Ana Carolina Bolsson
Um pouco do Brasil ganhou novo capítulo com a restauração de um sobrado
do século 19 na histórica cidade de Braga, no norte de Portugal. Situado
na chamada zona de proteção – no limite das muralhas romanas medievais
–, o Chalé das Três Esquinas é fruto do dinheiro de emigrantes lusitanos
que retornavam após prosperar em terras verde-amarelas.
Erguido segundo o modelo de chalé alpino, popular no Brasil
oitocentista por influência centro-europeia, a construção considerada
patrimônio arquitetônico nacional passou por um retrofit completo
projetado pelos profissionais da Tiago do Vale Arquitectos. A reforma
adaptou os 165 metros quadrados distribuídos em três pisos para receber a
sede do escritório de arquitetura e também servir de habitação do
proprietário homônimo, permitindo viver e trabalhar num local que une o
melhor de duas épocas.
– Na primeira visita percebemos que o prédio deteriorado pedia,
desesperadamente, duas coisas: primeiro, que o libertassem de toda a
construção avulsa que o sufocou por anos. E, depois, de luz – explica
Tiago.
Preservação da tipologia original
Conforme determina a legislação, não houve alterações estruturais na fachada, que foi simplesmente recuperada e pintada.
Conforme determina a legislação, não houve alterações estruturais na fachada, que foi simplesmente recuperada e pintada.
– Nossa preocupações residiam em manter um equilíbrio entre o que era original e o que era nossa intervenção – detalha.
Internamente, tudo foi adequado ao estilo de vida contemporâneo, o
que inclui reforma elétrica, hidráulica, sistema de gás,
telecomunicações e climatização. Porém, foram preservadas as estruturas
construtivas originais: cobertura em telha Marselha, piso de pínus e
circulação pela escadaria.
– Mantivemos a honestidade do projeto, devolvendo o prédio ao
uso, às pessoas e à cidade. Deixamos que o edifício reflita a passagem
do tempo por si – finaliza.
Setorização original
A distribuição da planta tal qual planejou-se o sobrado foi preservada, com o piso térreo dedicado ao atendimento e ao trabalho da equipe – com escritórios e mesas –, o segundo andar como zona social da habitação – onde estão a cozinha e o jantar –, e o terceiro como dormitório, com a suíte e o quarto de vestir. Todas as áreas molhadas, incluindo o piso do térreo, receberam mármore branco de Estremoz (40cm x 40cm) no piso, revestimento português usado na época.
A distribuição da planta tal qual planejou-se o sobrado foi preservada, com o piso térreo dedicado ao atendimento e ao trabalho da equipe – com escritórios e mesas –, o segundo andar como zona social da habitação – onde estão a cozinha e o jantar –, e o terceiro como dormitório, com a suíte e o quarto de vestir. Todas as áreas molhadas, incluindo o piso do térreo, receberam mármore branco de Estremoz (40cm x 40cm) no piso, revestimento português usado na época.
– Recuperamos e destacamos as características originais
introduzindo ideias perfeitamente ajustadas ao modo de habitar
contemporâneo”, explica Tiago.
Ápice conceitual
O último e terceiro andar do sobrado histórico português restaurado pelo escritório Tiago do Vale Arquitectos foi reservado à área íntima. Subindo os últimos e estreitos lances de escada, chega-se a uma ampla área dominada pelo tema visual do restante da casa: o branco, sistematicamente repetido em paredes, tetos, marcenaria e até no mármore do banheiro.
O último e terceiro andar do sobrado histórico português restaurado pelo escritório Tiago do Vale Arquitectos foi reservado à área íntima. Subindo os últimos e estreitos lances de escada, chega-se a uma ampla área dominada pelo tema visual do restante da casa: o branco, sistematicamente repetido em paredes, tetos, marcenaria e até no mármore do banheiro.
O sótão, de cerca de 45 metros quadrados do casario erguido no
século 19, em Braga, ao norte do país, foi setorizado em três: quarto de
dormir, banheiro e quarto de vestir (closet).
– O closet é a surpresa no culminar do percurso: com o piso e o
sistema construtivo da cobertura na sua cor natural, apresenta-se como
uma caixa de madeira, contrapondo-se ao interior totalmente alvo –
detalha Tiago.
O local, de 13 metros quadrados totais, tem piso em pínus, e
estrutura do teto mista: madeira de abeto e de pinheiro europeu. Já as
portas dos armários executadas em marcenaria são de laminado de pinheiro
europeu.
– Recuperamos não apenas os materiais mas também os usos de cada
espaço. E, mesmo quando introduzimos materiais novos, como fizemos com o
mármore de Estremoz, fizemos com o critério de se ajustar à sua
natureza e ao seu contexto histórico – conclui o arquiteto.
Fonte da matéria e mais imagens do projeto: http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/casa-e-cia/noticia/2013/12/reforma-une-o-melhor-de-sobrado-historico-portugues-ao-estilo-de-vida-atual-4360244.html
No térreo fica a recepção e a área de
trabalho do escritório (acima), com mesas de atendimento e estações
individuais (D, ao fundo)
Foto:
João Morgado,Fotografia de Arquitetura / Divulgação
A
fachada frontal do palacete, de pé-direito alto em todos os pavimentos,
detalhado com afrescos e cantarias, telhado inclinado e beirados
decorados tem um tom peculiar Foto: João Morgado,Fotografia de Arquitetura/Divulgação
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