Resenha publicada no site de arquitetura Vitruvius:
Revisitando a sede do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro - O último livro de Roberto Segre
Cecília Rodrigues dos Santos
Foram muitas as maneiras encontradas por arquitetos,
pesquisadores e críticos brasileiros para tentar definir a
excepcionalidade de um certo edifício para escritórios construído no Rio
de Janeiro no final da década de 1930 para sediar o Mistério da
Educação e Saúde, depois o Ministério da Educação e Cultura, hoje
denominado Palácio Gustavo Capanema. Para Lúcio Costa deve-se creditar à
sede do MES a revelação da genialidade do arquiteto Oscar Niemeyer, o
que por si só já lhe daria destaque especial na historiografia da
arquitetura moderna. Mas Lúcio Costa ainda esclarece tratar-se “de uma
obra destinada a figurar (...) na história geral das belas-artes como
marco definitivo de um novo e fecundo ciclo da arte imemorial de
construir. Foi, efetivamente, neste edifício onde pela primeira vez se
conseguiu dar corpo, em obra de tamanho vulto, levada a cabo com esmero
de acabamento e pureza integral de concepção, às ideias-mestras por que,
já faz um quarto de século, o gênio criador de Le Corbusier se vem
batendo com a paixão, o destemor e a fé de um verdadeiro cruzado. De
todas as sementes por ele generosamente lançadas aos quatro cantos do
mundo (...) foi esta, deixada aqui (...) a única, afinal, que de fato
vingou” (1).
Para Carlos Eduardo Comas o palácio também é “protótipo e
monumento” (2); para Ruth Verde Zein é “citação obrigatória, marco de
qualquer abordagem histórica da arquitetura moderna brasileira” (3);
para Mauricio Lissovsky e Sergio de Sá, “nascida monumental, a
construção deste edifício assume desde logo caráter mitológico” (4);
para Ítalo Campofiorito o edifício é “grácil, gentil e forte (...)
tocado de garbo, delicadeza e vigor (...) perfeito Retrato do Modernismo
quando Jovem” (5). Para os autores do livro Le Corbusier e o Brasil,
“a partir do convite para opinar sobre o projeto do MEC no Rio de
Janeiro redefinem-se os papeis do professor e dos alunos” para se dar a
conhecer uma nova arquitetura “moderna e brasileira” (6), situação que
chega a deixar o mestre europeu irritado com o empreendedorismo e a
ousada autonomia dos alunos brasileiros: “como estes jovens conseguiram
fazer, num pais como o Brasil, o que eu não consigo fazer aqui na
Europa?” (7). O incidente chegou a comprometer o relacionamento entre
mestre e alunos quando Le Corbusier, inconformado por receber apenas o
crédito de consultor do projeto, comete o “deslize” de publicar no
volume Ouvre Complète, 1934-1938, “um esboço a posteriori,
baseado nas fotos do edifício construído”, assinalado por Lúcio Costa em
correspondência: “(você) publica (o esboço) como se tratasse de uma
proposição original, (o que) nos causou a todos uma triste impressão”
(8).
Continua resenha no link: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/13.147/4942
Ministério da Educação e Saúde Pública, Rio de Janeiro. Arquiteto Lúcio Costa e equipe
Foto Nelson Kon
Capa do Livro de Roberto Segre
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