De olho na preservação dos novos sítios arqueológicos em Rondônia, o Iphan aposta em educação patrimonial em arqueologia
Aline Salgado
O boom de investimentos em Rondônia, capitaneados pela
construção das Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, têm preocupado o
Iphan. Só nas regiões que compreendem as duas usinas, foram encontrados
103 sítios arqueológicos com vestígios de populações indígenas
pré-colombianas. De olho na preservação desses santuários da memória, o
Iphan aposta na educação patrimonial dos jovens.
Previsto para ter início ainda neste mês, o Programa de Educação
Patrimonial em Arqueologia (Pepa) é voltado para cinco turmas do 6º ano
do ensino fundamental de escolas públicas de Porto Velho. É nesta fase
que os alunos entram em contato com o conteúdo sobre o passado de antes
de Cabral aportar por essas terras. "Começaremos com palestras de 30
minutos. Mas, se for de interesse das escolas, o Iphan poderá executar
minicursos, incluindo visitas a sítios arqueológicos e orientações a
alunos de outras séries", explica o arqueólogo Danilo Curado,
coordenador do projeto.
Se for bem sucedido, o Pepa será levado para escolas públicas do
interior do estado. Já as unidades privadas de ensino podem solicitar o
projeto a qualquer hora. "Sabemos que os livros e o professor em sala
não conseguem explorar com detalhes o que a arqueologia pode trazer. Ao
capacitar a população, o Iphan ganha também novos agentes de
fiscalização do patrimônio", afirma Danilo.
Estudante do 8º período de Arqueologia da Universidade Federal de
Rondônia (Unir) e uma das idealizadoras do Pepa, Fernanda Maia destaca a
necessidade de conscientizar a população sobre sua história. "Por causa
das inúmeras obras aqui, têm aumentado as chances de se encontrar
sítios arqueológicos. E, com isso, há o risco de o patrimônio se perder.
Para promover o desenvolvimento de uma identidade social mais
centralizada e coerente, pensamos em um projeto que começasse pelas
crianças, pois, diferente dos adultos, elas exercem sobre a família uma
pressão muito maior por mudança", observa.
Investir em consciência patrimonial para promover educação social é uma
das ferramentas de preservação da história apontada pela professora da
Unir, Lilian Moser. Para a especialista em memória e patrimônio, apesar
de presentes nos discursos, as políticas estatais de preservação e
informação sobre o passado na região são incipientes.
“O Estado deveria agir de forma firme, promovendo oficinas para a
comunidade e fiscalizando as ações. São inúmeras as igrejas e as
comunidades ribeirinhas que têm sido inundadas, apesar dos estudos de
impacto para a implantação das usinas defenderem que elas estariam a
salvo. A população vê a lei de compensação, como o PAC, como um
benefício e não como um patrimônio de todos”, critica Moser,
referindo-se à lei que criou o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, um mecanismo para contrabalançar o impacto das atividades
sobre o meio ambiente.
Saiba mais
Mais informações pelo email iphan-ro@iphan.gov.br
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/pequenos-fiscais
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