quarta-feira, 1 de maio de 2013

Artigo de Roberto Segre - Oscar Niemeyer: um persistente exercício político

Em 2012, com surpresa e admiração, esperava-se com ansiedade o dia 15 de dezembro, quando o Mestre completaria 105 anos, ainda em plena atividade produtiva. Sem dúvida ele superou a imaginação de Gabriel García Marquez, em cuja obra Cem anos de solidão a saga familiar de Macondo culminava com o centenário de José Arcadio Buendía, uma trajetória que se pode comparar à vida complexa de Oscar. Entretanto, pouca semelhança há entre ambos no que se refere à identificação política e ideológica. Niemeyer é um expoente da arquitetura brasileira e latino-americana. Seu papel fundamental na consolidação do movimento moderno em âmbito internacional foi reconhecido através do grande número de prêmios recebidos: o Pritzker, nos Estados Unidos; o Imperial, no Japão; a Medalha de Ouro do Riba, na Inglaterra; e o Príncipe de Astúrias, na Espanha, entre outros. Mas dificilmente alguém lembra que ele foi o único arquiteto latino-americano a ganhar o Prêmio Lenin, recebido na União Soviética, em 1963.
A trajetória política de Niemeyer, tão extensa quanto a sua frutífera vida de projetista, é marcada pela coerência, persistência e continuidade de sua militância.
Filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) desde 1945, manteve uma participação constante e ativa, permitindo que o Comitê Metropolitano do partido, sob a direção de Luís Carlos Prestes, funcionasse em seu ateliê, no Rio de Janeiro.
E cabe assinalar que seu compromisso ideológico não se enfraqueceu com a desintegração da URSS e o fim do sistema socialista mundial, nos anos 1980.
Com mais de um século de existência, manteve com absoluta firmeza seu apoio à causa socialista, à luta dos despossuídos e dos povos explorados no Terceiro Mundo, como o Movimento dos Sem-Terra, no Brasil, e até sua identificação com Cuba e Venezuela.
Com a crise do mundo socialista e o fim da Guerra Fria, os conteúdos ideológicos da arquitetura, particularmente intensos nos anos 1960, depois do movimento estudantil de maio de 1968 em Paris, perderam espaço no debate teórico.
Na apresentação da obra de profissionais de prestígio internacional - Zaha Hadid, Rem Koolhaas, Renzo Piano, Steven Holl, Santiago Calatrava e David Libeskind, entre outros -, é incomum estabelecer uma relação entre a expressão formal e o conteúdo ideológico.
Por que, então, isso ocorria com Niemeyer? Nos ensaios críticos sobre sua obra, nunca se faz referência a sua posição política, como se a criatividade artística não tivesse relação com o compromisso filosófico e ideológico.

Continua o artigo no link: http://www.arcoweb.com.br/artigos/roberto-segre-oscar-niemeyer-politico-29-04-2013.html 















Desenhos de Niemeyer relacionados ao monumento da foice e do martelo

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