terça-feira, 31 de julho de 2012

Restauração do Sobrado Simplício Dias é concluída em Parnaíba

A restauração do Sobrado Simplício Dias, em Parnaíba, no Piauí, está pronta. Realizada com recursos do PAC Cidades Históricas, a obra realizada em 20 meses de trabalho, marca a revitalização de um monumento de importância histórica e simbólica. A revitalização do imóvel do século XVIII se insere na meta do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em promover ações de conservação e restauração em bens de grande relevância para o conjunto protegido.
Com a instalação do museu Simplício Dias, do Arquivo Público Municipal e do escritório técnico do IPHAN-PI o sobrado passará a desempenhar também a sua função social. Além de prolongar a vida do monumento, a obra se caracteriza como um importante instrumento de consolidação da política de preservação do patrimônio cultural desenvolvido pelo governo federal.
O Sobrado Simplício Dias é consagrado pela população como um dos símbolos do poder econômico e do comércio de charque no século XVIII e é um dos ícones do patrimônio edificado da cidade.






sexta-feira, 27 de julho de 2012

Nos trilhos do imperador

Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará, que unia Petrópolis a Magé, deve ser reativada até 2016.

É fim do século XIX. D. Pedro II está em Magé – município da Baixada Fluminense que fica à beira da Baía de Guanabara – e embarca em um trem rumo a Petrópolis. Em menos de uma hora o imperador vai passar pela Mata Atlântica e chegar ao seu destino. A linha que o monarca usava para subir a serra em 1883 não existe mais. Desativada em 1964, a Estrada de Ferro Príncipe do Grão-Pará foi um símbolo de modernidade no Império.
Agora, quase 50 anos após sua desativação, a ferrovia está perto de voltar a transportar passageiros. O governo do estado do Rio de Janeiro e as prefeituras de Petrópolis e Magé assinaram um acordo para reativar a estrada de ferro, que vai de Raiz da Serra, em Magé, até a Cidade Imperial, um trecho de seis quilômetros. Os estudos de viabilidade devem começar neste trimestre e, considerando todo o trâmite burocrático e possíveis atrasos, o trem deve voltar a subir a serra em 2016. Com o projeto, que tem custo estimado de R$72 milhões, a via será eletrificada e conectada à malha urbana da SuperVia, empresa que opera os trens na Região Metropolitana fluminense. Assim, moradores da serra vão poder chegar à estação Barão de Mauá, ponto de partida do futuro trem-bala entre Rio e São Paulo, em uma hora e meia.
Antonio Pastori, presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, está animado com a chance de ver Petrópolis novamente conectada ao Rio de Janeiro pelos trilhos. Apesar da opção inicial do governo de usar composições turísticas, o pesquisador acredita que a demanda vai forçar a criação de um serviço regular de passageiros, especialmente para trabalhadores e estudantes que precisam enfrentar de três a quatro horas diárias de viagem e muito congestionamento até a capital para seguir com seus afazeres diários.
“Começa com o trem turístico para ir ajustando. A ideia é, depois, colocar um comercial, com viagens todo dia. Dez descendo e dez subindo. Trazer a ferrovia de volta é tão bom que se ficar só no turismo será um desperdício de uma oportunidade fantástica”, alerta Pastori. “Os turísticos são poucas viagens. À medida que a linha for se mostrando viável, vamos colocar um trem comercial funcionando todo dia”, diz ele, que faz parte do grupo de trabalho para a reimplantação da linha.
Carlos Gabriel Guimarães, professor de História da UFF, lembra que a ligação entre Petrópolis e o Rio de Janeiro foi muito importante para o transporte de pessoas e mercadorias no século XIX. “É bom lembrar que nessa região de Serra Acima foram cultivados tanto produtos de subsistência quanto café, porque você chega ao Vale do Rio Paraíba”, conta. “O que antes era feito por tropas de mulas passa a ser feito pelos trilhos”, completa o pesquisador. A previsão é que, uma vez iniciada, a obra fique pronta em menos de dois anos. A partir daí, os petropolitanos vão poder voltar a descer a serra desfrutando a paisagem da mata em uma viagem silenciosa, rápida e sem congestionamentos. Como fazia o imperador.

















