segunda-feira, 24 de maio de 2021

O Adeus ao Último Gigante da Arquitetura Brasileira

Á frente de obras como o Museu da Língua Portuguesa e a reforma da Pinacoteca, o urbanista é um dos grandes nomes da arquitetura mundial
Famoso por suas obras que já garantiram prêmios no mundo todo, bem como por sua filosofia sobre a arquitetura como ferramenta pública para a cidade, o arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha faleceu no dia 23 de maio, aos 92 anos de idade. Ele lidava com um câncer no pulmão e estava internado em São Paulo.
Condecorado por seu trabalho, Paulo Mendes da Rocha já recebeu prêmios como Leão de Ouro na Bienal de Veneza, Prêmio Imperial de Artes do Japão, Medalha de Ouro do RIBA e o Pritzker em 2006. Se você mora ou conhece São Paulo, com certeza já esbarrou em algum dos projetos do famoso arquiteto – apesar de já ter assinado projetos em outros estados e até foram do país.

Quem foi Paulo Mendes da Rocha?

Antes de apresentar suas obras mais conhecidas, é importante entender quem foi o urbanista e sua importância para a arquitetura no Brasil.
Apesar de seu vasto trabalho centralizado em São Paulo, Paulo Mendes da Rocha nasceu em Vitória, em 25 de outubro de 1928. Filho de pai engenheiro, isso o inspirou e deu uma visão mais abrangente sobre o papel da arquitetura e a sua relação com a geografia.
Em 1954, Mendes da Rocha se formou em Arquitetura e Urbanismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A partir de 1960, iniciou sua carreira acadêmica na FAU, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
Em sua trajetória, o arquiteto teve passagens como assistente de João Batista Vilanova Artigas e foi professor na universidade em que assumiu a cadeira de presidente do Instituto Brasileiro de Arquitetos.
A seguir, conheça algumas das mais importantes obras da carreira de Paulo Mendes da Rocha.

Sesc 24 de Maio

Com uma arquitetura bastante moderna que se destaca no centro urbano de São Paulo, entre as ruas 24 de Maio com a Dom José de Barros, o Sesc foi um projeto de Mendes da Rocha concluído em 2017.
O espaço é contemplado por um revestimento de cimento aparente que ocupa quase todo o prédio. Ah! E uma dica esperta para quem pretende conhecer o espaço é visitar o espelho d’água, que fica no andar inferior ao da piscina.
Com 15 cm de água, as pessoas podem se debruçar quando estiverem molhadas, sem que caia água na rua ou em quem transita pelo local.

Pinacoteca de São Paulo

Apesar de ter sido projetado no século XIX pelo arquiteto Ramos de Azevedo, o prédio passou por uma ampla reforma nos anos 90 feita por Mendes da Rocha.
A Pinacoteca, da forma como conhecemos hoje, tem uma influência grandiosa do estilo do arquiteto. Uma das manobras adotadas para o projeto foi a rotação do eixo principal de visitação por meio de um cruzamento sutil das pontes com os espaços vazios – como os pátios internos – o que contribuiu para uma relação mais profunda da edificação com a cidade.
A reforma garantiu ao arquiteto o Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura Latino-Americana, em 2000.

Museu dos Coches

Apesar da forte influência do brasileiro para a arquitetura paulistana, o seu trabalho não ficou restrito e o Museu dos Coches é um belo exemplo disso.
Localizado em Lisboa, Portugal, o museu conta com um pavilhão principal em que acontecem as exposições e um anexo com as partes administrativas e de lazer, como: recepção e administração, restaurante e auditório.
Novamente, vale exaltar o potencial minimalista das obras de Paulo Mendes da Rocha, que contemplam uma atmosfera em concreto simplista, mas com soluções funcionais de um bom projeto de urbanismo de caráter atemporal.

Museu da Língua Portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa teve as mãos e mente de Paulo Mendes da Rocha em sua criação. Sua influência arquitetônica tão influente foi inclusive preservada para a restituição do espaço após o incêndio que sofreu em 2015.
O local contava com amplo espaço para exposições e o investimento em tecnologia foi fundamental. Para o novo projeto, alguns conceitos discutidos na época em que Mendes assumiu voltam à tona e pretendem fazer bonito na reestruturação do espaço.
A previsão para reabertura do Museu para visitação é no dia 5 de julho deste ano.

Praça do Patriarca

O projeto Praça do Patriarca é uma verdadeira intervenção urbana localizado próximo ao Viaduto do Chá em São Paulo. O estilo futurista da construção contrasta com os prédios antigos do centro de São Paulo.
A passagem de pessoas acontece de forma fluida e livre. O projeto propõe uma verdadeira mudança no tráfego viário, bem como das paradas dos ônibus na região.

