segunda-feira, 27 de abril de 2009

Educação Patrimonial

Como compreender o valor da riquíssima diversidade cultural do Brasil, se muitas vezes não a reconhecemos ou somos alijados do processo de sua construção e enraizamento? Se não aprendemos a respeitá-la, de que adianta o esforço dos órgãos de preservação para a proteção e conservação do nosso patrimônio?Uma sociedade que não se reconhece está fadada à perda de identidade e enfraquecimento de valores intrínsecos.
A resposta para esses questionamentos pode vir através da Educação Patrimonial, que de um modo geral, pretende ser um programa que busca a conscientização das comunidades acerca da importância da criação, valorização e da preservação dos patrimônios locais.Essa conscientização é construída por meio da interação da população como os patrimônios da região onde vivem.Segundo Itaqui (1998, p. 20), “Esse trabalho de Educação Patrimonial é levar os indivíduos de uma sociedade a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para uma melhor utilização destes bens”.
Através do conhecimento crítico e apropriação consciente dos valores de seu patrimônio, é que a comunidade vai entender e participar do processo de preservação desses bens.O patrimônio é algo herdado de nossos antepassados, e essa herança só passa a ser nossa se nos apropriarmos, conhecermos e a entendermos como algo que nos foi legado, e que devemos deixar para nossos filhos e para as gerações futuras.Essa herança constitui a nossa riqueza cultural, individual e coletiva, a nossa memória e a nossa identidade.A percepção desses valores e dessa diversidade contribui para o desenvolvimento do espírito de tolerância, de valorização e respeito às diferenças e também da noção de que não existe povo sem cultura ou culturas superiores.
Esse processo de Educação Patrimonial cabe aos profissionais e instituições da área – arquitetos, historiadores, arqueólogos, museus e órgãos de preservação. Profissionais estes capacitados para entender o processo de fortalecimento e revitalização de nossa cultura, levando não só a si próprio, mas a sociedade como um todo, a um entendimento e comprometimento da nossa identidade cultural.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, abril de 2009

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Porque Preservar o Patrimônio Histórico e Cultural

Discute –se muito hoje a necessidade de preservação do Patrimônio Cultural, valorização do passado e memória coletiva das cidades; não só na arquitetura, mas em diversas áreas do conhecimento humano.
O Patrimônio Arquitetônico representa uma produção simbólica e material, carregada de diferentes valores e capaz de expressar as experiências sociais de uma sociedade.
Mas, com o rápido e desordenado crescimento das cidades brasileiras, com uma progressiva perda e descaracterização do Patrimônio Histórico, nos faz refletir acerca da constante necessidade de transformação dos espaços urbanos, paralelo às implicações referentes à qualidade ambiental e preservação do patrimônio construído.
Nossas cidades não são locais onde apenas se ganha dinheiro, não se resumem em ser apenas dormitório para seus habitantes.Nela vivem seres humanos que possuem memória própria e são parte integrante da nossa história.Por esse motivo, não passa despercebido pelos habitantes das cidades à destruição da casa de seus antepassados, de antigos cinemas, bares, teatros e outros prédios históricos.Toda essa “destruição do patrimônio” para dar lugar ao automóvel ou aos gigantes edifícios de aço e concreto deixam nossas cidades poluídas, sem emoção e seus habitantes perde um pouco da identidade e identificação com o local onde vivem.
Passado a euforia do modernismo, o homem se volta para a busca de seu passado, de suas memórias.Essa busca vem do anseio de uma civilização dominada pela técnica que deseja voltar seus olhos para o passado.Uma espécie de saudade da época em que nossas cidades eram mais humanas, em que o homem tinha mais tempo para refletir sobre seu destino.
Assim, a memória coletiva das cidades está em seus velhos edifícios.Eles são o testemunho mudo, porém valioso, de um passado distante.Servem para transmitir às gerações posteriores os episódios históricos que neles tiveram lugar e também como referência urbana e arquitetônica para o nosso momento atual.Preservá –los não só para os turistas tirarem fotos ou para mostrar aos nossos filhos e netos, mas para que as gerações futuras possam sentir “in loco” a visão de uma cidade humana e como se vive nela.Para terminar, parafraseio um importante historiador: “Uma cidade sem seus velhos edifícios é como um homem sem memória”.
Eder Santos Carvalho
Encruzilhada do Sul, Abril de 2009

