segunda-feira, 29 de abril de 2013

Semana Nacional de Museus será realizada em Sergipe

Nos dias 13 e 19 de maio, os sergipanos vão poder conferir várias exposições que vão estar espalhadas por unidades museais em várias cidades do Estado, entre elas, Aracaju, São Cristóvão, Laranjeiras, Itabaiana e Boquim.

“Estas exposições são atrativos a mais da Semana Nacional de Museus, afinal, através delas apresentamos ao público as obras que compõe os acervos dos museus do Estado. Além disso, as exposições temporárias atraem para os museus um público diferenciado e até mesmo de outras cidades”, destaca a coordenadora de museus da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Sayonara Viana.

Cronograma de exposições
Durante a cerimônia de abertura do evento, no dia 13 de maio, às 9h, no Memorial do Poder Judiciário, será aberta também a exposição “Alegrai-vos sergipanos”: festas e celebrações nos acervos sergipanos. Já no segundo dia de atividades da Semana de Museus, 14 de maio, às 9h, acontecerá no Memorial Raimundo Fonseca, na cidade de Boquim, a abertura da exposição ‘Hermes Fontes: Patrimônio Cultural de Boquim além fronteiras’. Neste mesmo dia, às 11h, o Museu de Arte Sacra de Laranjeiras abriga a mostra ‘Corações em Festa’, sobre a procissão do Sagrado Coração de Jesus.

A programação de exposições segue na sexta-feira, 17 de maio, com a abertura da exposição ‘Um museu, uma coleção’, no Museu Histórico de Sergipe, às 10h, na cidade de São Cristóvão. Na ocasião será lançado também um catálogo que retrata essas peças que fazem parte da coleção de Jenner Augusto.

Além de exposições de telas e objetos, estará presente também, uma mostra fotográfica, intitulada “Um olhar poético sobre Itabaiana”, desenvolvida por estudantes da cidade, e que estará em cartaz a partir do dia 18 de maio, no Museu Artístico e Histórico de Itabaiana Antônio Nogueira.

Fonte: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/04/semana-nacional-de-museus-sera-realizada-em-sergipe.html 

















Museu Histório de Sergipe em São Cristóvão  (Foto: Joelma Gonçalves/G1)

Mais da metade dos bens tombados precisam de restauros em Campinas

Pelo menos 60% dos patrimônios tombados de Campinas permanecem com sinais de abandono e precisam de restaurações para serem considerados bem conservados. A constatação é do próprio Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), órgão responsável por identificar os bens culturais, analisar propostas de restauros e reformas, assim como vistoriar as obras. 
Segundo Daisy Ribeiro, historiadora e gestora do Condepacc, a situação precária dos monumentos e imóveis históricos na cidade decorre, além da falta de recursos financeiros na esfera pública, da ausência de uma cultura compartilhada pela comunidade para a preservação histórica. "Apesar de estar mudando agora, das pessoas estarem aprendendo a conservar essa valoração da história, a cultura de guardar os imóveis não é a mais habitual no Brasil", explica.
A cidade possui pelo menos 230 patrimônios tombados pelo conselho municipal, entre imóveis, conjuntos arquitetônicos, igrejas, prédios institucionais e áreas de preservação ambiental. Desses imóveis tombados, cerca de cem pertecem à iniciativa privada, segundo Daisy.

Exploração comercial
Um dos motivos pelos quais os prédios tombados que pertencem à iniciativa privada não estarem tão bem conservados quanto deveriam é a má gestão da isenção do Imposto sobre a Propriedade  Territorial e  Urbana (IPTU). Segundo Daisy, o benefício deveria ser utilizado para a manutenção dos imóveis. "Esse benefício faz parte da legislação municipal de prédios tombados. Mas isso é feito para que, com o dinheiro do imposto, o dono conserve o prédio", afirma.
A gestora do Condepacc explica que o fato do prédio ser tombado não impede que ele seja vendido, alugado ou utilizado comercialmente. Para Daisy, existem exemplos bem sucedidos da exploração comercial dos bens culturais, como o complexo de imóveis próximo à Estação Cultura, onde funcionam diversas lojas. "Quanto mais se usa corretamente, menos precisa de grandes intervenções", diz.

"O tombamento não é desapropriação. O governo só pode intervir no caso de uma extrema não conservação do local". Nesse caso, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas realiza vistorias para averiguar se o proprietário preserva o prédio. Se for avaliado que, por exemplo, uma reforma tenha descarecterizado a arquitetura do imóvel, a multa pode chegar a 50% do valor do bem cultural.

Critérios de seleção
Além do critério arquitetônico, o valor histórico e de utilidade social também são levados em conta. Segundo a coordenadora do Condepacc, um exemplo de seleção através desses critérios são os prédios da Vila Industrial, como o Curtume Cantúsio e os imóveis adjacentes. "Os conjuntos não tem uma arquitetura muito diferenciada, mas conta para a História como é que as pessoas viviam, como elas moravam. Eles revelam como era o cotidiano de uma época", afirma Daisy.
O próprio Centro de Convivência, que permanece fechado e sem previsão para reabertura por conta da falta de verbas para reforma, foi tombado pelo conselho municipal pelo critério de utilidade social. "É um tombamento pelo uso. Está na resolução que seja lá como ele for restautado, ele tem que ter um trabalho cultural e um teatro", explica.

Sem Convivência
Em março deste ano, o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB) afirmou que deseja transformar o teatro do Centro de Convivência em um espaço compartilhado com a Secretaria de Educação. Com isso, parte do orçamento da pasta seria utilizado para viabilizar a reforma do local. A gestão anterior chegou a calcular o custo da intervenção necessária para a reabertura em torno de R$ 50 milhões.
O teatro foi fechado em dezembro de 2011 por conta da precariedade estrutural. O espaço tinha goteiras, fiação elétrica exposta e a conclusão de técnicos da administração da época foi de que o local oferecia riscos aos frequentadores. No ano passado, a prefeitura chegou a gastar R$ 100 mil para reabrir o espaço por 40 dias para a Campanha de Popularização do Teatro.

