O Metrópoles visitou 10 espaços da cidade e verificou que metade deles não se encontra em boas condições
Por Caroline Bchara e Paulo Lannes
Considerada um museu a céu aberto, Brasília conta com construções monumentais — como o próprio nome da avenida que corta a capital. O Metrópoles visitou 10 pontos turísticos que são referência e constatou que a cidade não pode ser considerada um exemplo quando o assunto é a manutenção de seus edifícios.
Em cinco dos locais visitados, verificou-se fachadas sem cuidados e espaços danificados. Localizado na Praça dos Três Poderes, o Espaço Lúcio Costa exalava um cheiro desagradável, capaz de gerar repulsa em qualquer visitante. A maquete da cidade, principal atração do ambiente, aparentava estar bastante desgastada, com peças empenadas.
Próximo ao museu, fica o Panteão da Pátria – conhecido pela chama eterna, que representa a independência do país. Mas eternidade não é sinônimo de conservação. O mármore que reveste a estrutura externa da tocha está desgastado, com algumas placas quebradas. Após subir 57 degraus para alcançar a chama, o visitante ainda se depara com muros pichados e marcas de tinta até mesmo na estrutura metálica que dá suporte ao símbolo nacional.
A Ponte JK, local que rende bastante cliques pelos amantes da cidade, está com a estrutura de ferro enferrujada e péssimo acabamento na pintura dos arcos. Além disso, a grade de segurança da passarela de pedestres está violada ao longo do caminho que cruza o Lago Paranoá.
O Catetinho, por sua vez, apresenta rachaduras nos batentes das portas. A pintura da fachada, feita em madeira, foi desgastada pelo tempo. Um funcionário do espaço, que não quis se identificar, afirmou que o investimento não é suficiente para todos os projetos do local. “Antigamente, a gente tinha orçamento para fazer folders. Hoje, isso não é nem cogitado, o que é uma pena”, lamenta.
Ele ainda explica que o governo levou diversas peças para restauração há mais de dois anos e que ainda não foram devolvidas. “Não sabemos o que aconteceu. Se foram para o Memorial JK ou se estão guardadas em algum depósito”, revela.
Nem mesmo a Catedral Metropolitana, grande símbolo da cidade, escapou dos descuidos. Apesar de atrair turistas do mundo inteiro, a construção está rodeada de lixo e seus majestosos vitrais encontram-se empoeirados. O espelho d’água reflete os problemas: além de poluída, a água abriga refletores de luz com fios desencapados até a data da visita.
O espaço é mantido pela Arquidiocese de Brasília e administrado pelo padre George Albuquerque há cinco anos. O pároco alega que a limpeza do templo é feita diariamente, e a do espelho d’água é realizada uma vez por semana. “O lodo fica acumulado por conta das chuvas, mas a água é tratada com cloro semanalmente”, justifica. Ele conta que o custo mensal para manter o espaço é de aproximadamente R$ 40 mil, quantia recebida da comunidade. “Geralmente, o que sustenta uma igreja é o dízimo e a coleta. Também direcionamos o dinheiro dos casamentos de sexta e sábado para a manutenção”.
As boas surpresas ficam por conta da Concha Acústica, do Espaço Israel Pinheiro, do Palácio do Planalto e dos memoriais JK e dos Povos Indígenas. Nesses locais percebe-se a fachada preservada, salas limpas e receptivas, com pinturas e bom acabamento. “Funcionamos com uma média de R$ 20 mil por mês. Se tivéssemos mais recursos, poderíamos abrir também aos finais de semana, mas a estrutura ainda não é suficiente”, destaca José Alves, administrador do Espaço Israel Pinheiro.
Sem orçamento
Responsável pela manutenção do Catetinho, do Memorial dos Povos Indígenas e da Concha Acústica, a Secretaria de Cultura do Distrito Federal afirma não ter orçamento destinado à conservação dos espaços. “A melhoria ocorre quando esses locais recebem projetos privados, que se responsabilizam por todo o arranjo. Não temos dinheiro”, explica Ione Carvalho, subsecretária de patrimônio do DF.
O Metrópoles entrou em contato com os órgãos responsáveis pelos outros espaços, mas até o momento não obteve resposta.
Serviço
- Catedral Metropolitana
Endereço: Esplanada dos Ministérios, lote 12
Horário de funcionamento: das 8h às 17h. Sábado até as 20h. Domingo até as 19h
Entrada gratuita
- Catetinho
Endereço: BR-040, km 0 – Gama
Horário de funcionamento: das 9h às 17h (fecha segunda)
Entrada gratuita
- Concha Acústica
Endereço: Setor de Hotéis de Turismo Norte – Vila Planalto
Horário de funcionamento: depende do evento
- Espaço Israel Pinheiro
Endereço: Praça dos Três Poderes, lote M – Esplanada dos Ministérios
Horário de funcionamento: das 8h às 12h e das 14h às 18h (fecha sábado e domingo)
Entrada gratuita
- Espaço Lúcio Costa
Endereço: Praça dos Três Poderes, subsolo – Esplanada dos Ministérios
Horário de funcionamento: das 9h às 18h (fecha segunda)
Entrada gratuita
- Memorial JK
Endereço: Eixo Monumental – Praça do Cruzeiro
Horário de funcionamento: das 9h às 18h (fecha segunda)
Preço: R$ 10
- Memorial dos Povos Indígenas
Endereço: Eixo Monumental
Horário de funcionamento: das 9h às 17h (fecha segunda)
Entrada gratuita
- Palácio do Planalto
Endereço: Praça dos Três Poderes – Esplanada dos Ministérios
Horário de visitação: das 9h30 às 14h (somente aos domingos)
Entrada gratuita
- Panteão da Pátria
Endereço: Praça dos Três Poderes – Esplanada dos Ministérios
Horário de funcionamento: das 9h às 18h (fecha segunda)
Entrada gratuita
Fonte da Matéria e imagens dos monumentos mencionados no link abaixo:
FOTO: MICHAEL MELO/METRÓPOLES
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