domingo, 26 de março de 2017

Obra em igreja histórica de Cuiabá (MT) está parada por impasse com o Iphan

Iphan afirma que a reforma não está adequada ao projeto original. Telhado da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito pode ceder.

Uma reforma no telhado da Igreja Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Centro de Cuiabá, foi embargada em dezembro de 2016 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por não estar adequada ao previsto no projeto que havia sido autorizado pelo órgão. Um novo projeto foi feito e a igreja espera autorização para dar continuidade à obra.
A ideia da reforma no salão de festas, onde funciona a cozinha da igreja, surgiu diante da ameaça de o telhado ceder a qualquer momento. Por causa disso, o uso do local foi proibido, como afirma o pároco da igreja, Marco Antônio de Oliveira.
“Nós solicitamos a vistoria por parte de engenheiros e disseram que o telhado estava condenado e então interditaram o local por segurança”, contou.
O pároco informou que, no lugar das telhas tradicionais e do madeiramento, a paróquia escolheu uma estrutura metálica por ter maior durabilidade. No entanto, outro detalhe apontado pelo Iphan durante a fiscalização da obra foi a falta de um beiral no telhado.
“Houve uma visita do Iphan e [os técnicos] se assustaram quando viram a altura das vigas de metal. Também olharam o projeto original e viram que faltava o beiral externo”, disse o pároco.
Com a cozinha sem telhado, quando chove o local fica exposto à umidade. A preocupação é que as paredes antigas possam ser danificadas e a reforma fique mais cara. “Não estamos recebendo nenhum centavo de ajuda para a realização da obra. Só não entendemos porque esse projeto está demorando tanto”, avaliou o padre.
A obra foi iniciada em outubro de 2016, no entanto, no mês de dezembro do mesmo ano o Iphan mandou parar, pois a reforma estava “fugindo” do que estava previsto no projeto original, segundo a superintendente do Iphan, Amélia Hirata.
“Foi apresentado um projeto de reforma simplificada e quando foi feita a verificação notamos que algo estava sendo diferente do aquilo que foi aprovado pela unidade”, disse.
A possibilidade de manter a estrutura metálica está sendo avaliada. “Ele já foi analisado. Tem um parecer favorável por parte do Iphan. Agora precisamos do restante dos encaminhamentos que ainda estão tramitando na unidade”, disse a superintendente.
A superintendente informou que o órgão está aguardando o fim dos trâmites internos do processo. A expectativa é que tudo fique pronto antes da tradicional festa de São Benedito, realizada todos os anos no mês de junho.

Fonte original da notícia: G1 MT
Igreja Nossa Senhora do Rosário passa por uma pequena reforma no telhado. (Foto: Carlos Palmeira/ G1)

sexta-feira, 17 de março de 2017

Como está a restauração da Igreja Nossa Senhora das Dores em Porto Alegre

No dia 26, aniversário de Porto Alegre, será apresentada estrutura que ficou quase meio século escondida em um sótão da construção.

A Igreja Nossa Senhora das Dores vai entregar um presente a Porto Alegre no dia 26, data do aniversário de 245 anos da cidade: a restauração do retábulo (estrutura afixada na parte posterior ou acima) do altar da capela suplementar, que ficou quase meio século escondido em um sótão, será apresentada à comunidade.
Nesta quinta-feira, em visita guiada à imprensa, os responsáveis pelo trabalho mostraram uma prévia da restauração. A estrutura, em homenagem a Santo Antônio Maria Claret, foi removida em 1968, após a transição da igreja de uma ordem religiosa para outra — dos Clarentianos para do Santíssimo Sacramento —, e encontrada em 2003, durante a revitalização da capela principal.
Especialista em bens integrados e responsável pelas restaurações, Susana Cardoso explica que o trabalho foi orientado por um critério preservacionista:
— Fazemos o mínimo de intervenção na obra original possível, preservando a originalidade.
Durante o preparo da capela suplementar para as intervenções, foi encontrada uma assinatura, que se supõe seja de alguém que trabalhou na remoção do retábulo original nos anos 1960. A partir daí, surgiu a ideia de assinar o projeto.
— Vamos colocar uma cápsula do tempo dentro do altar para que nosso trabalho fique registrado — conta Susana.
A restauração da igreja se iniciou em dezembro do ano passado e já teve o restauro do telhado concluído. Agora, falta a pintura do altar da capela principal, que tem 13 metros de altura, e está prevista para começar em julho. Essa fase do projeto também prevê a liberação de visitações às duas torres da igreja, que precisam de Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) para serem iniciadas — o plano está em fase de readequação e deve ser liberado até o fim do ano. Com 63 metros de altura, as torres oferecem uma vista panorâmica do centro da cidade.
A restauração foi aprovada em 2015 pela Lei de Incentivo a Cultura (LIC-RS) e recebeu apoio da Braskem, que investiu R$ 1,6 milhão no projeto. Segundo Lucas Volpatto, arquiteto responsável pelas obras, será necessário captar ainda R$ 2,5 milhões para colocar em prática a construção de um museu de arte sacra no local, que tem um acervo com mais de 2 mil itens sobre a história da edificação ao longo dos séculos — será o primeiro museu de arte sacra da Capital.
— A realização desse museu vai mesclar a história da Igreja das Dores com a história de Porto Alegre, que se cruzam em diversos momentos — relata Volpatto.
A Igreja Nossa Senhora das Dores é famosa pela escadaria de 62 degraus e pelos mistérios que a cercam. A lenda conta que um escravo que participava da construção, iniciada em 1807, foi acusado injustamente de roubo e condenado à forca, montada em frente ao local. Sentindo-se injustiçado, o escravo teria amaldiçoado a construção antes de morrer, afirmando que seu patrão (um dos patrocinadores da obra) jamais a veria concluída. Acredite em lendas ou não, a igreja levou 97 anos para ser finalizada.















