á um ano o Brasil perdeu um dos mestres de sua Arquitetura. Oscar Niemeyer faleceu prestes a completar 105 anos de idade.
Sua
impressionante longevidade deriva de uma força criativa ímpar, expressa
em uma galeria de trabalhos célebres em todo mundo, percurso iniciado
em 1937, com a chamada Obra do Berço, no bairro da Lagoa, Rio de
Janeiro.
Com pilotis, plantas e fachadas livres, já demonstrava a
influência do arquiteto francês Le Corbusier – com o qual teve a
oportunidade de trabalhar um ano antes, quando este esteve no Brasil.
Cláudio Queiroz, professor da Universidade de Brasília
(UnB) e antigo colaborador de Niemeyer, o criador dos principais
edifícios de Brasília conjugava a uma visão de mundo universal outra
contextual, em que considera os elementos culturais e inspirações
locais. “Ele celebra nosso cosmopolitismo de modo formidável”.
“Niemeyer é indiscutivelmente a grande referência da
arquitetura brasileira, está acima de qualquer crítica. Embora não seja
perfeita, é uma obra soberba”, avalia o arquiteto José Carlos Córdova
Coutinho, um dos maiores estudiosos da obra de Niemeyer. Conforme o
professor, o mestre nunca se propôs a ser funcionalista, “mas sempre
perseguiu, confessadamente, surpresa, emoção, encantamento. Sua obra é
espetacular, pois entende a arquitetura como espetáculo”. Para ele,
Niemeyer está no panteão da cultura brasileira, não só da arquitetura,
ao lado de nomes como Portinari, Carlos Drummond de Andrade que marcaram
indelevelmente uma época.
“Cada projeto novo que iniciava, se fosse uma residência
nos Alpes Suíços, um palácio ou estudo da casa do motorista dele numa
favela no Rio de Janeiro, com o mesmo entusiasmo eu via um menino”,
lembra o presidente do CAU/BR, Haroldo Pinheiro, que o visitara poucas
semanas antes de sua morte. “Poucos, raros, raríssimos têm uma produção
de tal molde, tal quantidade, com qualidade, produzidas de fato de
próprio punho. Conduzia seu escritório fazendo obras no mundo inteiro
como um ateliê de arquitetura, onde efetivamente tudo saia de sua caneta
e todos os detalhes fundamentais eram resolvidos pessoalmente por ele”.
Niemeyer foi um produtor de paisagens. Toda a sua obra
em qualquer cidade no Brasil ou no mundo referencia a cidade. Ao ver o
Edifício Copan, por exemplo, sabemos que é São Paulo. A mesma coisa com o
Museu de Arte Contemporânea de Niterói, o complexo da Pampulha em Belo
Horizonte. Brasília.
Oscar Niemeyer Soares Filho, autor de mais de 600 obras,
foi o primeiro arquiteto e urbanista a se registrar no CAU/BR, com o
número A0001-9.
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