domingo, 17 de dezembro de 2023

Novo PAC prevê R$ 76 milhões para obras em prédios históricos no RS


Memorial do Rio Grande do Sul e Mercado Público estão entre os locais a serem beneficiados por verba federal

MARCELO GONZATTO

O patrimônio histórico gaúcho vai receber um impulso de R$ 76 milhões destinado pelo governo federal a obras de melhoria e recuperação. Esse valor será aplicado em nove projetos que incluem reformas em prédios de grande relevância cultural como o Memorial do Rio Grande do Sul, o Mercado Público e o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa, em Porto Alegre, além de estruturas em Jaguarão, Pelotas e São Miguel das Missões.

Parte dessas iniciativas, que já estavam previstas no antigo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, acabou sofrendo interrupções ou perda de recursos nos últimos anos e deverá passar por atualização dos contratos - por isso, o governo federal ainda não divulga o valor individual estimado e prazos definidos de início ou término para todos os itens da listagem.

— Houve descontinuidades, havia projetos paralisados, geralmente por falta de recursos. Então, estamos retomando isso agora e temos quase todos já recolocados em lista para início ou retomada de obras — afirma o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Estado, Rafael Passos.

Na Capital, uma das ações mais adiantadas envolve o prédio do Memorial do Rio Grande do Sul, na Praça da Alfândega. Conforme a assessoria de comunicação da Secretaria da Cultura do Estado, a intervenção, cujo termo de compromisso entre os governos estadual e federal foi assinado na quarta-feira (13), está orçada em R$ 6,6 milhões. O Iphan informa que o serviço incluirá "revisão das coberturas, sistema de coleta de águas pluviais, restauração das esquadrias, execução de nova rede elétrica, novos elevadores, recuperação de rebocos e pintura completa". As obras devem ser licitadas no começo do ano que vem, ter início até meados de 2024 e durar 12 meses.

De acordo com a Secretaria da Cultura, o Memorial ficará fechado para visitação pública durante alguns períodos da reforma por razões de segurança - ao longo de etapas como a implantação da nova rede elétrica. O calendário das atividades no local será divulgado futuramente.

Assinado na quinta-feira (15), o termo de R$ 4,7 milhões envolvendo o Mercado Público prevê novas instalações hidrossanitárias, incluindo redes de água, esgoto sanitário e fluvial, e recuperação do piso do térreo. Uma futura etapa poderia contemplar ainda melhorias em uma parte da cobertura e elevadores, mas ainda depende de um novo acordo. Segundo informações da prefeitura, a ideia inicial é privilegiar o trabalho à noite, em etapas e por quadrantes para não precisar suspender o atendimento ao público. A estimativa é de que o serviço se estenda por, pelo menos, um ano. A expectativa do Iphan é firmar o acordo com a prefeitura da Capital ainda em 2023.

Terceira iniciativa prevista para a Capital, o projeto de recuperação do Museu de Comunicação José Hipólito da Costa ainda está em análise de orçamento no Iphan. De acordo com a Secretaria da Cultura, depois de aprovado, deverá ser encaminhada a assinatura do termo de parceria para a transferência dos recursos. Por isso, ainda não são divulgados detalhes das intervenções a serem feitas.

Governo deve selecionar cem novos projetos no país

Os nove locais históricos do Rio Grande do Sul contemplados com verbas do Novo PAC fazem parte de um conjunto de 138 projetos selecionados em todo o país para serem concluídos até 2026 - os gaúchos têm o quarto maior número de iniciativas entre os Estados (a maior fatia coube a Minas Gerais, com 54 convênios). Além desse recurso, que soma R$ 700 milhões para todo o Brasil, o governo federal está selecionando outros cem projetos de "recuperação de bens materiais tombados ou para o fortalecimento de bens imateriais registrados como patrimônio federal."

Foram apresentadas 817 propostas de Norte a Sul para concorrer a esses repasses adicionais de R$ 37 milhões, destinados apenas à elaboração de projetos. Conforme o superintendente do Iphan no Estado, Rafael Passos, os gaúchos contribuíram com 52 dessas novas solicitações. Os candidatos ainda estão sob análise do governo federal dentro do chamado PAC Seleções. Os escolhidos devem ser anunciados em breve.

- Como essas ações ficam na área do patrimônio e da cultura, que historicamente têm verbas mais escassas, o PAC é uma grande fonte de recursos de maior monta e sempre em parceria com municípios e Estados, atendendo a demandas locais - avalia Rafael Passos.

Projetos contemplados no RS

O Estado tem nove locais vinculados ao patrimônio histórico com verbas a receber da União

Finalização da restauração da Antiga Enfermaria Militar para implantação do Centro de Interpretação do Pampa (Unipampa) — Conclusão da reforma na edificação do século 19 para receber uma unidade destinada a destacar a importância ambiental, cultural e turística do Pampa.
Requalificação da Praça Dr. Alcides Marques e Largo das Bandeiras — Segundo o Iphan, aguardam atualização de projetos para assinatura de convênio.
Restauração da Antiga Inspetoria Veterinária — O Iphan informa estar em tratativas para atualizar projeto de recuperação do prédio histórico, que já estava contemplado no antigo PAC Cidades Históricas.

Implantação do Museu da Cidade da Cidade de Pelotas (Casa 6) — Segundo a prefeitura, o projeto prevê recursos municipais, estaduais e federais. O município ainda aguarda definição de quanto será a contribuição via Iphan enquanto atualiza orçamentos. A expectativa é de lançar licitação em janeiro.
Retomada da etapa final de obras do antigo Grande Hotel — A ideia é criar um hotel-escola no local, sob responsabilidade da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Conforme a assessoria de comunicação da UFPel, o trabalho segue em andamento, mas ainda sem prazo definido de conclusão.

