terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Restauro da Igreja de Ipioca (AL) recebe apoio do Iphan


Na região mais antiga de Maceió, bairro de Ipioca, que já foi um pequeno povoado, será restaurada a Igreja de Nossa Senhora do Ó. A iniciativa é uma parceria entre o poder municipal, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Ministério da Cultura (Minc). 
 
A partir do convênio firmado entre as instituições, a Ordem de Serviço da Restauração Arquitetônica já foi assinada para que a obra seja executada em 2015. Com recursos de mais R$ 1,5 milhões, destinados pelo Minc, estão previstos o restauro de todos os elementos construtivos tradicionais e elementos integrados à arquitetura de igreja, além de instalações elétricas e adaptações para acessibilidade, como rampas e plataforma elevatória.
 
A revitalização da Igreja recebeu o apoio da população local. Por isso, com a proposta de fortalecer o diálogo com a sociedade civil, o Instituto pretende usar o conceito de obra aberta ao público, que permite a participação direta da comunidade, possibilitando o acompanhamento e visitação durante o processo de reforma.   
 
O bairro de Ipioca, localizado na Zona Norte da capital alagoana, é datado de 1625. Já a Igreja de Nossa Senhora do Ó não tem uma origem certa, acredita-se que tenha sido construída no ano de 1785 e que tenha sofrido intervenções ornamentais no século XIX; outros atribuem sua construção aos colonizadores holandeses. Tombada, em âmbito estadual e municipal, a edificação possui uma importância paisagística e histórica para a população, preservando suas relações simbólicas e identitárias. 
 
Sua revitalização será um marco, nas comemorações de 200 anos da cidade de Maceió, em dezembro deste ano.


Fonte: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=18778&sigla=Noticia&retorno=detalheNoticia


Iphan-GO conclui obra de restauro da Casa Enxaimel, em Pilar de Goiás

Trabalhos permitem a preservação do imóvel, tombado como patrimônio cultural
No próximo dia 05 de fevereiro, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Goiás (Iphan-GO) entrega a obra de restauração e requalificação da Casa Enxaimel, em Pilar de Goiás. A residência está inserida no Conjunto Arquitetônico e Paisagístico tombado pela instituição desde 1954.
As obras, que tiveram investimento de cerca de um milhão de reais foram iniciadas em outubro de 2013. Além da restauração do edifício, os trabalhos também identificaram a pintura original da sanefa (um elemento artístico sobre a porta principal), que agora foi consolidada e reintegrada à residência. A Casa Enxaimel de Pilar de Goiás simboliza a preservação das casas setecentistas, construídas nos antigos arraiais e vilas de todo o Brasil, durante o período colonial. O imóvel possui pouco mais de 100m², mas suas características arquitetônicas revelam parte da rica história das cidades brasileiras que se formaram durante a corrida pelo ouro. 
Pensando na importância da casa como patrimônio cultural brasileiro, um de seus ambientes será reservado para a implementação de um espaço de memória, aberto à visitação. Os trabalhos realizados durante a obra também foram acompanhados por uma equipe de arqueologia, que identificou remanescentes do calçamento tradicional do Beco do Jogo de Bola, na esquina da casa. Esse trecho também foi aberto para a cidade, como um registro dos primeiros anos da ocupação de Pilar de Goiás.
A técnica construtiva de “enxaimel”, nome pelo qual ficou conhecido no Brasil o “half-timber”, consiste em uma estrutura de madeiras encaixadas, cujos vãos são preenchidos com tijolos ou taipa. Alguns estudiosos remontam a origem desta técnica ao período medieval, predominantemente na Alemanha, mas presente também em outros lugares da Europa. No Brasil, essas casas foram mais comuns em locais de colonização alemã, como na Região Sul. O exemplar da cidade de Pilar de Goiás tem características que a diferenciam das outras casas construídas na região durante o século XVIII. Nela, o madeiramento é disposto na forma de vários painéis “engradados”, com cada um dos vãos sendo preenchidos com alvenaria de pedra e medindo quase exatos 0,5m².
Participam da entrega representantes da Prefeitura de Pilar de Goiás, do Iphan, além do corpo técnico encarregado dos trabalhos no local. Na ocasião, um Manual de Conservação será entregue com as orientações necessárias para a adequada preservação do bem. Confira aqui o convite.
Crédito foto: Raquel Silva - Construtora Amazonas

