Um embate entre empresários e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural (Condephact) de Poços de Caldas
(MG) tem sido motivo de discussões na cidade. O órgão quer barrar a
construção de prédios comerciais e residenciais no Morro Santa Cruz,
onde está localizada a Capelinha de Santa Cruz. As construções
prejudicariam a visão da capela, que é tombada como patrimônio histórico
e por lei não pode ficar escondida.
Segundo o Condephact, o empreendimento teve autorização da Prefeitura
de Poços de Caldas e também do conselho. Na época, a liberação se deu
desde que a visibilidade da Capela Santa Cruz não fosse prejudicada, mas
neste mês de agosto o documento foi revogado.
De acordo com o presidente do Condephact, Antônio Carlos Lorette, a
decisão foi tomada porque o conselho entendeu que a capela seria
‘encoberta’ pelos prédios. “Estudando o projeto vimos que ele não é
compatível com a preservação da capela e do morro ao entorno e que
prédios prejudicariam a visão da cidade”, disse.
Com isso, o conselho deve iniciar um estudo para viabilizar o
tombamento do Morro Santa Cruz e a partir de então criar diretrizes para
uso e ocupação da área. De acordo com Lorette, com esta medida, a área
do Complexo Santa Cruz, onde funcionam várias secretariais municipais,
também poderá ser tombada.
O impasse acontece porque o prédio também está com a estrutura
comprometida e em breve será totalmente desocupado para ser demolido.
“Antes de qualquer nova construção naquela área será preciso fazer uma
análise com base nas orientações criadas com o tombamento”, pontuou.
Questionada, a secretária de Planejamento Gina Beatriz Rende explica
que a empresa responsável pela construção dos prédios no morro está com a
documentação correta. “Antes do início dos trabalhos a prefeitura
solicitou à construtora um laudo com análises do solo e da água
subterrânea e só após a apresentação deste estudo é que a obra será ou
não liberada”, esclareceu.
Ainda de acordo com a secretária, não existe um projeto definido para o
reaproveitamento da área do Complexo Santa Cruz e nem um prazo para que
a construtora entregue o laudo à prefeitura.
Problemas geográficos
Procurado para analisar o problema, o geólogo Hélio Scalvi indica que há a necessidade de realizar um estudo geotécnico sobre todo o Morro de Santa Cruz, incluindo a área do complexo e também da capela. “Qualquer construção ou intervenção nesta área tem que passar por estudos para avaliar qual o impacto, como estão as vibrações e de que maneira estruturas de prédios podem afetar o solo e a área”.
Ainda de acordo com o geólogo, a construção indiscriminada e sem avaliação pode trazer problemas e riscos de desabamento na área. “Qualquer construção na área pode prejudicar também as águas sulfurosas e trazer sérios problemas para o solo. É imprescindível que seja feito um estudo”, considerou.
Procurado para analisar o problema, o geólogo Hélio Scalvi indica que há a necessidade de realizar um estudo geotécnico sobre todo o Morro de Santa Cruz, incluindo a área do complexo e também da capela. “Qualquer construção ou intervenção nesta área tem que passar por estudos para avaliar qual o impacto, como estão as vibrações e de que maneira estruturas de prédios podem afetar o solo e a área”.
Ainda de acordo com o geólogo, a construção indiscriminada e sem avaliação pode trazer problemas e riscos de desabamento na área. “Qualquer construção na área pode prejudicar também as águas sulfurosas e trazer sérios problemas para o solo. É imprescindível que seja feito um estudo”, considerou.
História
A Capela Santa Cruz foi construída em 1895 no alto do morro e mesmo com o passar do tempo e as inúmeras construções, é possível enxergá-la a partir de vários pontos da área central e de alguns bairros. Por isso, a construção foi tombada por um decreto municipal na década de 1980.
A Capela Santa Cruz foi construída em 1895 no alto do morro e mesmo com o passar do tempo e as inúmeras construções, é possível enxergá-la a partir de vários pontos da área central e de alguns bairros. Por isso, a construção foi tombada por um decreto municipal na década de 1980.
Recentemente, a capela foi reformada e recebe celebrações de missas
toda primeira sexta-feira de cada mês. Durante a quaresma ela também
recebe celebrações todos os dias.
Historicamente, o local tem este nome porque durante muitos anos, féis
subiam o morro para pagar promessas e quando chegavam ao topo fixavam
uma cruz na terra. A área guarda parte das memórias de Poços de Caldas.
O jornalista e pesquisador da história da cidade, Rubens Caruso Junior,
conta que desde a época do tombamento do imóvel já existia a
preocupação com as construções próximas à capela. “Sempre houve esse
medo de comprometer a visibilidade do morro”, disse.
Já para quem viveu na cidade antigamente, a construção de prédios
poderia prejudicar as lembranças histórias, como destaca a dona de casa
Maria Aparecida Ferreira. “Eu me lembro de quando eu ainda era menina e
acompanhava minha mãe na subida do morro para que ela pagasse promessas.
Dá saudades dessa época e se as construções tamparem a construção, as
lembranças serão apagadas da nossa memória. Os mais jovens não saberão
que existe uma capela ali”, relatou.
A empresa que pretende construir no local foi procurada, mas até esta publicação não havia dado retorno sobre o assunto.
Fonte: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/08/construcoes-podem-prejudicar-patrimonio-historico-de-pocos.html
Morro Santa Cruz pode ser afetado por construções. (Foto: Marcelo Rodrigues/ Reprodução EPTV)
Capela Santa Cruz corre o risco de ser 'encoberta' por construções (Foto: Marcelo Rodrigues/ EPTV)
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