Músicos com teto
Com o fechamento do teatro do Centro do Convivência, os músicos da Orquestra Sinfônica de Campinas permaneceram um ano e quatro meses sem uma sede fixa. No dia 15 de abril, a Prefeitura anunciou a reforma de um galpão que faz parte do conjunto de patrimônios tombados do Complexo Ferroviário de Campinas, para abrigar os músicos.
Até então o local, chamado Barracão de Lemos, era utilizado como depósito dos equipamentos das alegorias das escolas de samba e permanece com sinais de abandono. A reforma no valor de R$ 1 milhão será custeada por um grupo do setor financeiro e imobilário. 
Segundo a coordenadora do Condepacc, é sempre pior para o patrimônio histórico permanecer fechado e sem uso. "É a pior situação. Ele vai se deteriorando com tempo e, nesse sentido, perde sua caracterização própria e também o valor histórico", afirma. Daisy diz que a melhor opção é sempre manter atividades nos patrimônios tombados. No entanto, também não é garantia que haja conservação completa do local.

Memória abandonada
Um exemplo da má conservação dos prédios tombados que estão na ativa na cidade é o prédio onde funciona a Escola Estadual Carlos Gomes. Os alunos denunciaram a situação no começo do mês de abril em redes sociais e realizaram um abraço coletivo para reinvindicar melhoras.
O prédio de 110 anos, tombado pelos conselhos estadual e municipal de Degesa do Patrimônio Cultural e Histório, permanece com janelas quebradas e tem problema com alagamentos. Para tentar contornar a situação, a Fundação para o Desenvolvimento da Educação anunciou no dia 4 de abril a abertura de um processo de licitação com verba de R$ 4,5 milhões para restauração do prédio.
Segundo Daisy Ribeiro, outro prédio com atividades, mas que precisa de intervenções, é o Palácio dos Azulejos, onde fica o Museu da Imagem e do Som (MIS) de Campinas. A primeira fase do restauro já foi concluída, mas ela se limitou a limpeza e conservação básica da estrutura do prédio, segundo Daisy. "Todas as pinturas das paredes ainda não foram tratadas porque os recursos não eram possíveis", explica a coordenadora.
Além da recuperação da pintura original, o projeto prevê agregar uma sala de cinema no prédio e a realização de modificações para a acessibilidade do local. Segundo Daisy, o valor de aproximadamente R$ 2,5 milhões ainda não foi captado para que a segunda fase do restauro comece.
Na lista de prédios tombados que necessitam de intervenção de urgência está o Museu da Cidade, segundo Daisy. Ela afirma que o projeto para revitalizar o prédio inclui a revisão completa do telhado, bem como das estruturas elétrica e hidráulica. "A intervenção é urgente porque não pode fazer quase nenhuma atividade lá porque está muito precário e perigoso", afirma.
A última intervenção no imóvel ocorreu na metade do século XX. Após tanto tempo fechado, a deteriorização do local aumentou e o restauro deve contemplar também a preparação de uma área para acomodação de acervos históricos. Outro problema no prédio do Museu da Cidade é a depredação. Segundo Daisy, muitos tijolos do imóvel são quebrados pela população. "É uma questão de tempo mas também são as pessoas que ficam ali no redor e depredam", afirma.

Fonte: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2013/04/mais-da-metade-dos-bens-tombados-precisam-de-restauros-em-campinas.html 

















Prédios tombados, como Curtume, permanecem abandonados (Foto: Maurício Barbosa / G1 Campinas)
















Prédios tombados tornam-se lojas no Centro de
Campinas (Foto: Virgginia Laborão / G1 Campinas)

















Centro de Convivência foi fechado em 2010 por falta
de estrutura (Foto: Carlos Bassan / PMC)


   















Museu da Cidade precisa de intervenção com "urgência", diz gestora (Foto: Virgginia Laborão / G1 Campinas) 

Salvador (BA) – Beleza e abandono na Península de Itapagipe

Tão bela e tão abandonada. Esta é a sensação de inúmeros moradores, líderes comunitários e visitantes da península de Itapagipe. A região tem belezas naturais e patrimônio cultural que evidenciam seu forte potencial turístico, como a Ponta do Humaitá e a Igreja do Bonfim.
A Comissão de Articulação e Mobilização dos Moradores da Península de Itapagipe (Cammpi)  aponta diversos problemas, entre os quais alagamentos, insegurança, ocupação irregular e poluição sonora. Segundo lista da Superintendência de  Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom), feita no ano passado, três dos dez bairros mais barulhentos estão na região.