Outras informações:
Superintendência do IPHAN em Goiás
Telefones: (62) 3224-6402/3224-1310 
Assessoria de Comunicação: Déborah Gouthier 


domingo, 25 de janeiro de 2015

Pirâmide mais antiga do Egito está sendo destruída por quem deveria restaurá-la



Ativistas temem que inexperiência da companhia em projetos do gênero possa estar causando danos irreversíveis à pirâmide de Djoser, que tem mais de 600 anos   

22/01/2015 - 09H01/ ATUALIZADO 09H0101 / POR ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA 

A primeira grande construção de pedra erguida pela humanidade pode estar ameaçada no Egito. Ao menos é o que defendem ativistas do movimento local Non-Stop Robberies: eles afirmam que a empresa Shurbagy, contratada pelo Ministério das Antiguidades egípcio para restaurar a pirâmide de Djoser (a mais antiga da história), não tem qualquer experiência neste tipo de projeto. E dizem mais – segundo o grupo, ao invés de fazer a reconstrução que prometeu, a companhia tem deteriorado ainda mais a estrutura que data do século 27 a.C. com técnicas controversas que contradizem todos os parâmetros internacionais de restauração.
“Tecnicamente, a empresa e os oficiais do Supremo Conselho de Antiguidades cometeram um verdadeiro crime”, disse o líder do movimento Amir Gamal ao Egypt Independent. “Novas paredes foram construídas na parte externa da pirâmide como se ela fosse uma estrutura moderna, o que se opõe aos padrões internacionais de restauração, que previnem contra a adição de mais de 5% de construção às antiguidades”, acrescentou. O ativista alerta que as novas obras estão acrescentando uma grande pressão às pedras calcárias já deterioradas, e que isso pode provocar uma catástrofe.
A pirâmide de Djoser, de 62 metros de altura, é formada por seis desníveis, ou “degraus”, e fica no complexo funerário de Saqqara, trinta quilômetros ao sul de Cairo. O túmulo do faraó de mesmo nome foi projetado por Imhotep, primeiro engenheiro da história. Além de sofrer com a ação do tempo, ela ainda foi severamente comprometida por um terremoto em 1992. De acordo com o Non-Stop Robberies, desde que a Shurbagy assumiu o processo de restauração em 2006, nenhum avanço foi registrado. 



















PIRÂMIDE DE DJOSER, A MAIS ANTIGA DO EGITO (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)

sábado, 24 de janeiro de 2015

Série de livros ensina crianças a entender e gostar de arquitetura

Recém-lançada, a série de livros “Who Built That?” apresenta e traduz clássicos da arquitetura mundial ao universo infantil por meio de uma linguagem simples e desenhos lúdicos.
As obras são escritas e ilustradas pelo francês Didier Cornille, professor de design e história da Ecole des Beaux-Arts du Mans.
Atualmente, as duas edições já publicadas abrangem as temáticas “Edifícios” e “Residências Modernas”, que reúnem diversos projetos icônicos concebidos nos últimos 100 anos, além de biografias de arquitetos renomados como Louis Sullivan, Mies van der Rohe, Jean Nouvel, Frank Gehry e Shigeru Ban.
Nos livros, Cornille também introduz e explica, de forma didática, alguns dos jargões usuais no meio arquitetônico, desde fachada até vigas estruturais, passando pelo conceito de modelagem, urbanismo e claraboia.
Os livros podem ser adquiridos aqui, ao custo de 13 dólares cada, ou aqui.
Publicada originalmente em ARCOweb em 21 de Janeiro de 2015Fonte: http://arcoweb.com.br/noticias/arquitetura/livros-apresentam-classicos-arquitetura-mundial-criancas



Unesco e Centro Lucio Costa oferecem curso gratuito de patrimônio imaterial

Centro Lucio Costa, com o apoio da Unesco, lançou o curso à distância “Formação para a Gestão do Patrimônio Cultural Imaterial”, de abrangência internacional e voltado para profissionais da área de política patrimonial.
curso, que tem parecia do Centro Regional para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial – Crespial, oferece 50 vagas e acontecerá entre 19 de fevereiro e 04 de maio. O prazo para as inscrições encerra no dia 30 de janeiro.
As aulas, dividias em oito disciplinas, abrangerão temas como a estruturação e execução de políticas de patrimônio imaterial, legislação vigente, reconhecimento, apoio e fomento à sustentabilidade, gestão pública e diretrizes operativas da Convenção de 2003.
As inscrições são gratuitas e podem ser realizadas aqui. Mais informações pelo telefone (31) 3274-4953 ou pelos emails suporte@inspirebr.com.br e michelleantunes@inspirebr.com.br
Fonte: Romullo Baratto. "Unesco e Centro Lucio Costa oferecem curso gratuito de patrimônio imaterial" 24 Jan 2015. ArchDaily Brasil. Acessado 24 Jan 2015.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Convite para Exposição de Trabalho Final de Graduação

Minha ex colega do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Mariele Costa, convida para a exposição do seu TFG (Trabalho Final de Graduação), na cidade de Rio Pardo.