Estrada de ferro Príncipe do Grão Pará 

Foto Marc Ferrez 1882

IPHAN lança novos livros sobre o patrimônio cultural brasileiro

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) está com 12 novas publicações disponíveis à população. O lançamento dos livros ocorreu na noite da última terça-feira, 24 de julho, com a presença da ministra da Cultura, Ana de Hollanda, e do presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida. O evento foi na sede do Instituo, em Brasília, quando os autores autografaram seus livros, que retratam o patrimônio cultural brasileiro.
As publicações integram o Projeto Editorial do Programa Monumenta/IPHAN, que desde 2006 já editou 66 títulos. São 11 linhas editoriais relacionadas às atividades de registro e valorização do patrimônio material e imaterial, bem como a projetos de restauração e recuperação de centros históricos e de geração de emprego e renda, principais objetivos do Programa Monumenta. Pelo e-mail publicacoes@iphan.gov.br é possível receber informações sobre as formas de aquisição dos livros.

As novas publicações
Passando a integrar a Coleção Grandes Obras e Intervenções, será lançado o livro A Matriz de Santo Antônio em Tiradentes, de Olinto Rodrigues dos Santos Filho. São 332 páginas que retratam a beleza arquitetônica e a excelência da talha no estilo barroco D. João V da Matriz de Santo Antônio, na cidade de Tiradentes em Minas Gerais. A publicação contém o resultado de pesquisa histórica realizada ao longo de vinte anos para desvendar aspectos históricos e artísticos da construção e as principais intervenções promovidas desde o século XIX.
Na mesma coleção, o IPHAN lança Os Passos de Congonhas e suas Restaurações, de Myriam Ribeiro de Oliveira. Em 268 páginas, o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, de Congonhas, em Minas Gerais, volta a exibir-se na plenitude de suas cores e formas. O Programa Monumenta contribuiu promovendo a completa restauração das seis capelas da rampa de acesso ao Santuário, das 74 esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, e da pintura das paredes internas que compõem os cenários de autoria do Mestre Athayde.
Na Coleção Roteiros do Patrimônio, a noite de autógrafos conta com quatro novas publicações. Varandas de São Luís – gradis e azulejos, o autor Olavo Pereira da Silva f., em 204 páginas, mais do que indicar roteiros de visita ao leitor, faz o registro das peculiaridades da arquitetura colonial que caracteriza a capital maranhense. Já em Igrejas e Conventos da Bahia, Maria Helena Flexor apresenta, em três volumes, os mais importantes conjuntos de igrejas e conventos baianos, evidenciando o histórico do estabelecimento das ordens religiosas, a religiosidade na Bahia e suas tradições e propondo roteiros de visitação aos mais significativos.
A publicação Barroco e Rococó nas Igrejas de São João del-Rei e Tiradentes, de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Olinto Rodrigues dos Santos Filho, traz em dois volumes o importante acervo do barroco e do rococó das igrejas de São João del-Rei e de Tiradentes, em Minas Gerais, bem como informações acerca da cultura e tradições religiosas do lugar. Em Barroco e Rococó nas Igrejas de Ouro Preto e Mariana, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Adalgisa Arantes Campos propõem aos visitantes de Ouro Preto e Mariana, também em Minas Gerais, um rico painel de seu acervo cultural. São dois volumes detalhando os aspectos mais importantes de seus monumentos religiosos, as características das obras dos grandes artistas do barroco e rococó e as celebrações ainda realizadas segundo práticas católicas tradicionais.
Integrando a Coleção Registro, o IPHAN apresenta a obra Arqueologia no Pelourinho, organizada por Rosana Najjar, para relatar o trabalho de pesquisa arqueológica na área da sétima etapa do Projeto de Recuperação do Centro Histórico de Salvador. Enquanto o Monumenta restaurava 76 imóveis, o IPHAN realizava a pesquisa arqueológica em 11 quarteirões daquele bairro do centro histórico

Intervenções Urbanas na Recuperação de Centros Históricos
de Nabil Bonduki, faz parte da Coleção Arquitetura. As suas 376 páginas retratam as questões, os desafios, os limites, as possíveis soluções para a gestão do território das cidades brasileiras e têm por objetivo oferecer um balanço das ações do Programa Monumenta.
Política de Preservação do Patrimônio Cultural no Brasil, de Paula Porta, com 344 páginas, busca avaliar em detalhe todas as ações desenvolvidas no campo da preservação do patrimônio cultural brasileiro na primeira década do século XXI. Também, oferecer uma base de dados consistente para o estabelecimento de novas políticas públicas nesse setor. 
Na série Cadernos de Memórias, serão lançados três volumes referentes ao projeto Mestres Artífices  em Pernambuco, Minas Gerais e Santa Catarina. A série busca o resgate, o inventário e a permanência de saberes, práticas e técnicas construtivas tradicionais. Os volumes dedicados aos mestres artífices identificam esses profissionais em diversas regiões do país e registram os conhecimentos que utilizam no desempenho de seu ofício.

