Criada em 1854 pelo Barão de Mauá, primeira ferrovia do Brasil quase desapareceu
Mauro de Bias
Caminhando pelo distrito de Piabetá, em Magé, na Baixada Fluminense,
ela pode passar despercebida, mas sua importância não é pequena.
Soterrada por asfalto, canteiros e ocupações irregulares, jaz a primeira
ferrovia construída no Brasil, a Estrada de Ferro Barão de Mauá.
Tombada pelo patrimônio histórico, a linha de 14 quilômetros, que vai de
Guia de Pacobaíba a Raiz da Serra, está em grande parte tão danificada
que já desapareceu.
Para reativar a linha, foi formado um grupo de trabalho que deve
contratar nos próximos meses um levantamento completo do estado atual do
patrimônio. Mas os desafios são muitos, conforme explica Antonio
Pastori, representante da Associação Fluminense de Preservação
Ferroviária (AFPF) no grupo. “Magé tem dívidas com a União e o Iphan não
tem verba para bancar o projeto”, comenta.
As soluções estudadas envolvem a inclusão do projeto na Lei Rouanet, de
incentivo à cultura, e a criação de uma parceria público-privada com
algum investidor. “Mas a lei está passando por uma revisão e, enquanto
isso não se resolve, não podemos fazer nada com ela”, lamenta Pastori.
Cristina Lodi, superintendente do Iphan-RJ, ressalta que os custos são
altos e a restauração, incerta. “Vamos contratar um estudo para saber
exatamente o estado do patrimônio. Tudo vai depender do que a gente
encontrar”, diz a dirigente, que vê na remoção de famílias o maior
desafio.
No entanto, Cristina acredita que o primeiro passo já foi dado, a
criação do grupo de trabalho. “Sem esse esforço de várias entidades, não
iríamos conseguir nada”, afirma. Participam das reuniões o Iphan-RJ, o
Iphan nacional, diversos secretários municipais de Magé, a AFPF e o
governo do estado. Uma vez iniciado, a previsão é de que o levantamento
do patrimônio leve 14 meses.
Segundo Carlos Gabriel Guimarães, professor de história da UFF, a
ferrovia representa a riqueza histórica da Baixada Fluminense e a
economia movimentada do Brasil no século XIX. Criada em 1854, a linha
escoava a produção de café do Vale do Paraíba ao porto do Rio de
Janeiro, com uma conexão por navio entre Magé e a capital. No entanto,
com a concorrência da Estrada de Ferro D. Pedro II, que ligou Barra do
Piraí ao porto em 1864, a linha logo entrou em decadência.
Guimarães defende a recuperação do patrimônio. “A linha deveria ser
modernizada. Sem dúvida, ela é importante para a memória do país. Não só
a ferroviária, mas também o que foi o século XIX. O Brasil foi um
império importante, teve seu papel no cenário mundial”, conclui.
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/fora-da-linha
Região da E.F. Mauá, já na época da Estrada de Ferro Leopoldina, com a Serra dos Órgãos ao fundo. Foto da Coleção de Alfredo Ferreira Rodrigues, de Pelotas-RS.
Mais uma foto da região de Guia de Pacobaíba entre meados da década de 70 e início da década de 80. Podemos ver na foto alguns metros de trilhos, uma locomotiva como monumento, e a casa do agente, um sinaleiro antigo, uma caixa d'água e a Estação razoavelmente conservados até então. Com o tempo, a situação lamentavelmente só piorou. Foto publicada no Livro Lembranças do Trem de Ferro, de Pietro Maria Bardi.
Crédito das imagens: http://www.anpf.com.br/histnostrilhos/historianostrilhos20_abril2004.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário