sábado, 22 de abril de 2017

Oito prédios de Porto Alegre que você não pode deixar de conhecer

Eles estão no "Guia de Arquitetura", proposta de passeio por várias épocas.

Por Jéssica Rebeca Weber

O estilo moderno, com materiais aparentes, e a adaptação ao Morro Santa Tereza garantiram ao Condomínio Encosta do Poente um espaço no Guia de Arquitetura de Porto Alegre. Além do edifício em formato de escada, a publicação lançada pelos arquitetos Vlademir Roman e Rodrigo Poltosi no final de março inclui diversos prédios simbólicos para a Capital. As páginas do guia propõem um passeio pelos diferentes períodos da arquitetura da cidade.
— No cotidiano, as pessoas passam na frente de um prédio várias vezes e não o valorizam. Muito porque nem conhecem aquela história — observa Poltosi.
No livro, cem construções recebem uma análise breve de suas características e histórico. A ideia é atender não só a profissionais de arquitetura, mas turistas — por isso, está escrito em português, inglês e espanhol — e moradores da cidade. O retrato que sai mostra os mais diferentes estilos. Foi difícil limitar a uma centena, contam os autores, que partiram de 200 obras. Roman observa que o eclético, que predominou entre o final do século 19 e começo do século 20, é o que mais foi preservado. Prédios ricos em ornamentação como o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), o Paço Municipal e o Palácio Piratini possuem características desse estilo.
Já os prédios do período colonial e imperial são mais raros de encontrar. Presidente do departamento do Rio Grande do Sul do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-RS), Rafael Passos destaca:
— A gente não teve um bom começo na preservação do nosso patrimônio. O centro de Porto Alegre foi totalmente descaracterizado.
Passos defende a importância de um trabalho de educação da sociedade, pois muitos moradores não reconhecem o valor histórico e arquitetônico do imóvel que possuem.
— Ainda há aquele entendimento de que, como não tem 400 anos, não precisamos preservar. Mas as pessoas se esquecem que precisa passar pelos 40, 50, 100 anos para poder chegar aos 400 — destaca.





Foto: Montagem sobre fotos de Mateus Bruxel


















Anos 1820 - Um dos poucos prédios da arquitetura luso-brasileira que resistiram sem grandes alterações na cidade. O sobrado colonial foi construído nos anos 1820 e, a partir dos anos 1830, foi dividido e ocupado por várias famílias. Entre as características estão a incidência de beiral (última fileira de telhas que forma a aba do telhado), as janelas em verga de arco abatido (como um meio arco achatado) e, nas quinas do prédio, cunhais marcados. Atualmente, é sede do Porto Alegre em Cena.
Anos 1880 - Com mais de 12 mil m² de área e inaugurado em 1884, é distribuído em seis pavilhões ligados por um eixo de circulação. Tem um rígido padrão clássico, e, na avaliação dos autores do Guia, usa a arquitetura como forma de impor a razão sobre a loucura. É caracterizado pelos arcos plenos no térreo e basculantes, que permitiam a passagem de ar e luz, mas impediam a fuga dos pacientes.
Início Séc. 20 - O conjunto de 17 casas em fita, grudadas umas nas outras, é um testemunho das habitações populares típicas do início do século passado, em uma área que tinha constante ameaça de enchente antes da retificação do Arroio Dilúvio. São decoradas por um friso contínuo que reforça o sentido de conjunto na composição. Os imóveis ainda servem de residência e também abrigam atividades comerciais.
Anos 1900 - O Instituto Astronômico e Meteorológico inovou com elementos do art nouveau, inspirado por formas e estruturas naturais. Tem elementos fitomórficos, com características semelhantes às dos vegetais, e a estátua de Urânia, a musa da Astronomia. Ainda tem representadas, em alto relevo, as constelações do zodíaco e os símbolos dos oito planetas. Atualmente sedia o Observatório da UFRGS. Foi inaugurado em 1908.
Anos 1910 - Um exemplar do estilo eclético é o prédio encomendado em 1910 pela Cervejaria Bopp, onde hoje fica o Shopping Total. Possui fachada rica em elementos decorativos. Tem colunas de garrafas, figuras bávaras com canecas e esculturas que vão de um elefante à imagem do lendário Gambrinus, patrono não-oficial da cerveja.
Anos 1940 - O edifício de aspecto monumental foi construído entre 1944 e 1950 para a antiga rede de lojas e departamentos Mesbla. Tem composição clássica e características da Escola de Chicago, como o tijolo à vista. A esquina é o que mais chama atenção, com arredondamento negativo do corpo do prédio e base com esquina curva. Atualmente, o prédio é usado pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul.
Anos 1950 - É um marco do movimento moderno no Rio Grande do Sul. O térreo possui uma malha regular de pilares. Possui um grande plano de vidro e brises metálicos no corpo da edificação, sendo que as outras fachadas são cegas. Na parede voltada à Praça da Matriz, há uma escultura em bronze da deusa Têmis, guardiã dos juramentos dos homens e da lei. O projeto é de 1953.
Anos 2000 - Construída em um pequeno terreno, essa casa apresenta referências da arquitetura moderna brasileira e indica também relação com a arquitetura contemporânea europeia. A estrutura de concreto é utilizada como planos que se desdobram, de forma com que não dê para distinguir elementos estruturais, como colunas e vigas, e tem ainda acabamentos metálicos. O projeto é de 2004.

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