Mais informações para a imprensa:
Assessoria de Comunicação IPHAN
comunicacao@iphan.gov.br
Adélia Soares – adelia.soares@iphan.gov.br
 (61) 2024-5476 / 2024-5477
www.iphan.gov.br | www.twitter.com/IphanGovBr
 
Fonte: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do;jsessionid=59E50311732E79EA5DA811B82918330E?id=16761&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia

Ponto de partida: o inventário de patrimônio cultural

Reproduzo aqui o excelente texto do amigo Jorge Luis Stocker Jr., do blog Die Zeit, sobre a importância do Inventário do Patrimônio Cultural!

Apesar de ainda extensamente maltratado, o nosso patrimônio cultural nunca esteve tão em evidência. Restaurações e projetos culturais diversos tem funcionado como uma forma de "educação patrimonial" involuntária, permitindo que aos poucos algumas comunidades percebam na prática a importância do patrimônio que conta sua própria trajetória, e com o qual convivem diariamente.
Este processo de valorização, que teve como propulsora a Constituição de 88 e recentemente, o Estatuto das Cidades, infelizmente não tem se dado de forma pacífica. Os poucos projetos de educação patrimonial, junto a alguns bons exemplos que tem pipocado nas mais longínquas comunidades, despertam a consciência em parcelas da sociedade civil. Devidamente sensibilizadas para a importância do patrimônio cultural, e eventualmente conscientes dos direitos coletivos e difusos que sobre ele pesam, essas comunidades têm unidos esforços em prol da manutenção de edificações históricas importantes para a identidade local.
Essa importância que é atribuída pela sociedade é a mais importante, por ser sincera e expontânea: trata-se do valor afetivo, que pode ou não estar acompanhado dos nosso reconhecidos valores histórico, artístico, etnográfico e afins.
O embate entre o interesse coletivo, que é autêntico interesse público, e alguns interesses individuais, tem gerado conflitos homéricos em dezenas de cidades. E este debate é interminável, e o desfecho de forma justa completamente impossível enquanto este não for direcionado para o foco correto.
A demonização de proprietários não tem se mostrado efetiva para a valorização do patrimônio cultural:
sem respaldo de incentivos municipais, de definição correta no Plano Diretor e sem sequer levantamento de valores e do que deve ser preservado, de fato em determinados casos o proprietário tem toda razão de sentir-se agredido. Infelizmente verificamos na prática a ampla utilização listagens incompletas e sem embasamento técnico, a ausência completa de critérios sérios para definição de valores e mesmo, deliberações arbitrárias por parte de conselhos para liberar demolições aqui e proibir acolá.
Porém, não podemos esquecer da importância do patrimônio cultural para a qualidade do meio urbano, para assegurar a identidade local e mesmo, como potencial econômico turístico para os municípios. Não podemos deixar de lado o DIREITO ao patrimônio cultural, amplamente assegurado na Constituição Federal e legislação brasileira. Não podemos "sufocar" a consciência que começa a surgir a favor da manutenção do patrimônio, desanimando-a permitindo a demolição de bens importantes e com os quais as comunidades nutrem vínculos afetivos.

A necessidade de um bom inventário
Falta-nos, e isto é muito geral, o "ponto de partida": a regulamentação da política de patrimônio municipal
, que venha em encontro das disposições constitucionais e consiga mediar os conflitos de interesses, sempre primando pela prevalência do que é interesse público sem perder o foco na viabilização da preservação.
A esmagadora maioria das cidades não tem um Inventário de Patrimônio Cultural.
Quando os tem, são desatualizados ou não estão devidamente dentro dos padrões do IPHAN. Muitas vezes são fichas soltas, e não estudos sérios derivados de ampla pesquisa bibliográfica, documental levantamentos in loco e entrevistas orais. Como cada cidade tem uma formação urbana diferente, cada local traz subsídios diferentes para a valorização de características importantes, que podem variar radicalmente entre si.
Os estudos de inventário não podem ser uma mera atividade de varredura nas ruas em busca do "pitoresco".  Incentivar este tipo de trabalho irresponsável infelizmente tem sido comum até por parte de alguns órgãos que deveriam zelar pelo patrimônio cultural brasileiro. Este fato mostra-se lamentável, uma vez que perde-se a oportunidade de fazer um estudo definitivo, perdendo-se na eterna discussão de valores que deriva de listagens mal embasadas.
Um estudo urbanístico multidisciplinar sério precisa necessariamente ser empreendido, para que se descubra o que de fato tem valor no contexto da cidade, e ainda para delimitar quais as áreas de interesse cultural possíveis, avaliadas não a partir de gostos individuais, mas de recorrências de fenestrações, alinhamentos, alturas, etc.
Não podemos esquecer, ainda, que um inventário como um documento de fichas "estáticas" é completamente ultrapassado. Para lidar com a dinâmica da cidade e da cultura, os inventários precisam estar em constante atualização, devem ser instrumentos digitais georreferenciados através de Sistema de Informação Geográficas, para potencializar seu uso no planejamento urbano, por parte dos Conselhos municipais e ainda por secretarias afins.
O inventário é um instrumento importante e deve ser levado a sério.
Ele define quais as edificações tem interesse para preservação e portanto, define boa parte do "futuro" da cidade. Por isto, não pode ser subestimado de forma irresponsável.

