A crise que assola o Estado ameaça agora o Arquivo Nacional, instituição que preserva a memória do país. Por causa do corte de verbas de 36% no orçamento, o local, que é ligado ao Ministério da Justiça (MJ), pode fechar as portas no mês que vem. Por isso, a Associação dos Servidores do Arquivo Nacional (Assan) enviou um documento ao MJ solicitando a revisão da medida.
“No primeiro semestre deste ano, foram gastos cerca de R$ 12 milhões, sobrando só R$ 2 milhões, de julho até dezembro. Ou seja, a nossa perspectiva real é a de fechar o Arquivo Nacional, possivelmente, até o fim de agosto”, lamenta Rodrigo Mourelle, presidente da Assan.
Todo dinheiro que resta será usado na manutenção básica, para pagar as contas de água e energia. Exposições futuras foram suspensas, assim como reformas estruturais. Uma delas seria no prédio da Praça da República, no Centro, que reúne quase todo o acervo. Uma inspeção do Corpo de Bombeiros no edifício identificou falhas no sistema de combate a incêndio.
Segundo a Assan, a redução da verba dificulta a manutenção do prédio e compromete a segurança das mais de 20 mil ilustrações, 8 mil livros raros e cerca de 1,7 milhão de fotos e negativos. “Um país que não valoriza a sua história e a sua memória, não valoriza a si mesmo”, observa o historiador Thiago Mourelle.
História preservada
A construção centenária que abriga o Arquivo Nacional armazena documentos que contam a história do Brasil desde os tempos coloniais. Como os originais da Lei Áurea, de todas as constituições nacionais, imagens da construção de Brasília e da ditadura militar. O acervo guarda ainda o passaporte do inventor e aeronauta Santos Dumont. O acesso ao acervo também pode ser feito pela internet (arquivonacional.gov.br).
A principal demanda é de pessoas que buscam documentos que registraram, no passado, a chegada de estrangeiros ao Brasil e que são importantes para quem quer dar entrada em pedido de nacionalidade de outro país. O receio, agora, é que esses e todos os outros milhares de documentos armazenados fiquem inacessíveis à população.
“Pensar que tivemos Olimpíada e que não conseguimos manter nossas instituições essenciais de guarda de acervo e pesquisa é uma vergonha, é um tiro no pé”, critica a historiadora Nataraj Trinta.
No ano passado, a verba destinada ao Arquivo foi de R$ 22 milhões, usada para despesas como pagamento de energia elétrica, água e funcionários terceirizados. Para organização de acervos maiores, o órgão busca financiamentos através de parcerias, com editais do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O Ministério da Justiça ainda não se pronunciou sobre os cortes feitos na instituição.
Fonte original da notícia: Metro Jornal
Reprodução/Band
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