Porto Alegre
Restauração do Museu da Comunicação Social Hipólito José da Costa — Conforme a Secretaria de Cultura do RS, o orçamento do projeto "ainda está em análise no Iphan". Depois de aprovado, terá início "o processo de assinatura do termo de parceria para a transferência dos recursos". Detalhes dependem do avanço nessas etapas.
Restauração do Memorial do Rio Grande do Sul e Arquivo Histórico (Antiga sede dos Correios) — O convênio está encaminhado, e as obras devem ter início em meados do ano que vem. Em período a ser definido, o atendimento ao público deve ser interrompido.
Restauração do Mercado Público — A fase atual do projeto prevê a renovação das instalações hidrossanitárias, elétricas e do piso do andar térreo. Com o convênio formalizado, a expectativa é de um ano de obras, sem necessidade de interromper o atendimento ao público.

Conclusão da obra de requalificação urbanística do entorno do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo — O conjunto de obras em 30 trechos, que deverá ser entregue na segunda-feira (18), inclui melhorias na área urbana do município, envolvendo asfaltamento, calçadas, sinalização e ciclovias, entre outras intervenções. Os trabalhos não envolvem diretamente a área das ruínas.



















Memorial do RS deve entrar em obras no ano que vem
Anselmo Cunha / Agencia RBS



















Termo de compromisso envolvendo o Mercado Público deve ser assinado em breve
Anselmo Cunha / Agencia RBS

sábado, 23 de setembro de 2023

Dez anos após o lançamento do filme "O Tempo e o Vento", cidade cenográfica de Santa Fé está praticamente no chão

Construído dentro do Parque do Gaúcho, espaço serviu de cenário para as gravações da adaptação da obra de Erico Verissimo para o cinema e, após, foi doado para a prefeitura de Bagé

— Às vezes, de noite, está tudo em silêncio e, do nada, escuto um estouro. São as construções desabando — conta a moradora Fernanda Bastos Quadros, 41 anos, que vive a poucos passos da cidade cenográfica de Santa Fé, em Bagé, construída para as filmagens do longa-metragem O Tempo e o Vento (2013), dirigido por Jayme Monjardim e que estreou nos cinemas em 20 de setembro de 2013.

Se na obra original de Erico Verissimo (1905-1975), adaptada pelos roteiristas Tabajara Ruas e Letícia Wierzchowski, um dos principais objetivos da família Terra-Cambará é manter imaculado o solo do sobrado em que vive, sem a presença dos Amaral nele, hoje, seria impossível manter qualquer resistência ali. Isso porque o local, considerado quase sagrado pelos personagens da história — que é ficcional —, encontra-se no chão, reduzido a entulho, assim como praticamente todo o vilarejo.

E não foi apenas o casarão que deixou de existir nos últimos 10 anos: a cidade cenográfica toda encontra-se no mesmo estado — com exceção de duas construções que, depredadas, teimam em ficar de pé, mas já não possuem janelas, portas e apenas com resquícios de telhado. Estão condenadas ao mesmo destino das demais. O que antes serviu para contar uma das histórias mais impressionantes da cultura gaúcha e, depois, para receber visitantes, atualmente, chama atenção pela total devastação.

A velha placa de madeira, presa acima do portão que já não serve para nada, uma vez que toda a cerca ao redor foi arrebentada ou furtada, é o único meio de identificar, aos forasteiros, que aquela área se trata da cidade cenográfica de Santa Fé. Ainda naquela que seria a entrada, um pequeno recinto de madeira que foi, no passado, uma bilheteria, relembra que o espaço chegou a cumprir, por algum tempo, o seu destino de receber turistas e fãs da obra de Erico — a entrada, durante o período, custava R$ 5.

Morando de frente para a entrada da cidade cenográfica, em uma rua de chão batido que não tem nome, Paulo Casartelli, 45 anos, atualmente trabalha com curtume, mas, em 2012, foi chamado pela produção de O Tempo e o Vento para ajudar a erguer Santa Fé. Ele e mais dois colegas foram responsáveis por fazer as muretas de pedras que permeiam as casas — e, curiosamente, são as únicas construções que seguem de pé.

— Tinha uma turma boa trabalhando ali. Depois de pronto, fiquei por dois anos fazendo ronda na cidade cenográfica, como contratado. Era um movimento bagual. Só que, depois, largaram de mão. Ainda hoje, mesmo com tudo no chão, vem gente visitar. Imagina se tivesse bom. Ia ser um rico lugar, ainda mais para Bagé, que não tem quase nada. Agora, olho para ali e só posso lamentar — desabafa o vizinho do que sobrou de Santa Fé.

Mas, antes de contar como o local chegou a tal situação, é importante voltar no tempo. Ainda no começo da década passada, Bagé, entre diversos municípios gaúchos interessados, foi escolhida para servir de locação para O Tempo e o Vento, visando ganhar evidência para o Brasil inteiro, bem como movimentar economicamente a região. O prefeito da época, Dudu Colombo, cedeu um espaço público, dentro do Parque do Gaúcho, a cerca de quatro quilômetros do centro da cidade, para que o vilarejo fosse construído.