“Suburbanização” - Há também a poluição visual, expressada, dentre outras coisas, pela série de galpões abandonados em sua orla. “As duas requalificações que estão acontecendo são privadas: a ‘suburbanização’ e a redefinição do espaço”, criticou o antropólogo e morador Roberto Albergaria.
Para a escritora Cecy Ramos, que aos 79 anos é considerada uma “guardiã” de Itapagipe, o governo local não dá a importância devida à região. “O turismo só vai até o Bonfim. Mas, tem outras áreas bonitas”, afirma  dizendo-se uma eterna “encantada” por Itapagipe.
Para a Camppi, o ideal seria que até 2014 (ano da Copa e de muita visibilidade para a cidade) houvesse a real valorização das belezas naturais por meio da preservação sustentável. E também melhor gestão do espaço urbano, incluindo valorização de áreas degradadas. Após três tentativas de planejar a requalificação, rejeitadas pela população, o poder público  possui apenas planos de intervir pontualmente. O projeto mais ambicioso integra o plano de requalificação da orla da cidade, cujos detalhes ainda não foram revelados.
Para o arquiteto Paulo Ormindo, do jeito que está, Itapagipe foi transformada  em uma “extensão do porto e dos Alagados”, sendo urgente uma  requalificação. É necessário o poder público agir mais localmente, recuperando espaços públicos e retirando os contêineres dos galpões. “É uma atividade que não faz sentido em um bairro tradicionalmente residencial”, argumenta.
Proprietária de um dos empreendimentos considerados revitalizadores da área, a secretária municipal de Ordem Pública Rosemma Maluf acredita que a península possui uma série de potencialidades inexploradas e deve ter uma atenção maior do poder público.
“Itapagipe tem uma riqueza fantástica. Mas falta a presença do poder público. Se depender de mim, a região terá atenção especial”, afirma. Segundo ela, para que seja definido um plano de requalificação urbana no local, é necessário aguardar o modelo que será definido pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), atualmente sub judice. “A exploração do empresariado é bem-vinda, mas deve ser feita com critérios”, diz. Por Raíza Tourinho

Fonte da Notícia: http://defender.org.br/ 














Vista aérea da peníncula. Carlos Casaes | Ag. A TARDE

sexta-feira, 26 de abril de 2013

MP aciona Estado da PB e Iphaep por omissão com o patrimônio histórico

O Ministério Público da Paraíba ajuizou, na última quinta-feira (25), uma ação civil pública de obrigação de fazer contra o Estado da Paraíba e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep) para garantir a proteção do patrimônio social de João Pessoa. O procurador-geral do Estado, Gilberto Carneiro, informou que ainda não foi notificado.

A ação requer que a Justiça determine ao Estado e ao Iphaep a realização imediata de inventário - que deve ser concluído no prazo de seis meses - de todos os bens móveis, imóveis, artísticos e documentais que devem ser conservados e preservados como patrimônio da coletividade pelo seu valor histórico, artístico, arquitetônico, paisagístico e cultural.
 
Gilberto Carneiro explicou que vai aguardar a notificação para poder apresentar os argumentos do Governo e insistir que haja uma reunião, mediada pelo procurador-geral de Justiça, Oswaldo Trigueiro, envolvendo todos os órgãos. Essa reunião teria o objetivo de definir responsabilidades para vários setores.

“Fiquei supreso com a ação porque na semana passada eu protocolei um pedido para que houvesse essa reunião. Nós entendemos que a responsabilidade não é só do Estado. Inclusive, existe um convênio com a União firmado pelo município de João Pessoa, no âmbito da Semam [Secretaria do Meio Ambiente], que assegura a transferência de recursos para realizar esse inventário”, comentou o procurador, que questionou o porquê de apenas o Estado e o Iphaep terem sido mencionados na ação.

A ação também requer que a Justiça obrigue o Estado e o Iphaep a providenciarem as imediatas averbações junto aos Cartórios de Registro de Imóveis da cidade do tombamento de todos os bens, sejam eles protegidos por tombamento individual ou por tombamento da zona do Centro Histórico de João Pessoa.

Outra medida requerida pelo MP na Justiça é a condenação do Estado e do Iphaep por danos morais coletivos e a aplicação de multa pessoal ao governador do Estado.

Segundo o promotor de Justiça João Geraldo Barbosa, o patrimônio cultural e histórico, até hoje, não foram formalmente discriminados e identificados como bens culturais de interesse público pelo Estado, através de seu órgão técnico responsável, o Iphaep. Ele ainda acrescentou que esse patrimônio está sendo ameaçado pela omissão do poder público e pela especulação imobiliária, que vem se caracterizando como fator determinante para a ação irregular e ilegal de intervenções e reformas em bens imóveis protegidos.

O MP ainda destacou que, desde novembro do ano passado, a promotoria de Justiça vem dialogando com os órgãos competentes - como a Secretaria de Cultura do Estado, o Iphan (Instituto Nacional do Patrimônio Histórico) e Iphaep e a Coordenadoria de Proteção ao Patrimônio Cultural do Município de João Pessoa (Copac) – para encontrar uma solução administrativa para o abandono, a degradação e o descuido em que se encontra grande parte dos bens históricos e culturais da capital.

Audiências foram realizadas e recomendações expedidas para evitar a judicialização da questão. No entanto, a falta de ação dos gestores e a demora no atendimento às recomendações ministeriais motivaram a ação civil pública. “A ausência de proteção de um bem cultural extermina a memória e a identidade de épocas e de vidas porque as mesmas embasam e constroem a história das gerações passadas, presentes e futuras. Essa omissão serve para alienar povos e civilizações, pois a ação dos seus algozes preserva, apenas, os seus interesses e não os da coletividade”, argumentou o promotor de Justiça.

