Estudar na mesma sala de aula onde os avôs, pais e irmãos aprenderam a
ler e escrever. Caminhar por corredores e escadas que existem há 80,
100 anos. No Paraná, as 14 escolas tombadas pelo Patrimônio Histórico – e
que ajudam a contar a história da Educação no Estado – vão passar por
obras de restauro com a participação de arquitetos e historiadores.
As escolas tombadas ficam em Curitiba, na Lapa, Ponta Grossa,
Paranaguá e Antonina e, de forma inédita, serão contempladas em um
edital de restauro. A Secretaria de Estado da Educação está preparando o
processo de restauração dessas 14 unidades tombadas.
O edital deve ser publicado até o início de 2014. Somente nos
projetos para a restauração dos colégios devem ser investidos entre R$ 8
milhões e R$ 10 milhões. O investimento será feito em parceria com o
governo federal. “Esse trabalho de preservação é extremamente
importante. Cuidar e preservar para que as gerações futuras não percam a
história e as lições do passado”, disse o governador Beto Richa.
Preservar – O tombamento é uma medida jurídica que
garante a preservação dos prédios. Não é possível mexer na fachada das
construções, nem descaracterizar internamente os imóveis. A última
escola estadual a entrar na lista do Patrimônio Histórico foi o Colégio
Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa, no bairro Água Verde, em
Curitiba. A construção do colégio começou em setembro de 1943 e terminou
em 1946. O pedido de tombamento, feito por um arquiteto, foi aceito
pelo Conselho Estadual de Patrimônio Histórico em agosto deste ano.
O Conselho é ligado à Secretaria de Estado Cultura e formado por
pessoas da sociedade civil e do Estado. Esse grupo se reúne
periodicamente para analisar os processos e pedidos de tombamento
histórico.
Para preservar ainda mais as escolas, o Governo do Paraná criou o
Programa Nossa Escola tem História, em 2012. O programa tem
representantes da Vice-Governadoria, das secretarias de Estado da
Educação, Cultura, Administração e Previdência, Ciência e Tecnologia e
Ensino Superior e, também, da Fomento Paraná.
O objetivo do Programa Nossa Escola tem História não é preservar
somente a edificação das escolas, mas também resguardar as histórias
vividas nos colégios, os documentos e móveis que possuem, ou seja, tudo
aquilo que ajuda a contar a história da Educação do Paraná.
Das 2.100 escolas da rede estadual, 800 foram construídas até 1960.
“Essas são construções diferenciadas das que foram feitas nos anos 80,
90 e 2000. Com essa preocupação de preservar as escolas, surge também a
possibilidade didática de falar com os alunos sobre a educação
patrimonial”, explicou Maria Helena Pupo, coordenadora do Núcleo de
Pesquisa e Proteção do Patrimônio Histórico Escolar da Secretaria de
Estado da Educação.
Memória compartilhada – Os alunos que estudam em
escolas históricas sabem da importância de preservar o patrimônio. Para
Marcos Pavelski, de 16 anos, do 9º ano, cuidar do espaço do Colégio
Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa é fundamental para que a
história continue. “Meu avô e meu pai, além dos meus irmãos, estudaram
aqui. Eu vejo que existe toda uma história aqui dentro do colégio por
ser bastante antigo. Além disso, é uma escola bem bonita, diferente do
padrão das escolas modernas de hoje em dia”, afirmou Marcos.
No Lysímaco, a arquitetura neocolonial está presente desde a fachada,
com arcadas e balcões, até nas colunas com arcos rebaixados. A
construção também lembra uma igreja ou convento, o que reforça as
referências coloniais brasileiras. As vidraças são coloridas com
mosaicos e as sacadas se parecem com varandas residenciais das décadas
de 40 e 50.
A aluna Stella Dias, 17 anos, do 2º ano do ensino médio, gosta de
estudar em uma escola com tanta história como o Lysímaco. “É importante
porque presenciamos a história do colégio e participamos disso também.
Temos que ajudar a preservar essa história para que muitas outras
pessoas também passem por aqui”, disse Stella.
Abrigo antiaéreo – O Colégio Estadual do Paraná foi
tombado em 1994. Três ex-alunas fizeram o pedido de tombamento ao
Conselho Estadual de Patrimônio Histórico. O colégio surgiu em 1846, com
o nome Licêo de Curitiba, época em que o Paraná ainda era uma província
de São Paulo.
A construção do prédio atual aconteceu em 1944 e 1945. O projeto e a
construção do foram feitos pela Cia. Constructora Nacional S.A. e o
engenheiro responsável pela obra foi Theodoro Braun. Uma das
curiosidades do prédio é a construção de um abrigo antiaéreo na escola
em função Segunda Guerra Mundial e do receio de que o Brasil fosse
atacado. Hoje, o abrigo antiaéreo é usado pelos alunos como sala de
oficinas de arte.
A arquitetura do Colégio Estadual do Paraná é clássica e nele está um
dos mais importantes acervos de documentos da história da Educação do
Estado, além de abrigar vários livros e obras de arte históricas.
Para cuidar e organizar todo esse acervo, desde 2006 o colégio conta
com um Centro de Memória. Muitos acadêmicos de graduação e
especializações procuram o Colégio Estadual do Paraná para fazer
pesquisas. “A reunião do acervo histórico do colégio garante a
preservação e facilita a consulta desse material”, afirmou Ana Lygia
Czap, coordenadora do Centro de Memória do colégio.
Diariamente, 7 mil pessoas circulam pelo Colégio Estadual. São 5 mil
alunos divididos nos turnos de manhã, tarde e noite, que ocupam os 44
mil metros quadrados do colégio. A diretora Laureci Schmitz Rauth diz
que os alunos ajudam a preservar o patrimônio. Ela também destaca que é
importante as escolas históricas serem tratadas de forma cuidadosa.
“Aqui, temos uma responsabilidade a mais. É necessário fazer o restauro
para conservarmos o prédio da forma original”, disse. “O tombamento tem
um aspecto muito positivo, que é o da preservação da história da
educação paranaense”, explicou a diretora.
Escolas tombadas
Colégio Estadual Doutor Xavier da Silva – Curitiba
Grupo Escolar Cruz Machado – Curitiba
Instituto Estadual de Educação Erasmo Pilotto – Curitiba
Colégio Estadual Tiradentes – Curitiba
Colégio Estadual Dom Pedro II – Curitiba
Colégio Estadual do Paraná – Curitiba
Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira da Costa – Curitiba
Instituto Estadual de Educação Doutor Caetano Munhoz da Rocha – Paranaguá
Escola Estadual Faria Sobrinho – Paranaguá
Colégio Estadual Regente Feijó – Ponta Grossa
Centro Estadual de Educação Professor Doutor Brasílio Machado – Antonina
Colégio Estadual Rocha Pombo – Antonina
Colégio Estadual Moysés Lupion – Antonina
Colégio Estadual São José – Lapa
Fonte: Agência de Notícias do Paraná
Fonte da pesquisa: http://defender.org.br/2013/11/04/parana-escolas-estaduais-tombadas-vao-passar-por-obras-de-restauro/
Colégio Estadual do Paraná. Foto: Hedeson Alves
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