No entardecer de uma sexta-feira de 2008, em meio ao trânsito pesado da BR-116, o professor de geologia Heinrich Frank avistou uma feição estranha à margem da rodovia, nas imediações de Novo Hamburgo. Era um buraco, escavado em rocha sedimentar rígida, a pouco mais de um metro do chão. Frank ficou intrigado.
Alguns dias depois, passando pelo local com a família, estacionou e pediu que o esperassem. Caminhou até a formação, examinou-a e percebeu tratar-se de um túnel. Mais adiante, guiado por moradores do entorno, deparou com outro, dotado de uma boca de um metro e 40 centímetros.
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), às vésperas de defender sua tese de doutorado sobre ocorrências minerais associadas ao basalto, Frank não era capaz de explicar o que tinha diante dos olhos. Nenhum processo geológico conhecido justificava a existência daqueles túneis.
— Os buracos não deveriam estar ali — afirma o professor de 59 anos.
Pouco mais de uma década depois, Frank já identificou cerca de mil ocorrências do mesmo tipo em território gaúcho, as maiores delas cavernas que chegam a quatro metros de largura e quase 40 metros de comprimento. Outras, de circunferência menor, estendem-se por mais de 100 metros. E ele já sabe do que se trata. São tocas de animais pré-históricos.
Abertas por preguiças-gigantes e tatus-gigantes, espécies da megafauna que se extinguiram cerca de 10 mil anos atrás, as chamadas paleotocas foram identificadas com abundância em todo o Estado. Em Erechim, por exemplo, Frank foi chamado porque durante a construção de uma residência apareceu um túnel de 50 metros de comprimento dentro da rocha. Era toca. O professor pediu ao proprietário que tentasse preservá-la. Graças a isso, basta remover a máquina de lavar roupa, na área de serviço do imóvel, para ter acesso ao buraco.
O curioso é que, fora do Rio Grande do Sul, as paleotocas só são encontradas em quantidade no território catarinense. Já foi achada alguma coisa também no Paraná, em Minas Gerais e na Argentina – e é praticamente tudo o que há. Embora as criaturas que as cavavam estivessem espalhadas pelas Américas, parecem não ter deixado rastro em outras regiões.
Por algum motivo ainda não explicado, o Rio Grande do Sul revelou-se nos últimos anos um raro santuário desse patrimônio, com Frank no centro do seu estudo.
— A esta altura do jogo eu diria que é exclusivo da América do Sul e mais concentrado na nossa região. Não sei como é que não se achou isso antes. Porque está ali, é muito óbvio. Temos os maiores túneis do mundo. E ninguém conhecia. Provavelmente os paleontólogos clássicos não conseguiam imaginar que essa coisa pudesse existir, e por isso veio um professor de mineralogia e começou a mexer com o assunto — diz ele.
Como não é possível datar um buraco, o pesquisador utiliza como referência o período em que viveram seu possíveis construtores – o que iria dos 10 mil até milhões de anos atrás. Depois de uma década de trabalho, ele identificou quatro tipos de tocas. As menores têm cerca de 50 centímetros de largura e, pelo tamanho, são atribuídas a tatus pré-históricos, que podiam passar dos 250 quilos.
Depois há túneis com quase um metro e meio, que Frank crê serem de alguma espécie de preguiça-gigante, mas que também poderiam ser de tatus. Há ainda as maiores, com dois metros de altura e três ou quatro de largura, de preguiças de grande porte. O professor também encontrou dois exemplares de um outro tipo de abrigo, de configuração diferente.
— Não são túneis, são dormitórios interligados por túneis curtos. Você tem formas elípticas, tipo um ovo, com um metro e 50 centímetros de altura e até 10 metros de diâmetro, as paredes absolutamente lisas e côncavas. Pela disposição, seria de um outro tipo de preguiça, mais raro — descreve.
O "filé mignon"
Semanas atrás, o geólogo conduziu uma equipe de GaúchaZH em uma expedição à maior das paleotocas gaúchas, situada em uma propriedade rural de Boqueirão do Leão, município do Vale do Rio Pardo. Ao longo de todo o caminho, ele deu demonstrações de que enxerga o mundo de uma forma singular, vendo o que os outros não veem. A cada tanto, estacionava o veículo no acostamento da BR-386 e desembarcava para mostrar em um barranco ou talude alguma obra de tatu-gigante ou os resquícios de um arroio que correu no local milhares de anos atrás — desenhos na rocha pelos quais milhares de pessoas passam todos os dias, sem suspeitar de que tenham qualquer significado especial.
Uma das paradas foi no quilômetro 376, onde uma praça de pedágio estava em obras. Frank desceu do carro, empunhou uma câmera fotográfica e pinçou uma escala do meio dos equipamentos que enchiam o porta-malas. Depois, cruzou as duas faixas da BR e se embrenhou no lamaçal ao lado da pista, para se aproximar de um talude recém-cortado, que fizera o barranco recuar alguns metros.
