Encruzilhada do Sul, município situado
na região central do Rio Grande do Sul, no topo da chamada Serra do Sudeste, o município
tem um grande significado histórico – cultural para o Brasil e para o Rio
Grande do Sul. Em sua origem, situada no cruzamento de estradas que levava os
tropeiros e os militares portugueses ao sul da Província do Rio Grande de São
Pedro, em busca de animais para o centro do País ou na luta contra os
espanhóis, marcou profundamente a influência portuguesa e açoriana em nosso
município, incluindo a arquitetura. A riqueza de nossa arquitetura está
expressa na igreja, nas casas de origem açoriana, nas ruas e nas praças e conta
um importante capítulo na história do estado e do Brasil.
Esta influência se mostra presente na
arquitetura, com prédios em estilo colonial, e alguns em estilo neoclássico com
influência da arquitetura positivista, dominante no estado do Rio Grande do Sul
no começo do Século XX.
Atualmente, os prédios históricos de
Encruzilhada do Sul vêm se deteriorando, sem que nada seja feito para preservar
essas edificações, exceto por iniciativa própria de alguns proprietários, pois
o município não tem ainda em vigor uma Lei de Preservação do seu Patrimônio
Cultural. Possui apenas uma lista no Plano Diretor do município, criado em
2010, elencando prédios históricos passíveis de preservação, porém, sem nenhum
meio legal para que os mesmos possam ser tombados ou preservados.
Diante deste quadro, surge a pergunta:
até quando vamos deixar nosso patrimônio se deteriorar? Dar prioridade à
preservação do patrimônio arquitetônico não significa assumir uma postura que
seja contrária ao novo, mas antes, uma reflexão crítica que implica em assumir
uma responsabilidade social cada vez maior com o que é construído. Cabe não só
aos profissionais capacitados encontrar os caminhos capazes de identificar e
conciliar as forças do passado para transformá – la no futuro, mas a toda a
sociedade.
Abaixo, a lista dos prédios constantes
no Plano Diretor e algumas imagens dos mesmos.
Crédito das fotos: do Autor.
Os prédios estão identificados por
número, seguindo a numeração do Plano Diretor.
Plano Diretor de Encruzilhada do Sul - Lei N° 3.552, de 15 de Fevereiro de 2016
Capítulo
VI
Dos
prédios de valor Histórico e Cultural
Art.
16 - São considerados de valor histórico, cultural e de expressiva
tradição
para a cidade de Encruzilhada do Sul, os seguinte imóveis:
1 –
Prédio da rua Conde de Porto Alegre, n° 137, construído em alvenaria,
arquitetura neoclássica em estilo português, registrado no cadastro geral de
imóveis da prefeitura, em data anterior ao ano 1947, (antigo Fórum).
2 –
Prédio na rua Conde de Porto Alegre, n° 154, construído em alvenaria,
arquitetura clássica em estilo português, registrado no cadastro geral de
imóveis da prefeitura em data anterior ao ano de 1947, (prédio principal da
Escola Estadual
Borges
de Medeiros);
3 –
Prédio da Rua Ramiro Barcelos, n° 709, construído em alvenaria, arquitetura clássica
e anobrezada do estilo português, ricamente detalhado no sobreado azulejado,
registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano
de 1947 (Prédio onde funcionou a antiga Farmácia Baroni);
4 –
Prédio da rua Ramiro Barcelos, n° 670, construído em alvenaria, arquitetura
renascentista; no estilo português, as janelas amplas e decoradas, a
luminosidade, enfeites, escadarias de mármore enriquecem o destacado prédio,
registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano
de 1947 (Residência do Dr. Sonino Baroni in memorian);
5 –
Prédio da Avenida Rodolfo Taborda, n° 130, construído em alvenaria, arquitetura
colonial tipicamente brasileira, com uma série de janelas pequenas na fachada;
divididas por uma porta central, as telhas de canoas, os tijolos crus,
exemplificam a obra - registrado no cadastro geral de imóveis da prefeitura em
data anterior ao ano de 1947 (antiga casa da família Pompeo de Machado);
6 -
Prédio da Fazenda da Lapa, localizado a 10 km da sede do municipal, construído
em alvenaria, arquitetura colonial estilo português: elementos decorativos não
