Palácio do Imperador
Itapura, SP, 2012 - 2013
Centro Arquitetura [Carlos Ferrat
Matéria publicada no portal Vitrúvius - http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.152/4825
Avaliação preliminar da estabilidade da construção
O Palácio do imperador é uma construção de dois
pavimentos realizada em alvenaria de tijolos argamassados com barro. A
construção está elevada 77 centímetros em relação ao solo através de um
embasamento também em alvenaria. Não foi possível verificar in loco, mas
é muito provável que este porão fosse ventilado por gateiras que devem
ter sido cerradas em alguma intervenção anterior.
Visualmente, as alvenarias aparentam estar em boas
condições estruturais. Há somente deterioração superficial, sendo
possível observar fissuras e trincas somente sobre as portas internas e
trincas junto às paredes da ala onde estão localizados a escada e
banheiros.
O madeiramento - barrotes, tesouras, frechais, etc - é
apoiado sobre as alvenarias. Os pisos e forros, também em madeira, são
constituídos por lâminas de 7 a 10 centímetros de largura com encaixe
tipo macho e fêmea, fixados diretamente aos barrotes.
Todas as peças em madeira apresentam elevado grau de
deterioração, sendo que muitos elementos encontram-se condenados,
danificados ou faltantes, comprometendo criticamente a estabilidade e
integridade do sistema construtivo.
Memorial
O conceito moderno de restauro patrimonial fundamenta-se
no legado de continuidade cultural entre o passado, o presente e o
futuro. Sabido que a restauração pressupõe a análise do estado de
conservação das peças que compõe o objeto arquitetônico, o diagnóstico
das sucessivas intervenções sofridas pelo monumento no tempo,
discriminando aquelas que se incorporaram historicamente ao bem cultural
daquelas que comprometeram o valor histórico, estético ou a própria
conservação física do edifício. A definição do critério conceitual é,
portanto, fator fundamental para orientar o que conserva
A liberdade de criação do novo projeto arquitetônico
será inversamente proporcional ao valor cultural de cada ambiente ou
elemento preexistente. Assim, quanto mais íntegro historicamente
estiverem as formas e a espacialidade, mais o critério conservativo será
prevalente, ou seja, o ímpeto da criação será substituído pela quase
neutralidade das inovações. Nos ambientes cuja espacialidade ou
elementos físicos não contiverem os valores culturais necessários, a
nova intervenção poderá acrescentar valores contemporâneos à história da
edificação. Nesse sentido, o restauro das fachadas, das alvenarias
internas, dos caixilhos e portas, do piso e do forro, da cobertura, bem
com da espacialidade e dos ambientes internos do Palácio do Imperador em
Itapura terão um caráter conservativo, procurando sempre manter as
características originais existentes. Novas intervenções são necessárias
para a modernização e readequação dos espaços, como a substituição das
instalações hidráulicas e elétricas. As novas intervenções devem
comparecer com características próprias sem imitar ou falsificar o
antigo e ressaltar a harmonia estética entre o novo e o antigo, como
recomenda as normas internacionais.
Portanto, de modo a atender as exigências do edital do
presente concurso quanto aos novos usos propostos e resolver as questões
relacionadas à acessibilidade (NBR9050) propusemos a construção de um
novo volume anexo ao edifício existente.
Esse novo elemento, justaposto ao volume original em sua
face cega, abrigará uma escada em substituição a existente, que possui
dimensões incompatíveis com os novos usos propostos. Além da escada, que
é o elemento que faz a transição entre a construção original e a nova,
esse volume anexo contará com um elevador e um banheiro adaptado para
pessoas portadoras de necessidades especiais nos dois pavimentos.
A laje que cobre este novo volume servirá também de
superfície de apoio do reservatório de água superior que deverá
substituir o atual, instalado de forma precária e de difícil acesso,
entre o forro e a cobertura da construção existente. No vazio antes
ocupado pela escada antiga e aos banheiros a ela vinculados, propusemos
instalar as novas instalações sanitárias, um banheiro por gênero, em
cada um dos pavimentos, bem como os corredores de conexão entre o volume
novo e o existente. Para tanto, será necessária a abertura de um acesso
nos dois níveis do edifício.
O novo volume foi pensado em concreto armado, com
fundações independentes da construção original e contará com uma junta
de dilatação entre a antiga construção e a nova. Os novos caixilhos
serão metálicos, com pintura eletrostática na cor cinza grafite e vidros
temperados transparentes e incolores. Os pisos serão em concreto lixado
e polido nas circulações, lances de escada e patamar e cimento queimado
nos banheiros. Os novos corrimãos e guarda-corpos também serão
metálicos com a mesma pintura dos caixilhos.
Propomos também reconstituir, na fachada oposta a do
novo volume, um pequeno balcão existente. Para isso deveremos substituir
as mãos francesas de madeira por novas em perfis metálicos pintados,
piso em concreto lixado e polido e guarda-corpos metálicos.
O programa foi dividido da seguinte forma: No pavimento
térreo localizar-se-ão os usos mais públicos do edifício, o salão
central como espaço de acolhimento aos visitantes com as bibliotecas nas
extremidades e, no pavimento superior, os usos mais restritos com as
salas das secretarias sobre as bibliotecas e o museu no compartimento
central.
O acesso ao edifício poderá ser feito tanto pelo “acesso
principal” com alpendre, como pelo lado oposto, originalmente de
caráter secundário, mas agora tratado com a mesma importância do
anterior. Para isso, substituiremos a precária escada existente,
responsável por vencer o pequeno desnível entre o piso térreo do
edifício e o chão, por uma plataforma servida de um conjunto de rampa e
escada. Vale ressaltar que essa rampa terá inclinação máxima de 5% de
modo a evitar a construção de corrimãos, bem como de facilitar o
deslocamento.
Duas praças foram projetadas nas esquinas opostas para a
inserção do Palácio no tecido da cidade. Essas praças terão
características distintas uma da outra, apesar de contarem com o mesmo
tipo de pavimentação (bloco de concreto intertravado). A esquina da Av.
João Soares com a Av. Imperador D. Pedro II constrói um novo espaço de
encontro e convívio junto à avenida que se prolonga até o estádio
municipal, a Igreja matriz e a praia do Rio Tietê. Já a esquina da R.
Tiradentes com a Av. Imperador D. Pedro II, apropria-se dos renques de
árvores existentes e estabelece um espaço de estar sombreado junto ao
edifício, sendo um ponto de chegada dos estudantes da EE Dr. Paulo
Grassi Bonilha e daqueles que vêm do centro da cidade.
Completando o tratamento da área envoltória, o mesmo
tipo de pavimentação deverá contornar a quadra de modo a definir seu
perímetro. A quadra, agora transformada em Praça do Palácio deverá
contar, além da pavimentação proposta, com novas árvores como as
Sibipirunas e Ipês aqui projetadas e bancos (de alvenaria e madeira) sob
a copa das novas e velhas árvores, garantindo a este sítio a
importância simbólica do lugar que abriga o Palácio.
Mais detalhes e imagens do projeto no link: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/13.152/4825
Palácio do Imperador
Foto Centro Arquitetura
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