O ano de 2014 será de grande mobilização para a sociedade de Campo Grande. Há cem anos as duas frentes de trabalho da Companhia Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
– uma que começou a ser construída em Bauru (SP) em 1905 e outra que
saiu de Porto Esperança (MS) em 1908 – se encontram na cidade,
possibilitando seu desenvolvimento e futura elevação à capital do
posteriormente criado estado de Mato Grosso do Sul. Para celebrar a
data, o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Nacional no Estado
(IPHAN-MS) está preparando as comemorações e produzindo agenda,
calendário e uma publicação sobre a importância da estrada de ferro.
O
conjunto da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (EFNOB) em Campo Grande
foi tombado pelo IPHAN em 2009. O complexo possui 22,3 hectares e 135
edifícios em alvenaria e madeira, erguidos em datas diferentes a partir
da ampliação das atividades e ainda mantém parte dos trilhos que não
foram retirados da área urbana de Campo Grande. Entre os imóveis estão
as casas dos operários, dos funcionários intermediários e dos graduados,
os escritórios, as oficinas, uma escola, a caixa d’água e a estação,
construída a partir de 1914, com ampliações em 1924 e 1930.
Originalmente, possuía 12 metros de extensão, mas foi expandida para 165
metros de comprimento. O imóvel abrigava áreas para bar, apoio,
bilheteria, administração de cargas, serviços médicos e depósito.
A
inauguração da estação de Ligação em Campo Grande no dia 12 de outubro
de 1914 efetivou a abertura da linha tronco da ferrovia, conectando o
estado de São Paulo com o interior de Mato Grosso. Ainda hoje, o
complexo mantém sua coesão formal, o que garante a importância de sua
preservação, já que descreve uma narrativa das transformações histórica,
política, social, tecnológica e arquitetônico-urbanística dos anos em
que foram implementadas.
As vilas, os trilhos e a história
Um dos destaques do conjunto é a rotunda de manutenção, construção semicircular inaugurada em 1951, com 110 metros de diâmetro. Continha oficinas, área de lavagem e depósito de peças, num complexo de amplas coberturas que marcam a sua imponência, identificada pela logomarca da EFNOB. As casas para os operários, tanto as de 1930 quanto o conjunto da rua dos Ferroviários, de 1951, eram, em sua maioria, feitas de madeira, havendo, porém, exemplares em alvenaria. Já para os funcionários intermediários e para os graduados, as construções eram de alvenaria, em terreno único, sendo que as residências para os de nível hierárquico mais alto tinham um melhor acabamento.
A necessidade de garantir a comunicação no extenso território brasileiro, no final do século XIX e início do século XX, foi o grande impulsor do desenvolvimento do setor de transporte no território nacional. Foi nesse cenário de expansão que começou a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – EFNOB, ligando o litoral paulista, em Santos, com as fronteiras do Brasil com a Bolívia, em Corumbá, atualmente no estado do Mato Grosso do Sul.
Um dos destaques do conjunto é a rotunda de manutenção, construção semicircular inaugurada em 1951, com 110 metros de diâmetro. Continha oficinas, área de lavagem e depósito de peças, num complexo de amplas coberturas que marcam a sua imponência, identificada pela logomarca da EFNOB. As casas para os operários, tanto as de 1930 quanto o conjunto da rua dos Ferroviários, de 1951, eram, em sua maioria, feitas de madeira, havendo, porém, exemplares em alvenaria. Já para os funcionários intermediários e para os graduados, as construções eram de alvenaria, em terreno único, sendo que as residências para os de nível hierárquico mais alto tinham um melhor acabamento.
A necessidade de garantir a comunicação no extenso território brasileiro, no final do século XIX e início do século XX, foi o grande impulsor do desenvolvimento do setor de transporte no território nacional. Foi nesse cenário de expansão que começou a construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil – EFNOB, ligando o litoral paulista, em Santos, com as fronteiras do Brasil com a Bolívia, em Corumbá, atualmente no estado do Mato Grosso do Sul.
Desde
o Segundo Império, em meados do século XIX, já se discutia a construção
de uma ligação férrea do longínquo Mato Grosso ao litoral brasileiro,
um trajeto que só podia ser feito por navegação pela bacia platina, o
que dependia de relações com Paraguai e Argentina. Durante a Guerra da
Tríplice Aliança (1864-1870) a falta de meios de transporte na região
ficou evidente quando o primeiro contingente brasileiro enviado para as
trincheiras demorou oito meses para percorrer os dois mil quilômetros
entre a Capital do Império e a vila de Coxim, na então província do Mato
Grosso.
Foram muitos os planos para a construção da ferrovia, mas
todos eles esbarravam em questões políticas, econômicas ou geográficas e
não eram aprovados. Somente em 1904 foi criada a Companhia Estrada de
Ferro Noroeste do Brasil que recebeu a concessão. Mesmo assim, os
trilhos só começaram a ser implantados depois que a Companhia Paulista,
percebendo que uma nova via seria prejudicial a seus interesses,
divulgou parecer técnico sugerindo que a nova ferrovia partisse da
Estrada de Ferro Sorocabana com destino a Cuiabá.
De acordo com o
IPHAN-MS, num registro histórico, a importância fundamental para o
patrimônio cultural brasileiro da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e
de suas estruturas está na dimensão estratégica nacional de que um país
desenvolvido passava necessariamente pela integração de seus
territórios, o que poderia ser feito com o trem. Essa ação ficou
evidente quando em meados da década de 1910 o governo do Mato Grosso
assumiu a responsabilidade direta pelo término do trecho da ferrovia
entre Itapura e Corumbá, em função dos atrasos das obras e da
importância da linha para o estado. Essa era também uma forma de
aproximar as relações internacionais entre Brasil, Paraguai e Bolívia.
Em 1914 as duas frentes de trabalho se encontram em Campo Grande,
conforme o previsto. Era a chegada do trem, símbolo da modernidade
naqueles distantes sertões.
Veja [aqui]fotos sobre da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
Assessoria de Comunicação IPHAN
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Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
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Fonte: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do;jsessionid=3F1B113E3A2801FCA58FF89957E0C511?id=18327&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia
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