Esse tipo de intervenção no terreno é uma espécie de filé mignon no trabalho do pesquisador. Obras em estradas costumam significar escavações, com retirada de fatias dos barrancos, expondo rocha nua. É nesse tipo de corte que Frank encontrou e documentou centenas de paleotocas.
— Via de regra, você tem uma colina e as tocas entrando. Aí, com o tempo, vão se tapando as entradas das tocas, e elas não ficam visíveis. Um dia, chega uma terraplanagem qualquer e corta fora uma fatia da colina. Então, você tem acesso ao que sobrou da paleotoca. Algumas vezes está aberta, noutras está preenchida, e você só vê a mancha escura no paredão. A mancha escura é o preenchimento da toca.
De olho nesses cortes, o geólogo mapeou nada menos do que 200 tocas durante a duplicação da BR-116. Algumas chegavam a ter um metro e meio de largura e 15 estavam abertas, permitindo uma exploração do interior.
O projeto já ocupa o pesquisador por três anos e vai continuar até a obra viária ser concluída. Todo mês, Frank apanha o automóvel e percorre a via, de olho em colinas recém-escavadas. No final do trabalho, planeja publicar um artigo com um levantamento completo das tocas pré-históricas descobertas na rodovia. Para o professor, a duplicação da estrada representa uma chance ímpar:
— Temos de reconhecer oportunidades que são únicas na vida da gente. A duplicação da BR foi uma dessas. Nunca mais vamos ter acesso a tal quantidade de taludes recentes na região. É uma oportunidade para pesquisar paleotocas que nunca mais vou ter na vida.
No arenito recém-cortado do quilômetro 376 da BR-386, Frank dirigiu-se até uma espécie de cratera no talude. Posicionou a escala junto à abertura e fez fotos. O buraco tinha cerca de 50 centímetros de largura.
— Não foi feito pela máquina que cortou a colina, porque não tem escarificações. Também não é da água da chuva, porque não existe erosão em cima. Está feia, mas é uma toca, com certeza. Com meio metro, é de tatu-gigante — concluiu.
Em breve, o corte recente à margem da rodovia seria coberto por leivas, e a paleotoca desapareceria das vistas, mas não dos registros do professor. Neles, junto com centenas de outras, ela estaria catalogada, com fotos, medições e coordenadas.
Trata-se de um patrimônio único, testemunha de formas espantosas de vida que caminharam pela Terra em eras passadas. Nesse sentido, não deveria ser preservado? Mais de uma vez, promotores do Ministério Público procuraram Frank para colocar essa questão. Mesmo apaixonado pelas paleotocas, o professor desencorajou a ideia de declará-las sítios paleontológicos:
— É um patrimônio importante, que a gente deveria tentar preservar, na medida em que aparece aberta, mas eu disse: "Olha, se a gente começar a fazer isso, não construímos mais nada e não duplicamos mais rodovia nenhuma no Rio Grande do Sul, porque está tudo cheio". O que dá para fazer é tirar foto, medir e botar GPS, documentando toca por toca e depois publicando os resultados.
Antes de chegar a Boqueirão do Leão, o geólogo deixou a 386 e embocou por via secundárias até estacionar diante da paróquia de Catupi, localidade do interior do Triunfo. Nos fundos da igreja, em meio ao mato, mostrou uma extensa cratera. Ali, explicou, a erosão fez parte do teto de uma paleotoca desabar, revelando o túnel.
— Quando jogam um copo de plástico aqui no buraco, tempos depois ele sai na outra ponta do túnel, a 130 metros daqui, lá embaixo — apontou Frank.
A toca dos índios
A escala seguinte já foi em Boqueirão do Leão, mas, antes de dirigir-se à maior paleotoca do Estado, o professor fez uma parada na Mecânica Mantovani, na zona urbana do município. Não estava precisando de nenhum reparo no veículo. Enquanto os mecânicos trabalhavam a três ou quatro metros de distância, ele mostrava um buraco num paredão de pedra vulcânica, no pátio da oficina. Era, claro, mais uma toca pré-histórica.
O grand finale, a capela sistina das paleotocas, ainda estava a alguns quilômetros de distância, percorridos em estrada de chão. A caverna fica na propriedade rural de Laudir Ogliari, 73 anos, e Bernardina Ogliari, 72 anos, casados há mais de meio século. Eles receberam o professor na varanda da casa de madeira, diante de sua plantação de fumo.
Amigos de infância, Laudir e Bernardina contaram que nos tempos de meninice costumavam brincar – e também brigar – na caverna.
— Sei dessa gruta desde que me conheço por gente. A gente dizia que era a toca dos índios. Ali juntava a gurizada — disse Laudir. — Nós já nos gostávamos desde crianças. Brincávamos ali porque não tinha outro lugar — acrescentou Bernardina.
