Tão bela e tão abandonada. Esta é a sensação de inúmeros moradores,
líderes comunitários e visitantes da península de Itapagipe. A região
tem belezas naturais e patrimônio cultural que evidenciam seu forte
potencial turístico, como a Ponta do Humaitá e a Igreja do Bonfim.
A Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de
Itapagipe (Cammpi) aponta diversos problemas, entre os quais
alagamentos, insegurança, ocupação irregular e poluição sonora. Segundo
lista da Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do
Município (Sucom), feita no ano passado, três dos dez bairros mais
barulhentos estão na região.
“Suburbanização” - Há também a poluição visual,
expressada, dentre outras coisas, pela série de galpões abandonados em
sua orla. “As duas requalificações que estão acontecendo são privadas: a
‘suburbanização’ e a redefinição do espaço”, criticou o antropólogo e
morador Roberto Albergaria.
Para a escritora Cecy Ramos, que aos 79 anos é considerada uma
“guardiã” de Itapagipe, o governo local não dá a importância devida à
região. “O turismo só vai até o Bonfim. Mas, tem outras áreas bonitas”,
afirma dizendo-se uma eterna “encantada” por Itapagipe.
Para a Camppi, o ideal seria que até 2014 (ano da Copa e de muita
visibilidade para a cidade) houvesse a real valorização das belezas
naturais por meio da preservação sustentável. E também melhor gestão do
espaço urbano, incluindo valorização de áreas degradadas. Após três
tentativas de planejar a requalificação, rejeitadas pela população, o
poder público possui apenas planos de intervir pontualmente. O projeto
mais ambicioso integra o plano de requalificação da orla da cidade,
cujos detalhes ainda não foram revelados.
Para o arquiteto Paulo Ormindo, do jeito que está, Itapagipe foi
transformada em uma “extensão do porto e dos Alagados”, sendo urgente
uma requalificação. É necessário o poder público agir mais localmente,
recuperando espaços públicos e retirando os contêineres dos galpões. “É
uma atividade que não faz sentido em um bairro tradicionalmente
residencial”, argumenta.
Proprietária de um dos empreendimentos considerados revitalizadores
da área, a secretária municipal de Ordem Pública Rosemma Maluf acredita
que a península possui uma série de potencialidades inexploradas e deve
ter uma atenção maior do poder público.
“Itapagipe tem uma riqueza fantástica. Mas falta a presença do poder
público. Se depender de mim, a região terá atenção especial”, afirma.
Segundo ela, para que seja definido um plano de requalificação urbana no
local, é necessário aguardar o modelo que será definido pelo Plano
Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), atualmente sub judice. “A
exploração do empresariado é bem-vinda, mas deve ser feita com
critérios”, diz. Por Raíza Tourinho
Fonte: Portal A Tarde
Fonte da Notícia: http://defender.org.br/
Vista aérea da peníncula. Carlos Casaes | Ag. A TARDE
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