Com curadoria de Paulo Miyada. exposição acontece na Caixa Cultural São Paulo
Contemplada
pelo Programa de Ocupação dos Espaços da CAIXA Cultural, a artista
plástica paulistana Bel Falleiros (São Paulo, 1983) apresenta “Sobre
ruínas, memórias e monumentos”, sua primeira individual, já em um dos
grandes espaços expositivos da cidade, a CAIXA Cultural São Paulo. Com
curadoria de Paulo Miyada e texto crítico de Jacopo Crivelli Visconti, a
exposição traz cerca de 20 colagens, 04 grandes pinturas, além de
instalações, fotografias e objetos coletados durante a fase de concepção
do projeto.
Arquiteta de formação, Bel Falleiros tem a relação com a
cidade como um dos temas centrais em seu trabalho. E não apenas São
Paulo, mas também Berlim e Nova Iorque, metrópoles onde morou
recentemente, e a pequena Ituverava, cidade natal de seu pai no interior
paulista, que faz parte de suas memórias afetivas. Ao ser selecionada
pelo edital, a artista se propôs a realizar quatro percursos em direção
às fronteiras da capital paulista, sempre partindo do antigo marco zero
da Sé, e tendo os pontos cardeais como referencial de direção.
Para Crivelli Visconti, ao realizar tal ação, a artista
retoma o processo criativo iniciado pelo movimento Dadaísta, em Paris,
no início do século passado. Em suas palavras: “Ao colocar como metas
utópicas das suas andanças os lugares, correspondentes aos quatro pontos
cardeais, onde a cidade de São Paulo teoricamente acaba, ela situou-se,
ao mesmo tempo, na periferia da metrópole e no cerne da linhagem das
derivas artísticas... Sua viagem aos confins da cidade aconteceu
paralelamente no âmbito físico e no imaginário, considerando que os
elementos da realidade ao redor dela eram constantemente comparados com
lembranças de Ituverava, onde nasceu seu pai e onde por primeira vez ela
vivenciou a sensação de chegar até a extremidade de uma cidade. O
deslocamento que qualquer deriva pressupõe, consequentemente, era
duplicado aqui pelo fato da viagem acontecer simultaneamente na
imaginação e na realidade”, conclui o crítico.
Para cada uma das quatro longas caminhas, a artista
realizou uma pintura de grande proporção. As quatro obras são
apresentadas em uma única sala. Segundo Paulo Miyada, “O surpreendente é
que nelas não há espaço para o acúmulo de papéis, texturas e gestos,
como outrora nas produções resultantes de leituras urbanas. Há um imenso
vazio quase informe, um terreno indistinto e estranhamente desprovido
de profundidade. Aqui e ali, dois ou três elementos povoam as
paisagens... Estão presentes o primeiro Marco da Independência no
Ipiranga, o Farol do Jaguaré, a Ponte Grande e a Serra da Cantareira.
Mas eles ocupam um vazio atemporal e sem muitas referências, descolado
do skyline paulistano. Mais ainda, convivem com alguns símbolos
importados de outra paisagem mnemônica da artista, a cidade de
Ituverava, no interior do Estado”.
Crivelli Visconti esclarece que “Para além da força
inegável dos painéis, é interessante notar que um projeto que foi
concebido como uma deriva urbana, e de cunho efetivamente urbanístico,
considerando o objetivo (vagamente utópico) de encontrar os limites de
uma metrópole, transformou-se numa excursão no campo, rica de
reminiscências pessoais”, enquanto Miyada conclui que “para nós, resta a
tarefa de encontrar possíveis conexões entre monumentos e ruínas,
enquanto nos perdemos no espaço sem tempo da claridade dos desenhos”.
Sobre a artista
Bel Falleiros (São Paulo, 1983), vive e trabalha na
capital paulista. Bacharel em Arquitetura pela FAU-USP, a artista é uma
das fundadoras do .Aurora, misto de atelier e espaço expositivo
localizado no centro da cidade. Foi assistente dos artistas Héctor
Zamora e Andrés Sandoval e desde 2012 participa ativamente do Atelier
Fidalga. Já realizou uma série de colaborações como ilustradora para o
caderno Ilustríssima, da Folha de São Paulo, além de ilustrar livros
para diferentes editoras. Já participou das seguintes exposições
coletivas: .Aurora, no espaço .Aurora, São Paulo (2013); Azimute, sala
de projetos Fidalga, São Paulo (2013); Charivari, no SESC São Carlos
(2012); Santa Cecília, Santa Insone, na Associação Cultura Cecília, São
Paulo (2012); Laço, no subsolo do Paço das Artes, São Paulo (2012); 3
artistas, na Interaction Gallery, Berlim (2011); Portfólio | Charivari,
no SESC Santos (2011) e Collective Exhibition, no Bushwick Project for
the Arts, Nova Iorque (2010). Sobre ruínas, memórias e monumentos é sua
primeira individual.
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