Uma volta no Centro de Manaus e é possível se deparar com prédios
históricos que remetem ao tempo áureo da borracha, período de grandes
transformações culturais e sociais para a cidade entre 1879 e 1912. No
entanto, os 344 anos de um passado luxuoso ao estilo europeu não podem
ser representados por todos os casarões da época. Alguns se encontram em
ruínas há décadas, apesar dos governos municipal e estadual garantirem
reverter a situação com projetos aprovados junto ao Ministério da
Cultura (MinC). (Veja imagens de prédios históricos de Manaus em ruínas)
Um dos prédios em ruínas mais lembrado é o Hotel Cassina, um dos
espaços mais frequentados por empresários da época da borracha. Situado
na Rua Bernardo Ramos, no Centro Histórico de Manaus, o local também
funcionou como a hospedagem Cabaré Chinelo. Atualmente, o manauense
consegue identificar o casarão apenas pela fachada. As portas foram
fechadas com concreto, o muro está pichado e o mato, crescido no
interior da estrutura, atravessa as janelas tornando visível o aspecto
de abandono para quem passa pela via.
“O Hotel Cassina tem que ser completamente reconstruído com novo
piso, escada, telhados e janelas”, reafirmou Sheila Campos,
superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) em Manaus. “Só resta a fachada. Internamente o prédio
está completamente destruído”, concordou o titular da Secretaria
Municipal do Centro (SEMC), Rafael Assayag.
Segundo o secretário, o projeto para reconstrução do hotel foi
aprovado pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades
Históricas 2. No entanto, a previsão é que o prédio fique pronto em dois
anos. Na Copa do Mundo, a estrutura deve ser identificada
turisticamente como ruína. A reforma do Museu do Homem do Norte, na
Avenida Sete de Setembro, também no Centro da capital, deve aguardar o
mesmo período para ficar pronto.
Próximo ao Hotel Cassina, a antiga sede da Câmara Municipal de Manaus
também deve receber investimentos. “Por dentro, o prédio da Câmara
apresenta estado deplorável”, disse Assayag. Os espaços estão entre os
dez logradouros públicos contemplados pelo PAC, orçado em R$ 33 milhões.
Alguns prédios históricos carentes de reforma são de propriedade
particular, e esse é um dos desafios para a restauração dos casarões. O
Palacete Nery, antiga residência do ex-governador Silvério Nery é um
deles. Localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no Centro, a mansão está
fora da área tombada pelo Iphan. “Há um grande interesse por parte do
dono em restaurar o espaço, mas tudo depende do investimento”, disse
Sheila Campos, do instituto.
A superintendente informou que há um
programa de investimento sendo formatado junto à Caixa Econômica Federal
e o MinC. “Estamos realizando reuniões para montar o programa e atestar
a viabilidade do investimento que pode ser fundamental para as obras”,
afirmou Sheila. Também no Centro, as avenidas Epaminondas e Joaquim
Nabuco são cenários para casas particulares que apresentam aspecto de
abandono.
Além desses, o Complexo Booth Line também aguarda por restauração. O
local funcionava como escritório de uma companhia inglesa de navegação,
fazendo o percurso Manaus-Liverpool. Quem passa por perto, consegue
observar árvores invadindo a estrutura que não apresenta mais telhado.
“Mesmo com o programa de financiamento, as obras de reforma e
restauração vão depender muito também do interesse dos proprietários”,
enfatizou a superintendente do Iphan.
Rafael Assayag ressaltou que alguns donos de casarões históricos de
menor porte têm dívidas junto ao poder público. “Muitos têm débitos de
IPTU [Imposto Predial Territorial Urbano]. Sem contar que não se pode
exigir um valor mais alto que a avaliação do imóvel. Hoje em dia, os
imóveis abandonados funcionam como pontos de drogas e espaço para
abrigar quadrilhas, infelizmente”, lamentou o secretário.
Restaurações
Entre os locais restaurados pela Prefeitura de Manaus está o Paço da Liberdade, sede do Palácio do Governo em 1880, reformado nos primeiros dez meses da atual gestão municipal. A Biblioteca Pública Municipal, na Praça do Congresso, e o Relógio Municipal também passam por reparos e, de acordo com a SEMC, deve ficar pronto até a realização da Copa do Mundo em 2014.
Entre os locais restaurados pela Prefeitura de Manaus está o Paço da Liberdade, sede do Palácio do Governo em 1880, reformado nos primeiros dez meses da atual gestão municipal. A Biblioteca Pública Municipal, na Praça do Congresso, e o Relógio Municipal também passam por reparos e, de acordo com a SEMC, deve ficar pronto até a realização da Copa do Mundo em 2014.
No âmbito de atuação do Governo do Estado, alguns locais estão sendo
restaurados. O Palácio da Justiça, situado na Avenida Eduardo Ribeiro,
Centro da capital, era a sede do poder judiciário da Manaus Antiga e
recebeu obras através do projeto Cartão Postal, da Secretaria de Estado
da Cultura (SEC).
Participa também do projeto, o Ideal Clube, na esquina da Avenida
Eduardo Ribeiro com a Rua Monsenhor Coutinho. As obras do local estão em
andamento, segundo informações da SEC. A antiga sede da Faculdade de
Direito da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), na Praça dos
Remédios, e a própria Igreja dos Remédios também estão no aguardo de
obras. Por Girlene Medeiros
Fonte da notícia: http://defender.org.br/2013/10/28/am-com-abandono-de-predios-historia-da-manaus-antiga-segue-em-ruinas/
Majestoso Hotel Cassina precisa ser reconstruído do zero. (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)
Antiga residência do governador Silvério Nery entra nos desafios de preservar patrimônio privado. (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM)
Paço da Liberdade fica localizado no Centro de Manaus. (Foto: Marcos Dantas / G1 AM)
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