segunda-feira, 18 de abril de 2016

Britânico descobre mansão romana de 1,5 mil anos enterrada no jardim

Uma obra no jardim de casa trouxe uma surpresa ao designer de tapetes Luke Irwin. Em fevereiro do ano passado, ele estava instalando cabos de eletricidade em seu sítio perto da vila de Tisbury, em Wiltshire, na Inglaterra, quando descobriu mosaicos perfeitamente conservados a cerca de meio metro de profundidade.
— Nós soubemos o significado no mesmo momento — disse Irwin, ao jornal britânico “The Guardian”. — Ninguém desde os romanos usaram mosaicos como chão de casa na Inglaterra. Felizmente, nós conseguimos parar os operários antes que eles começassem a quebrar a camada de mosaicos.
O designer contatou a Historic England, agência ligada ao governo que trabalha para a preservação do patrimônio histórico. Arqueólogos montaram um sítio no local e iniciaram as escavações. Com o desenvolvimento dos trabalhos, eles encontraram uma mansão de cerca de 1.500 metros quadrados. Os pesquisadores acreditam que a edificação foi construída entre os anos 175 e 220, mas ficou intocada desde o seu colapso, há cerca de 1.500 anos.
Além do mosaico e da estrutura da casa, foram encontrados diversos artefatos que ligam a construção aos romanos, como moedas, broches e um poço romano. Esses e outros vestígios, como conchas de ostras e ossos de animais indicam que os donos da propriedade, agora conhecida como “Deverill Villa”, eram extremamente ricos. Um caixão de criança, que Irwin usava como vaso para gerânios, também foi encontrado.
— Nós encontramos uma enorme gama de artefatos demonstrando quão luxuosa era a vida desta família de elite que vivia na vila — disse David Roberts, arqueólogo da Historic England, à BBC. — Claramente não é um acampamento doméstico comum.
As escavações duraram apenas oito dias. Segundo Roberts, a descoberta de uma mansão tão bem preservada, sem danos provocados pela agricultura por mais de 1.500 anos, “é sem paralelo nos anos recentes”. Pela larga escala e o nível de preservação, o sítio arqueológico pode ajudar na compreensão do período romano nas ilhas britânicas.
Segundo Irwin, as obras eram para levar energia elétrica ao celeiro, para que seus filhos pudessem jogar tênis de mesa. E os mosaicos serviram de inspiração para uma nova coleção de tapetes, que Irwin acaba de lançar.
— Você olha para um campo vazio em frente à sua casa e, há 1.500 anos existia ali uma casa enorme, talvez a maior de toda a Inglaterra — disse o designer.


Crédito das Imagens: do site

domingo, 3 de abril de 2016

Livro “Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial – 1567-2015” será lançado nesta quarta

