quarta-feira, 24 de maio de 2017

Prefeitura e Espaço Histórico resgatam marco de antiga civilização de Agudos

'Cruzeiro de Tupá' estava prestes a desabar, no antigo cemitério de São Domingos de Tupá, a localidade que desapareceu no século passado.


Um cruzeiro de madeira, considerado o último resquício da existência de São Domingos do Tupá, antiga civilização que despareceu no século XX, foi retirado no último dia 16 de maio por uma equipe do Espaço Histórico Plínio Machado Cardia, acompanhada pelo prefeito de Agudos, Altair Francisco Silva, pela primeira dama Elisângela Bianchi Silva e pela secretária de Planejamento e jornalista Bete Lucas.
A retirada da cruz e reportagem sobre o seu resgate foi realizada pelo jornalista Aurélio Alonso e aqui descrita. "Escorada em cipó, não houve dificuldade para que quatro homens removessem a enorme cruz que vai passar por restauração. Após esse trabalho minucioso, a prefeitura deverá decidir qual será a destinação. Não sobrou nada do que foi São Domingos do Tupá, a não ser restos do antigo cemitério".
No local ainda há restos de túmulos em meio a uma mata, circundada por canavial. "A cruz vai ficar sob cuidados do museu, onde será providenciada a restauração. O Conselho Municipal de Cultura e Turismo vai analisar qual será a destinação. O cruzeiro é um patrimônio cultural e histórico do município", explicou o prefeito.
De acordo com ele, foi o primeiro povoado dentro dos limites do município de Agudos e também importante para a formação de toda a região. "Há 200 anos já tínhamos uma população que ficou esquecida e agora está vindo à tona com essa história sendo resgatada", declarou o prefeito.
Altair contou que tomou conhecimento da história da localidade após uma reportagem publicada por um jornal da cidade. "Também pretendemos desenvolver um plano de turismo, onde será possível trazer alunos e professores para disseminar mais essa informação", declarou.
A diretora do Espaço Histórico Plínio Cardia, Marilena Cardia, explicou que o cruzeiro será restaurado. Após esse trabalho será repassado à prefeitura que vai dar a palavra final para saber com quem vai ficar a relíquia. "Se ficar comigo, vai para o museu", declarou. Atualmente, o Espaço Histórico já guarda uma estátua de São Benedito de terra-cota e um altar de madeira.
"Com a descoberta deste cruzeiro veio completar a história dessa localidade. É o fechamento da história de Tupá", ressaltou Marilena Cardia. O cruzeiro foi removido com facilidade, colocado em uma caminhonete e transportado até uma marcenaria de Agudos, onde passará por restauração completa.
A localidade teria sido em 1719, antigo retiro da Fazenda Jesuíta com ranchos para ponto de apoio dos bandeirantes.
Em 1852, São Domingos foi sede do 12º Quarteirão Eleitoral de Botucatu, o segundo maior da época, com 44 votantes.
A igreja do lugarejo em 1856 foi elevada à condição de paróquia. Pela Lei Provincial nº 27 de 1858 o lugar teve a condição de freguesia, sob o nome São Domingos.
Nos registros históricos constam que 1859 o local foi sede eleitoral, onde dispunha de oito quarteirões, com 178 eleitores qualificados.
O declínio começa a partir de 1873, quando ocorre a emancipação política e religiosa de Santa Cruz do Rio Pardo. O Decreto Estadual 9.775, de 30 de novembro de 1938, extinguiu a localidade e seu território integrado a Agudos.
 

Altair, Elisângela, Aurélio, Maria Helena, Bete e funcionários do Espaço Histórico (Foto: José Mauricio Garijo)










Cruz de madeira é um dos últimos resquícios de São Domingos de Tupá (Foto: José Mauricio Garijo)

Lendas de Fernando de Noronha podem virar Patrimônio Imaterial

“Dois gigantes viveram um romance proibido em Fernando de Noronha, por castigo os órgãos genitais do casal foram petrificados: o pênis do homem virou o Morro do Pico e os seios da mulher foram transformados no Morro Dois Irmãos (fotos)”. Essa é a Lenda do Pecado, uma das dez conhecidas na ilha, as lendas de Noronha podem virar transformadas em Patrimônio Imaterial, título outorgado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). A defesa do projeto foi feita pela pesquisadora Marieta Borges, na sede do instituto no Recife, nessa segunda-feira (22).

“Caso as lendas sejam consideradas Patrimônio Imaterial, esta será a primeira vez no Brasil que o Iphan reconhecerá um conjunto de lendas com importância para uma localidade, que é a ilha”, falou Marieta Borges. A pesquisadora, responsável pelo resgate da história de Noronha há mais de 40 anos, já registrou as lendas em dois livros.

As lendas e os fatos pitorescos de Fernando de Noronha foram tema do enredo da Escola de Samba Mangueira, do Rio de Janeiro, no ano de 1995. Na época a apresentadora da Rede Globo Angélica encarnou a Alamoa, uma linda mulher loura que seduzia os homens em noites de lua cheia, fazia sexo e depois matava o parceiro. O resgate dessas histórias foi relatado no encontro com  os técnicos do Iphan,  a superintende regional do instituto, Renata Borba, e a representante do Ministério da Cultura no Nordeste, Maria do Céu.

“Eu já havia feito um pedido para que as lendas fossem consideradas Patrimônio Imaterial, mas o processo não andou.  Agora a representante do Minc, Maria do Céu, resolveu encampar o projeto e organizou a reunião”, contou Marieta Borges. “Esse é um projeto importante, a reunião foi muito produtiva, a Administração da Ilha vai dar as informações e nós vamos encaminhar o processo”, disse Maria do Céu.

Palestra
Nesta terça-feira (23), a historiadora Marieta Borges dá início a uma série de palestras para os profissionais da Administração de Fernando de Noronha, no Recife. A ideia  é capacitar os profissionais com informações históricas. Nos eventos serãos sorteados livros “Fernando de Noronha – Cinco Séculos de História”, da autoria de Marieta.


 





















A historiadora Marieta Borges defendeu o projeto (Foto: Divulgação)


























Angélica no desfile em 1995 (Foto: reprodução livro Fernando de Noronha – Cinco Séculos de História)