Além do inventário

A mera contratação de um inventário, no entanto, resolve apenas parte do impasse. Apesar de este definir com embasamento técnico e social o que é indispensável para a cidade, evitando algumas das constantes arbitrariedades que permeiam as decisões, ainda assim corre-se o risco de que o inventário seja uma proteção secreta, como um "tombamento brando".
No entanto, não podemos enxergar o inventário como uma forma de determinar a proteção e não vincular responsabilidades a todas as partes. Ou seja, ele não pode, ou não deveria significar o poder público "mandando preservar" e não dando caminhos. Ele pode e deve ser um instrumento forte de preservação e até prescindir do tombamento em determinados casos, porém, tudo deve estar devidamente regulamentado.
É preciso apresentar alternativas reais e viáveis para que o que foi definido para preservação seja, de fato, preservado. Do contrário, não será: nem mesmo o consagrado tombamento mostra-se efetivo quando distante da realidade e quando alternativas não são apresentadas. Por isso, apresentar caminhos através de fundos de auxílio, projetos coletivos de recuperação, busca de apoio, planejamento urbano favorável, enfim: a coisa precisa funcionar sozinha para que não crie ainda mais conflitos.
Encarar o tema de frente é preciso, viabilizando a completa regulamentação municipal do patrimônio cultural.  O caminho é longo, mas os direitos estão assegurados na Constituição e precisam ser contemplados, evitando eternas contendas. Mas antes de tudo, é preciso dar a partida: os municípios necessitam urgentemente um bom inventário do patrimônio cultural.

Jorge Luis Stocker Jr. 

Fonte: http://dzeit.blogspot.com.br/2012/07/ponto-de-partida-o-inventario-de.html














Fazenda da Lapa - Encruzilhada do Sul

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Chandigarh - A visão de cidade de Le Corbusier na Índia


