Foto mostra tela de proteção e aviso de perigo de queda de revestimento ao redor do museu. Fotos: Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Os banheiros estão interditados por falta de condições, o mato invade
os jardins, um resto de pipa está enroscado em uma das surradas
estátuas dos representantes da independência do Brasil e a cripta com os
restos mortais de d. Pedro 1º serve de “motel” para casais mais
afoitos.
Os elementos formam o atual cenário do complexo dentro do Parque da
Independência, com o Monumento à Independência, museu e áreas
protegidas, no Ipiranga, na zona sul de São Paulo.
Um movimento cívico em defesa das instalações, a associação comercial
local, a associação de moradores e o conselho de segurança do bairro
declaram que o complexo está “abandonado”.
“A cripta [no monumento] é usado como banheiro e motel”, diz Valdir Abdallah, 72, presidente do movimento de defesa do complexo.
Segundo ele, “diversos casais já foram flagrados transando” no local,
protegido pelo patrimônio histórico municipal, estadual e federal.
Em dezembro, a Folha mostrou que o Museu do Ipiranga também tinha
problemas de infraestrutura e conservação, com fachada descascada e
rachaduras.
Na época, a diretora do museu, Sheila Ornstein, afirmou que a reforma
custaria, no mínimo, R$ 21 milhões. O local é administrado pela USP e
ainda não há obras.
A manutenção do complexo é dividida. A USP cuida do museu, a
Secretaria Municipal do Verde, do parque, e a Secretaria Municipal de
Cultura, do monumento.
Museu em risco
Marca de desgaste no revestimento do prédio do Museu do Ipiranga, na zona sul da cidade.
Cartaz improvisado na entrada do Monumento a Independência, no Ipiranga, na zona sul de SP.
Escultura em bronze com sinal de desgaste no conjunto artístico do Monumento à Independência.
Testemunho
“Trabalhei por sete meses na cripta e, infelizmente, preciso dizer
que a reclamação é verdadeira. O cheiro de urina é insuportável e o
local sofre com a ação de vândalos”, afirma a historiadora Valdirene
Ambiel, que fez a pesquisa de exumação dos restos mortais na cripta.
Para ela, a responsabilidade é tanto do poder público como da
sociedade. “Não adianta a prefeitura limpar e, minutos depois, um
cidadão urinar ou destruir as obras.”
Os moradores relatam que não há manutenção e segurança no complexo
desde o começo do ano, quando venceu o contrato da empresa que atuava no
local.
Amanhã, os moradores do bairro vão trocar a bandeira nacional que
fica em frente ao monumento. Ela é paga por eles há 16 anos e custa
cerca de R$ 1.300.
“Pelo menos o símbolo da pátria está sempre em bom estado, porque nós
cuidamos”, diz Sérgio Yamada, 73, presidente do Conselho de Segurança
do Ipiranga.
outro lado
outro lado
A Secretaria Municipal de Cultura disse que está ciente dos problemas
no monumento e estuda um projeto de restauração. “Trata-se de peça de
bronze [a escultura] e não existe especialista neste tipo de metal no
Brasil.”
A secretaria consultou especialista estrangeiro para auxiliar na
elaboração de um projeto de restauro, que deverá incluir manutenção.
A Secretaria Municipal do Verde afirmou que teve de encerrar o
serviço com a empresa que fazia a limpeza e conservação do parque porque
ela “não atendeu às exigências legais para prorrogação” do contrato. O
órgão explicou ainda que será feita uma ação emergencial para a
manutenção dos banheiros e que a licitação para escolher outra empresa
de manutenção já está em andamento. Por Jairo Marques
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