Convite para Exposição de Trabalho Final de Graduação:


Convido os professores, acadêmicos e funcionários, para a exposição da proposta acadêmica apresentada como trabalho final de graduação sobre o tema: Requalificação do Balneário Praia dos Ingazeiros de Rio Pardo - RS, realizada pela Arquiteta e Urbanista Mariele Cristine Costa, sob orientação do prof. Luiz C. Schneider - Curso de Arquitetura e Urbanismo - Universidade de Santa Cruz do Sul.

A exposição ocorrerá no período do dia 09 de fevereiro ao dia 28 de fevereiro de 2015, no Centro Regional de Cultura Rio Pardo, no centro de Rio Pardo - RS, a mostra aberta a comunidade, ficará aberta nos horários: de 8h30 às 12h e das 14h às 17h (Segunda-feira à Sàbado - Entrada Franca).

Convido a todos para prestigiar o lançamento do evento, que será no dia 09 (Segunda-feira) às 19horas no Centro Regional de Cultura Rio Pardo, e contará com a apresentação do projeto no auditório, seguido da exposição.

Maiores informações no folder em anexo.

Atenciosamente,

Mariele Cristine Costa
Arquiteta e Urbanista



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Caminho perdido que leva à Grande Pirâmide do Egito é encontrado por acaso

Passaram-se muitas décadas em que incontáveis missões arqueológicas tentaram, sem sucesso, encontrar o caminho que leva à Grande Pirâmide de Gizé, no Egito. Mas só recentemente, e por obra da mais pura casualidade, a passagem foi, finalmente, localizada por um habitante local, enquanto fazia uma perfuração ilegal de 10 metros de profundidade, sob a sua casa, localizada na adeia El Haraneya em Giza, uma área em que são proibidas escavações. Sem querer, o morador descobriu um caminho formado por blocos de pedra que conduzem à pirâmide de Queóps, também conhecida como a Grande Pirâmide, a maior e mais antiga das três pirâmides de Gizé.
A Polícia de Turismo e Antiguidades do Ministério do Interior do Egito foi alertada para a descoberta e, imediatamente, as forças de segurança foram ao local. O Departamento de Antiguidades também foi notificado, e o arqueólogo Kamal Wahid foi nomeado para fazer uma investigação. Em seu relatório, foi confirmada a descoberta do corredor de acesso à Grande Pirâmide.
O complexo que compreende a Grande Pirâmide incluía um pavimento que conectava ao templo de Queóps. O pavimento de basalto e calcário encontrado sugere que este templo era próximo ao vale do Nilo é está enterrado sob a aldeia de Nazlet el-Samman. O historiador grego Heródoto, que visitou a Grande Pirâmide no século 5 a.C. descreveu a estrada com um quilômetro de comprimento e que foram necessários 10 anos para a construção do caminho e para fazer um prédio subterrâneo que serviria para túmulo real, localizado em uma ilha formada por uma vala de irrigação derivada do rio Nilo.
Por enquanto, autoridades do Egito não lançaram mais informações sobre a descoberta do caminho, contudo, a expectativa é de que isso ocorra à medida que são realizadas as escavações pelo Ministério de Antiguidades.



terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Após restauro, primeiro arranha-céu de SP reabre em 2015