Lançada pela primeira vez em 1998, quando teve os seus 3 mil exemplares esgotados rapidamente, a obra de referência “Rio de Janeiro: Centro Histórico Colonial – 1567-2015”, de Nireu Cavalcanti, ganha uma edição revisada e ampliada. Nesta quarta-feira (30), a partir das 17h, na Livraria da Travessa, da Rua Sete de Setembro, no Centro do Rio, a Andrea Jakobsson Estúdio Editorial fará o lançamento da segunda edição, que terá tiragem de mil exemplares, ao preço de R$ 90 cada um.
Entre as diferenças para a obra original estão a inclusão de logradouros e a atualização das fotos das edificações remanescentes e do mapa. De acordo com o autor, o mapa contendo a área urbana em 1808, quando a cidade recebeu a Corte portuguesa, está superposto a uma foto aérea atualizada, que inclui todas as transformações havidas até o ano passado.
“O livro resulta de anos de pesquisa sobre a cidade, para a tese de doutorado sobre o Rio de Janeiro setecentista. Fiz fichas dos logradouros com todos os nomes que surgiam em documentos primários e em livros sobre o Rio. Percebi a necessidade para os estudiosos da cidade de um livro tipo dicionário sobre os logradouros e edificações surgidos no período colonial da Cidade Maravilhosa. Como sou arquiteto e urbanista, busquei usar, além do recurso textual, as imagens iconográficas como ilustração do texto”, explica o alagoano Nireu Cavalcanti.
O livro pretende suprir a falta de uma fonte de consulta, objetiva e concisa, que reunisse os logradouros, ao longo de sua existência, desde seus nomes originais até os atuais. Faltava um livro que juntasse todas essas informações, ligando-as a uma linguagem gráfico-visual (mapa, por exemplo) de fácil leitura e identificação. O público-alvo que se busca com esta obra são os amantes da “Cidade Maravilhosa”, desde o mais refinado intelectual até o aluno do primeiro grau; do guia de turismo à dona de casa.
Trecho do livro sobre a origem dos nomes dos logradouros
“É importante entender como se originaram os diversos nomes dados aos logradouros classificados por nossos antepassados, segundo algumas características, de caminho, estrada, azinhaga, campo, paragens, sertão ou rocio, antes de passarem a ser denominados rua, beco, travessa, largo, praça ou praia. Houve um momento em que as autoridades e a população, percebendo as transformações ocorridas na via, passaram a enxergar um caminho como rua, ou um campo como praia e a transição que percorrera de espaço rural ou semi-rural para urbano.
A primeira denominação, em geral, consistia em mera descrição de sua situação em relação a outros logradouros, acidentes geográficos, edificações importantes, marcos referenciais da cidade, ou mesmo formato. Assim, a uma via perpendicular à orla marítima chamou-se “Desvio do mar” e àquela, no alto do morro, “Cume do sal”. Havia o “caminho que vai para a Ajuda” (igreja) e o “que vai da Ajuda para o Desterro”, bem como o “caminho dos Arcos” (aqueduto da Carioca), da Forca ou da Polé, do Boqueirão e as Ladeiras do Seminário ou do Poço do Porteiro, o Beco do Cotovelo, a denunciar que apresentava grande inflexão.
Com o passar do tempo, o logradouro adquiria o nome da edificação mais significativa que por acaso nele existisse ou, porventura, que a ele conduzisse. Assim, foram batizadas a Rua da Cadeia, do Aljube, da Ópera, do Guindaste, do Cemitério, do Rosário, da Alfândega, do Senhor dos Passos, do Bom Jesus, da Candelária, de São Pedro, do Açougue, do Quartel, de Bragança, de Santa Efigênia, da Boa Morte, Detrás do Carmo e Detrás do Hospício… Como se vê, são nomes que, em sua grande maioria, referem-se às igrejas já existentes nesses logradouros.
Também era comum o povo passar a chamar uma via escolhendo o nome de algum de seus moradores a partir da notoriedade social adquirida. É o caso, por exemplo, da Rua da Assembleia, que antes foi conhecida como a Rua do Padre Bento Cardoso, de Marcos da Costa ou de Manoel Ribeiro. O mesmo se deu com a atual Rua Buenos Aires, que fora do Padre Luiz Mattoso, do Teixeira, de Ascêncio Matoso e do Sebastião Ferrão.
As profissões ou tipo de comércio deram, igualmente, origem a nomes dos logradouros: Rua dos Pescadores, dos Latoeiros, dos Ourives, das Violas, da Quitanda, dos Escrivães, do Sabão, das Carnes-Secas, dos Madeireiros, dos Ferreiros, o Beco dos Barbeiros, o Beco do Azeite, a Praia dos Mineiros e a Praia do Peixe. Até mesmo um fato pitoresco ou marcante para a cidade que ocorrera numa determinada área poderia ser motivo para o batismo do logradouro: Matacavalos, Mataporcos, Quebra-Canela, Rua do Fogo, Rua dos Três Cegos, Rua da Fidalga, Campo dos Ciganos, Rua da Escorregadeira ou Rua do Sucussarará que, para alguns historiadores, advém do fato de ter ali residido um médico especialista em curar doenças do reto, mas, para o qual concorro com outras hipóteses no decorrer deste trabalho”.
Sobre o autor
Nascido em 12 de maio de 1944, na cidade alagoana de Olivença, Nireu Oliveira Cavalcanti é arquiteto, urbanista, doutor em História Social, com ênfase em História urbana, e especialista em Planejamento Urbano e Regional e em Metodologia do Ensino Superior. Como arquiteto é o responsável pelos projetos (partidos arquitetônicos) do “Centro de Estudos do Petróleo” para o Instituto de Geociências da UFF, em 2005, e do campus avançado da UFF, em Rio das Ostras (RJ), em 2004), e pelo projeto para o Laboratório de Conforto Ambiental e Eco Eficiência, da Escola de Arquitetura e Urbanismo, da UFF, também em 2005.
Ex-Diretor (entre 2003 e 2007) e atualmente professor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da UFF, Nireu tem entre seus livros publicados os seguintes títulos: “O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte” (Zahar, 2003, com reedição pela Biblioteca Rio450 – publicação oficial, em 2015); “Histórias de Conflitos no Rio de Janeiro colonial: da carta de Caminha ao contrabando de camisinha (1500-1807)” (Civilização Brasileira, 2013); “Arquitetos e engenheiros: sonho de entidade desde 1798” (Crea-RJ, 2007); “Crônicas históricas do Rio colonial” (Civilização Brasileira/Faperj, 2004); “Santa Cruz: uma paixão” (Relume Dumará/Prefeitura do Rio, 2003); “Rio de Janeiro centro histórico 1808-1998: Marcos da Colônia” (Anima/Dresdner Bank Brasil, 1998); “Construindo a violência urbana” (Madana, 1986), e “Casarão vermelho: centenário da construção do quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros, 1908-2008”, com Renata Santos (Casa da Palavra: CBMRJ, 2008).
Nireu Cavalcanti ficou com o primeiro lugar na 42a Premiação Anual do Instituto de Arquitetos do Brasil, em 2004, com o livro “O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da Corte”, e recebeu em 2003 moção de congratulações pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro “pela qualidade intelectual, gráfica e artística da (mesma) obra”. Ainda teve seu nome entre as personalidades que se destacaram no Rio de Janeiro, em 2003, segundo a revista “Veja Rio”, e foi indicado para o Prêmio Faz Diferença, do jornal “O Globo”, em 2012, na categoria Ciência e Saúde.
Fonte original da notícia: Jornal do Brasil
Lançamento de edição revisada e ampliada será nesta quarta-feira (30), na Travessa do Centro do Rio.