Na década de 1960, a gruta virou assunto por causa de um morador da região que tinha mania de cavar tudo em busca de tesouros. O homem colocou na cabeça que antigos jesuítas haviam escondido ouro no local e passou uma temporada cavoucando e danificando as paredes com golpes de picareta – episódio que, toda vez que é evocado, provoca em Frank uma incontida indignação e a soltura de alguns impropérios.
Segundo Laudir, o caçador de tesouros foi o culpado por estragar a entrada da caverna, que antes era perfeitamente redonda.
— O velho até foi apelidado de tatu-do-rabo-mole, que é o bicho que mais cavouca. O que ninguém pensava, na região, era que a gruta dos índios pudesse ser uma toca, e ainda mais escavada na pedra por um bicho.
Então apareceu Frank. Depois de começar a pesquisar os túneis da megafauna, o professor desenvolveu estratégias variadas para localizá-los. Um deles, claro, consistia em examinar escavações para obras. Na construção de um condomínio em Nova Santa Rita, por exemplo, identificou 35. Outra técnica era dirigir-se ao centro de cidades pequenas, encontrar o local onde os idosos reúnem-se para jogar conversa fora, apresentar-se e perguntar se há na região algum buraco ou gruta. Mas havia um jeito ainda mais simples: procurar na internet. Frank já achou paleotocas até mesmo bisbilhotando vias do Interior com o "street view" do Google Earth. Em geral, pesquisava termos como "buraco dos índios" ou algo parecido (a celebre Gruta dos Índios de Santa Cruz do Sul, atestou ele, é uma toca de preguiça).
Depois, ia até os locais sobre os quais encontrava referências, para vistoriá-los. Muitos era paleotocas. Foi dessa maneira que ele soube da caverna de Boqueirão do Leão, por volta de 2010. Viu fotos na rede e disse: "Isso só pode ser toca".
Dias depois, bateu à porta de Laudir e Bernardina. O proprietário achou estranha a história.
— Então o senhor é o professor dos loucos? — provocou.
— Não, os loucos são outra equipe — respondeu Frank.
Laudir deu licença e Frank passou dias, acompanhado por alunos, removendo barro do interior da caverna, para poder estudá-la. Dias atrás, habituado a visitar o local, carregou-se de apetrechos e guiou a equipe de GZH em meio a plantações, mato e uma pinguela até chegar a uma colina de arenito. No alto dela, escondida atrás da vegetação, estava a caverna, com uma abertura de dois metros de altura e quatro metros de largura, dando para um amplo salão, que depois se afunilava e serpenteava para dentro, até perder-se na escuridão.
— Olha o que é isso! Que negócio impressionante! — disse o professor.
As paredes e o teto do salão estavam repletos de inscrições, muitas delas nomes de visitantes e datas. Mas também há marcas que o professor suspeita serem de antigos indígenas, como sulcos que podem ter servido para afiação de ferramentas e ranhuras que formam o que parece ser um desenho do sol. Na parede da direita, há junto ao solo uma passagem vertical estreita, que dá acesso a outra toca, também de grandes dimensões.
Esguio, Frank já entrou nela em diferentes ocasiões, mas desta vez não foi possível – estava inundada. Depois do salão principal da gruta, o túnel faz uma curva e fica mais baixo e estreito, em parte por causa de terra que entrou, provavelmente em alguma grande enchente de tempos remotos. Não é possível seguir a pé, mas de joelhos. A largura é a original, cerca de 1,5 metro, o que seria o tamanho do corpo das preguiças-gigantes. No final, surge um outro salão amplo e arredondado, com três metros de largura e 1m50cm de altura, o dormitório dos animais. Frank apaga a luz da lanterna e a escuridão é total. Não se filtra a menor réstia de luz desde o lado externo.
O futuro das tocas
A tese do professor é de que vários animais, talvez quatro ou seis, morassem na toca. Escavada em arenito duro, ela seria obra de sucessivas gerações de grupos de preguiças. Um único bicho não teria condições, com suas garras, de realizar uma obra tão portentosa – afinal, cada metro cúbico de rocha são duas toneladas:
— O negócio é extremamente duro. Eles escavavam no arenito, que é o que me deixa mais impressionado, e não na terra, porque terra desaba, infiltra muita água.
Frank chama a atenção para as paredes perfeitamente lisas.
— O teto é completamente liso porque os bichos entravam e saíam durante décadas e séculos. Essa coisa lisa não tem processo geológico que crie dentro de uma antiga duna. Se aqui fosse basalto, poderia ser um túnel de lava. Mas não é basalto. E é horizontal, sinuoso. É coisa muito óbvia. Não tem como ser outra coisa. É uma toca. O pessoal fala muito em gruta do índio, mas tem de lembrar que índio não tinha ferramentas de ferro, e com uma ferramenta de basalto não se escava isso — explicou.
