terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Exposição em São Paulo provoca reflexão sobre patrimônio

“A CONSTRUÇÃO DO PATRIMÔNIO” EXIBE, NA CAIXA CULTURAL SÃO PAULO, A RELAÇÃO PERMANENTE ENTRE SOCIEDADE E TEMPO COMO MANEIRA DE CONSTITUIR NOSSA HERANÇA

O ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Luiz Fernando de Almeida conduziu visita à exposição "Construção do Patrimônio", de sua própria curadoria e em cartaz na Caixa Cultural São Paulo. A iniciativa realizada na última quinta-feira, 1 de fevereiro, foi seguida por um debate com Anna Beatriz Galvão, doutora em arquitetura e urbanismo pela Universidade de São Paulo.

“A exposição é apenas uma narrativa”, diz Almeida. Ela retrata “a leitura do Brasil do começo do [século] 20 e a leitura do Brasil hoje”. Nela, o visitante pode ter contato com três momentos históricos marcantes: os anteriores à criação do Iphan, o de sua instauração e os posteriores que se estendem até os dias atuais.

O percurso da mostra inicia-se com a citação provocativa de Aloísio Magalhães: “A nossa realidade é riquíssima, a nossa realidade é inclusive desconhecida (...)”. E encerra-se com Mario de Andrade: “(...) mas tudo vai se acabando agora que o Brasil principia (...)”. O público pode conferir documentos, desenhos, esculturas, fotografias e objetos, que estão reunidos de acordo com o período em que se inserem.

Destacam-se obras de Tarsila do Amaral, Cecília Meireles e uma réplica de escultura de Aleijadinho – ícone do movimento Barroco brasileiro. O acervo fotográfico é representado por nomes como Marcel Gautherot, Germano Graeser, Eric Hess e Pierre Verger. No campo da arquitetura, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer expressam-se nos registros da obra do Palácio Capanema – Ministério da Educação e Saúde do Rio de Janeiro – com azulejos originais de Portinari.

O debate abordou o significado da preservação no século 21, de que maneira a questão do patrimônio se posiciona perante o futuro e como a sociedade deve tratá-la - citando movimentos sociais como o Cais Estelita e a Casa Modernista, de Warchavchik -, além de relacionar questões multidisciplinares do patrimônio e como ele faz parte do processo de qualificação urbana, atuando não apenas como um elemento pontual, mas em conjunto com a cidade.

Na discussão também foram pontuados alguns dos desafios que envolvem a expansão do conceito de Patrimônio Cultural e como o próprio órgão deve se posicionar nos próximos anos: “O Iphan foi construído dentro de uma instituição nacional que talvez não tenha mais sentido (...). Ele precisa ser fortalecido, mas a gente precisa de um processo de descentralização de competência, de capacidade, de reflexão, de pensamento (...)”, disse Almeida.


A Construção do Patrimônio
Local Caixa Cultural São Paulo - Galerias Florisbela e D. Pedro
Endereço Praça da Sé, 111, Centro - São Paulo (SP) (Próxima à estação Sé do Metrô)
Visitação 10 de janeiro a 4 de março de 2018
Horário Terça-feira a domingo, das 9h às 19h
Telefone (11) 3221-4400
Entrada Franca; Classificação indicativa Livre; Acesso para pessoas com deficiência

Fonte: http://www.arcoweb.com.br/noticias/noticias/exposicao-provoca-reflexao-sobre-patrimonio


(Foto: Paola Vianna)


















Foto: Thiago Mann

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

História de Encruzilhada do Sul - Sobrado Dr. Gastão Gonçalves Lopes

Situado na Rua Ramiro Barcelos, esquina com a Rua General Osório, construído em 1947, em estilo colonial português, pelo construtor José Fossa, o sobrado pertenceu ao médico Gastão Gonçalves Lopes.
Gastão Gonçalves Lopes era natural de Cangucu. Radicou-se em Encruzilhada logo após concluir a faculdade de Medicina. Aqui construiu sua família e viveu até o último dia de sua vida. Participou intensamente da vida social e política da comunidade, além de médico, era poeta, cronista e jornalista.
A religiosidade de sua família fez com que sua casa servisse de altar para receber a procissão de "Corpus Christi" por longos anos.
Em 1949, nas comemorações do centenário do município, teve a honra de hospedar em sua residência o governador da época, Valter Jobim e o casarão foi por um dia sede do Governo do Estado.
Poucos amaram tanto esta terra  e este povo como o poeta Bento Velho ( seu pseudônimo ) e foi  no aconchego de seu lar que ele exaltou em prosa e verso a terra encruzilhadense.
Em 19 de julho de 1972, recebeu o título de Cidadão Encruzilhadense, pelos relevantes serviços prestados ao município. Gastão G. Lopes faleceu em 8 de julho de 1978.
A seguir, um dos poemas escritos por Bento Velho:

"Encruzilhada"

Cruz de estradas, sinal de Deus, marcando a terra
Berço da promissão que encanta o peregrino, 
Caminhos que se abraçam na lomba da serra;
Distâncias que se encontram no mesmo destino.

Tesouro de município, que o Brasil encerra.
Querência hospitaleira, presente divino,
Que a cordilheira impávida do Erval descerra
Como diamante raro, de quilate fino.

Cidade de jardins, de grandes fadados, 
mostrando, em cada praça, um símbolo glorioso:
Figurinos da história no bronze vazado.

Gleba de Santa Bárbara, lendária  e crente,
Onde o velho feiticeiro da água do pedroso
Fascina e prende o próprio coração da gente.

Bento Velho

Abaixo, as plantas do Sobrado e imagens do prédio.


 Planta do Pavimento Térreo - Acervo Humberto Fossa

























 Planta do Pavimento Superior - Acervo Humberto Fossa



 Foto de 2005 - Imagem do autor




















Foto de 2010 - Imagem do autor