“Nós nos baseamos em sites de outros países, como o Basta de Demoler, da Argentina, e o Forgotten New York. Hoje, muitas pessoas fazem denúncias. Quando o caso é grave, tento ir no mesmo dia, mas nem sempre dá tempo”, afirma Nascimento. No meio da conversa com o jornalista, um exemplo chega via Internet: “Acabei de receber um e-mail. Derrubaram uma casa que fotografamos no bairro de Santana”, diz ele. Já são quase 100 imóveis demolidos registrados no site.
Mas nem só de histórias tristes é feito o São Paulo Antiga. Os próprios internautas contribuem com informações sobre os prédios e compartilham lembranças, como foi o caso do texto sobre a fábrica de biscoitos Duchen, primeira obra industrial de Oscar Niemeyer, datada de 1949, na divisa de Guarulhos com São Paulo. No site há comentários de pessoas que conheciam a fábrica e de ex-funcionários, lembrando os biscoitos, as festas de fim de ano e até trocando informações sobre documentos de trabalho. “Nós geralmente pesquisamos em livros, vamos a arquivos, conversamos com vizinhos, mas muitas das histórias mais bonitas são os leitores que contam”, diz Glaucia.
Outras duas fábricas também renderam bons frutos. Depois de publicar um texto sobre a Sönksen, primeira fábrica de chocolate de São Paulo, falida nos anos 1980, a dupla recebeu de um herdeiro fotos antigas da família, da fábrica e das lojas (todas podem ser vistas no site). O outro caso foi o de uma antiga tecelagem no bairro da Mooca, sobre a qual não havia muitas informações. “Eu busquei em arquivos e na Internet, mas não tinha nada. Depois descobri onde ficava o túmulo da família que era a proprietária. No Dia de Finados, fiquei lá esperando e consegui conversar com uma velhinha, filha do dono, que me contou toda a história”, lembra a historiadora.
Não é preciso ser herdeiro ou ter frequentado um dos imóveis divulgados no site para contribuir. Qualquer lembrança pode ajudar a reconstituir essa história que vai muito além dos livros e arquivos. “Não podemos nadar contra o progresso, mas a história é demolida e às vezes não resta nada para as futuras gerações. Temos que respeitar os mais velhos, e o patrimônio é o mais velho nesse caso”, brinca Gláucia.
Fonte da Notícia: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/memoria-afetivaLink do Site: http://www.saopauloantiga.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário