Com ar bucólico de cidade pequena, Vassouras - na Região do Médio Vale do Paraíba (RJ) - não perde para nenhuma grande metrópole quando o quesito é a vinculação com a memória nacional. O paisagismo da Praça Barão de Campo Belo, com seu chafariz monumental, as centenárias fazendas do interior, assim como os sobrados que abrigaram gerações de barões e baronesas são elementos que marcam identidade da cidade na história do Brasil.
Para valorizar esses marcos ancestrais nos tempos atuais, as mais variadas intervenções vêm sendo realizadas nas edificações históricas da região. Chegou a vez de um símbolo do Patrimônio Cultural do município receber obras de restauração: a Casa do Barão de Vassouras. Localizada em um ponto privilegiado do Centro, a casa térrea faz parte do Conjunto Paisagístico e Urbanístico da cidade, inscrito em 1958 no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A obra é fruto de termo de compromisso do Iphan com a Prefeitura de Vassouras. O Instituto vai investir aproximadamente R$ 8 milhões em obras que serão executadas pela Prefeitura e estão previstas para durarem cerca de dois anos. Entre as intervenções de restauro estão previstas a recuperação de pisos, paredes, esquadrias, pinturas, forros, telhados e fachadas históricos; a reorganização dos espaços internos; bem como a adaptação dos ambientes às normas de acessibilidade dos dias atuais.
Situada na então entrada da cidade, o solar captava a atenção dos recém-chegados. De baixa altura, posicionava-se à frente do olhar e o seu jardim exuberante se espalhava pelas amplas varandas para dar as boas-vindas aos visitantes. O monumento é um exemplar raro de arquitetura residencial térrea. Mescla elementos do estilo neoclássico, marcantes da primeira metade do século XIX, com aspectos típicos de construções mineiras, como o avarandado na área posterior.
A casa foi construída para ser a residência de Francisco José Teixeira Leite (1804-1884), filho do Barão do Itambé e futuro Barão de Vassouras. Depois, permaneceu na posse dos herdeiros do Barão de Vassouras até o início dos anos de 1990, quando foi vendida a um grupo empresarial. Em 2018, o imóvel foi doado ao município, que se comprometeu a implementar o Projeto Executivo das obras de restauração aprovado pelo Iphan.
Vassouras e outras 14 cidades dos arredores compõem o Vale do Café, região que se transformou na locomotiva da economia nacional do século XIX e que, na época, chegou a produzir 75% do café consumido no mundo. Atualmente, o município se fortalece cada vez mais como um núcleo de turismo alternativo do estado, atraindo visitantes que desejam fugir da agitação urbana. A intensa programação cultural, a variedade de passeios históricos e hospedagens de charme em propriedades rurais são apenas alguns dos principais atrativos.
Investimentos na região
Vassouras vem recebendo uma série de investimentos do Iphan nos últimos anos. Ao todo, R$ 2,8 milhões já foram destinados à elaboração de projetos executivos de restauração. O Museu Casa da Hera e a Biblioteca Maurício de Lacerda foram alguns dos beneficiados. Já os projetos dos Sete Chafarizes do Centro Histórico e do Antigo Pátio da Oficina estão em fase final de elaboração.
Alguns dos projetos foram executados com recursos da iniciativa privada, como as intervenções no Centro Cultural Cazuza, já finalizadas; e a restauração do Antigo Asilo do Barão do Amparo, em execução. Com projeto e obras financiadas pelo Iphan, a Sede da Associação de Paroquianos de Vassouras (Asepava) foi restaurada com investimentos de cerca de R$740 mil.
Além da Casa do Barão de Vassouras, o Iphan firmou uma série de convênios com Prefeituras da região a fim de revitalizar bens tombados. Atualmente há intervenções das mais diversas em execução. Foram designados R$ 300 mil para a restauração da Torre Sineira da Catedral de Santana, em Barra do Piraí; já a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Paty do Alferes, recebeu cerca de R$ 1 milhão. Nos próximos meses, vão ser iniciadas obras na Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Barra Mansa (RJ).
Por fim, completa a lista a restauração da Casa do Barão do Ribeirão, também em Vassouras. Trata-se de obra sob a responsabilidade direta do Iphan. Localizado na Praça Barão de Campo Belo, o antigo casarão apresenta requinte arquitetônico e se destaca das edificações dos arredores pela grandeza das dimensões. Com investimentos da ordem de aproximadamente R$ 6 milhões, a intervenção está prevista para terminar em 2021.
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