Se depender dos esforços dos alunos da disciplina de Prática de
Restauro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
de Alagoas, liderados pela professora Josimeire Ferrare, o município de
Viçosa, zona da Mata, em Alagoas, terá mais de 100 prédios tombados
como patrimônio histórico e cultural. Os alunos registraram as
características de 144 unidades, no centro da cidade e na área rural,
algumas em localidades de difícil acesso.Os estudos foram iniciados em
2011, quando os alunos da disciplina de Restauro fizeram um projeto
para realização de um inventário com edificações e saberes da cidade.
“Abraçamos essa demanda por indicação da então reitora, Ana Dayse
Dorea. Ela informou que a secretária de Cultura de Viçosa buscava
especialistas que realizassem esse levantamento na cidade “, relatou a
professora Josimeire Ferrare. A educadora acrescentou ainda que “foi um
trabalho que exigiu empenho dos alunos.
Observamos prédios dos mais simples aos mais sofisticados,
representandos de períodos históricos da cidade.Para visitar alguns
casarões da área rural foi preciso fazer caminhadas, quando as estradas,
em período de chuva, estavam intransitáveis. Mas foram tarefas que os
alunos cumpriram com disposição e criatividade”, destacou a professora.
Um dos projetos realizados se refere ao diagnóstico de quatro unidades
da antiga Fazenda São Luis, atual unidade de ensino da universidade. As
unidades analisadas foram: a antiga casa de administração do Ceca, a
antiga Casa de Hóspedes, a casa onde funciona o atual ambulatório do
curso de Veterinária e a casa onde funciona a garage e alguns depósitos.
O objetivo foi fornecer elementos à Sinfra para elaborar os projetos
de restauro dessas edificações.Em 2012 e 2013, os trabalhos continuaram
com turmas diferentes. Foi feito o dossiê para o tombamento de uma
edificação no centro da cidade, onde funcionou a antiga prefeitura e
depois se tornou a casa de cultura.
“Observamos que esse prédio tem características das edificações
desenhadas pelo arquiteto italiano Luigi Lucarini, que deixou seus
traços em obras de destaque em Alagoas, no final do século XIX e início
do século XX. A relação está sendo investigada, mas basta comparar fotos
para perceber que o prédio de Viçosa é muito parecido com a antiga
prefeitura de Maceió, na praça dos Martírios, projetada por Lucarini”,
explica Josimeire.
Com o dossiê preparado pelos pesquisadores da Ufal, Karina Padilha,
que até ano passado respondia pela pasta da Cultura em Viçosa, solicitou
o tombamento estadual da edificação. “Conseguimos o tombamento como
patrimônio histórico e cultural de Alagoas e fizemos uma grande
comemoração no dia 13 de outubro de 2013, durante as festas da
Emancipação Política de Viçosa.
Agradecemos aos estudantes de arquitetura e à professora Josimeire
Ferrare pelo suporte de conhecimento técnico que permitiu essa conquista
para a cidade”, agradeceu a ex-secretária, Karina Padilha.Polígono
Arquitetônico- A documentação elaborada pelos estudantes foi organizada
em um mapeamento que indica a formação de um polígono no centro da
cidade, ou seja, um aglomerado de edificações representativas de um
período histórico que podem ser tombadas conjuntamente, a exemplo do que
aconteceu no centro histórico de Marechal Deodoro.
“Já temos um Conselho Municipal de Cultural criado no final do ano
passado, cujos conselheiros serão nomeados em breve, e estamos pensando
em solicitar o tombamento municipal, já que a cidade deve ser a primeira
a valorizar seu patrimônio”, ressaltou Karina Padilha.
O trabalho realizado em Viçosa rendeu produtos diversificados. Os
alunos demonstraram criatividade para apresentar os resultados, criando
materiais didáticos que podem ajudar as crianças da cidade a valorizar o
patrimônio histórico que as cerca. A aluna Rafaela Cristina dos Santos
Carvalho, monitora do projeto, destaca a importância dos alunos
participar do projeto.
“É gratificante participar de uma experiência concreta na nossa área
profissional e ver os resultados concretos que os estudos trazem para a
preservação do patrimônio histórico das cidades”, disse Rafaela.O
patrimônio imaterial também foi registrado pelos alunos. Foi elaborada
uma cartilha explicando que esse patrimônio é formado pelas
manifestações culturais e pelo saber-fazer das técnicas que são passadas
de geração em geração. Entre elas, a confecção de instrumentos para a
banda de pifes.
“Mestre Bia já tem 84 anos e ele é o único que conhecemos que
confecciona os instrumentos da banda de pifes. Esse é um conhecimento
que não pode se perder”, destacou a arquiteta Josimeire Ferrare.Entre o
material didático e lúdico que os alunos elaboraram para as escolas,
destacam-se o dominó de mestres dos folguedos da cidade, o quebra-cabeça
com imagens das edificações históricas, uma brincadeira de passeio pela
cidade que se joga com dados e pinos, com referências culturais e
geográficas de Viçosa, um baralho com ícones culturais, postais com
fotografias de vários elementos arquitetônicos, enfim, criatividade sem
limites para valorizar a cultura local.
Fonte: extraloagas.com.br
Fonte da matéria: http://defender.org.br/noticias/mais-de-100-predios-podem-ser-tombados-como-patrimonio-historico-e-cultural-em-vicosa-al/
Foto: Reprodução
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