terça-feira, 12 de novembro de 2013

O público e o privado de Vargas

Museu instalado na casa onde viveu o ex-presidente em sua cidade natal será restaurado e ampliado

Gabriela Nogueira Cunha

Construído em 1910 e repassado ao município em 1982, o casarão que pertenceu a Getulio Vargas(1882-1954), localizado em São Borja, no Rio Grande do Sul, cidade onde nasceu o ex-presidente, há anos vem apresentando problemas em sua estrutura, como infiltrações, cupins e rachaduras em algumas paredes. A boa notícia é que dentro de pouco mais de um mês serão iniciadas as obras de restauração e ampliação do que hoje é conhecido como Museu Getulio Vargas. Sua reinauguração está prevista para dezembro de 2014.
Além das obras estruturais no prédio, que é tombado pelo Patrimônio Histórico estadual, o projeto abrange a implantação de um novo circuito de exposições e de um plano de sustentabilidade para o espaço – ações que buscam qualificar a casa de forma que o equipamento cultural possa espelhar, em sua proporção, a dimensão do presidente Getulio Vargas na história brasileira. “Em geral, todo o acervo precisa de reparação e manutenção, destacando-se as fotografias, os livros, os jornais e as peças que compõem o museu”, explica a arquivista Glaucia Konrad, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), responsável pelo diagnóstico deste acervo.
Além do restauro da casa original, construída por ocasião do casamento de Getulio com Darcy Vargas, será instalado no local um anexo com salas para reserva técnica, restauro, pesquisa e biblioteca. “Isto depois da prospecção arqueológica no local, haja vista que o terreno se encontra na região central de São Borja, onde existiu a redução jesuítica e missioneira do primeiro dos Sete Povos das Missões”, conta a pesquisadora.
Após a renovação, o Museu Getulio Vargas de São Borja irá compor, junto com o Memorial João Goulart, o corredor histórico-cultural do município. Mas enquanto a instituição permanecer fechada, todo o seu acervo documental, praticamente inédito no país, ficará disponível para visitação no 2º Regimento de Cavalaria Mecanizado, na capela da unidade militar.
Dentre as relíquias que compõem o acervo, está todo o material original do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), criado por Vargas no período do Estado Novo (1939), além de álbuns com fotografias da Agência Nacional e do Departamento Nacional de Propaganda (DNP), todas inéditas.
Para o historiador Diorge Alceno, também da UFSM, este acervo tem uma importância imensurável: “Ahistoriografia brasileira sobre a Era Vargas poderá ampliar suas considerações e conclusões sobre a trajetória política de Vargas, bem como contextualizá-lo melhor em torno das complexas contradições do trabalho sindical, do trabalhismo e dos direitos sociais brasileiros, e também sobre a vida pessoal de Getulio”.
















Fachada do casarão que pertenceu a Getúlio Vargas

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