Segundo a produção do longa, foi feito um investimento de cerca de R$ 1,5 milhão para colocar de pé 17 construções típicas do século 19, que ocuparam uma área aproximada de 10 mil metros quadrados. A direção de arte trabalhou para fazer um retrato o mais próximo do fiel da arquitetura daquela época, a partir de meses de pesquisa, com casas de chão batido e telhado de palha. Ainda dedicou uma atenção especial para a clássica figueira, que ficava localizada no centro de Santa Fé e servia como ponto de encontro dos personagens: a árvore artificial foi projetada no Rio de Janeiro, contava com uma estrutura metálica e precisou de 15 dias para chegar ao Rio Grande do Sul — milhões de folhas, inclusive, foram encomendadas e vieram diretamente da China. Cada detalhe foi muito pensado.

Tudo foi feito para que, com a magia do cinema, o espectador embarcasse em uma viagem para a época das guerras e revoluções gaúchas. Após as filmagens, que ocorreram no primeiro semestre de 2012, o acordo com o governo municipal foi de entregar o local utilizado como locação para ser explorado turisticamente — e, de fato, foi o que aconteceu. Porém, as casas, apesar de apresentarem fundações feitas de alvenaria, pedra e concreto, contavam, em sua maioria, com paredes construídas com OSB (espécie de compensado de madeira), com uma pintura que apenas simulava alvenaria. Ou seja, frágil, temporário. Com muita manutenção, o espaço, talvez, aguentasse de pé por três anos.

— Se o poder municipal tivesse começado, assim que entregamos a cidade, a fazer as substituições das paredes por alvenaria, o espaço estaria em pé hoje e Bagé não teria ficado um dia sequer sem aquela atração, que tinha um potencial enorme. Fui lá visitar duas vezes, depois do fim das gravações e, na última, decidi que não iria mais, para não ver a destruição do local — afirma o produtor executivo Beto Rodrigues, 66 anos, da Panda Filmes, coprodutora do filme.

Ainda de acordo com o profissional gaúcho, ele foi quem mais tempo se envolveu com o projeto — cerca de um ano e meio —, visto que Monjardim, enquanto rodava o longa, ainda estava no comando de uma novela no Rio de Janeiro. Assim, Rodrigues criou um afeto especial por Santa Fé e, nos primeiros meses após a entrega do vilarejo para a prefeitura, o produtor enfatizou que houve um cuidado "louvável", com o cercamento da área e até mesmo a colocação de uma bilheteria. A ideia dele, inclusive, era doar itens utilizados no longa-metragem para um museu no local.

Porém, a cidade não conseguiu dar continuidade à manutenção e sequer fazer a transposição do casario para alvenaria. O produtor aponta, ainda, que o prefeito da época, Dudu Colombo (PT), até que tentou recorrer aos ministérios da Cultura e do Turismo, na ânsia de salvar o local. Sem conseguir estabelecer parceria com o governo federal, o chefe do executivo municipal construiu um projeto e mandou para votação da Câmara de Vereadores, com a intenção de fazer um leilão de Santa Fé para a iniciativa privada e, assim, manter viva a cidade cenográfica. Segundo o político, sequer foi votado.

— Tentamos manter com os recursos públicos, do município, mas não era possível. A ideia era vender a área toda, que acho que gira em torno de um hectare. Lamentamos, na época, que o Legislativo não tenha dado a importância necessária para o espaço. Seria, com certeza, uma grande fonte de renda e impulsionaria o município — destaca Colombo.

O ex-chefe do Executivo de Bagé recorda que a cidade cenográfica acabou fechando definitivamente para o público ainda em sua gestão, por questões de segurança, uma vez que as estruturas já estavam sucumbindo. Assim, os últimos visitantes que puderam conhecer Santa Fé como ela foi idealizada para a produção do filme estiveram por lá no começo de 2016. Desde então, o local foi largado à própria sorte, com tentativas fracassadas de fazê-lo voltar às glórias de antes.

Dois Rodrigos Cambará

Quando desembarcou em Bagé para interpretar o icônico Capitão Rodrigo Cambará, Thiago Lacerda logo ficou impressionado com a cidade cenográfica. Para o artista, aquele espaço levou verdade para O Tempo e o Vento e, além disso, fez com que a produção se aproximasse da comunidade e gerou uma emoção genuína nos envolvidos, construindo relações mais fortes — uma delas, inclusive, cruzou os limites da cidade cenográfica.

Ao chegar por aquelas bandas, o ator ouviu da equipe da cenografia: "Já conheceu o Capitão Rodrigo?". Era um cachorro de rua, que liderava uma matilha no Parque do Gaúcho.

— Imediatamente, o tal Capitão Rodrigo colou em mim, ficou de meu chapa. E aí eu gravava, ele vinha, o Jayme (Monjardim) gritava "corta", ele ia embora. A gente foi ficando amigo e, no final do filme, eu trouxe o Capitão comigo para o Rio de Janeiro. Foi uma conexão muito forte entre nós dois, parece que ele sabia quem era o Capitão Rodrigo — recorda Lacerda.

Intérprete de Juvenal Terra, cunhado do Capitão Rodrigo, Cris Pereira teve o mesmo sentimento ao encontrar com Santa Fé. Ao andar pela cidade cenográfica, sentiu-se mergulhado em uma viagem no tempo, ficando impressionado com a grandeza e os detalhes do espaço — desde praça, passando pelos bolichos, até as árvores.