sábado, 18 de abril de 2009

Ensinando a Viver

Recentemente, vi um filme muito bom, sobre um escritor que adota um menino "problemático":
Quando era criança, o escritor David Gordon (John Cusack) sempre se sentiu excluído. O menino se achava diferente, e cresceu sonhando com o dia em que os ETs viriam buscá-lo e levá-lo para casa, no espaço sideral. Os aliens nunca vieram. Mas sua imaginação o transformou em um escritor de sucesso. Mesmo hoje em dia, no entanto, David continua se sentindo um solitário. Desde a trágica morte de sua noiva há dois anos, ele nunca mais experimentou qualquer traço de vida afetiva.
Todavia, David sempre quis ser um pai. E ele finalmente resolve tentar - e acaba adotando o brilhante e problemático Dennis. Assim como David, Dennis vive trancafiado em seu próprio mundo de fantasia. Quando era criança, David queria ser um alien. No caso de Dennis, ele acredita de verdade que é um marciano em missão de exploração na Terra. E talvez ele seja de verdade... Um filme divertido e emocionante sobre o poder de redenção do amor e sobre o verdadeiro significado da palavra "família".
Analisando o filme, me perguntei:
Será que temos realmente que ser igual a todo mundo, fazer as mesmas coisas, aceitar as mesmas regras.Porque é tão difícil aceitar as nossas diferenças, porque a maioria das pessoas acham que temos que ser iguais a elas?Fiquei sem resposta.
Será que não podemos ser marcianos em missão de exploração neste planeta maluco chamado terra?As vezes acho que sou estranho por ser um pouco diferente, mas vendo este filme, revi meus conceitos.
Então, se o que importa mesmo é ser feliz, então vamos ser feliz do nosso jeito, sem se importar muito com o que vão achar ou pensar a nosso respeito.
Sejamos marcianos em exploração na terra, talvez então possamos entender este planeta maluco onde vivemos.
Quem puder,assista ao filme, é muito bom.
Eder - 18/04/09

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Inocêncio Bar e Café






Algumas imagens do Inocêncio Bar & Café, em Encruzilhada do Sul.Este espaço é de uma grande amiga, Edaguimara (Marinha).O café é muito bom, quem puder, aprecie.
Neste Projeto, fiz o desenho do balcão de atendimento e dei algumas dicas no projeto de interiores.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Minha Visão ao visitar o Museu Iberê Camargo

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO - ÁLVARO SIZA

Álvaro Siza criou em Porto Alegre sua obra – prima.Se for verdade as palavras de Leonardo Benévolo, que o arquiteto só cria obras marcantes quando está mais velho e mais experiente, o já consagrado autor septuagenário Álvaro Siza se superou e criou uma obra de força, que dialoga com a paisagem do Guaíba.Diante do prédio, a primeira impressão que se tem é de respeito para com a escala do visitante.
Siza apropriou –se de nossa cultura e criou algo original, com a cara do Brasil, a cara de Iberê Camargo.Siza realizou uma espécie de canibalização de nossa cultura, como bem nos lembra Mário de Andrade em seu Manifesto Antropofágico.Siza trouxe para Porto Alegre a Escola do Porto, seus volumes brancos, as curvas que têm influência da Escola Carioca, a união da tradição – o universo lusitano com a modernidade, via arquitetura orgânica, de Aalto e Wright.
Há no prédio um quê de arquitetura colonial portuguesa, com o volume branco destacando – se ao longe, há a nítida influência de Wright com as curvas do Guggenhein.Wright coloca suas curvas internas ao prédio, Siza as trás para o exterior.Há ainda a apropriação por parte do arquiteto das curvas de Niemeyer, as curvas expostas nas rampas e no volume branco do prédio, e então reflete a nossa alardeada monumentalidade, a grandeza que o arquiteto português afirma encontrar nas matas, no verde da natureza e na vastidão do território, em outra clara referência a Niemeyer. .
No interior, há um jogo de luzes que fascina, convida o espectador a participar da arquitetura.Há os detalhes que só um olhar atento percebe: o mármore branco em cruz no topo do guarda – corpo, o mobiliário desenhado por Siza, a maçaneta da porta de entrada, que segundo ele é o primeiro contato com o edifício, os rodapés elevados, o jogo de luzes da iluminação zenital, as pequenas aberturas nas rampas enquadrando o Guaíba e o Skiline da cidade.São essas sutilezas que fazem a arquitetura.No museu, não há um só canto que não tenha sido pensado, uma busca incansável de Siza pelo domínio do espaço e de seus elementos.
Álvaro Siza eleva a poética do espaço com seu museu.E se a arquitetura é “musica petrificada”, a sinfonia as margens do Guaíba é irretocável.O som e o silêncio do concreto branco nos fazem sonhar.Sonhar com a sinfonia da arquitetura.

Eder Santos Carvalho
Texto Baseado em reportagem da Revista Projeto Design de 2008
Novembro de 2008