Fotos: Isadora Neumann/Agência RBS

quinta-feira, 16 de março de 2017

Um presente antecipado para revitalizar o centro de Porto Alegre

A rede Lebes vai restaurar o prédio da antiga Guaspari, que terá três andares de loja e atrações gastronômicas, com previsão de abrir até julho

Por: Marta Sfredo

O aniversário é só na próxima semana, mas Porto Alegre já ganhou um belo presente: a direção das lojas Lebes, comandada por Otelmo Drebes (último à direita da foto abaixo) comunicou ao prefeito Nelson Marchezan que investirá R$ 8 milhões para restaurar o prédio da antiga Guaspari — na Avenida Borges de Medeiros, junto ao Largo Glênio Peres —, listado como patrimônio histórico. A intenção é ter a megaloja pronta até o final de julho. 
Além de ocupar três andares com suas atividades, resgatando um endereço tradicional do comércio da cidade, a Lebes vai chamar parceiros para transformar a área em um mall no Centro: o quarto piso está destinado a um restaurante que servirá até mil refeições no almoço, e a cobertura, com vista para um dos cartões postais, a prefeitura antiga, terá um café com terraço, como em toda cidade de autoestima elevada.
A rede de varejo com origem em São Jerônimo negocia há quase um ano com investidores que adquiriram o imóvel. Vai alugar o espaço por 15 anos. Principal imagem da janela da sala do prefeito, hoje o prédio é um retrato do Centro: deteriorado, cercado de sem-teto e sujo.
– Esperamos que sirva de estímulo a outros empresários para que também colaborem nessa revitalização – disse Drebes à coluna. 
O projeto está contratado com Evandro Eifler, arquiteto da Livraria do Globo. Entre os aspectos que já estão definidos, estão partes da fachada cobertas de vegetação, combinando com a cor do logotipo da empresa (confira imagem principal). A operação da Lebes vai representar 60 empregos diretos e outros 300 indiretos. Sobre a visita ao prefeito, Debres afirmou:
– Não fomos pedir nada, fomos contar o que estamos fazendo, que é importante para a cidade. Vamos organizar, limpar e iluminar aquela áreas, contribuindo para a segurança.

Foto: Reprodução / Divulgação





Foto: Cesar Lopes / Divulgação,prefeitura

terça-feira, 14 de março de 2017

Restauração da Torre Medieval de Cádiz: Atentado ou preservação do patrimônio?


  • Traduzido por Joanna Helm

  • Em 2011, após o colapso parcial da Torre Medieval do Castelo de Matrera em Villamartin, Cádiz (datado do século IX dC), decidiu-se finalizar a restauração do projeto, com o objetivo de controlar o risco de colapso total e evitar assim, a destruição dos poucos itens que ainda restavam.
    O desafio da execução do projeto de restauração ficou à cargo do arquiteto espanhol Carlos Quevedo Rojas, cujo projeto foi aprovado pela Junta da Andaluzia em conformidade com a Lei Andaluz de Patrimônio Histórico, que proíbe tentativas de reconstrução mimética e  que exige o uso de materiais que se diferenciem dos materiais originais da obra.
    Segundo o arquiteto: "Esta intervenção pretende atingir três objetivos básicos:  consolidar estruturalmente os elementos emergentes em risco; diferenciar a intervenção adicionada ao item original (evitando as reconstruções miméticas que são proibidas por Lei) e recuperar o volume, textura e tonalidade que tinha a torre originalmente. Sendo, portanto, uma realidade aparentemente antagônica, a essência do projeto não se destina a ser, portanto, uma imagem do futuro, mas sim um reflexo de seu próprio passado, de sua própria origem ".
    A controversa restauração não só gerou uma ampla discussão internacional sobre a restauração do patrimônio, mas será levada para a Comissão da Cultura do Parlamento de Andaluzia pelo grupo  Izquierda Unida, para ver se este era o resultado esperado pelo Ministério da Cultura. Por outro lado, o edifício que antigamente recebia visitas esporádicas hoje tornou-se a nova atração turística da região.
    Por que essa restauração tem causado tanta controvérsia? É realmente um "atentado patrimonial", como chamaram os meios de comunicação? Você acha que poderia ter sido feito de melhor maneira?
    O que você acha? Veja os comentários nas redes sociais, e deixe a sua opinião no final do post.
    (Atualização) À princípio o artigo  se mencionava que a restauração utilizava uma técnica baseada na anastilose. Segundo o autor, em Matrera foram reutilizadas pedras (calcárias) existentes para a construção dos contrafortes e volumes de consolidação, mas não foi re-definida cada pedra no seu lugar original, então não é exatamente um anastilose.














    Crédito das imagens: do site Archdaily