Fonte: http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2013/04/mp-aciona-estado-da-pb-e-iphaep-por-omissao-com-o-patrimonio-historico.html 

Comissão é criada e Hercílio Luz pode ser reaberta em julho de 2014

A Prefeitura de Florianópolis vai criar uma comissão técnica para se preparar para a reabertura da Ponte Hercílio Luz, prevista para 2014. O objetivo da comissão é elaborar um estudo de readequação do sistema viário da cidade. "A ponte foi fechada em 82. É um outro mundo", comentou o prefeito Cesar Souza Júnior, justificando a necessidade de readequações no sistema viário com a retomada do funcionamento da ponte.
De acordo com o governo do Estado, o objetivo é liberar a Ponte Hercílio Luz para o tráfego em julho e a reinauguração, com a conclusão das obras, em dezembro de 2014 Conforme a assessoria de imprensa, a previsão é iniciar a passagem de carros no local assim que for possível, para melhorar o trânsito na região. Porém, mesmo com a liberação em julho de 2014, as obras devem continuar até o fim do ano.
A criação da comissão foi discutida na tarde desta quinta-feira (25), em um encontro que reuniu representantes da Prefeitura e do Departamento Estadual de Infraestrutura (Deinfra). A comissão deve ser formada em até 60 dias e reunirá representantes das secretarias municipais de Obras, de Transportes, Mobilidade e Terminais e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SMDU); da Fundação Franklin Cascaes e do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF); do Deinfra e da Fundação Catarinense de Cultura, por parte do governo do Estado, e do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), do governo federal.
Ainda segundo Meller, a estimativa é que após a conclusão das obras passem pelo local 22 mil veículos por dia, sendo que 178 mil veículos trafegam nas pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos, diariamente.

Fonte: http://g1.globo.com/sc/santa-catarina/noticia/2013/04/comissao-para-preparar-reaberura-da-ponte-hercilio-luz-e-criada-em-sc.html 

















Por do sol na Avenida Beira-Mar Norte, com a Ponte Hercílio Luz, cartão postal da cidade (Foto: Carolina Lima/Divulgação)

Disputa e festa preservadas

Iphan conclui pesquisa documental para registrar bois-bumbás do Médio Amazonas como patrimônio cultural brasileiro

Mauro de Bias

Garantido ou Caprichoso? A famosa disputa que divide a cidade de Parintins e praticamente iguala bois a clubes de futebol está prestes a se tornar patrimônio cultural do Brasil. A Superintendência Regional do Iphan, no Amazonas, concluiu em janeiro a pesquisa documental do processo para registrar os bois-bumbás do Médio Amazonas como parte fundamental da cultura brasileira, e agora inicia a fase de registros audiovisuais. Também serão preservados os festejos de Manaus, Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Maués, Boa Vista do Ramos e Barreirinha.
Heloíza Araújo, superintendente substituta do Iphan-AM, explica que o objetivo é proteger as expressões culturais. “Essa manifestação artística ocorre em todo o território nacional. Só no Nordeste há 29 mil identificadas, mas apenas o bumba meu boi do Maranhão é registrado como patrimônio cultural. Por isso o interesse do Iphan em levantar informações do Médio Amazonas”, diz.
A origem das festas remete ao século XIX. O boi-bumbá apareceu na Amazônia com a chegada de cearenses e maranhenses durante o ciclo da borracha. “Vários costumes e tradições acabaram sendo filtrados e até mesmo adaptados para as circunstâncias encontradas aqui”, explica Heloíza.
Surgido no Nordeste, o bumba meu boi foi “exportado” para outras regiões com diferentes nomes. Na Amazônia – onde a festa ganhou destaque nacional – ele foi batizado de boi-bumbá. “As lendas amazônicas, a presença do indígena, tudo isso foi adicionado ao contexto do bumba meu boi”, acrescenta a superintendente.
Se hoje o Iphan pretende registrar o boi-bumbá como patrimônio cultural brasileiro, não se pode dizer que a festa tenha sido sempre bem recebida. No início, havia rejeição aos festejos, como explica o antropólogo e historiador Sérgio Ferretti. “As primeiras documentações eram sempre para reclamar do barulho, da desordem. Sempre algo negativo. Não se sabe exatamente como tudo começou, mas se sabe que já havia protestos desde o início”, conta.
Segundo o especialista, os bois ainda foram reprimidos pelo próprio poder público. “A festa era popular, tinha presença do negro, do pobre. Até os anos 1950 o boi nem podia se movimentar livremente pela cidade. Só era permitido em certas partes. Os governos os associavam à violência também”, analisa Ferretti.
A festa só começou a ganhar status positivo diante de outros setores da sociedade quando passou a ser valorizada por intelectuais e, principalmente, em função de gerar turismo e renda. “A partir dos anos 1960, os bois passaram a ser vistos como expressão da nossa identidade”, conta o pesquisador.
Agora o Iphan vai fazer diversos registros dos bois amazonenses. Fotos, vídeos, entrevistas com trabalhadores envolvidos nas festas e material iconográfico serão recolhidos ao longo do ano para montar o dossiê de registro como patrimônio cultural. O trabalho só deve ser concluído em 2014.

Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/disputa-e-festa-preservadas 





















Boi Mimoso / Reprodução

quinta-feira, 25 de abril de 2013

1º Ciclo de Palestas Cidades do Futuro - UFSC - Florianópolis - Santa Catarina





















Fontes: http://naui.ufsc.br/2013/04/18/ciclo-de-palestras-cidades-do-futuro/

http://iphansc.blogspot.com.br/2013/04/1o-ciclo-de-palestras-cidades-do-futuro.html

São João Del-Rei (MG) – Bordados ajudam a revelar perfil do líder da Revolta da Chibata