Em 1951, o governo indiano convidou Le Corbusier (arquiteto franco-suiço), para trabalhar no projeto  de Chandigarh,  a nova capital do estado do Punjab, no norte do país. Le Corbusier criou o plano diretor, enquanto o projeto dos setores individuais e da maioria das edificações foi feita por terceiros. Todavia, Le Corbusier projetou os edifícios simbólicos do governo, que posicionou no terreno mais alto no cume do conjunto, tendo as majestosas bases do Himalaia mais além, de um modo que lembra a Acrópole de Atenas. Ele agrupou quatro edifícios importante em torno de uma grande praça cerimonial: o palácio do governador (não construído), o Edifício do Secretariado, o Edifício do Parlamento e o Palácio da Justiça.
Todas essas edificações mesclam a disciplina racional – tão evidente em suas primeiras obras – com a liberdade escultórica de seus projetos posteriores. O Edifício do Parlamento, por exemplo, tem planta baixa quase quadrada com fileiras sobrepostas de escritórios em duas laterais. A câmara legislativa é circular, localizada na base de um hiperbolóide truncado ( uma curva hiperbólica com rotação no eixo central) dotado de lanternins no topo para filtrar o forte sol indiano. O controle da luz era de grande importância, pois as sombras amenizam as altas temperaturas. Os brises foram projetados para introduzir luz solar indireta e emoldurar vistas. O concreto – material preferido de Le Corbusier – era bastante adequado para o contexto da Índia. Requer muita mão de obra – abundante no país -, mas sua produção é barata. Sua massa também ameniza os extremos climáticos.
Segundo  o relato da arquiteta Renata Semin em sua viagem a Chandigarh – no site Vitruvius – O projeto urbano da cidade é organizado através de um traçado viário ortogonal, com uma clara hierarquia de circulação e nas proporções de uma nova capital, com as superquadras na escala da vida cotidiana e familiar dos cidadãos. As unidades de vizinhança explicitam os princípios do movimento moderno e da nova condição política pós-colonial dos indianos. Os centros comercais (inner market) são mais atraentes e dinâmicos que em Brasília por terem mais andares com escritórios e com mais ruas internas que estacionamentos formando um conjunto muito movimentado por pedestres que percorrem  as galerias e as ruelas cheias de árvores.
No relato, Renata fala de sua chegada em frente ao conjunto de edifícios: Corte, Assembléia, Secretariado e a incrível “Mão Aberta”. Nas palavras da arquiteta – “Emocionada diante da compreensão da integridade da arquitetura: são edifícios lindíssimos, ,com a impressionante carga simbólica de uma nova era de liberdade para o povo indiano, explícita pela implantação, pelas proporções, pelo tratamento das superfícies – cores, volumes, quebrasois – e pelas tapeçarias do Le Corbusier. “
Em sua descrição do prédio da assembléia, Renata Semin fala das formas parabólicas hiperbólicas , dos espaços internos acessíveis com o maior requinte arquitetônico com as frestas de luz no concreto, os capitéis tocando no teto preto, as rampas e as proporções dos grandes volumes vazios no interior do tronco irregular de cilindro cheio de relevos coloridos. Marcas da arquitetura de um projetista visionário.
A grande Mão Aberta da praça é uma obra de arte e se move sutilmente com o vento, mesmo o material sendo de aço. Porém, a praça é quase inacessível a população, sendo usada mais pelos magistrados. A população desconhece  a escultura, seu significado e também o significado da praça como um todo, projetada para manifestações coletivas.
Hoje em dia Chandigarh encontra se perfeitamente adequada as exigências de uma cidade moderna, e a integração do povo com a cidade é feita de uma forma naturalíssima, e os dados estatísticos comprovam realmente que Chandigarh funciona, é das cidades mais ricas da Índia, com os menores índices de criminalidade. Corbusier projetou Chandigarh com vista para o futuro e hoje em dia é quase que uma cidade modelo, e isto levanta a seguinte questão, será que se deve projetar apenas tendo em vista o Presente, ou o Futuro?


FAZIO, Michael; MOFFETT,Marian; WODEHOUSE, Lawrence. A história da arquitetura mundial. 3ª edição. Porto Alegre, Bookman/McGrawHill, 2011, 616 p.
SEMIN, Renata. Chandigarh. O projeto visionário de Le Corbusier. Arquiteturismo, São Paulo, 06.064, Vitruvius, jun 2012 















Le Corbusier e a planta de Chandigarh















Planta de Chandigarh















Prédio da Assembléia
Foto Projeto Blog

 















Vista aérea do Prédio da Assembléia
Foto Renata Semin















Detalhe dos brises no Prédio da Assembléia
Foto Renata Semin

 













Fachada do edifício da Corte da Justiça
Foto Renata Semin 

















Detalhe do prédio da Assembléia
Foto Projeto Blog 





















A escultura da “Mão aberta”, de Le Corbusier
Foto Renata Semin 















Prédio da Secretaria
Foto Projeto Blog


Vídeo produzido pela USC School of Architecture (EUA), sobre Chandigarh

Casa portuguesa do século 19 é reformada e vira espaço contemporâneo

Reportagem da Revista Arquitetura & Construção da edição de Julho destaca o projeto de de reforma de uma casa portuguesa do Século 19.
Abaixo, a matéria da revista:

“Engraçado” não signifca a mesma coisa para brasileiros e portugueses. Do lado de lá do Atlântico, quer dizer gracioso, bonito. É exatamente assim esta casa na pacata Torres Vedras, nos arredores de Lisboa, pontuada de cores vivas e instalações com ar futurista – mas isso só descobre quem nela entra. Um dos primeiros ambientes à vista, a biblioteca, montada com MDF laqueado, remete a um cenário teatral. “A intenção é contrastar a nova linguagem com o espaço existente, respeitando-o, mas conseguindo ser lúdico e usar novas peças para alterar os usos da moradia”, explica o arquiteto Pedro Gadanho. O ferte com a arte tem suas razões: ele também é curador de Arquitetura Contemporânea do MoMA, de Nova York.
Na reforma, o arquiteto Pedro Gadanho recorreu a referências que permeiam sua eclética trajetória profssional. Buscou elementos tanto na fcção científca dos anos 60 e 70 (uma desuas paixões na adolescência), que se revela no design do banheiro-cápsula, quanto em modelos que representam hábitos antigos – caso da releitura da namoradeira junto à janela, peça comum em construções medievais e renascentistas. A recorrência a cores exuberantes também se justifca. Ele procurou fugir das regras da arquitetura minimalista, em que dominam branco, cinza e preto – para tanto, usou objetos que apenas pela cor têm certo impacto no que chama de “percepção psicológica” do espaço.