existem na peculiar simplicidade do estilo; a cor branca e os detalhes em azul
enriquecem o cenário campestre, registrado no cadastro geral de imóveis da
Prefeitura em data anterior ao ano de 1947 (residência do 1º bispo do Rio
Grande do Sul, Dom Feliciano Prates);
7 –
Prédio da rua Conde de Porto Alegre, n° 100, construída em alvenaria,
arquitetura neoclássica, estilo português; acentuada quebra da linha reta pela curva
, os detalhes e relevos na fachada glorificam a majestosa construção -
registrado no cadastro geral de imóveis em data anterior ao ano de 1947 (onde
funcionou o Banco da Província, Banco Nacional do Comércio, Banco Sulbrasileiro
e por último, o Banco Meridional);
8 –
Prédio da Rua XV de Novembro, n° 173, construído em alvenaria, arquitetura
neoclássica; estilo português; a obra majestosa representa o legado vivo do
projeto e a sua conservação à perpetucidade. Os elementos caracterizantes se expressam pela riqueza de
detalhes na platibanda, volutas e relevos na fachada, a simetria combina
harmoniosamente com as inovações, registrado no cadastro geral de imóveis da
Prefeitura em data anterior ao ano de 1947 (Residência da família Dr. Jaime Von
Diemen);
9 –
Prédio da Praça Silvestre Corrêa, n° 77, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português, construído em 1887, registrada no cadastro geral de
imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947, (antigo prédio da
Farmácia Silveira, situado atrás da feira do Produtor e que pertenceu ao 1º
Intendente Municipal, Silvestre Sabino Corrêa da Silveira).
10 -
Prédio da rua Ramiro Barcelos, n° 559, construído em alvenaria, arquitetura
neoclássica, se mistura ao ecletismo numa filosofia de universalidade; as
antigas tendências acopladas às recentes propostas: mouriscas, renascentistas e
fachada com as janelas e balcões, ganham a resolução arquitetônica, registrado
no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947,
(prédio da casa de Cultura Humberto Fossa, antiga residência do Gastão
Gonçalves Lopes), (Solar Gastão Gonçalves Lopes.)
11 –
Prédio da rua Bento Gonçalves, n° 906, construído em alvenaria, arquitetura
barroca, estilo português; a fachada deixa a simplicidade anterior e ganha a
riqueza dos rendilhados, os anjos alados decorando as janelas com pórticos de
entrada, inclinando-se à filosofia positivista, registrado no cadastro geral de
imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947, Residência do Sr.
Artigas Silveira.
12 -
Prédio da rua Ramiro Barcelos, n° 427, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português; o frontispício retangular com detalhes em colunas,
lembrando a filosofia positivista. O sobrado está conjugado com uma torre de
observação ou olheiro - registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura,
em data anterior ao ano de 1947, (prédio do antigo Presídio Municipal,
atualmente Casa de Passagem e ASAFAMEC);
13 –
Prédio da Praça Dr. Ozy Teixeira, n° 79, construído em alvenaria, arquitetura
clássica, recebe a influência de estilo eclético, janelas com balcões e do “art
- nouveau”, ostentando elementos decorativos sinuosos e floridos de ferro e
vidro e escadarias com referendado mármore - registrado no cadastro geral de imóveis
da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947, (residência da família de Ozy
Teixeira).
14 –
Prédio da Praça Dr. Ozy Teixeira, n° 132, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português, com detalhes em sua fachada, lembrando a filosofia
positivista e maçônica registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura,
em data anterior ao ano de 1947, (prédio da antiga Intendência Municipal, onde
hoje funciona a Secretaria Municipal de Cidadania e Inclusão Social).
15 –
Prédio da Praça Dr. Ozy Teixeira, n° 118, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português, lembrando a filosofia positivista e maçônica -
registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano
de 1947, (Prédio da Câmara Municipal de Vereadores).
