Centro Municipal de Formação Profissional Prefeito Ideval Paccola
Lençóis Paulista, 2013
[Silvio Oksman, Anna Helena Villela, Caroline Endo, Karina Kohutek e Liz Arakaki]
Intervir em uma ruína. O desafio principal do projeto
proposto pelo Edital nº 37/2013 do Proac da Secretária da Cultura do
Governo do Estado de São Paulo é o de restaurar os remanescentes da
Destilaria Central de Lençóis Paulista, SP.
Construída às pressas nos anos 1940, a Destilaria tinha
como propósito suprir a falta de combustível decorrente da Segunda
Guerra Mundial. Suas atividades se encerraram logo após o término da
Guerra. No momento do seu tombamento pelo CONDEPHAAT, em 1997, já se
encontrava em estado de ruína.
A atual proposta de implantação do “Centro Municipal de
Formação Profissional Prefeito Ideval Paccola” nesta área faz parte de
importante política de restauro, ratificando sua importância como
referência não apenas cultural, mas também urbana.
No conjunto sobressaem a torre de 25 metros de altura -
onde se dava a transformação da aguardente – e a chaminé. Os galpões que
completavam a área de produção e administrativa estão arruinados. Não
há nenhuma cobertura, diversas paredes desabaram por completo e outras
apresentam condição precária.
O conjunto de habitações, que fica ao norte do terreno
está ocupado por moradores ilegais e apresenta uma condição melhor –
provavelmente pelo fato de estar ocupado. A resolução de tombamento não
entra em maiores detalhes sobre este conjunto. Resolve que:
“Fica tombado como bem cultural de interesse
histórico-arquitetônico a Destilaria Central De Lençóis Paulista,
inaugurada a 17 de dezembro de 1943. Construída pelo então Instituto de
Açúcar e do Álcool (IAA), a Usina, implantada numa eminência
topográfica, compreende conjunto industrial e residencial”.
Portanto entende-se que seu valor está no grupo de
residências alinhadas, que completam o conjunto da destilaria. Não há
nenhuma referência às tipologias habitacionais ou a seus sistemas
construtivos.
O grande lote urbano em que a destilaria está instalada é
aberto para a cidade e tem forte potencial para se transformar em um
parque urbano. Assim, além das atividades educacionais, o espaço teria
uso constante.
A torre e a chaminé são elementos que configuram a
paisagem de Lençóis Paulista, principalmente por sua localização e
verticalidade da construção. Sua presença é avistada logo no acesso da
cidade.
É a partir desta leitura do conjunto que se propõe seu
restauro, com o novo programa educacional e de lazer. Restauro
compreendido no seu sentido mais amplo. Trata de restaurar o significado
do edifício e sua relação com a cidade e seus usuários. Dar um novo uso
que seja compatível com as questões contemporâneas. Pretende permitir
aos cidadãos usufruir de um espaço carregado de valor simbólico.
O projeto apresentado para o conjunto foi concebido a
partir da compreensão de que a implantação dos edifícios tem grande
relevância. Assim, se propõe o completamento dos edifícios arruinados.
Recupera-se, aproximadamente, sua volumetria com a utilização de novos
materiais. A decisão é amparada pelo artigo 6º da Carta de Veneza:
“(...) a conservação de um monumento implica a preservação de um esquema
em sua escala. Enquanto subsistir, o esquema tradicional será
conservado (...)”.
É essencial reforçar a questão da distinguibilidade,
também colocada pela mesma Carta: “todo trabalho complementar
reconhecido como indispensável por razões estéticas ou técnicas
destacar-se-á da composição arquitetônica e deverá ostentar a marca do
nosso tempo”. Assim, as ruínas existentes serão consolidadas, mas sua
leitura permanecerá evidente. Entende-se não ser possível apagar o
processo histórico do conjunto, inclusive o estado ao qual chegou aos
dias de hoje, de completo abandono.
Ao consolidar as ruínas pretende-se manter seu aspecto
desgastado, sem completamento de argamassa. Será feito processo de
consolidação dos tijolos e argamassa a fim de estabilizá-los. Os tijolos
receberão tratamento cristalizador, que não comprometem sua aparência. A
proposta de recuperar a volumetria original dos galpões se dá,
principalmente a partir das marcas da geometria destas coberturas nas
alvenarias remanescentes. Trata-se, também, de permitir a compreensão
dos espaços internos dos galpões nos quais o programa implantado não
compartimenta seus espaços.
Continuação do texto sobre a obra e mais imagens no link: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/14.158/5044
Parabéns ao "centro Municipal de Formação Proficional Ideval Pacolla pela decisão de tombar a antiga "Distilaria de Lençóis Paulista.Este marco da história de Lençóis chamaram minha atenção quando aqui cheguei com meu pai"José Alves de Mira.mais conhecido por "Ze Canuto" família em 1954. Eu tinha então 4 anos de idade.Hoje ainda é impossível passar pela Rodovia Marechal Rondon sem avistar a Imponente (ainda que fragigilizada pela idade) Torre, marca de uma época...Parabéns
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