Após sofrer atrasos nas obras de restauro, o edifício Sampaio Moreira deve ser reaberto ainda em 2015, de acordo com a prefeitura de São Paulo. Inaugurada em 1924, a construção é considerada um marco no processo de verticalização da capital paulista, iniciado na região central.
Com 54 metros de altura, o prédio comercial foi o primeiro arranha-céu da cidade, mantendo o título de mais alto por cinco anos, até a construção do Edifício Martinelli, também no centro. Agora, com a conclusão da reforma, o Sampaio Moreira passará a abrigar a Secretaria Municipal da Cultura.
As obras, iniciadas em 2012, englobam a implantação de escadas de incêndio, um auditório e passarelas de aço que ligarão os dois blocos que compõem o conjunto. Nos interiores, janelas de madeira e elevadores estão sendo restaurados, enquanto paredes excedentes serão demolidas para criação de espaços amplos. A rede de sistemas de dados, fiação elétrica, ar condicionados e forros também passam por alterações.
Antes ocupado pelo escritório do arquiteto Christiano Stockler das Neves, o quinto andar terá todas as características originais mantidas para a criação de um memorial. A reinauguração do edifício faz parte do projeto da prefeitura para revitalização do centro de São Paulo.
Originalmente orçado em 14 milhões de reais, o custo da obra subiu para 20 milhões em dezembro de 2014.
Publicada originalmente em ARCOweb em 20 de Janeiro de 2015
Foto: reprodução / Mark HillaryFoto: reprodução / Prefeitura de São Paulo

sábado, 17 de janeiro de 2015

A outra Estrada Real

Após a decadência do ouro, D. João mandou abrir caminho ligando Vitória a Ouro Preto, redescoberto há poucos anos

João Eurípedes Franklin Leal
1/12/2014
  • Quando da criação das capitanias hereditárias no Brasil, foi doada a Vasco Coutinho uma área que, em 1535, se tornou a capitania do Espírito Santo. Seu território abrangia o atual Espírito Santo, parte de Minas Gerais e parte de Goiás. Foi dentro desse território que Antônio Rodrigues Arzão, em 1692, no rio Casca, descobriu oficialmente o ouro tão procurado, que mudaria radicalmente a economia e a política coloniais.  
     
    Portugal procurou adaptar-se à nova realidade, controlando a extração de ouro, tentando conter o contrabando, limitando a entrada e a saída de pessoas da região. De tão importantes as Minas Gerais ganharam capitania própria, relegando a do Espírito Santo a uma estreita faixa de terra à beira mar. E para maior controle, limitou-se a uma única via o acesso às minas de ouro: a Estrada Real (Caminho Velho), que partia de Paraty, no Rio de Janeiro, em direção a Ouro Preto – depois substituída pelo Caminho Novo, que ligava diretamente o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Foi proibido o uso de qualquer outra estrada ou via de acesso. Isolado, o Espírito Santo, com suas florestas e indígenas pouco amistosos, tornou-se a “defesa natural das Minas Gerais”. 
     
    Quando a produção aurífera entrou em franca decadência no final do século XVIII, o governo português teve que buscar alternativas de riqueza para a região, e uma delas foi reabri-la ao território do Espírito Santo e ao porto de Vitória. Em abril de 1814, veio a ordem do príncipe regente D. João: que se construísse uma Estrada Real ligando Vitória a Ouro Preto. Em maio de 1815, novas instruções do governo real permitiram o início efetivo dos trabalhos: estabelecia-se o fornecimento de soldados e índios para a obra e ordenava-se a construção de quartéis de proteção na estrada, de três em três léguas. 
     
    Era chamada de “Estrada Real” toda aquela construída por ordem do Rei e por conta de seu tesouro. A São Pedro de Alcântara foi uma das últimas Estradas Reais construídas. Sua largura era de 15 palmos (cerca de três metros), suficiente para passarem duas mulas carregadas, lado a lado. Normalmente ao se construírem estradas, costumava-se usar antigos caminhos já abertos pelos indígenas, os chamados peabirus. Esta chama a atenção por passar sempre em lugares altos, evitando atravessar rios e terrenos baixos com charcos e pântanos. A rota perfaz, com seus ramais, um total de 575 quilômetros, desbravando o leste mineiro e adentrando pelo sul do Espírito Santo, para enfim ligar Ouro Preto e Vitória.  
     
    A construção da Estrada Real São Pedro de Alcântara, também chamada Estrada do Rubim, foi concluída em agosto de 1816. Disposto a investir na região, já em dezembro, D. João VI – título que assumiu naquele ano, quando foi coroado – assinou uma Carta Régia na qual ordenou o uso de tropas para proteger a Estrada Real, a promoção das comunicações entre Espírito Santo e Minas Gerais, a abertura de estradas complementares, que se examinasse o possível uso de rios para navegação e que por dez anos fossem isentas de impostos as mercadorias ali cultivadas ou que ali transitassem. Determinou também a lavra de ouro na Serra do Castelo. O objetivo era tentar amenizar a situação de total decadência e paralisação da vida econômica e social na área da mineração em torno de Ouro Preto – então empobrecida capital da província de Minas. Necessitava-se de novas riquezas, novos campos, da formação de novas fazendas. E havia também o interesse do governo provincial de que Minas não ficasse refém do porto do Rio do Janeiro, ganhando o de Vitória como alternativa. 
     