— Tudo muito perfeito. É o lance da magia da arte, que traz um ambiente verdadeiro, mesmo que ele não tenha existido. A produção deixou tudo como a gente imaginava quando leu O Tempo e o Vento e, então, era muito louco chegar lá e ver a leitura ganhando vida. Era uma cidade mesmo, e tu ficava imerso no personagem, vivendo naquele vilarejo. As pedrinhas no chão, a carroça passando, o costelão 12 horas no fogo de chão, do lado da árvore, o baile que esteve na rua com as bandeirinhas penduradas. Era possível entrar nas casas e era tudo detalhadamente bem feito. Um potencial enorme — explica Pereira, frisando que era tema de todos os atores lerem a obra original.

Lacerda conta que tentou ajudar a manter a cidade em pé, colocando-se à disposição das autoridades públicas para, por exemplo, gravar vídeos, fazer participações no local sempre que estivesse por Bagé e, também, doar itens pessoais que utilizou nas filmagens, como o chiripá, para criar um acervo dedicado ao longa-metragem.

— Quando a gente estava filmando, era muito evidente que aquilo era uma maravilha, que era uma oportunidade muito interessante para Bagé. E eu acho que o fato de a cidade cenográfica não ter permanecido, de não existir mais, revela muito sobre a falta de visão, a falta de educação e a falta de proposições do poder público e da própria sociedade em que a gente vive. Essa ruína é um fracasso da sociedade de Bagé e do Estado do Rio Grande do Sul. Inadmissível que um município como Bagé, que tinha um potencial econômico e cultural, tenha deixado a cidade cenográfica se deteriorar com o tempo. Todos nós fomos incompetentes na tentativa de preservar aquilo — reflete o ator.

Já Pereira, que aproveitou a oportunidade em O Tempo e o Vento para mostrar sua faceta de ator dramático, fugindo da comédia, acredita que um clássico como a obra de Erico Verissimo poderia ter ali, em Bagé, a chance de ganhar um templo de exaltação à sua importância, atraindo novas gerações para a leitura e, também, ressaltando a relevância do cinema nacional. Ele acredita que a adaptação Monjardim deveria ter tido ainda mais projeção do que teve.

— Eles deixaram a cidade cenográfica como quando terminou a guerra. Essa ideia de reconstruir, de refazer, estou escutando há bastante tempo. Diziam "nós vamos manter isso", "vai virar tal coisa", passou 10 anos e não aconteceu nada. Eles vão, agora, revitalizar? Estou escutando isso há muito tempo. Então esse papo de que vão fazer, para mim, são só palavras — diz Pereira.

Reconstrução à vista

No começo deste ano, o governo de Bagé, que é comandada desde 2017 pelo prefeito Divaldo Lara, decidiu dividir a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em duas — Cultura e Turismo, acreditando no potencial de trazer visitantes para o município. E, à frente desta última pasta está a engenheira civil Aliane da Croce, 35 anos, que tem como principal objetivo a reconstrução de Santa Fé. Ela pretende representar os esforços da comunidade em manter o local — inclusive, há resquícios de uma tentativa desesperada de bageenses comuns de preservar o que restou da cidade cenográfica, com paredes de tijolos sendo erguidas na parte de dentro de uma das edificações que seguem de pé. Não resolveu, e a estrutura base praticamente se desfez.

— Anos atrás, houve uma mobilização de pessoas, os mais apaixonados pelo espaço, que tentaram manter a cidade viva, colocando ali seus recursos próprios. Não foi o suficiente, infelizmente — recorda a secretária, apontando que, nos relatórios da pasta, a média de visitação de Santa Fé era de 450 pessoas por mês.

Enquanto alguns prezavam pela existência do local, Aliane explica que outros tantos colaboraram para a cidade cenográfica sucumbir. De acordo com a titular da pasta de Turismo, pessoas dos arredores invadiam o espaço para furtar telhas e outros materiais.

A afirmação da secretária vai ao encontro do que dizem os vizinhos do que restou de Santa Fé. A doméstica Miriam Cuadros Noble, por exemplo, relembra que o espaço tinha bastante visitação, mas, com o tempo, deixou de atrair turistas para ser um chamariz de quem queria tirar proveito das estruturas.

— Antes, até tinha guardinha, mas depois deixou de ter. Aí, o pessoal começou a vir para roubar os telhados, as madeiras. Volta e meia encostava uma carroça ali e saia carregada. É uma pena, né? De vez em quando, alguém para e pergunta o que era aquilo ali. Se funcionasse, poderia colocar o nosso lugar aqui no mapa. Não temos nem nome aqui na rua. As nossas correspondências não podemos receber, temos que cadastrar o endereço de algum parente que mora mais no centro — lamenta Miriam.

Agora, por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Afonso Hamm (PP), de 2019, conseguiu-se um valor de R$ 270 mil e, em contrapartida, foram incrementados mais R$ 241 mil do município. Com esse montante, será reerguida a primeira parte do projeto, agora encabeçado por Aliane, que é o icônico sobrado dos Terra-Cambará. No terreno, a empresa B3 Engenharia, contratada por meio de licitação, já construiu as fundações, mas parou no contrapiso. O motivo? A segurança.

— Tudo o que deixa aqui, o pessoal leva. É descampado. Então, nesta etapa, como é um sobrado, em dois pavimentos, a empresa está fazendo na oficina as ferragens, até o segundo pavimento. Depois, eles vêm e montam. E ainda tem uma praticidade que, se chove, eles conseguem seguir produzindo. Se estão no terreno, se chove, para tudo — aponta Aliane.

Segundo a secretária, se tudo der certo, o primeiro casarão estará de pé até o final do ano e, ali, será construído um centro cultural, com um acervo dedicado ao filme de 2013 — inclusive, a produção deixou roupas e outras peças utilizadas nas gravações. Esse espaço será o centro de um ecossistema que entregará aos visitantes experiências gastronômicas e artísticas. Assim que a estrutura estiver de pé, a secretaria pretende fazer um convênio com alguma organização de Bagé para administrar e cuidar do local.