Igreja Nossa Senhora do Ó em Alagoas é entregue restaurada à comunidade

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) devolve à comunidade de Ipioca a Igreja Nossa Senhora do Ó restaurada. A obra executada por parceria entre o Iphan, a Prefeitura de Maceió e a Cúria Metropolitana, será entregue à comunidade em Missa Solene a ser celebrada pelo Arcebispo de Maceió, D. Antônio Muniz, neste domingo, dia 03 de abril, às 9 horas, no próprio templo.
A intervenção, nascida de forte demanda popular, traz um espaço não apenas com suas condições de uso retomadas, mas com um intenso revelar de elementos artísticos, arquitetônicos e históricos, que compõem as memórias e vivências do bairro e da cidade de Maceió. 
Bem tombado pelo Estado e protegido pelo Município, a igreja é importante exemplar da arquitetura religiosa da cidade, mantido pela população local por meio da preocupação em guardar partes desprendidas de significativos altares do século XIX. Com recursos do Ministério da Cultura, foram investidos mais de 1,5 milhão de reais em serviços que envolveram a restauração de todos os elementos artísticos em madeira integrados à sua arquitetura; de algumas imagens; de esquadrias e de assoalho de madeira no coro e na sacristia; de rebocos; da cantaria de pedra descoberta durante a obra; além da substituição completa da rede elétrica, instalação de forro e piso; de banheiros coletivos; de sistema de alarme; e de proteção contra descarga elétrica.
Durante a fase de restauração, o Iphan aplicou o conceito de obra aberta aos trabalhos na Igreja Nossa Senhora do Ó, deixando-a aberta à visitação mediante agendamento, e desenvolveu uma proposta continuada de Educação Patrimonial na localidade. De agosto de 2015 à fevereiro de 2016, o Instituto organizou uma série de atividades direcionadas, especialmente às escolas públicas vizinhas ao bem, convidando a comunidade a falar de patrimônio de forma lúdica e divertida, colorindo, brincando, fotografando, e contando histórias. 
A ação culminou, em setembro do 2015, no evento Mirando o Patrimônio: A gente quer ver o bairro como você vê – um grande evento a céu aberto, resultado de parceria entre o Iphan, o Município, a Universidade Federal de Alagoas, e a A4 Construtora –, e se encerrou com a montagem de exposições de produções de alunos na Escola Municipal Floriano Peixoto.
O Iphan considera de suma importância que a obra executada seja entendida numa perspectiva que ultrapasse o sentido estético e artístico desta edificação centenária, e compreenda os usos, apropriações e significações da comunidade para com o bem, ou seja, o sentido que liga a igreja à vida das pessoas. Foi dessa forma que se intencionou ao longo das obras provocar nos moradores a reflexão sobre o sentimento de pertencimento e identidade em relação à Igreja Nossa Senhora do Ó e ao bairro, e que, no momento de sua conclusão, ressalta-se o uso e atribuição de valores como determinantes à conservação de qualquer bem cultural.