quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Sobrado histórico de Vitória (ES) é reinaugurado como sede do Iphan no Estado

Uma edificação de valores histórico e sociocultural indiscutíveis, situada à Rua José Marcelino, nº 203, se na Cidade Alta de Vitória, capital do Espírito Santo, será reaberta no próximo dia 23 de setembro, como a sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Estado. A solenidade, às 14h30, contará com a presença da presidente do Iphan, Kátia Bogéa, da superintendente Elisa Machado Taveira, do Governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, e do Secretário de Estado da cultura do Espírito Santo, João Gualberto. Na ocasião será aberta, também, uma exposição sobre a atuação do Iphan no estado. O público poderá visitar a mostra durante o fim de semana, dias 24 e 25 de setembro.
Os mais antigos registros históricos sobre a edificação datam de 1875. O Projeto de restauração e adaptação do imóvel Sede do Iphan-ES buscou, além de preservar as características da casa, englobar, também, as necessidades de adaptação ao novo uso institucional, compatível com suas características físicas e construtivas, ao mesmo tempo dotando a casa com as condições de segurança, conforto e acessibilidade exigidas pela legislação atual.
Desde o tombamento, em 1967, o Iphan reconheceu que o interior da edificação havia sido bastante alterado ao longo do tempo, de modo que o valor artístico do sobrado deveria ser procurado em sua fachada frontal e em sua volumetria. A análise histórica demonstrou que a antiga porta central do pavimento térreo foi substituída por uma janela em reforma da década de 1930. Essa substituição descaracterizou a fachada, alterando a harmonia, os ritmos e as proporções entre cheios e vazados. O projeto atual optou por recompor a porta central, usando para isso o desenho das portas laterais. Também foram retirados o hidrômetro e os padrões elétricos e telefônicos instalados na fachada frontal, que foram relocados na calçada e dentro da edificação.
A fachada dos fundos também foi restaurada com a retirada de diversos elementos que a descaracterizavam, como as janelas no térreo e pavimento superior, o que possibilitou a abertura de duas portas para acesso à passarela. Foram mantidos e restaurados, no pavimento térreo, os pisos e forros em frisos de madeira. Um anexo com três pavimentos foi construído para abrigar o acervo arqueológico, a biblioteca e o arquivo Administrativo. 
Lembranças de um tempo perdido
A casa do Iphan-ES fica no ponto de ocupação mais antigo de Vitória – em meados do século XVI –, no local onde antes havia a Igreja Matriz. O sobrado foi provavelmente edificado no período colonial, e há indícios de que José de Mello Carvalho Muniz Freire tenha residido na edificação durante seu primeiro mandato como Presidente do Espírito Santo (entre 1892 e 1896). 
Edificado inicialmente para uso residencial ou misto, foi continuamente transformado e adaptado ao longo dos anos. Ao final do século XIX foi adaptado como moradia independente para duas famílias. Sobreviveu às reformas urbanas no centro de Vitória por sucessivos governantes na primeira metade do século XX, tornando-se um dos poucos sobrados coloniais remanescentes na Cidade Alta. O sobrado foi tombado pelo Iphan em 13 de novembro de 1967, junto com o imóvel vizinho, também salvo das reformas higienistas de Vitória.
Os documentos constantes do processo de tombamento deixam claro que, embora não possuíssem monumentalidade, os dois sobrados estavam sendo tombados por sua historicidade, por serem os "últimos vestígios das antigas edificações de Vitória". Em 2006 foi adquirido pelo Iphan, passando a ser usado como a sede de sua Superintendência no Espírito Santo.
O Iphan no Espírito Santo
A agenda da presidente do Iphan no Espírito Santo começa na quinta-feira, dia 22. Além da sede do Iphan-ES, Kátia Bogéa também visitará outros bens protegidos pelo Governo Federal no Estado. Ela irá na Igreja dos Reis Magos, no bairro de Goiabeiras Velha, onde ficam as residências das paneleiras e dos artesãos, detentores do Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, primeiro bem cultural registrado, pelo Iphan, como Patrimônio Imaterial no Livro de Registro dos Saberes, em 2002. Ela visitará, ainda, as obras da Igreja Nossa Senhora do Rosário, de Vila Velha, o Convento da Penha, a Estação Ferroviária de Argolas. 
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Tombamento da Casa da Flor, em São Pedro da Aldeia (RJ), é aprovado por unanimidade

O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural aprovou por unanimidade a inscrição da Casa da Flor no Livro do Tombo de Belas Artes, durante sua reunião na sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília (DF), nesta quinta-feira, 15 de setembro. Novo Patrimônio Cultural Material Brasileiro, a construção fica em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos (RJ), e foi criada por Gabriel Joaquim dos Santos, filho de uma índia e de um ex-escravo, com paredes em taipa e utilizando esteios em madeira roliça, decorada com mosaicos, esculturas e enfeites criados a partir do lixo e objetos quebrados. 
Para a presidente do Iphan, Kátia Bogéa, "tombamento deste bem é mais um marco na evolução do conceito de Patrimônio Cultural. Até então, nada parecido com a Casa da Flor foi tombado no país". Um outro exemplo da diversidade e deste processo de ampliação do que é Patrimônio Cultural no Brasil foi o tombamento da Casa de Chico Mendes, em Xapuri (AC), no ano de 2011. Ambas foram reconhecidas por sua singularidade, por sua unicidade. No entanto, a Casa de Chico Mendes foi inscrita no Livro do Tombo Histórico e a Casa da Flor, no Livro do Tombo de Belas Artes.
Em seu parecer, o relator e conselheiro Leonardo Castriota, comparou a Casa da Flor a outras obras internacionais também reconhecidas como patrimônio cultural em seus países, como a Watts Towers, em Los Angeles (Estados Unidos) – criadas por Sabato Rodia (1879-1965), um imigrante italiano trabalhador da construção civil – e o Palais Idéal du Facteur Cheval, em Hauterives (França) – construído por Ferdinand Cheval (1836-1924), um carteiro francês.