A história pode ser contada na ponta da agulha. É o que atesta duas obras recuperadas em São João Del-Rei (MG). São toalhas bordadas por João Cândido, que liderou a Revolta da Chibata, quando diversos marinheiros se mobilizaram em 1910 contra os castigos corporais da Marinha brasileira. Os bordados, que faziam parte do acervo de um museu desativado, deverão passar por um processo de restauração com recursos do PAC das Cidades Históricas, programa coordenado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Os dois bordados chegaram à São João Del-Rei por intermédio de um cidadão local. Antônio Manuel de Sousa Guerra, membro do 51º Batalhão de Caçadores, foi convocado ao Rio de Janeiro para auxiliar no policiamento da cidade durante a Revolta da Chibata. Naquele tempo, eram comuns eventuais deslocamentos de contingentes para a então capital federal. Antônio Guerra acabou incorporado a um grupo encarregado da guarda dos marinheiros presos, encarcerados na Ilha das Cobras. Tendo acesso aos porões, ele iniciou uma amizade com João Cândido, que lhe ofereceu os bordados em troca do acesso aos jornais da época.
O historiador e professor da UFRJ, José Murilo de Carvalho, tomou conhecimento das relíquias em 1985 e publicou um artigo onde analisou de que forma elas contribuem para traçar um perfil do líder da Revolta da Chibata. Ele revela como ficou espantado com a descoberta: “João Cândido tinha a imagem de um marinheiro machão, alto e forte. Sua figura não combinava em nada com o hábito de bordar, que era encarado como uma prática feminina”.
Embora toscos, os bordados não são obra de quem se aventura pela primeira vez. “Os navios a vapor já existiam, mas esses marinheiros passaram por treinamento em embarcações a vela, de forma que eles teriam muita familiaridade em trabalhar com cordas e todo tipo de nós. Não é estranho imaginar que essa habilidade tenha alguma relação com o costume de bordar”, especula José Murilo de Carvalho. O historiador ressalta que era comum que os marinheiros buscassem passatempos diversos para preencher as horas de inatividade, a bordo de um navio.
Para o historiador, a descoberta dos bordados permite construir a imagem de um homem que não é aquele “brutamontes” mostrado pela literatura da Marinha. “De um lado, ele era vilipendiado pelo discurso oficial e, de outro, passou a ser exaltado e transformado num mito, sobretudo pelo movimento negro. Sua reputação ficou entre a calúnia e a mitificação. Os bordados permitem uma visão mais complexa e humana da figura de João Cândido”, finaliza.

As obras
Denominadas Amôr e Adeus do Marujo, as obras trazem temáticas distintas. A primeira traz um coração atravessado por uma espada, cercado por flores, borboletas e pássaros, remetendo a uma possível paixão. “Curioso é a forma como ele grafou amor, utilizando um acento circunflexo. Ele lia, mas o grau de alfabetização não era muito alto, o que justifica alguns erros de grafia”, diz José Murilo de Carvalho.
Segundo o historiador, o Adeus do Marujo é um tributo à amizade, mas traz um elemento interessante. Além do desenho, o marinheiro grafou na toalha as palavras ‘liberdade’ e ‘ordem’, conceitos que bem poderiam ser considerados antagônicos. “João Cândido ingressou na Marinha aos 15 anos e cresceu numa instituição militar onde prevalece a disciplina. Além disso, o lema republicano ‘ordem e progresso’ tinha forte influência entre os marinheiros. Mesmo após sua expulsão, João Cândido manteve um relacionamento sentimental com a instituição. Ele foi visto idoso se despedindo quando o navio Minas Gerais foi desligado. A liberdade, para ele, significava o direito a um tratamento que não fosse assemelhado aos escravos, como os próprios marinheiros diziam. Mas sem perder de vista a importância da disciplina”, explica José Murilo de Carvalho. Por Léo Rodrigues

Fonte: http://defender.org.br/2013/04/24/sao-joao-del-rei-mg-bordados-ajudam-a-revelar-perfil-do-lider-da-revolta-da-chibata/ 



















 
João Cândido, líder da Revolta da Chibata. (Domínio Público)

















Fotos: Luciano Oliveira – Secretaria de Cultura de São João Del-Rei.









































Olinda (PE): ameaça ao título de patrimônio

A cidade de Olinda, eleita há 30 anos Patrimônio Cultural da Humanidade, sofre a ameaça de perder o título. Um ofício constando irregularidades no processo de preservação e manutenção dos imóveis inseridos no perímetro de tombamento foi encaminhado pelo Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO) à Unesco, órgão responsável pela concessão da titulação, nesta semana. Baseado em um relatório de auditoria elaborado em 2006 pelo Tribunal de Contas e em avaliações posteriores feitas em 2009 e 2012, o documento evidencia modificações nas fachadas de sobrados, incluindo um utilizado pela prefeitura, sujeira e vandalismo em peças arquitetônicas do Sítio Histórico.
O ofício traz exemplos fotográficos da depredação e enumera 18 recomendações administrativas feitas há seis anos à administração municipal. Entre elas, a criação de indicadores de desempenho, integração entre as secretarias, disponibilização de uma estrutura técnica e operacional para atender a demandas de controle urbano e a incorporação de uma rotina de fiscalização do núcleo histórico da cidade. Do que foi pedido, aponta o MPCO, sequer metade foi cumprido.
A partir disso, a Unesco é questionada pelo órgão se Olinda pode deixar de ser patrimônio da humanidade. “Percebemos que o município só agia depois de denúncias. Além disso, não tem um plano de manutenção, aumentando o descaso”, explicou o procurador do MPCO Gustavo Massa. Segundo ele, não há um prazo para resposta da Unesco. Caso a organização acene a possibilidade de retirada do título, o ministério vai entrar com uma representação contra o município para a assinatura de um Termo de Ajustamento de Gestão para evitar a perda.

Investigação

Outro ofício também foi encaminhado ao Ministério Público Federal. “Estamos investigando se há omissão e se isso constitui um crime de improbidade”, detalhou Gustavo Massa. Na Bica do Rosário, no Bonsucesso, um dos locais utilizados como exemplo de depredação pelo órgão no relatório de 2012, o ornamento foi pintado e as pichações sumiram. Mas o lixo ainda toma conta da água. O imóvel número 216 do Pátio da Igreja do Amparo permanece com a fachada pintadas de laranja e verde e grade na parte externa. O sobrado 339 da Rua Prudente de Morais, no Carmo, conserva a garagem irregular.
A Prefeitura de Olinda foi procurada pelo Diario, mas não respondeu. O superintendente do Iphan, Frederico Almeida, declarou-se surpreso com a ação movida pelo MPCO. Segundo ele, a cidade está bem mais conservada hoje do que há 20 anos, quando houve uma ameaça real de perda do título de Patrimônio da Humanidade por conta da degradação do Sítio Histórico. “Olinda evoluiu bastante nos últimos anos. Recebeu cuidados, tem mais turistas. Não há nada que justifique a perda do título”, afirmou Almeida.