Em paralelo com o sobrado dos Terra-Cambará, a construção de seis casas menores já está sendo viabilizada, com apoio do governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo, que já sinalizou positivamente com R$ 2,5 milhões — falta, agora, o município entregar o projeto detalhado para a liberação da verba. A igreja, também, deverá ser reerguida, com o apoio de uma produtora de Pelotas, que coincidentemente se chama Santa Fé.

Dessa forma, espera-se que até o final de 2024 oito construções estejam prontas para que o espaço comece a receber o público — as outras nove do projeto inicial serão erguidas conforme mais verbas forem sendo liberadas. Porém, será uma jornada longa e, quem decide visitar o local, percebe que ainda tem muito trabalho pela frente.

— Provavelmente, só o paisagismo será mantido, com os coqueiros. O resto todo será refeito. É uma pena que levaram até a árvore bonita que tinha aqui, a figueira — relembra Aliane. — Tem um potencial gigante de transformar isso aqui em uma rota nacional turística. E o maior desafio não é nem tirar Santa Fé do chão, mas, sim, manter tudo, porque a população destrói. Vamos ter que fazer um projeto de conscientização com o povo, para desenvolver o sentimento de pertencimento — pondera ainda.

O novo projeto reerguerá os prédios tentando se aproximar o máximo possível do original criado para o filme — até a planta baixa da Santa Fé do filme está nas mãos da equipe da Secretária de Turismo. Porém, algumas mudanças precisarão ser feitas, como adaptar os telhados de algumas casas que eram feitos de palha ou, então, paredes de barro —esses materiais demandam muita manutenção e têm pouca durabilidade. A ideia é deixar tudo o mais sólido possível, para que o processo de degradação não atinja tão cedo o espaço, deixando-o resistente ao tempo e ao vento.

"E nasce o sol e põe-se o sol. E volta ao seu lugar onde nasceu. O vento vai para o Sul e faz o seu giro para o Norte. Continuamente vai girando o vento. E volta fazendo os seus circuitos. Uma geração vai, outra geração vem. Porém, a terra para sempre permanece", diz Bibiana (Fernanda Montenegro) ao final de O Tempo e o Vento, reforçando que o chão segue no mesmo lugar, paciencioso, esperando.



















A entrada do que restou da cidade cenográfica de Santa Fé, em Bagé
Mateus Bruxel / Agencia RBS


















Apenas duas construções da época das filmagens seguem de pé, mas em situação deplorável
Mateus Bruxel / Agencia RBS


















Imagem aérea do que restou do local onde foi gravado "O Tempo e o Vento", em Bagé
Mateus Bruxel / Agencia RBS


















O espaço onde foi erguida Santa Fé fica no Parque do Gaúcho, em Bagé
Mateus Bruxel / Agencia RBS


















A cidade cenográfica de Santa Fé em seu esplendor, na época das filmagens do filme "O Tempo e o Vento"
Bruno Alencastro / Agencia RBS


















Depois das gravações do filme, o espaço foi cedido para a prefeitura de Bagé
Nauro Júnior / Agencia RBS


















Atualmente, o sobrado da família Terra-Cambará está sendo reerguido, em alvenaria, em Santa Fé
Mateus Bruxel / Agencia RBS

sábado, 19 de agosto de 2023

Dia Mundial da Fotografia: conheça a primeira foto a registrar pessoas na história, feita há mais de 180 anos

Invenção da fotografia na França, por Louis Daguerre, foi compartilhada com o mundo em 19 de agosto de 1839. Ao tentar registrar rua movimentada de Paris, Daguerre conseguiu mostrar apenas duas (ou três) figuras que ficaram paradas durante todo o tempo de exposição.

A história da fotografia tem muitos causos fascinantes. Neste Dia Mundial da Fotografia o g1 te conta sobre a primeira foto a registrar figuras humanas em toda a história. Spoiler: não foi uma selfie.

A cena é uma rua movimenta de Paris --só que não. Como o tempo de exposição para registrar uma foto no papel ainda era muito demorado, em torno de 4 a 5 minutos, praticamente ninguém ficou parado esse tempo todo, e acabou "sumindo" no papel. Com exceção de duas pessoas: um homem com o sapato sujo e o engraxate que estava resolvendo esse problema.

Autor da imagem, Louis Daguerre foi o responsável pela descoberta mais famosa de um processo fotográfico, ainda na década de 1830. Visto como um "bom marketeiro" por estudiosos, Daguerre fez um grande espetáculo no dia em que foi compartilhar sua invenção com o mundo, em 19 de agosto de 1839. Não por acaso, a data virou referência para o "aniversário" da fotografia.

O g1 já contou, no entanto, que essa não foi a única invenção de um processo fotográfico. Houve, inclusive, uma descoberta comprovada em solo brasileiro, coincidentemente na mesma época - além de outras já investigadas e comprovadas.

Mas voltando à fotografia icônica de Daguerre (acima), o professor, pesquisador e crítico da fotografia Ronaldo Entler ajudou a lembrar a história por trás da cena, além de suas curiosidades. Há dois pontos debatidos pelos estudiosos que giram em torno de mistério e valem ser lembrados:

- Criança na janela? - Em algum momento passou-se a considerar a possibilidade de haver na foto uma terceira pessoa retratada, além do homem do sapato sujo e do engraxate. Em uma janela no primeiro plano é possível ver uma cortina com uma abertura e o que poderia ser o rosto de uma criança (ou de uma pessoa bem baixinha ou sentada) observando o lado de fora. Mas convenhamos que, a essa altura do campeonato, é impossível cravar essa informação; então, caro leitor, acredite no que achar melhor.