    Assim que a estrada passou a ser usada, houve constantes reclamações quanto ao porto de chegada no rio de Santa Maria, situado no fundo da baía de Vitória, devido à necessidade de se percorrer todo um trecho sobre canoas, descendo o rio. Em consequência, em 1817 viabilizou-se um ramal que passava pela povoação de Viana e se dirigia ao Porto Velho de Itacibá, em Cariacica, onde havia a travessia para Vitória. Apesar de mais usada, a nova opção não anulou o antigo ramal. 
     
    Os quartéis espalhados pelo percurso foram algumas vezes mudados de local, e alguns desativados. Eram construções pequenas, de pedra e madeira, cobertas de folhas de palma ou de sapê, para abrigar conservadores e vigilantes que tinham a missão de proteger os transeuntes dos indígenas e dos bandoleiros. Lá, havia espaço para abrigo dos viajantes, pasto para os animais e hortas. Todos foram batizados com nomes de cidades portuguesas: Cachoeiro do Rio Santa Maria, Bragança, Pinhel, Serpa, Ourém, Barcelos, Vila Viçosa, Monforte, Souzel, Chaves, Santa Cruz, Borba e Melgaço. A exceção era o Vila do Príncipe, que fazia referência a D. João.
     
    A estrada teve uso imediato, mas é escassa a documentação dos primeiros transeuntes e mercadorias. Sabe-se, porém, que em 1820 ela recebeu uma formidável expedição. Cerca de 72 homens de famílias tradicionais mineiras, já quase empobrecidos àquela altura, reuniram-se para vasculhar toda a estrada e terras vicinais em busca de apossamentos. A expedição resultaria no surgimento de várias importantes cidades na região, como Cachoeiro de Itapemirim, Alegre, Castelo, Guaçuí, Venda Nova, Iúna e Conceição do Castelo. Os desbravadores chegaram a extrair algum ouro, mas nos 30 anos seguintes o progresso foi limitado.
     
    Após a independência do Brasil, em 1822, o Espírito Santo viveu um período de decadência econômica que resultou no abandono da agora chamada Estrada Imperial São Pedro de Alcântara, e no fechamento de alguns quartéis que a protegiam. Graças a uma reforma em 1833, a estrada ganhou novo alento, mas ainda faltavam motivações econômicas. Seu uso era intenso no lado mineiro, entre o Caparaó e Ouro Preto via Ponte Nova, mas no Espírito Santo somente o trecho entre Vitória e os nascentes núcleos coloniais tinha uso expressivo. Com o início da imigração alemã, em 1847, a estrada passou a ser usada como forma de penetração territorial e de comércio, dando origem a vilas e cidades ainda hoje quase idênticas às de colonização alemã em Santa Catarina. Os italianos chegariam logo depois, e teriam influência ainda mais marcante: no corredor da estrada mantêm-se lugares que preservam sua língua e tradições originais. 
     
    Em 1860, o imperador D. Pedro II concedeu à região a honra de uma visita. Esteve nas colônias de Viana e Santa Isabel, elogiando em seu diário a qualidade da Estrada Imperial. O movimento então era bem mais intenso: famílias migrantes de Minas Gerais chegavam ao Espírito Santo para se apossar de terras, originando tradicionais fazendas e núcleos urbanos. A mesma estrada era usada pelos filhos de famílias ilustres para chegar às escolas mineiras, principalmente a do Caraça. 
     
    Foi a expansão ferroviária de princípios do século XX que trouxe o início do fim da antiga estrada de terra, suplantada especialmente pela Estrada de Ferro Leopoldina. Hoje, os traços da Estrada Real são acompanhados, de forma quase paralela, pela BR-262, desde Vitória até Rio Casca (MG), e de lá até Ouro Preto, margeados por rodovia estadual.
     
    Descoberta há poucos anos, a Estrada Real atualmente atrai investimentos públicos e privados no sentido de se tornar uma rota turística – projeto que se beneficia, além do evidente interesse histórico, da beleza natural da região do Caparaó. 
     
    João Euripedes Franklin Leal é professor da Unirio e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). 
     
    Saiba mais:
     
    OLIVEIRA, José Teixeira. História do Espírito Santo. Vitória: APES, 2008.
    NOVAES, Maria Stella de. História do Espírito Santo. Vitória: Fundo Editorial do Espírito Santo, 1968.