Fonte: http://casa.abril.com.br/materia/reforma-casa-portuguesa#5


















Escritório e Biblioteca ficam dentro de uma caixa verde





















"Namoradeira moderna" - cabine no final do corredor para acesso à janela do alto





















Banheiro cápsula

terça-feira, 24 de julho de 2012

Capela de São Miguel Arcanjo - Tesouro paulista

satisfeito com a transferência da Vila de Santo André da Borda do Campo para São Paulo de Piratininga, em 1560, Piquerobi, irmão do cacique Tibiriçá, guiou os índios guaianás para o leste. Deixando as imediações do Pátio do Colégio, o grupo instalou-se nas proximidades do rio Tietê, na região de Ururaí. A movimentação chamou a atenção da Companhia de Jesus, que, com medo de perder fiéis, deu ao padre José de Anchieta a missão de reencontrá-los. Assim começa a história da igreja mais antiga de São Paulo, que completou na última quarta-feira, 18 de julho, 390 anos.  A Capela de São Miguel Arcanjo, situada no distrito de São Miguel Paulista, foi construída em 1622, e hoje é tombada pelo patrimônio histórico a nível federal (Iphan), estadual (Condephaat) e municipal (Conpresp). Desde 2006, a igrejinha passa por um longo processo de restauro que já deu origem a um museu e à redescoberta de duas pinturas murais escondidas atrás dos altares. Segundo o gestor do lugar, Alexandre Galvão, essas imagens – avistadas pela primeira vez por volta de 1940 – formam o único registro remanescente desta arte do período colonial e revelam curiosidades a cerca da São Paulo daquela época.
“São as mais antigas do Brasil, datadas do século XVII, e apresentam elementos tanto cristãos quanto indígenas. São importantíssimas, pois nos mostram que o período colonial paulista não era pobre em elementos artísticos, como se acreditava, e também revelam que as igrejas neste período não eram brancas como estamos acostumados a ver, mas ricamente ornamentadas”, explica.

Do Vaticano para São Paulo
Incrustada no ponto mais alto em relação ao leito do Tietê, a capela de São Miguel, que permanece de pé, não representa a construção original de bambu e sapê levantada por padre José de Anchieta, ainda em 1560, tão logo alcançou os antigos discípulos guaianás em Ururaí. Desta primeira igreja restaram apenas informações documentadas em registros da Companhia de Jesus, descobertos no Vaticano pela historiadora Roseli Santaella, coordenadora da equipe responsável pela recuperação oficial da história local. O documento mais antigo é uma carta endereçada ao padre Diogo Lainez, de 12 de junho de 1561, trazendo elementos que ajudam a entender o desenvolvimento do povoado.
Sobre a existência de duas igrejas no mesmo local, mas em anos diferentes, Roseli explica: “Quando os jesuítas escolhiam um ponto pra iniciar um trabalho de evangelização, faziam uma construção rudimentar no local, mas com o tempo ela ia sendo modificada e melhorada. Estes documentos revelam a real antiguidade do bairro de São Miguel. As pessoas confundem o ano de construção da igreja, em 1622, com a fundação da aldeia, mas ela foi fundada em 1560 como um ponto de apoio ao Pátio do Colégio”.
Para abrigar estes achados, assim como toda a informação histórica e arquitetônica da capela e o acervo de artes sacras originais desde o século 16, seus administradores se viram obrigados a instalar o museu, em 2010. Mas quem pretende ver de perto as pinturas murais precisa se apressar, ou só encontrarão reproduções fotográficas. Segundo Galvão, as gravuras estão sendo cuidadosamente restauradas, mas quando o processo for concluído – o que deve acontecer em meados de novembro – elas serão “escondidas” novamente atrás dos altares.
“Esta é uma medida que tem como objetivo a sua conservação, as imagens só resistiram até os dias de hoje porque estavam protegidas pelos altares de madeira. Todos que têm visitado a capela durante a restauração são privilegiados com a oportunidade de observar as pinturas integralmente, o que dificilmente acontecerá nos próximos séculos”, conclui o gestor. A historiadora, no entanto, lamenta o fato. Segundo ela, é uma pena que as artes voltem a ficar longe das vistas de quem visita a velha igreja. “Foi uma batalha tão grande para restaurar a igreja e agora ela vai esconder o que tem de mais valioso”, diz.
Por volta de 1622, época em que a capela foi reconstruída, São Miguel era uma peça importante do sistema defensivo da Vila de São Paulo e sua posição geográfica facilitava o trabalho missionário dos jesuítas, servindo como polo de atração de outras tribos que ficavam espalhadas pela região. Passados 390 anos, hoje ela não só é um marco da presença jesuítica em São Paulo, como uma constante lembrança de suas origens.