- Parados por coincidência? - Ronaldo também recorda que o fotógrafo e estudioso Joan Fontcuberta, que tem uma clara queda por se valer da polêmica em seus trabalhos, passou a defender que a cena do engraxate na verdade foi "forjada" por Daguerre. Fontcuberta considera que, por ter seu estúdio justamente naquela região da cidade, o fotógrafo teria combinado com os dois retratados para que eles ficassem ali na melhor função estátua possível durante os 4 ou 5 minutos que uma fotografia levava para ser fixada no papel. É de se pensar. E você, o que acha?




















segunda-feira, 1 de maio de 2023

Em Cachoeira do Sul, a tafona da memória


Tombada como Patrimônio Histórico do município e do Rio Grande do Sul, fazenda estará aberta à visitação a partir de 27 de maio

Por Tau Golin
Jornalista e historiador

Quando se chega na Fazenda da Tafona, se ingressa em uma especialíssima plataforma do tempo. A memória humana do lugar se alarga por 12 mil anos. Encontra-se com populações paleoindígenas de caçadores-coletores, povos pampianos, etnias Guarani e Jê meridional, semeadores das primeiras lavouras, inventores da erva-mate. Territórios de uso e pertencimento que o colonizador primeiro reconheceu na forma tutelada e depois escriturou como propriedade. Nos séculos 17 e 18, na forma de estância e capela dos missioneiros de povos jesuíticos-indígenas, destinados aos usos coletivos e das famílias extensas. Mapas antiguíssimos plotam a estância do Povo de São Lourenço e a capela consagrada a São Miguel nas terras do Piquiri, afluente do Baixo Jacuí. Depois, o espaço foi abrangido pelas disputas das crises desencadeadas pelos tratados de Madri (1750) e Santo Ildefonso (1777), na segunda metade dos Setecentos, até que a Guerra da Conquista das Missões (1801) estabeleceu sobre ele o domínio luso-brasileiro.

A escrituração privada das terras do Baixo Jacuí se deu mediante a doação pelo Estado da cota de sesmaria de campo aos povoadores ainda durante o período de fronteiras conflituosas e em demarcação nas últimas décadas dos Setecentos. Essa forma de intrusão implicou na produção e na composição social dos habitantes. O cotista se estabeleceu como senhor, latifundiário que incorporou ao trabalho de sua propriedade a força de trabalho dos livres, os agregados, os serviçais, as parcerias de posteiros e a terrível engrenagem da escravidão.

A fazenda São José ainda preserva a sua Atafona, engenho de farinha de mandioca e polvilho, de goma e tapioca do século 19. Suas engrenagens realimentam o imaginário do mundo real em que o Rio Grande se assenta, a espacialidade que ainda se encontra na névoa da laudação identitária sulina, nas práticas da convivência social, na proclamação dos direitos. Está ali o mundo escravocrata, o negro supliciado, as famílias de cativos arranchadas, os grilhões em nossas consciências, o compasso dos bois tafoneiros na memória perversa do ufanismo.

A Fazenda da Tafona é o semióforo para imergir no mundo escravocrata, que moldou a oligarquia através da mais bárbara forma de exploração do trabalho e desumana organização social. Seu espaço estimula a imaginação. As engrenagens do engenho são condutos para entender a senzala, o suplício das atividades, a realidade como barbárie, os humanos escravizados consumidos como a lenha que gerava o fogo que desidratava a mandioca moída e a transforma em farinha. Aperta nosso passado como prensa a mandioca ralada, cuja calda fermentada decantava o polvilho e a goma, magias alvas da invenção produtivas para escrever nossa história.

A exemplo de muitos latifúndios formados na Colônia e no Império, as sucessivas heranças retalharam a fazenda São José em diversas propriedades. Poderia ter sido preservado somente o aspecto poético e aprazível de um ambiente rural-bucólico que já não depende mais de sua produtividade. Entretanto, por capricho do destino, dedicação, consciência afetiva e republicana das últimas gerações, a sede e a tafona foram preservadas e transformadas nesse lugar que nos mergulha no passado para compreender o presente e desafiar o futuro. O esforço contemporâneo para manter a Fazenda da Tafona como lugar de memória pela materialidade das engrenagens e pela documentação histórica preserva também a sensibilidade humana e a responsabilidade histórica das pessoas envolvidas no projeto. Fazer uma imersão nela, compreender seu espectro histórico e social, eleva e potencializa a consciência para entender e preparar-se para “lidar” com os entulhos da escravidão que insistem em sobreviver no capitalismo.

Fazer uma imersão na Fazenda da Tafona é alargar o conhecimento da nossa história e a possibilidade de sensibilização sob paradigmas humanos que podem incidir em nosso tempo. Essa possibilidade está ofertada ao público com o seu tombamento como patrimônio histórico de Cachoeira do Sul e do Estado do Rio Grande do Sul, e o seu espaço passa a ser aberto à visitação a partir de 27 de maio.

