Um dos primeiros municípios do Rio Grande do Sul, Rio Pardo faz parte da trajetória de inúmeras personalidades da política brasileira
Não é na serra gaúcha, tradicional destino de outono/inverno, a sugestão de viagem para o fim de semana. A ideia é mirar um outro ponto não tão badalado, na região central do Estado: que tal dar um passeio rápido pela história e conhecer (ou rever) Rio Pardo? Dá para ir e voltar no mesmo dia, se você estiver na capital gaúcha (fica a 144 quilômetros de Porto Alegre e a 32 quilômetros deSanta Cruz do Sul, só para acrescentar uma referência).
A história da cidade, um dos quatro primeiros municípios do Rio Grande do Sul, nasce no século 17 e se consolida no século 19. E é esse ar de 200 anos atrás que se respira. Eu já tinha estado ali duas vezes, e minha visita de cerca de quatro horas se concentrou em dois pontos:
-O Centro Regional de Cultura, antiga Escola Militar restaurada há uma década e que tinha outro uso ou estava fechada nas outras vezes em que fui à cidade.
-O café Sabor e Arte, que chegou a funcionar no mesmo prédio, mas agora está em outro local, na mesma rua.
Chegar ao centro cultural é fácil: ao ingressar na cidade pelo principal acesso, cai-se na Rua Andrade Neves (o prédio fica no número 679). O local, que por muitos anos ficou em ruínas, foi muito bem restaurado. A construção é do século 19 (iniciada em 1848 e concluída em 1882) e nasceu para ser um hospital da Irmandade de Caridade Nosso Senhor Bom Jesus dos Passos (a igreja fica ao lado), mas nunca foi ocupada como hospital. Dois anos depois de pronto, o prédio foi cedido às tropas do Império e, em seguida, funcionou como Escola Militar.
Sabe quem estudou por lá? Nomes gravados na nossa história, como Getúlio Vargas, Eurico Gaspar Dutra, Mascarenhas de Moraes e Plácido de Castro, entre outros.
Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) em 1983, mas até a restauração levou quase 20 anos: a obra em si durou de 2002 a 2005. Hoje mantido por uma associação de amigos, o centro cultural abriga o memorial do Exército e a biblioteca pública municipal. Tem espaço para eventos, um auditório/cineclube, conservatório de música, salas de dança e espaço para exposições. Há também uma mostra permanente de fotos interessantes com a evolução da educação e dos costumes ao longo do século 20.
Enquanto fazia a visita, guiada por um funcionário simpático e bem informado, a banda marcial da escola que funciona nos fundos do prédio acrescentava a trilha sonora perfeita.
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Saindo dali, caminhei poucos metros até o café Sabor e Arte, lotadíssimo em um sábado à tarde. A vitrine de tortas é apetitosa, o café, tirado com capricho, e, mais do que tudo, chama atenção o atendimento querido que parece ser típico de cidade pequena/média do Interior (Rio Pardo tem pouco mais de 37 mil habitantes).
O que mais há para ver
A partir da Rua Andrade Neves, onde fica o centro cultural, é fácil visitar outros pontos interessantes a pé. Minha recomendação é uma caminhada até a Rua da Ladeira (ou Julio de Castilhos), a primeira do Rio Grande do Sul a receber calçamento, em 1813, e que foi tombada em 1954. As torres de igreja que pontilham a cidade de prédios baixos são outro atrativo. Mas chegue cedo para poder ingressar nelas. Em pelo menos duas, que estavam fechadas, o horário de visita se encerrava às 17h.
Nem todos os prédios, muitos em estilo colonial, estão bem conservados. Há alguns recém restaurados, mas muitos gritam por reformas e outros estão praticamente em ruínas. A cidade, conhecida também pelas celebrações da Semana Santa, merecia uma renovação completa. E muitas, muitas visitas.
Outras atrações
-Capela do Senhor dos Passos
-Capela São Francisco
-Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário
-Alto da Fortaleza Jesus, Maria e José
-Praia dos Ingazeiros (na confluência dos rios Pardo e Jacuí, a dois quilômetros do Centro, tem um restaurante chamado Costaneira, que uma leitora e o colega Marcos Hoffmann, do blog Viajando de Carro, recomendam para almoçar e experimentar um filé de traíra. Um lugar simples, mas, dizem eles, com excelente comida)
Para visitar o centro cultural
Paga-se R$ 1. Funciona de segunda a sexta, das 8h30min às 17h30min; sábados, das 8h30min às 17h; e domingos, das 15h às 18h. A visita guiada leva em média meia hora.
Foto: Rosane Tremea / Agencia RBS
O centro cultural. Foto: Rosane Tremea, Agência RBS
A Rua da Ladeira. Foto: Rosane Tremea, Agência RBS
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