Serviço
A Capela e o Museu de São Miguel Arcanjo ficam na Praça Padre Aleixo Monteiro Mafra, s/nº, em São Miguel Paulista.
Visitação: de quinta a sábado, das 10h às 12h e das 13h às 16h. Às quintas e sextas é preciso agendar visita pelo telefone (11) 2032-3921 ou pelo e-mail capela.visitacao@hotmail.com.
Ingressos: R$ 4,00.
Mais informações no blog capeladesaomiguelarcanjo.blogspot.




 

Niemeyer fará o projeto do Centro de Eventos do Rio Grande do Sul

O arquiteto Oscar Niemeyer foi escolhido para idealizar o novo Centro de Eventos do Rio Grande do Sul. O Governo do Estado e a Secretaria de Turismo confirmaram a participação do arquiteto na última sexta-feira (20), quando foi realizado o convite no Rio de Janeiro.O espaço para realização de congressos, seminários e espetáculos culturais será construído em uma área de 100 mil m², com capacidade para 10 mil pessoas em um auditório principal e outro secundário. O edifício também será dividido em dois pavilhões, com praça de alimentação e estacionamento.
O projeto prevê o uso de energias alternativas e o reaproveitamento da água. De acordo com o governo do Rio Grande do Sul, a obra será feita por meio de Parceria Público-Privada (PPP).
Ainda não foi definido o local de construção do Centro de Eventos, mas o governo estuda três possibilidades: o Morro Santa Tereza, a Doca Turística, próxima à Arena do Grêmio, e o Centro Vida, na Zona Norte de Porto Alegre.
Por Aline Rocha



 

Porto Alegre/RS – Revitalização do Centro Histórico

Parceria entre a Federasul e entidades da Capital promoverá diversas ações para qualificar a infraestrutura dos espaços públicos, em Porto Alegre. A ação integra o projeto Viva o Centro, criado em 2005 pela prefeitura, e o Dez Ações, da Federasul.
De acordo com o coordenador do projeto Viva o Centro, Glênio Bohrer, está sendo feita uma pesquisa com 600 pessoas para saber como deve ser o Mercado Público do futuro. “Nessa segunda-feira, conversamos com o prefeito de Porto Alegre para que ele também pudesse responder a pesquisa e discutir estratégias para esse importante espaço da Capital”, explicou Bohrer. Iluminação especial, recuperação de fachadas e calçadas, adoção de praças, qualificação da coleta seletiva também estão entre os projetos a serem desenvolvidos. O território de atuação está focado nas áreas no entorno das praças XV, da Alfândega e Otávio Rocha,na rua Sete de Setembro e na avenida Otávio Rocha.
As ações somam-se a projetos já em andamento no município, como o Minha Calçada, Porto Alegre Mais Luz e a qualificação da sinalização turística no Centro Histórico, além das revitalizações da Praça da Alfândega e da Praça XV.
Também participam dos projetos Câmara de Dirigentes e Lojistas, Sindilojas, Sindpoa, Ufrgs, Fecomércio e Senac.

Fonte: http://www.defender.org.br/porto-alegrers-revitalizacao-do-centro-historico/













Foto: Jefferson Bernardes

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Cidade Histórica de Paracatu - Minas Gerais