Saiba mais

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Fé na estrada: um passeio pelas capelas da região de Forqueta, em Caxias do Sul

O nome é Roteiros de Fé, mas não precisa ser um peregrino para fazer um passeio pelas capelas históricas de Forqueta, que permite testemunhar a importância da religiosidade dos imigrantes italianos que chegaram à região no final do século 19. Pode ser a capela mais antiga de Caxias do Sul, erguida em 1880 , ou uma das mais recentes, da década de 1970, o certo é que no seu entorno vão estar recortes da vida simples que ainda é vivida a alguns quilômetros do centro urbano, convite quase irresistível a desacelerar num dia em que nos permitimos o merecido descanso.

A iniciativa de elaborar quatro breves roteiros pelas localidades que circundam o bairro mais italiano de Caxias foi da Varsóvia Educação e Cultura, do produtor cultural Robinson Cabral, que no final do ano passado lançou a websérie documental “Capelas de Forqueta”, em parceria com o Ponto de Cultura Costurando Sonhos. Com duração média de 15 minutos, os vídeos mostram 14 capelas pertencentes à Paróquia de Santo Antônio, e a apresentação é ilustrada com relatos de moradores sobre a história, as características e os costumes de cada uma dessas comunidades que tem nelas mais do que um espaço para professar a fé, mas também para reforçar seus vínculos sociais. Afinal, é ao redor das capelas centenárias que estão os campos de futebol, as canchas de bocha, os cemitérios, parquinhos infantis e os salões onde são organizados os almoços, festas e bailes, nos quais muitas vezes se arrecada o dinheiro necessário para a manutenção dos espaços religiosos.

A partir desta imersão, Robison e equipe criaram as sugestões de roteiros que se pode fazer em poucas horas, propícios para um dia de verão. São caminhos para ser percorridos de carro ou de bicicleta, sozinho ou em família, preferencialmente sem pressa para melhor apreciar não apenas os templos, mas também belezas escondidas no caminho de um a outro, que podem ser um antigo capitel à beira da estrada, um casarão abandonado distante na paisagem, ou uma casa simples de onde sai a fumaça do fogão a lenha – mesmo num dia quente de verão.

EDIFICAÇÕES CENTENÁRIAS

Um destes roteiros leva à capela mais antiga de Caxias, construída em São Virgílio da 2ª Légua em 1880 –apenas cinco anos após a chegada dos primeiros italianos. A oito quilômetros de Forqueta e a 12 quilômetros da área central do município, a edificação conserva suas características originais, com pedras argamassadas em barro e belos vitrais, e mira a localidade de seu ponto mais alto, oferecendo uma deslumbrante vista 360º. Uma noite por mês é celebrada uma missa na capela, e nessas ocasiões é possível ver também como a parte interna do espaço é preservada com devoção.

Erguida apenas seis anos depois de São Vigílio, a capela de São Martinho da 2ª Légua, de 1896, remete a um cenário de novela de época, com a vantagem de que ali vive uma comunidade de verdade, que gosta de celebrar a vida em encontros que têm como prato principal a fortaia, delícia típica da culinária italiana. O cardápio das festas comunitárias, no entanto vai além: tem sopa de agnoline, risoto, costela de porco, galeto e churrasco com maionese, tudo isso regado a vinho colonial ou suco de uva.

Na sequência deste percurso sugerido ficam as capelas de Menino Deus, de 1890, e de São João Batista, de 1925. Separadas por 3 quilômetros, ambas são remotas e acessíveis apenas por uma estrada de chão que deve ser percorrida com cuidado redobrado, devido às curvas mais acentuadas e também ao tráfego de animais. Uma placa de madeira faz o alerta: “cuidado com as galinhas na pista”. A capela do Menino Deus tem como peculiaridade estar construída em parte sobre o território caxiense e outra parte sobre Farroupilha. O limite entre os municípios é indicado por uma placa, instalada entre a igreja e o cemitério.

Já em frente à capela de São João Batista, uma cruz em pedra pintada de branco tem inscrita a frase “A paz é possível”. Nos fundos da capela está a cancha de bocha, onde o quadro negro revela, escrito com giz de cera, os placares das disputas entre as equipes das diversas comunidades que ali se encontram para o hobby mais tradicional da colônia, principalmente entre os homens.

É curioso notar como as capelas de Forqueta podem estar tão distantes no tempo e ao mesmo tempo tão próximas da geografia urbana. Para viajar mais de um século na história do município, não é preciso rodar mais do que 10 quilômetros ou 20 minutos e nem perder o sinal de internet. Trata-se um pedaço de história de Caxias do Sul que não precisa ser conservado num museu, pois ainda tem nos moradores dessas comunidades os seus zelosos curadores.

Outras capelas pelo caminho

Confira a seguir as demais capelas que estão documentadas na websérie As Capelas de Forqueta e que também integram os Roteiros de Fé sugeridos pelas equipes da Varsóvia Educação e Cultura e Ponto de Cultura Costurando Sonhos. A série está disponível no YouTube, no canal da Varsóvia, e também em https://sites.google.com/view/ascapelasdeforqueta, onde também é possível acessar fotos, ficha técnica e as músicas que compõem a trilha original da série, compostas pelo acordeonista Rafa De Boni. O projeto conta com financiamento da Lei de Incentivo à Cultura de Caxias do Sul (LIC Municipal).

Capela de Nossa Senhora de Loreto

É a maior localidade da região depois da sede de Forqueta. Datada de 1885, essa capela sofreu grandes alterações em sua arquitetura. O campanário, erguido totalmente em ferro, é o grande atrativo.

Capela de São Valentim

Cercada por vales e montanhas, a comunidade faz divisa com o município de Arroio do Ouro. O templo foi erguido em 1910.