Saiba mais
1,4 quilômetros quadrados formam a área tombada do Sítio Histórico de Olinda
10,2 quilômetros quadrados foram a área de tombamento e seu entorno
3.305 imóveis fazem parte do Sítio Histórico de Olinda
82% são residenciais
18% são imóveis mistos (comércio + residência), apenas comerciais ou públicos
15 mil pessoas moram no Sítio Histórico 

Histórico de Olinda
- O Sítio Histórico corresponde a 4,7% da área total do município
- O Sítio Histórico de Olinda é considerado um Patrimônio Cultural da Humanidade desde 17 de dezembro de 1982
- Olinda foi a segunda cidade do Brasil a receber o título, após Ouro Preto (MG)
entrevista >> José Luiz da Mota Menezes, arquiteto e urbanista

“ A cidade precisa ser cuidada”

O que leva uma cidade a ser eleita patrimônio da humanidade?São considerados um conjunto de parâmetros, que envolvem volumetria dos imóveis, paisagem, arquitetura, capacidade de manutenção da características originais, entre outros. Para Olinda se candidatar, precisou ser considerada patrimônio federal primeiro. Em seguida, foi analisada a capacidade da cidade de manutenção desses parâmetros, que conferem ao visitante a sensação de estar novamente na época colonial.

Não é possível fazer modificações nos imóveis localizados no perímetro de tombamento?O título conferido pela Unesco não significa que o patrimônio precisa ser estático. A cidade se transforma, tem que evoluir. O que acontece é que numa cidade patrimônio as transformações precisam ser alvo de um controle muito grande. 

Você tem conhecimento de modificações desordenadas em Olinda?O que acontece em Olinda hoje é que muitos proprietários mudam as cores das fachadas, instalam gradis na parte externa dos imóveis. É um absurdo que poderia ser evitado e ainda pode ser corrigido.

É possível que a cidade  perca o título da Unesco?
Não é motivo pala Olinda perder o título. Não conheço nenhuma cidade onde isso tenha ocorrido. Agora, é preciso que os gestores cuidem para garantir a OLinda a  fruição estética e ao visitante a mesma emoção. Para isso, é preciso regulamentar, exigir. Se houver controle urbano, um bom gestor, é possível conciliar o moderno com o antigo e corrigir erros.

















Há 30 anos Patrimônio Cultural da Humanidade, Olinda sofre a ameaça de perder o título. Foto: Teresa Maia/DP/D.A Press/Arquivo 

Obras no Museu de Pará de Minas são retomadas após dois anos

Um dos símbolos da história de Pará de Minas, no Centro-Oeste do estado, está fechado há quase dois anos para reformas. É o museu histórico, que abriga não só obras de arte, mas também lembranças do que aconteceu desde a época do fundamento no século XVIII. As obras estão atrasadas e, com isso, os artistas da cidade ficam sem espaço para divulgar os trabalhos. De acordo com a diretora do museu, Monasita Aguiar, a previsão é de que a obra seja concluída em setembro, mês do aniversário da cidade.
Quem vê o patrimônio cultural de portas fechadas para o público não esconde a decepção. “É  uma perda enorme porque é um ponto de entretenimento, de lazer e cultura”, disse a atriz Monasita Aguiar.
O museu foi a primeira construção da cidade. Era a última parada de mineradores antes de chegar a Pitangui para explorar o ouro. Mas o local está há quase dois anos sem receber atividades devido a problemas como o atraso num processo de licitação. "Fazíamos todo o processo licitatório e no dia não aparecia empresa alguma, isso durante muito tempo. Somente no ano passado o contrato foi assinado em outubro e fizemos uma carta convite para um arquiteto, mas a mudança de administração culminou no atraso", explicou a diretora do museu, Ana Maria Campos.
Este ano algumas reformas já foram feitas. Como a troca do telhado e do forro de palha de bambu. Com o processo de licitação, a intenção é adaptar o local seguindo os padrões de acessibilidade. "Vamos fazer a transferência da recepção e uma rampa para receber essas pessoas. Os banheiros também serão reformados. Enfim, todo o prédio passará por uma reforma dentro dos padrões de acessibilidade", completou a diretora.
As obras devem começar ainda este mês. Enquanto isso, moradores do município, como João Batista, estão ansiosos para que isso aconteça rápido. Ele é artista plástico e quer voltar a frequentar o museu, que é a própria história da cidade. Segundo o artista plástico João Batista Leite, o local realmente faz muita falta.
E para não deixar as preciosidades culturais apenas entre quatro paredes, funcionários do museu têm levado a história para as escolas através de projetos. "Queremos dar a oportunidade para todos conhecerem esse acervo cultural de Pará de Minas", concluiu o secretário de Cultura de Pará de Minas, Luciano Pereira.