O interior do Brasil foi esquadrinhado pelos pecuaristas e pelos aventureiros durante todo o período colonial. Segundo o historiador Antônio de Oliveira Mello, a região Noroeste de Minas Gerais foi visitada, conhecida e perscrutada desde o final do século XVI. Ele reuniu indícios de que as bandeiras de Domingos Luis Grau (1586-1587), Antônio Macedo (1590), Domingos Rodrigues (1596), Domingos Fernandes (1599) e Nicolau Barreto (1602-1604), palmilharam esta região.
Em 1744 os bandeirantes Felisberto Caldeira Brant e José Rodrigues Frois comunicaram à coroa o descobrimento das minas do vale do Paracatu. Existem indícios de que o arraial já havia sido fundado muitos anos antes, pois a essa época já se tem conhecimento da existência de casas de morada e igrejas no local. Após essa descoberta, não surgiu no cenário das Gerais nenhuma nova região aurífera de importância. Portanto, “A última grande descoberta aurífera das Minas Gerais ocorreu no Vale do Rio Paracatu no início do século XVIII”.
A conquista da região vinha sendo estruturada há muitos anos. Em 1722, quando Tomás do Lago Medeiros recebeu a patente de Coronel de Paracatu, o direito de guardamoria e o privilégio de distribuição das datas de terras desta região, o ouro não havia sido descoberto, mas a região já era conhecida e havia a expectativa da descoberta de metais preciosos por ali.
Os cuidados que as prováveis regiões mineradoras mereciam das cortes portuguesas indicam a importância dessa atividade para a economia da época.
Descoberto o ouro, a atração exercida pela abundância com que este fluía de seus veios d’água contribuiu para o rápido crescimento do Arraial de São Luiz e Sant’Anna das Minas do Paracatu. Após período de grande crescimento, o arraial foi elevado a vila com o nome de Paracatu do Príncipe, em 1798, por um alvará de D. Maria (a louca).
A efêmera riqueza logo se dissipou e o declínio produtivo do ouro aluvial provocou a decadência econômica da vila. Dos tempos de glória, a cidade conservou duas igrejas construídas no século XVIII – tombadas pelo patrimônio histórico – que abrigam uma grande coleção de imagens sacras dos séculos XVIII e XIX.
A cidade retomou seu crescimento com base na agropecuária e viveu uma efervescência cultural no século XIX, da qual ainda hoje se orgulha. Desta época ainda existe um conjunto arquitetônico com características particulares e um interesse por todos os tipos de manifestações artísticas e culturais.
Em meados do século XX, com a construção de Brasília, a região tomou novo impulso e Paracatu beneficiou-se da sua situação às margens da BR 040. A transferência da capital federal para o interior do país já havia sido sugerida durante o período monárquico por José Bonifácio de Andrada, que apontou como ideal a localização da comarca de Paracatu. A modernidade chegou trazendo inúmeras transformações, que vão desde um incremento da economia até uma mudança de mentalidade que inclui novos valores, nova arquitetura e novo estilo de vida.
Paracatu conta hoje com uma agricultura altamente tecnificada, implantada em larga escala; com uma pecuária intensiva; uma exploração mineral das mais modernas do mundo; convivendo com uma exploração agrícola rudimentar de subsistência e uma pecuária extensiva. No campo da mineração, o antigo método do garimpo foi interditado.
A cidade se mantém como pólo irradiador de cultura, de tecnologia e de desenvolvimento dentro da região Noroeste de Minas Gerais e se orgulha de sua gente hospitaleira, laboriosa e da sua tradição artística e cultural.

Por Helen Ulhôa Pimentel

Fonte: http://arquiteturaeurbe.com/2012/07/23/paracatu/ 
















Fonte da Foto: http://redeccom.blogspot.com.br/2009_09_01_archive.html



















































quinta-feira, 19 de julho de 2012

Venâncio Aires/RS tomba três árvores para o patrimônio histórico

Comemorando o Dia Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural, foi assinado na útlima terça-feira, 17, o decreto que tomba para o patrimônio histórico e cultural do município três árvores que, até então, eram reconhecidas apenas pela beleza natural e também a história.
A figueira (Ficus organesis) de Linha Silva Tavares, a açoita-cavalo (Luehea divaricata), do Bairro Santa Tecla e a magnólia (Magnolia liliflora), localizada em Linha Erval Mirim, passam a ficar imunes ao corte. O decreto refere também que qualquer projeto arquitetônico previsto para os terrenos onde estão localizadas as árvores tombadas, deverá adequar-se à preservação das mesmas.
O tombamento foi comemorado pela presidente do Conselho Municipal de Cultura, Cloé Azambuja, que há anos estuda a história das três árvores. Ela destaca que a figueira, conhecida como Figueira Centenária já estava imune ao corte desde 2002, no governo do então prefeito Glauco Scherer.
Nos próximos dias, um ato simbólico deve marcar o tombamento deste patrimônio. Por meio de uma placa que será colocada em cada localidade, será possível identificar a espécie de árvore e a referência histórica junto às comunidades.
 














 
Imagem Divulgação