16 –
Prédio da Praça Silvestre Corrêa, construído em alvenaria, arquitetura barroca,
reflete o estilo português. Os elementos presentes em destaque: na parte
frontal, está um retângulo, um frontão triangular (herança helênica), lembrando
a filosofia positivista, encimado pelo sineiro e uma cruz, as três janelas no
coro e uma grande porta de entrada ladeada por duas portas de fachada. Bem mais
tarde, a nossa Igreja ganha elementos novos como as janelas com vitrais
enriquecendo mais ainda o majestoso oráculo de fé - registrado no cadastro
geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947, (Igreja Matriz
Santa Bárbara).
17 –
Antiga Usina do Moinho do Corvo, construída em alvenaria, arquitetura clássica
estilo português, registrada no cadastro geral de imóveis da
Prefeitura,
em data anterior ao ano de 1947.
18 –
Prédio da rua General Osório, 940, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português; a ampla fachada e a série de janelas envidraçadas,
porta principal e o átrio com azulejos portugueses, reflete o poderio da “belle
– époque” - registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior
ao ano de 1947, (antiga residência da família Gomercinda Fontoura).
19 –
Prédio da Rua General Osório, 1000, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo português, ampla fachada e série de janelas envidraçadas, reflete
o poderio da “belle – époque” - registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura,
em data anterior ao ano de 1947, (atual residência do Sr. Naldo Peixoto).
20 –
Prédio da Avenida Rodolfo Taborda, construído em alvenaria, arquitetura
clássica estilo colonial português, (residência da família João Jacob Guns).
21 –
Prédio da Rua XVII de dezembro, 311, construído em alvenaria, arquitetura
clássica de valor histórico por ser a segunda unidade de geração e distribuição
de energia elétrica produzida a motor diesel. A primeira unidade de geração e
distribuição operava no final da rua Benjamin Constant com a rua Inácio Azambuja
(hoje servindo de residência a moradores da Vila Lava-Pés), - registrado no
cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947,
(antiga Usina da CEEE).
22 –
Parque de Exposições Desidério Finamor, Avenida Rodolfo Taborda, construído em
alvenaria, arquitetura clássica estilo colonial português, lembrando a
filosofia positivista - registrado no cadastro geral de imóveis da Prefeitura,
em data anterior ao ano de 1947.
23 –
Prédios e Pórtico da Antiga fábrica do Renner, Avenida Dr. Zeferino
Pereira
Luz, construídos em alvenaria, arquitetura clássica estilo alemão, registrados
no cadastro geral de imóveis da Prefeitura, em data anterior ao ano de 1947.
24 –
Fachada dos prédios frontais e no entorno das praças Dr. Ozy Teixeira e
Silvestre Corrêa, entre as ruas Dr. Zeno Pereira Luz e rua General Osório,
construída em estilo arquitetônico clássico português, do século XVIII.
25 –
Prédio em alvenaria/pedras, estilo colonial português, construído no início do
século XVIII, antiga sede da Fazenda Branca, onde hoje está instalada a
Escola
Municipal de Ensino Fundamental São Luiz.
26 –
Consideram - se de valor histórico, cultural e de expressiva tradição, também
as fachadas de prédios com arquitetura clássica colonial estilo português.
§ 1º -
A
toda alteração original das edificações de valor histórico, cultural e de
expressiva tradição, deve o proprietário encaminhar pedido ao setor técnico da
Prefeitura,
que deverá encaminhar ao Conselho Municipal do Plano Diretor para avaliação e
parecer.
§ 2º -
Após
a realização do Inventário dos Bens Culturais do Município, novos bens de valor
histórico e cultural poderão ser incluídos na relação acima.
§ 3º -
Será
definido em Lei complementar a forma de preservação dos referidos imóveis com a
participação da Prefeitura Municipal, objetivando o processo de tombamento
histórico cultural de interesse tradicional.
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maravilha de trabalho de pesquisa! Parabéns
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