Após desocupação da Aldeia Maracanã, no Rio de Janeiro, ex-moradores visitam locais sugeridos pelo governo para abrigar centro de referência indígena. Mas para Vãngri Kaingang falta “pedaço de mata” nestes espaços
Após meses de muita tensão e expectativa, no final da manhã desta sexta-feira (22), policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar invadiram o prédio do antigo Museu do Índio. Munidos de spray de pimenta e bombas de efeito moral, a intenção da operação “asfixia” era retirar os manifestantes que ainda resistiam à desocupação da Aldeia Maracanã. O prédio histórico não será demolido, mas abrigará o chamado Museu Olímpico do COB.
Segundo a agora ex-moradora da aldeia, Vãngri Kaingang, o próximo passo
é escolher um novo abrigo. O governo do Estado se comprometeu em
construir, até o final de 2014, um centro de referência indígena, mas os
novos locais propostos não agradaram. Uma das reclamações é a falta de
um “pedaço de mata”: “Estamos visitando os espaços sugeridos pelo
governador Sérgio Cabral [em Jacarepaguá, Bonsucesso e na Quinta da Boa
Vista], mas a situação é complicada, pois nenhum deles está fechando
muito com os interesses dos índios.”
A polêmica ocupação, que teve início em novembro de 2012, ganhou mais um episódio controverso esta semana,
quando o secretário de Esportes e Lazer do Estado do Rio de Janeiro,
André Lazaroni, se manifestou sobre o caso. Em entrevista, o político
disse que “índio mesmo mora na floresta”, o que foi considerado como "
um monte de besteira", pelo antropólogo Mércio Pereira Gomes,
ex-presidente da Funai.
Entenda o caso:
A reforma urbano-paisagística no entorno do estádio do Maracanã, no Rio
de Janeiro, gerou transtorno e, claro, queixas. Em novembro do ano
passado, por exemplo, foram cassadas pelo TRF da 2ª Região duas
liminares que impediam a demolição do prédio onde funcionou o Museu do
Índio, entre 1910 e 1978; assim como a remoção dos cerca de 20 indígenas
que vivem no terreno apelidado de Aldeia Maracanã. A situação ali era
crítica. Parte do muro da propriedade já havia sido derrubada para dar
espaço ao maquinário prestes a funcionar de olho nos preparativos para a
Copa do Mundo de 2014. No entanto, após o envolvimento de ativistas,
políticos e artistas, a decisão de colocar o prédio abaixo foi revogada.
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