segunda-feira, 1 de junho de 2009

EDSON DA CUNHA MAHFUZ - ENSAIO SOBRE A RAZÃO COMPOSITIVA - 1995

Neste livro, Edson Mahfuz procura entender o processo de projeto – constesta o conceito do todo em arquitetura, procurando distinguir o momento em que a obra é unitária, quando está realizada e o outro momento, o da obra ao ser feita, onde uma coleção de partes devem ser conciliadas.
O tema central é o fazer da arquitetura e não o seu resultado.O autor nos propõe crer que a obra de arquitetura é uma organização de partes que estão pré-existentes ao todo.Mahfuz nos leva a entender que: “a noção de que a arquitetura procede do todo para as partes deriva da ilusão de que o todo existe previamente às partes. Só pode existir um todo após as operações de projeto e construção estarem concluídas”.
O texto contém estudos parcias como a classificação em tipos de processo projetuais que separa projetos inovativos, tipológicos, miméticos e normativos.Examina também conceitos de totalidade e de ordem.Em todos os campos do conhecimento onde o conceito de totalidade aparece, ele é entendido como algo composto por partes.Porém a relação entre as partes e o todo não é examinada a fundo.
O ponto principal do livro é investigar a natureza das relações existentes e possíveis entre as partes e o todo no âmbito da composição arquitetônica.Para isso, não é suficiente analisar o objeto concluído, mas discutir em detalhes o processo projetual.
È possível dizer que a composição de um objeto consiste na criação de um todo através de suas partes.A hipótese de trabalho do estudo é que, na composição arquitetônica, o sentido de progressão é das partes para o todo, e não o contrário.
O livro discute as relações e tamanhos das partes.O foco do estudo é determinar qual a natureza da relação que existe entre as partes e o todo durante o processo de criação ou composição.O termo composição é usado no sentido genérico de arranjo entre as partes para se chegar ao todo.

Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 01 de junho de 2009

ARQUITETURA LATINO – AMERICANA

Ao tentarmos entender e discutir a arquitetura latina – americana hoje devemos atentar para a realidade da globalização.Uma tarefa que se torna indispensável frente ao transtorno derivado da aceleração e da futilidade da informação que se produz e circula no mundo.Informação esta que se origina em uma visão deslocada da arquitetura, voltada para sua própria capacidade de simbolismo na época do hipercapitalismo.
As causa advindas desse processo predatório da globalização é a compreensão errônea do significado da era da informação e dos meios que estão à nossa disposição.Fatores que fazem com que jovens arquitetos estejam mais obstinados em produzir a própria imagem pessoal do que fazer arquitetura adaptada para a realidade atual.Hoje temos uma internacionalização da arquitetura, processo que desencadeia o desejo de projetar edificações que se alçam a nível internacional, resultando na chamada “arquitetura do espetáculo”, arquitetura para ser vista, para alçar o projetista a níveis dogmáticos, e não para gerar conforto e segurança ao usuário.
A arquitetura mundial se encontra numa crise de idéias, em uma falta de capacidade para gerar projetos que encarnem o ideal de progresso.E essa incapacidade deve servir de motivação para rechaçar e fugir desses devaneios arquitetônicos, produzindo uma arquitetura que respeite e valorize o local onde está inserida.
O chamado “Projeto Moderno” vai chegando ao fim, devido ao avanço da tecnologia digital e pelos fatores que definem num nível mais amplo o contexto presente.Devemos então trazer à tona o debate sobre a arquitetura latino-americana, seus desafios de responder as questões atuais neste mundo de transição e regido por certas estrelas da arquitetura mundial, o chamado “star sistem contemporâneo”.Estrelas que desembarcam em qualquer parte do globo e “despejam” seus projetos, sem levar em conta a realidade do lugar.
Diante da sua posição na arquitetura atual, o maior desafio para a arquitetura latina –americana é levar a cabo ações e projetos que definam sua atividade arquitetônica no século 21.O resultado já podemos ver em alguns locais, obras de grande excelência construtiva, riqueza expressiva e sensual, onde se interpretam e reelaboram os fundamentos da linguagem moderna e contemporânea.
Arquiteturas regionais que se assentam sobre seu local de origem, fincando num trabalho sério dão frutos e logram reconhecimento mundial. É o caso, por exemplo, da arquitetura chilena da última década, produzida por uma geração que teve condições econômicas e culturais favoráveis, onde pode então desenvolver uma arquitetura de marca pessoal.Uma arquitetura concentrada em sua própria razão de ser e capaz de fazer persistir seus valores além do efêmero e do homogeneizado.
A situação atual nos leva para um momento histórico que parece representar uma ruptura violenta com os parâmetros da história mais recentes, mas que na verdade é o início de um processo que nos torna mais conscientes da existência e da necessidade de elaborar outros modos de síntese e de relações com o cenário mundial.Diante desse quadro, a arquitetura latino-americana se encontra diante da superação da tentação das superestruturas que impõem uma forma de violência arquitetônica, e que pode provocar nas gerações mais jovens uma perda de identidade devido a um novo e desmedido estilo internacional.
Diante dessa violência falsamente compreendida como progresso, é preciso buscar novas formas de projetar, enfatizando a realidade local e mantenha o espírito do tempo.Jovens arquitetos que vem seu trabalho apenas como alavanca para chegar ao olimpo global nada podem acrescentar a arquitetura de seu país. É preciso buscar a sensatez pragmática e a coerência nos projetos.Construir a partir do social e do público, trazendo respostas para as questões locais.
A América trouxe o apogeu do movimento moderno, movimento que cobrou vida própria e deu lições a Europa, através da energia e idéias com os aquis trouxe a concepção de uma nova arquitetura.Hoje os magos da arquitetura, com sua visão cosmológica tentam doutrinar as futuras gerações com modelos egocêntricos.Frente a essa sedução pelo globalizado, deve o arquiteto buscar, a partir da ação local, uma resistência crítica e alternativa a imposição das doutrinas arquitetônicas contemporâneas.

Texto baseado no artigo “Energia de Reação”, de Fredy Massad e Alice Guerrero Yeste Revista AU – n 172
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, 01 de junho de 2009