segunda-feira, 6 de abril de 2009

Minha Visão ao visitar o Museu Iberê Camargo

FUNDAÇÃO IBERÊ CAMARGO - ÁLVARO SIZA

Álvaro Siza criou em Porto Alegre sua obra – prima.Se for verdade as palavras de Leonardo Benévolo, que o arquiteto só cria obras marcantes quando está mais velho e mais experiente, o já consagrado autor septuagenário Álvaro Siza se superou e criou uma obra de força, que dialoga com a paisagem do Guaíba.Diante do prédio, a primeira impressão que se tem é de respeito para com a escala do visitante.
Siza apropriou –se de nossa cultura e criou algo original, com a cara do Brasil, a cara de Iberê Camargo.Siza realizou uma espécie de canibalização de nossa cultura, como bem nos lembra Mário de Andrade em seu Manifesto Antropofágico.Siza trouxe para Porto Alegre a Escola do Porto, seus volumes brancos, as curvas que têm influência da Escola Carioca, a união da tradição – o universo lusitano com a modernidade, via arquitetura orgânica, de Aalto e Wright.
Há no prédio um quê de arquitetura colonial portuguesa, com o volume branco destacando – se ao longe, há a nítida influência de Wright com as curvas do Guggenhein.Wright coloca suas curvas internas ao prédio, Siza as trás para o exterior.Há ainda a apropriação por parte do arquiteto das curvas de Niemeyer, as curvas expostas nas rampas e no volume branco do prédio, e então reflete a nossa alardeada monumentalidade, a grandeza que o arquiteto português afirma encontrar nas matas, no verde da natureza e na vastidão do território, em outra clara referência a Niemeyer. .
No interior, há um jogo de luzes que fascina, convida o espectador a participar da arquitetura.Há os detalhes que só um olhar atento percebe: o mármore branco em cruz no topo do guarda – corpo, o mobiliário desenhado por Siza, a maçaneta da porta de entrada, que segundo ele é o primeiro contato com o edifício, os rodapés elevados, o jogo de luzes da iluminação zenital, as pequenas aberturas nas rampas enquadrando o Guaíba e o Skiline da cidade.São essas sutilezas que fazem a arquitetura.No museu, não há um só canto que não tenha sido pensado, uma busca incansável de Siza pelo domínio do espaço e de seus elementos.
Álvaro Siza eleva a poética do espaço com seu museu.E se a arquitetura é “musica petrificada”, a sinfonia as margens do Guaíba é irretocável.O som e o silêncio do concreto branco nos fazem sonhar.Sonhar com a sinfonia da arquitetura.

Eder Santos Carvalho
Texto Baseado em reportagem da Revista Projeto Design de 2008
Novembro de 2008

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