Casa Gerassi

Apesar de sua forte influência em arquitetura e urbanismo, Mendes da Rocha também se aventurou em projetos residenciais. A Casa Gerassi é um belíssimo exemplo disso.
A casa foi construída para um casal com duas filhas e utilizou uma estrutura pré-fabricada de concreto aramado, o que garantiu agilidade, modernidade e custo moderado ao resultado final do projeto.
No interior, o arquiteto investiu em móveis sofisticados, como uma poltrona de couro de alto padrão. Além disso, o espaço ficou bastante aberto, espaçoso e arejado para que os moradores tirassem máximo proveito da entrada de luz natural.

MuBE

O Museu Brasileiro da Escultura, localizado no Jardim Europa, em São Paulo, também foi uma obra contemplada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
O espaço surgiu por meio de uma iniciativa da associação de moradores do bairro que queria impedir a construção de um shopping no local – que consiste em uma construção integrada a um jardim projeto por Burle Marx.
A interferência de Mendes da Rocha é perceptível analisando a atmosfera contemporânea e o revestimento em cimento – uma verdadeira marca do arquiteto.











































Sesc 24 de Maio


















Pinacoteca de São Paulo























Museu dos Coches




















Museu da Língua Portuguesa



















Praça do Patriarca

















Casa Gerassi




















MuBE

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Rodoviária de Londrina, de Artigas, é tombada como Patrimônio Cultural do Brasil

Processo considerou principalmente o valor artístico da construção que, por sua vez, trata-se da primeira do arquiteto a ser tombada pelo Iphan

A antiga Rodoviária de Londrina (PR), de autoria do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, agora é Patrimônio Cultural do Brasil, mediante aprovação anunciada na última quarta-feira, 19 de maio, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – inédita obra do renomado profissional e expoente arquitetônico a ser tombada pelo órgão.

O processo de tombamento começou em 2009, a pedido da Superintendência do Iphan no Paraná. No ano seguinte, a prefeitura da cidade contratou um projeto de restauro, que teve sua primeira fase finalizada em 2019. O edifício, que abriga o Museu de Arte de Londrina há quase 30 anos, assim como sua área envoltória passam, portanto, a enquadrar-se como bens protegido por leis nacionais, a fim de que toda e qualquer intervenção seja previamente notificada e aprovada pelo órgão de tombamento nacional.

De acordo com o arquiteto e professor Eduardo Carlos Comas, relator do processo, “a razão principal para o tombamento é o valor artístico da obra. É um exemplar representativo do Artigas em uma fase em que ele está dialogando com a arquitetura carioca, especialmente com a influência de Oscar Niemeyer”. Depois dessa fase, Artigas viria a ser conhecido por sua Arquitetura Brutalista, influenciando grandes nomes como Paulo Mendes da Rocha.

Segundo o professor Comas, Londrina trouxa a Artigas uma grande oportunidade profissional. Junto de Carlos Cascaldi, sócio de Artigas, o arquiteto edificou diversas obras em uma ‘cidade nova’, que crescia impulsionada pela prosperidade das fazendas de café na região norte do Paraná. “Foi uma alavancagem na carreira dele”, relata Eduardo. A rodoviária, com sua fachada de vidro, funcionava como vitrine de Londrina aos recém-chegados desde 1948, ano de sua inauguração.

O presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU/PR), Milton Zanelatto Gonçalves, salienta que na ocasião da construção da Rodoviária, a expansão econômica de Londrina e do Norte do Paraná atraía migrantes de todo o Brasil, dispostos a desbravar uma terra que lhes prometia riquezas. “Desta maneira, o local passou a representar o momento da chegada, uma espécie de portal do Norte do Paraná. Os desbravadores que chegavam eram recebidos por um belo exemplar da Arquitetura Moderna brasileira”, frisa Milton.

Representante do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) no Conselho Consultivo do Iphan, o arquiteto Nivaldo Andrade destaca que o tombamento da Antiga Rodoviária ajuda a inserir Artigas “no lugar merecido” em se tratando de reconhecimento pelo conjunto de sua obra como Patrimônio Cultural Brasileiro, junto dos grandes Oscar Niemeyer, Lina Bo Bardi, Lucio Costa, Paulo Mendes da Rocha, e outros. “Ele é o grande representante da Escola Paulista de Arquitetura. Que outras obras de Artigas venham a ser tombadas, como a própria Faculdade de Arquitetura e Urbanismo USP”, afirma Nivaldo.

*Com informações do CAU/BR

Fonte: https://revistaprojeto.com.br/noticias/rodoviaria-de-londrina-de-artigas-e-tombada-como-patrimonio-cultural-do-brasil/




















Fonte das Imagens: do Site Projeto Design