Além disso, em algumas reentrâncias, sinais concretos da passagem dos animais resistiram, caso de marcas de garras na parede, que são iluminadas pelo professor. Enquanto Frank exibia os fundos da toca, ouviram-se sons vindos da entrada da caverna. Eram as primas Larissa Martini, 14 anos, e Lauane Ogliari, 10 anos, netas de Laudir. Fascinadas pela gruta, elas aguardaram durante longo tempo junto ao salão. Quando Frank emergiu, receberam uma aula.
— Na época dessa toca, tinha camelo aqui na América e na África. Tinha elefante aqui e lá. Tinha tigre aqui e lá. Lembram o Diego, de A Era do Gelo (filme de 2002)? Então, era um tigre que existia aqui. O que a gente até hoje não sabe é porque os grandes bichos daqui morreram, e os da África continuam.
— Meu avô falou que é por causa da Arca de Noé — atalhou Lauane.
— Isso o pessoal fica falando... Então, essa megafauna tinha bichos que podiam cavar, como o tatu-gigante e a preguiça-gigante. O tatu-gigante chegava a 270 quilos, o que é igual a um porco muito grande. Um bicho assim não precisa de um túnel com dois metros de altura. Aí entra o outro bicho que podia cavar, que é a preguiça-gigante. Não é tipo essas preguiças de hoje, que sobem em árvore, mas é uma preguiça do tamanho de um urso, ou até maior, com umas garras que parecem uma picareta. Você tem as marcas de garra na parede da toca. Assim a gente conclui que essa toca é de preguiça-gigante. Tinha preguiça do tamanho de um elefante, que é o megatério. Essa aqui era menor, mas era uma baita preguiça, uma tonelada de preguiça. Aí você junta quatro, cinco ou seis, todos os dias entrando e dormindo lá no fundo. Por isso o teto é liso, as costas esfregando no teto. E esse é um lugar muito bom. É o local ideal para o bicho. Corre o rio perto, mas cinco metros para baixo. Se o rio enche, a toca não inunda. Está acima do nível das enchentes. E pega o sol da tarde, o que é favorável no inverno.
— Aqui é frio — comentou Lauane.
— É fresquinho. Entra lá pra dentro, e o clima é muito bom. Então tem muita toca por aí. Esta é a melhor toca. A mais bem preservada do Estado.
— Na escola, o professor mostrou livros que tinham fotos da toca — comentou Larissa, com orgulho.
Frank prosseguiu:
— Na paleontologia, você trabalha com os ossos dos dinossauros. Pode reconstruir o esqueleto e, a partir daí, supor que o animal fazia isto ou aquilo. Com as paleotocas é diferente. Você tem a casa do bicho. Você vê como ele vivia. A preguiça-gigante não existe mais, mas ainda temos a casa dela e podemos dizer: olha, ela vivia em túneis. Por isso paleotocas são tão legais.
A fama da toca de Boqueirão espalhou-se, graças ao trabalho do docente da UFRGS. Larissa e Lauane acostumaram-se aos curiosos que aparecem na propriedade de Laudir para conhecê-la.
— Vêm uns e perguntam: "Onde fica a tal paleotoca?" A gente diz: "Vieram uns guris, colocaram fogo na palha e acabou a toca" — brinca o idoso, soltando uma gargalhada.
Laudir não costuma se importar que forasteiros venham ver a gruta, mas não quer transformá-la em atração turística, por receio de transformarem o local em um "banzé". De vez em quando, fala em vender a área para Frank, que já simpatiza com a ideia de, na aposentadoria, remover as toneladas de terra e pedras do interior para converter a toca em um espaço de visitação.
Essa aposentadoria não está distante. Virá em dois ou três anos. Quando acontecer, é bem provável que falte na UFRGS um herdeiro para dar prosseguimento às caçadas e estudos de Frank.
— Não sei se vai ter continuidade. Porque para trabalhar com paleotocas tem de ser meio abnegado e meio louco. Tem de se enfiar dentro dos buracos. Precisa estar afim, e não é todo mundo que está. Mas não me preocupo, porque a essa altura as paleotocas já são um conhecimento mais ou menos difundido. No passado, apareciam igual, mas chamavam arqueólogos, porque achavam que era de índio. Muita paleotoca eu identifiquei lendo artigos de arqueologia. A geração nova de arqueólogos já sabe o que são. E o conhecimento não se perde, porque vou deixar alguma coisa publicada. Agora, quem vai continuar depois... — diz o professor, deixando a questão no ar.
Heinrich Frank dentro da maior paleotoca do RS, em Boqueirão do Leão
Frank e o arroio pré-histórico
Mateus Bruxel / Agencia RBS
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