sexta-feira, 17 de março de 2017

Como está a restauração da Igreja Nossa Senhora das Dores em Porto Alegre

No dia 26, aniversário de Porto Alegre, será apresentada estrutura que ficou quase meio século escondida em um sótão da construção.

A Igreja Nossa Senhora das Dores vai entregar um presente a Porto Alegre no dia 26, data do aniversário de 245 anos da cidade: a restauração do retábulo (estrutura afixada na parte posterior ou acima) do altar da capela suplementar, que ficou quase meio século escondido em um sótão, será apresentada à comunidade.
Nesta quinta-feira, em visita guiada à imprensa, os responsáveis pelo trabalho mostraram uma prévia da restauração. A estrutura, em homenagem a Santo Antônio Maria Claret, foi removida em 1968, após a transição da igreja de uma ordem religiosa para outra — dos Clarentianos para do Santíssimo Sacramento —, e encontrada em 2003, durante a revitalização da capela principal.
Especialista em bens integrados e responsável pelas restaurações, Susana Cardoso explica que o trabalho foi orientado por um critério preservacionista:
— Fazemos o mínimo de intervenção na obra original possível, preservando a originalidade.
Durante o preparo da capela suplementar para as intervenções, foi encontrada uma assinatura, que se supõe seja de alguém que trabalhou na remoção do retábulo original nos anos 1960. A partir daí, surgiu a ideia de assinar o projeto.
— Vamos colocar uma cápsula do tempo dentro do altar para que nosso trabalho fique registrado — conta Susana.
A restauração da igreja se iniciou em dezembro do ano passado e já teve o restauro do telhado concluído. Agora, falta a pintura do altar da capela principal, que tem 13 metros de altura, e está prevista para começar em julho. Essa fase do projeto também prevê a liberação de visitações às duas torres da igreja, que precisam de Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) para serem iniciadas — o plano está em fase de readequação e deve ser liberado até o fim do ano. Com 63 metros de altura, as torres oferecem uma vista panorâmica do centro da cidade.
A restauração foi aprovada em 2015 pela Lei de Incentivo a Cultura (LIC-RS) e recebeu apoio da Braskem, que investiu R$ 1,6 milhão no projeto. Segundo Lucas Volpatto, arquiteto responsável pelas obras, será necessário captar ainda R$ 2,5 milhões para colocar em prática a construção de um museu de arte sacra no local, que tem um acervo com mais de 2 mil itens sobre a história da edificação ao longo dos séculos — será o primeiro museu de arte sacra da Capital.
— A realização desse museu vai mesclar a história da Igreja das Dores com a história de Porto Alegre, que se cruzam em diversos momentos — relata Volpatto.
A Igreja Nossa Senhora das Dores é famosa pela escadaria de 62 degraus e pelos mistérios que a cercam. A lenda conta que um escravo que participava da construção, iniciada em 1807, foi acusado injustamente de roubo e condenado à forca, montada em frente ao local. Sentindo-se injustiçado, o escravo teria amaldiçoado a construção antes de morrer, afirmando que seu patrão (um dos patrocinadores da obra) jamais a veria concluída. Acredite em lendas ou não, a igreja levou 97 anos para ser finalizada.















Fotos: Isadora Neumann/Agência RBS

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