Tudo caquinho transormado em beleza
Em 1912, Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), um trabalhador nas salinas, em São Pedro D’Aldeia, na Região dos Lagos (RJ), filho de uma índia e de um ex-escravo, abusando de sua criatividade decidiu construir sua própria casa. Singela, com paredes em taipa e utilizando esteios em madeira roliça, o que chama a atenção é aquilo que o próprio Sr. Gabriel diz ser uma “casa feita de caco transformado em flor”. 
Quando a construção de sua casa já estava em andamento, Sr. Gabriel conta que, em 1923, inspirado por um sonho, começou a embelezar a casa com mosaicos, esculturas e enfeites diversos coletados no lixo e a partir de objetos quebrados. Segundo ele, eram “coisinhas de nada”; eram búzios, conchas e outros depósitos da lagoa, detritos industriais, pedaços de azulejos e faróis de automóveis que transformaram a construção. Foi assim que nasceu a Casa da Flor.
Quem chega à casa passa, primeiramente, por uma pequena escadaria guarnecida de pedras e ladeada de flores confeccionadas por cacos de louças e telhas. Nenhum arranjo é igual ao outro. Um corredor externo delimitado por um muro igualmente feito de coisas quebradas determina um primeiro espaço de convivência, ao ar livre, onde há um banco com motivos abstratos e figurativos, como flores, folhas, cachos de uva, carrancas. Internamente, a casa em formato de T, guarda outras surpresas, já que até mesmo o observador mais atento não consegue perceber todos os elementos que compõe os seus três ambientes. 
Após a morte do seu proprietário, a casa foi recuperada com recursos públicos e hoje é mantida por meio de projetos culturais. A casa possui um tutor, o sobrinho do Sr. Gabriel, que cuida da conservação da propriedade e da recepção aos visitantes.
De acordo com o parecer do Iphan, entre as justificativas para o tombamento da Casa da Flor está o ineditismo criativo, que instiga ao debate sobre os processos de produção cultural. O documento destaca que “a Casa da Flor condensa esse esforço de ordenar a desordem, a fragmentação e as oposições, de acordo com um conhecimento do valor das coisas e não da sua utilidade meramente funcional.”
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domingo, 11 de setembro de 2016

Fotógrafo documenta os famosos azulejos portugueses no livro "Azulejos Padrão"

O Largo da Graça é um autêntico estúdio para o fotógrafo Fernando Veiras. Mesmo por entre os edifícios, os azulejos padrão nas fachadas destacam-se. Fernando apenas tem de tirar do bolso a lente e encaixá-la na câmera. Depois começa a sessão. Dos pormenores de um azulejo que falta, de um outro que foi substituído por um padrão diferente, ou pelo conjunto da fachada, vão surgindo várias perspectivas. “Em qualquer rua há um azulejo para fotografar”, diz com fascínio. Ainda no largo, já começa a avistar a Vila Berta mesmo ali ao virar na esquina. E tem sido a percorrer as ruas de Lisboa, que Fernando Veiras chegou ao livro Azulejos Padrão.
Foi por paixão que Fernando veio viver em Portugal há 11 anos. Natural da Galiza, já tinha visitado o Porto várias vezes e algumas Lisboa, mas admite que não conhecia bem a cidade. O encanto pela capital portuguesa não tardou e muito se deve aos azulejos. 
Há oito anos que começou a fotografar os azulejos. Há dois anos, percebeu que as fotografias tinham qualidade e podia fazer algo com elas. Motivado pelos amigos, inicia o processo de reunir os azulejos fotografados num livro. Mas a seleção não foi fácil. Ao todo, em dois anos, Fernando tirou mais de duas mil fotografias, destas, conseguiu escolher mil. Deixou a tarefa para três amigos. No final, foram selecionadas 260 fotografias.
Os azulejos fotografados por Fernando não são perfeitos e podem estar acompanhados por uma fita das marchas ou um graffiti. Isso pode ver-se logo pela capa, que é composta por um azulejo partido. Ao ter na mão o livro é quase como se tivéssemos um azulejo. Ligeiramente maior, com 16,5 cm., é quadrado e tem 160 páginas. Faltava uma editora e orçamento para a publicação. Das editoras não teve resposta, por isso optou por “auto-editar” o livro. Para reunir algum dinheiro, seguiu o exemplo de uma amiga que conseguiu publicar uma guia através de financiamento coletivo.
Vivendo em pleno centro de Lisboa, Fernando é dos poucos moradores de seu prédio. Desde que chegou a Lisboa tem sentido a mudança da cidade e do centro histórico e a intensificação do turismo. Assim, aponta este livro como um ponto de viragem na cidade. “Uma fotografia é um momento e estou a preservar esse momento.” Também defende que estes são tempos áureos para os azulejos de padrão. “Hoje têm muita importância como elementos decorativos e arquitetônicos.” 
Saiba mais sobre o projeto de Fernando Veiras no Facebook ou no Instagram







Fonte das Imagens: Site Archdaily