Fonte: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2013/04/obras-no-museu-de-para-de-minas-sao-retomadas-apos-dois-anos.html

  














Museu de Pará de Minas está fechado há dois anos
(Foto: Reprodução/TV Integração)

Capela São Salvador é declarada Patrimônio Histórico e Artístico de SE

Capela São Salvador, localizada no Calçadão entre as Ruas João Pessoa e Laranjeiras, no Centro Comercial de Aracaju, foi declarada Patrimônio Histórico e Artístico de Sergipe, após parecer técnico, elaborado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Nacional (IPHAN).
Em 10 de dezembro de 2012, o Governador do Estado de Sergipe declarou que é de interesse público a preservação da Capela São Salvador e que ficaria sob a proteção e a vigilância do Poder Público Estadual.
O Estado de Sergipe reconheceu o pedido formulado nos autos da Ação Civil Pública Declaratória de Valor Cultural ajuizada pela Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e Urbanismo em face do Estado de Sergipe, do Município de Aracaju e da Arquiocese de Aracaju.
Segundo a Promotoria do Ministério Público, a Capela possui valor histórico, simbólico, afetivo e arquitetônico para a comunidade aracajuana, devendo ser preservada para as futuras gerações.

Fonte: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2013/04/capela-sao-salvador-e-declarada-patrimonio-historico-e-artistico-de-se.html 
















Capela está localizada no calçadão do centro
comercial de Aracaju (Foto: Divulgação)

Escolas recebem recursos do MEC para ações de Educação Patrimonial

Já estão disponíveis as novas publicações da atividade de Educação Patrimonial. As Fichas e o Manual de Aplicação direcionados à realização do inventário pedagógico nas 313 escolas estaduais e municipais que aderiram neste ano à nova atividade são parte do Programa Mais Educação, do Ministério da Educação (MEC). As fichas para o inventário foram desenvolvidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) adaptando a metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais - INRC. As publicações estão em versão preliminar neste primeiro ano e ficarão disponíveis para download no site do IPHAN e do Mais Educação.
Além das publicações, o kit completo para realizar as atividades é composto por cinco máquinas fotográficas com a função filmagem; cinco gravadores de áudio digital (MP3); um HD externo; um tripé de câmera; fichas para o inventário impressas reunidas em fichários; cartucho colorido de impressora ou apoio para serviço de impressão; RS 1 mil como apoio para as saídas de campo; R$ 700 para produzir exposições, encontros, rodas de memória, mostras de filmes e outros documentos, a partir dos resultados do inventário.
O recurso chega às escolas via Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Além disso, o Programa Mais Educação está inserido no Plano Brasil Sem Miséria, ação prioritária do Governo Federal. O IPHAN participa da iniciativa atuando na implantação de políticas públicas de patrimônio cultural entendendo-as, também, como políticas sociais e de educação, tendo a cultura como importante eixo de desenvolvimento local.
A parceria entre IPHAN e MEC teve início em 2010 e se consolidou com a participação do Ministério no II Encontro Nacional de Educação Patrimonial (II ENEP), realizado em Ouro Preto (MG) em julho de 2011. A partir de então, a Educação Patrimonial passou a integrar o macro-campo Cultura e Artes do Programa Mais Educação.
Nos sites do IPHAN e do MEC está disponível o material de orientação para a realização do inventário e a utilização das fichas. Esse material pretende familiarizar o público escolar com conceitos importantes para o trabalho como, por exemplo, cultura, memória e identidade. O IPHAN irá disponibilizar também, na continuidade da parceria, um repertório de possíveis ações educativas ligadas ao tema.
O Programa Mais Educação envolve, atualmente, 30 mil escolas das redes municipais e estaduais e integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral. Essa estratégia promove a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores.
Trata-se da construção de uma iniciativa intersetorial entre as políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo, tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a valorização da diversidade cultural brasileira. Desta forma, há o reconhecimento de que a educação deve ser pensada para além dos muros da escola, e considerar a cidade, o bairro e os bens culturais como potencialmente educadores.
Fazem parte do programa o Ministério da Educação, o Ministério da Cultura, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério do Esporte, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Defesa e a Controladoria Geral da União.
Outras notícias sobre Educação Patrimonial no endereço: http://educacaopatrimonial.wordpress.com/

Fonte:  http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=17361&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia



quarta-feira, 24 de abril de 2013

Transiberiana: a mais longa ferrovia do mundo

Reportagem do Site História Viva, que reproduzo abaixo:

por Claude Mossé

Para aqueles que tiveram o privilégio de percorrê-lo, ele é bem mais do que uma experiência. Uma referência, um mito. Impossível esquecê-lo. Basta evocar o rolamento do caminho de ferro na imensidão siberiana – caleidoscópio de paisagens diversas – para despertar a curiosidade. A ferrovia mais longa do mundo – quase 10 mil quilômetros, um quarto da circunferência da Terra na altura do Equador – ainda inflama os espíritos.

Na taiga, entre as colinas e montes pelados, os complexos industriais do rio Ural ao lago Baikal – o mais profundo do planeta, localizado no sul da Sibéria – da Europa à Ásia, os vagões fora de moda repintados nas cores da Rússia pós-comunista oferecem um passeio ferroviário excepcional. No século XXI, essa linha de trem – cuja construção exigiu que florestas inteiras fossem abatidas, rios desviados, milhares de quilômetros de trilhos instalados e centenas de pontes construídas – ainda surpreende pelo gigantismo. Antes da ferrovia, para atravessar a Sibéria, utilizava-se o trakt, uma estrada de cascalho, mantida sob os cuidados de presidiários ou de mujiques, os exilados voluntários, para que os negociantes, militares e adversários banidos – tais como os dezembristas, os primeiros a se revoltar, em 1825, contra o regime czarista – não tivessem os ossos deslocados nas carroças ou trenós, a cada quilômetro.

Os pioneiros Quando se iniciaram as obras, em 1890, Anton Tchekhov, viajando pelo trakt com destino à Ilha Sacalina, escreveu: “Eis-me em Ecaterimburgo (onde, em 1918, foram executados o czar Nicolau II e sua família), eu tenho o pé direito na Europa e o esquerdo na Ásia”. Se viajasse na década seguinte, poderia ter chegado de trem. Foi o tempo gasto para a instalação de 10 mil quilômetros de trilhos. Engenheiros e operários pagaram caro para construir esse colosso em tão pouco tempo.

