminação zenital, as pequenas aberturas nas rampas enquadrando o Guaíba e o Skiline da cidade.São essas sutilezas que fazem a arquitetura.No museu, não há um só canto que não tenha sido pensado, uma busca incansável de Siza pelo domínio do espaço e de seus elementos.
Álvaro Siza eleva a poética do espaço com seu museu.E se a arquitetura é “musica petrificada”, a sinfonia as margens do Guaíba é irretocável.O som e o silêncio do concreto branco nos fazem sonhar.Sonhar com a sinfonia da arquitetura.

Eder Santos Carvalho
Texto Baseado em reportagem da Revista Projeto Design de 2008
Novembro de 2008

terça-feira, 31 de março de 2009

"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aqueles que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol”.
Pablo Picasso

Minha Arquitetura

Minha arquitetura emociona, provoca sensações, provoca os sentidos,
Minha arquitetura é feita para ver, não ver com olhos comuns, mas para ver com os olhos da alma,
Minha arquitetura é feita de curvas, retas, planos, é a pureza da forma, é o jogo de volumes que se transforma sobre a luz,
Minha arquitetura dialoga com a natureza, minha arquitetura respeita o planeta,
Minha arquitetura procura mostrar caminhos, marcar percursos.
Minha arquitetura quer transformar o mundo, emocionar o rico, o pobre, dar abrigo digno a todas as classes,
Minha arquitetura pede para ser tocada, para ser apreciada,
Minha arquitetura é como a música, é sinfonia, é harmonia de forma, cores e sombras.
Minha arquitetura é feita de sonhos, é feita de poesia, a poética do espaço,
Minha arquitetura pede para ser escutada, ser sentida, ser vivida,
Minha arquitetura quer ter vida própria, que ser algo mais que uma simples habitação.
Este texto foi feito num momento de inspiração sobre o sentido da arquitetura, baseado em textos de Oscar Niemeyer.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 29 de março de 2009

terça-feira, 24 de março de 2009

Discurso do Método - René Descartes

Estou lendo Discurso do Método, de René Descartes, ainda não finalizei a leitura, mas aí vão algumas observações:
Percebe-se no livro Discurso sobre o método de René Descartes que o mesmo é um filosofo cuja característica é o seu temperamento matemático, sua preocupação era com a ordem, a clareza e a distinção. Percebe-se que Descartes preocupava-se também em manter a sua filosofia positiva e concreta, contudo de modo simples e claro. Descartes propôs fazer uma ciência essencialmente pratica e não especulativa, queria disciplinar a ciência e isso seria possível com um bom método. Esse método seria universal, inspirado no rigor matemático e racionalista
Descartes propôs que sempre devemos duvidar de tudo em todos os momentos. Afirmava que era necessário distinguir o verdadeiro do falso. O método cartesiano põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, duvidar de tudo, As coisas só podem ser apreendidas por meio das sensações ou do conhecimento intelectual. A evidência da própria existência – o "penso, logo existo" – traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento. Diz Descartes "Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou intuição imediata".
Em breve, mais observações.

terça-feira, 17 de março de 2009

Olá Blog

Olá, meu blog recém criado, estamos nos vendo pela primeira vez.
Espero que goste de mim, sou uma pessoa que gosta muito de escrever.
Vamos nos ver muito, outras pessoas também te verão e vão escrever sobre nós dois, ou melhor,sobre mim, ou sobre o que escrevi e publiquei.
Vamos falar de tudo um pouco, Arquitetura, história, música, filmes, livros, desenhos, pessoas, enfim, da vida, espero que goste dos assuntos.Acho que vamos nos dar muito bem.
Hoje vou escrever algumas coisas sobre poesia, livros, e em outra oportunidade vamos começar a falar de história e arquitetura, razão maior de tua existência.Vamos publicar alguns artigos que escrevi e colocar algumas fotos.
Então, até a próxima visita.

Escutar é importante

ESCUTATÓRIA
Rubem Alves
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil. Diz o Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma“. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver e preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.“ Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: “Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas.“ Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto...

Livros

Aí vão alguns livros que li nas férias:
Erasmo de Rotterdam: O Elogio da Loucura, para quem gosta de Filosofia, uma crítica aos teólogos e a igreja na Idade Média
Sérgio Moacir Marques: Revisão do movimento moderno: um guia da arquitetura feita no Rio Grande do Sul na década de 80
Nery Luiz Auler da Silva: Arquitetura Rural do Planalto Médio: guia das fazendas coloniais do Planalto Rio - Grandense

Arquitetura da Felicidade

Livro
ALAIN DE BOTON - A ARQUITETURA DA FELICIDADE
LIVRO SOBRE E ESTÉTICA E A BELEZA NA ARQUITETURA:ALAIN DE BOTTON QUESTIONA O QUE É UMA CONSTRUÇÃO BELA - PORQUE CONSIDERAMOAS ALGUNS PRÉDIOS BELOS E OUTROS NÃO?QUAIS AS QUALIDADE QUE TORNAN AS OBRAS ARQUITETÔNICAS AGRADÁVEL AOS NOSSO OLHOS?SEM OFERECER RESPOSTAS PRONTAS, O AUTOR RELATIVIZA CONCEPÇÕES NORMALMENTE ACEITAS E PROVOCA IMPORTANTES REFLEXÕES SOBRE ASPECTOS NEM SEMPRE ÓBVIOS DOS AMBIENTES QUE NOS CERCAM.

Livro - Ferreira Gullar

Cultura Posta em Questão
Um livro interessante:
Cultura Posta em Questão - Vanguarda e Subdesenvolvimento - Ferreira Gullar.
um livro muito bom, apesar de ter sido escrito na década de 60, tem questões que ainda hoje são pertinentes na cultura brasileira.Fala sobre poesia, música, arquitetura, artes plásticas, discute a defesa de uma cultura nacional e questiona a até que ponto a cultura de massa influência o fazer artístico.Sem falar no autor, que é um dos maiores nomes da cultura brasileira.

Poesia

Poesia - Fernado Pessoa
Antes que o tempo fosse
De dentro d’alma reinei
Numa vida antiga e doce.
Antes que o tempo fosse
Vivi sem dor e amei.

Não sei a que forma vaga
Prendi esse meu amor
Sei que inda me embriaga
Remota imagem e vaga
Que vive na minha dor.

Recordo um sonho sonhando?
È sonho a recordação?
Não sei; ao meu ser cansado
Que importa o que foi sonhado,
Se o próprio real é ilusão

Fernando Pessoa - 1909

Citação

Citação de Arquitetura
“Nós acreditamos no fecundo ciclo homem – arquitetura – homem e queremos representar seu dramático desenvolvimento: as crises, as poucas, indispensáveis certezas e as muitas dúvidas, ainda mais necessárias; uma vez que pensamos que estarmos vivos significa, sobretudo, aceitar a fadiga da cotidiana renovação, rechaçando as posições adquiridas na ânsia até a angústia, na perpetuação do combate, no aumento do campo da conformidade humana”.
Ernesto Nathan Rogers (1909 – 1969)