Capela de São Cristóvão

A comunidade de São Cristóvão surgiu de uma dissidência entre os moradores de Santo Antônio do Cerro da Glória. Uma das mais recentes da região, a igreja foi construída em 1971.

Capela de Sto. Antônio do Cerro da Glória

Igreja e campanário foram construídos em madeira no ano de 1901. Chama a atenção em seu interior a imagem de Nossa Senhora da Glória, cuja devoção é herança portuguesa.

Capela de Nossa Senhora de Salete

Construída em 15 de agosto de 1945, foi reformada em 1985. Chamam a atenção o amplo salão de festas comunitário e a bela praça, que conta com três placas comemorativas. Pertence hoje ao município de Farroupilha.

Capela de São Peregrino

É a capela mais jovem e mais urbana de todas. Sua construção data de 1987. Localizada na região do Tirol, tem características que a diferem das outras, como não possuir um salão de festas e nem diretoria. As decisões são tomadas pela Paróquia de Santo Antônio da Forqueta. A tradição se iniciou em torno de um capitel que havia no local.

Capela Santos Anjos

Em 1885 foi organizada a capela de Santos Anjos. Inicialmente feita em madeira, sendo então erguido a seu lado um campanário de pedra. Foi reconstruída em alvenaria em 1949. Possui belos vitrais, é cercada por jardim, campo de futebol e pelo salão paroquial. Situada em local alto, domina um dos mais belos vales da região. Destaca-se pelo porte e arquitetura mais moderna.

Capela de São Roque

A igreja de São Roque foi construída em 1898. É a única de toda região cujo campanário fica na própria igreja, na parte frontal, acima da porta de entrada. Em um nicho, na parede frontal externa, há uma imagem de Santa Bárbara, a quem os moradores rezam para protegê-los dos temporais. Próximo à igreja, um capitel guarda a imagem de Santo Antônio.

Capela de Nossa Senhora das Graças

A comunidade de Nossa Senhora das Graças difere das demais. Todas ficam próximas umas das outras, no mesmo lado da RS-122, uma das estradas de acesso a Caxias do Sul. Nossa Senhora das Graças fica do lado oposto. Sua igreja foi fundada em 1958.

Capela de São José da Linha Feijó

A comunidade de São José da Linha Feijó, conhecida como Arranca Toco, foi fundada em 1935 e ainda não tem seu próprio templo. Os moradores contam com um salão de festa e uma raia para jogo de bocha. No interior do salão existe uma imagem de São José. É diante dela que são realizadas as celebrações religiosas.

Roteiros sugeridos (por proximidade geográfica ou afinidade histórica)

Roteiro 1

Capelas de São Vigílio, São Martinho, Menino Deus e São João

Roteiro 2

Nª Srª de Loreto, São Valentim, São Cristóvão e Cerro da Glória

Roteiro 3

Santos Anjos, São Roque e Nª Srª da Salete

Roteiro 4

São Peregrino, Nª Srª das Graças e São José de Linha Feijó











Capela de São Vigílio da 2ª Légua é a mais antiga de Caxias do Sul, construída em 1880 - Porthus Junior / Agencia RBS




Capela de São João Batista, de 1925 - Porthus Junior / Agencia RBS

Capela de São Martinho, erguida em 1886 - Porthus Junior / Agencia RBS

Capela de São Valentim - Varsóvia Educação e Cultura / Divulgação
Capela de Nossa Senhora de Salete, de 1945 - Saimon Fortuna / Divulgação

Capela de São Roque - Varsóvia Educação e Cultura / Divulgação

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Tesouro judeu da Segunda Guerra Mundial é encontrado durante reforma de casa na Polônia

Acredita-se que donos da casa, que provavelmente morreram no Holocausto, tenham escondido artefatos à época do conflito.

Por Associated Press

As autoridades da Polônia anunciaram na quarta-feira (11) a descoberta de quase 400 objetos que datam da Segunda Guerra Mundial durante a reforma de uma casa na cidade de Lódz, região central do país. Acredita-se que, à época do conflito, os donos da casa eram judeus e tenham escondido os artefatos.

Entre os achados estão menorás e chanuquiás (comumente utilizados em celebrações judaicas), talheres e itens de uso diário.

Krzysztof Hejmanowski, um inspetor da construtora Warbud, cuja equipe encontrou o tesouro, disse que os itens estavam embrulhados em jornais e guardados em uma caixa de madeira. As autoridades disseram que os objetos recuperados serão transferidos para o Museu de Arqueologia da cidade.

O endereço onde os objetos foram encontrados, na Rua Polnocna, 23, ficava fora do perímetro do Gueto de Litzmannstadt, que era na região. Os alemães nazistas estabeleceram o bairro em Lódz em fevereiro de 1940 e, até agosto de 1944, a vizinhança abrigou cerca de 200 mil judeus de toda a Europa. A maioria morreu lá ou em campos de concentração.

Uma funcionária da Administração Municipal de Investimentos, Małgorzata Loeffler, disse que os itens e sua história despertam “emoção e profunda reflexão sobre o fato de que não estamos sozinhos, que deixamos algo para trás”.

Fonte: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/01/12/tesouro-judeu-da-segunda-guerra-mundial-e-encontrado-durante-reforma-de-casa-na-polonia.ghtml



Krzysztof Hejmanowski (esquerda), inspetor da construtora Warbud, e Bartlomiej Gwozdz (direita), arqueólogo, posam para uma fotografia com objetos da Segunda Guerra Mundial, em Lódz, Polônia, quarta-feira, 11 de janeiro de 2023 — Foto: AP Photo/Rafal Niedzielski