Tudo começou em 1867, depois que o Império Russo, em dificuldades financeiras por conta da Guerra da Crimeia (1853-1856), vendeu o Alasca para os EUA. O governo russo percebeu, que a Sibéria, terra selvagem e de exílio onde somente os negociantes de pele faziam fortuna, dispunha de riquezas ainda não exploradas, entre elas as enormes jazidas de ouro. Como transportá-las, se não fosse por ferrovia? Assim, nasceu a ideia da Transiberiana. Desde que o projeto da ferrovia se tornou conhecido, as sugestões se multiplicaram – algumas delirantes, como a de comboios puxados por cavalos, na falta de carvão para alimentar as locomotivas a vapor...

Iniciativa militar As autoridades czaristas compreenderam rapidamente a importância econômica e estratégica de um trem que ligasse Moscou a Vladivostok, a jovem cidade construída em frente ao Japão, rival histórico da Rússia. Após o conflito franco-prussiano de 1870, a diplomacia russa percebeu que, no caso de guerra com os japoneses, a ferrovia seria um meio eficaz para transportar as tropas – o que foi confirmado em 1904. Pode-se dizer que a Transiberiana foi, a princípio, construída por militares e para militares.

Em 1875, a publicação do romance Michel Strogoff , de Júlio Verne, apresenta as terras desconhecidas da Sibéria Oriental ao grande público. O entusiasmo foi tamanho que, de forma inesperada, os chineses, invejosos da publicidade dada a essa região, interromperam as exportações de chá para a Rússia. Fosse boiardo ou mujique, ninguém ficou indiferente a essa medida: um dia inteiro sem chá era tão insuportável que, na Transiberiana do século XXI, continua-se a dar mais atenção à manutenção do samovar – um em cada carro – do que à do eixos...

 Embora no final do século XIX, o trem existisse somente nos documentos do Comitê das linhas férreas, a colonização das terras aráveis siberianas se acelerou. As pressões sobre o czar Alexandre III se intensificaram. O barão Korf, governador da Sibéria Oriental, repete que, do lado de Vladivostok, a via férrea seria uma espécie de muralha contra toda e qualquer invasão chinesa ou japonesa. Seu filho, o czareviche Nicolau, reteve a lição. Num documento assinado de próprio punho e datado de 29 de março de 1891, ele sela o destino da Transiberiana – ignorando que, 27 anos mais tarde, ele faria, naquela ferrovia, sua última viagem.

Diante de um casebre de madeira, ele instalou em Vladivostok o primeiro trilho. Para Serguei de Witte, ministro das Finanças, tanto o ardor quanto a fé nessas obras tornaram-se uma necessidade. As responsabilidades eram enormes: definir um traçado, achar materiais, recrutar os operários, que precisariam ser alimentados e alojados e ainda trabalhariam em condições climáticas extremas. Primeira decisão: a construção deveria ocorrer, simultaneamente, em três grandes áreas. Uma dificuldade maior surgiu: a travessia do lago Baikal.

A Sibéria não dispunha de estaleiros navais. Os comboios atravessavam essa extensão de água, verdadeiro mar interior, numa barca construída na Inglaterra e enviada em peças isoladas pelos trechos da linha já finalizados. De vocação militar, no início, a ferrovia devia ser protegida. Daí, a ideia de expandir em 11 centímetros a largura dos trilhos, fixada na Europa e na Ásia a 1,52 metro.

Os construtores foram declarados “heróis da pátria”, uma homenagem modesta para quem sofreu tanto. Após um dia inteiro cavando, atulhando, instalando vigas e trilhos, os trabalhadores eram transportados em carroças pelo trakt, de volta aos casebres de madeira mofada dispostos por seções de 5 km, distância que eles deveriam percorrer em caso de neve, vento ou calor escaldante, e sob o ataque constante de mosquitos. O abastecimento de provisões, água potável – e vodca – era problemático. Fossem engenheiros ou operários, esses homens famintos podiam se transformar em animais selvagens, capazes de estrangular um camarada por uma simples migalha de pão.

Milhares ficaram cegos Algumas estelas ao longo do caminho lembram aos passageiros que ali ocorreram mortes, muitas mortes. O ministro Witte escreveu um relatório destinado ao czar, que se solidarizou, ordenando somente a substituição dos defuntos por novas levas de trabalhadores – ninguém na capital procurou criar um serviço de saúde. Entre as vítimas figuram milhares de operários que ficaram cegos por causa de picadas de insetos.

Após a morte de Alexandre III, em 1894, boiardos e mujiques imploraram para que Nicolau II interrompesse as obras. O Transiberiana talvez nunca tivesse sido concluída não fosse a contribuição do rico industrial belga Georges Nagelmackers. Inventor dos vagões-leito, sob a sigla Pullman, ele sugere a Witte o lançamento de um trem “confortável” e chega a oferecer de presente um vagão-igreja. As obras, não mais sob tutela militar, continuam. Gustav Eiffel, o pai da torre, sempre à procura de um bom negócio, propõe o fornecimento de todo o percurso de vigotas metálicas.


Continua o texto no link: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/transiberiana_a_mais_longa_ferrovia_do_mundo.html












Mapa da Transiberiana de 1897





















Para o ministro das Finanças Serguei Witte, ardor e fé eram fundamentais para uma obra tão monumental. Retrato do Ministro das Finanças e membro do Conselho de Estado Sergei Yulyevich Witte, óleo sobre tela, Ilya Repin, 1903

 

















Estação de Krasnoyarsk, na Rússia, em agosto de 2006