Enquanto arquiteto real, Juan de Villanueva construiu a Casita do Príncipe ou Casita de Abajo, uma das residências da família real espanhol, entre 1771 e 1775. O edifício do século XVIII está localizado no município de El Escorial, em Madrid (Espanha). Outra obra desse período é a Casita do Infante no Escorial, que recebeu esse nome em homenagem ao Infante Don Gabriel de Bourbon, filho de Carlos III, e que foi construída entre 1771 e 1773. Também conhecida como Casita de Arriba, é uma pequena vila, com jardins de estilo italiano.
As características da arquitetura de Juan de Villanueva são as linhas retas, rigor simétrico e volumes que se articulam com o limpo e o sóbrio, procurando, tal qual um Vivaldi, contrastes harmônicos e rítmicos. Ao lado de Juan de Herrera e Gaudí, o nome de Villanueva compõe uma poderosa tríade dos arquitetos mais importantes da Espanha.
Apontado como principal representante da arquitetura neoclássica espanhola da segunda metade do século 18, Villanueva nasceu numa família com tradição nas artes. O pai, o escultor Juan de Villanueva, foi um dos fundadores e diretores do Conselho de Educação da Academia Preparatória de São Fernando, e o irmão era o arquiteto e escritor Diego de Villanueva. Aos 11 anos, Juan de Villanueva y de Montes começou a freqüentar a Academia de Belas Artes de São Fernando. Desenhista reconhecido e de talento, aos 15 anos o jovem Villanueva recebeu o seu primeiro prêmio acadêmico e, aos 20, foi agraciado com uma bolsa de estudos acadêmicos na Itália. Era o mês de janeiro de 1759 quando chegou de mala e cuia à Via Condotti, em Roma, onde ficou até outubro de 1764, estudando os modelos clássicos dos mestres italianos.
Em 1765 retornou a Madri, mas antes disso visitou Nápoles e Herculano. Fez também viagens às cidades espanholas de Córdoba e Granada para desenhar as antigüidades árabes. Em 1767, Villanueva recebeu o grau de créditos acadêmicos para arquitetura e, ao retornar a Espanha, foi nomeado arquiteto-chefe da Ordem dos Jerónimos, em Escorial, onde conheceu e foi influenciado pelo trabalho de Juan de Herrera, criador do estilo herreriano que muito influenciou a arquitetura espanhola no século 16.
Foi graças à visão progressista do rei Carlos III que Juan de Villanueva pôde criar a sua mais importante obra, que hoje abriga o Museu Nacional do Prado, caracterizada por linhas retas, materiais sóbrios, como pedra branca e granito, e um certo despojamento no que se refere à ornamentação, ou seja, o oposto dos estilos de seus antecessores, o barroco e rococó. O ano era 1785 e o rei, iluminado e um notório incentivador do debate sobre as idéias ilustradas entre os intelectuais e artistas do reino, ordenou que Villanueva, então com 46 anos, projetasse o Museu das Ciências e História Natural, em Madri. A edificação do museu fazia parte de um projeto ambicioso de modernização da cultura e da economia da Espanha, colocando-a lado a lado das transformações que estavam ocorrendo nos países vizinhos, como França e Inglaterra.
O início da realização dessa obra catapultou Villanueva ao elenco de figuras-chave do novo desenvolvimento urbano madrilenho planejado por Carlos III, embora tenha sido somente 45 anos depois que o edifício veio a ser inaugurado, durante o reinado de Fernando VII, neto de Carlos III. Na verdade, o outro lado da história conta que foi a esposa de Fernando, a rainha Maria Isabel de Bragança, quem colocou pilha no marido para que ele mandasse construir um Museu Real, posteriormente rebatizado de Museu Real de Pintura e Escultura e, tempos depois, Museu Nacional do Prado. A inauguração ocorreu em 19 de novembro de 1819 e, por ironia, Maria Isabel não pôde estar presente, pois havia morrido.
Além do Prado, Juan de Villanueva trabalhou em muitos projetos de construção, juntamente com o também célebre arquiteto Ventura Rodríguez. É dele a histórica reforma da Praça de Maio, em Madri. Não faltaram títulos e nomeações a Villanueva durante a sua trajetória de vida. Entre eles, Arquiteto da Ordem de Jerônimo no mosteiro do Escorial em 1768, diretor das obras do Passeio Imperial de Madrid, em 1775, arquiteto do Príncipe e Crianças em 1777 e Chefe Arquiteto e Inspetor Real de José Bonaparte, em 1809, entre tantos outros. Considerado gênio por alguns estudiosos, Juan de Villanueva atuou no campo acadêmico e, em 1785, tornou-se Diretor Honorário da Arquitetura e Diretor Executivo da Academia de Artes de São Fernando durante o triênio 1792-1795. Escreveu um livro que teve uma edição póstuma: Arte de Alvenaria (Madri, 1827).
Fonte Original do Texto: http://obviousmag.org/archives/2012/02/a_cancao_em_pedra_e_granito_de_um_genio.html
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Interior do Museu
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