Se antes o Museu Imperial de Petrópolis, Região Serrana do Rio, já 
era considerado um dos patrimônios mais importantes da Cidade Imperial e
 do Brasil, depois da última semana a relevância da instituição foi 
ainda mais elevada. Isso porque o “Conjunto relativo às viagens do 
imperador d. Pedro II pelo Brasil e pelo mundo”, do acervo do Museu, foi
 inserido no Registro Memória do Mundo da UNESCO (MOW) – honraria que 
equivale à patrimônio da humanidade para patrimônio edificado, para 
documentos em papel escrito e iconográfico.
A honraria é um reconhecimento da representatividade do conjunto de 
documentos em nível internacional. Em 2010, o material foi agraciado no 
âmbito nacional com o MOW BR. No ano passado (2012), a instituição 
preparou um novo dossiê que foi submetido à UNESCO, que concedeu o 
registro. Com a premiação, o Museu Imperial passa a ser a primeira 
unidade museológica do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), do 
Ministério da Cultura, a receber a importante chancela da Organização 
das Nações Unidas (ONU) para a educação, a ciência e a cultura.
O 
acervo inclui 44 cadernetas de viagem do imperador d. Pedro II – 
incluindo textos, cartas e desenhos – e 10 diários da imperatriz d. 
Teresa Cristina, além de diários de viagem de Luísa Margarida de Barros 
Portugal, a condessa de Barral, e de Luís Pedreira do Couto Ferraz, o 
barão do Bom Retiro, que integravam habitualmente a comitiva do 
imperador. São 2.210 documentos que reúnem correspondências, itinerários
 de viagem, livros de visitas e registros de contatos do imperador, 
relatórios de despesas da mordomia da Casa Imperial do Brasil, jornais e
 outros periódicos, panfletos, programas, saudações e homenagens, 
convites, desenhos e fotografias. O acervo faz parte da série “Viagens 
do Imperador – 1840-1913″, que integra o fundo Arquivo da Casa Imperial 
do Brasil, doado ao Museu Imperial em 1948 pelo príncipe d. Pedro Gastão
 de Orleans e Bragança, bisneto de d. Pedro II.
“São registros de pessoas e coisas que ele viu, como os desenhos das 
Pirâmides do Egito, ou correspondências com grandes intelectuais, como 
Alfred Nobel, Louis Pasteur, Victor Hugo, Henry Wadsworth Longfellow, 
entre tantos outros. A importância desse reconhecimento se deve à 
riqueza desses dados e informações da visão de um observador a seu tempo
 que registrou isso. Ele tinha uma visão do século 19 de um observador 
privilegiado, um erudito”, destacou o diretor do Museu Imperial, 
Maurício Vicente Ferreira Jr.
Curiosidades entre os registros
Nos anos de 
1871, 1876 e 1887, o imperador fez viagens à Europa e Estados Unidos, 
onde registrou suas experiências pessoais, além de curiosidades e 
inovações que surpreenderiam a todos, como a invenção do telefone. “O 
Conde D’Eu era surdo do ouvido direito e ao conversar com Graham Bell 
sobre um aparelho para o problema, o imperador ficou sabendo do mais 
novo invento do cientista, que nada mais era que o telefone. Neste 
encontro, D. Pedro declamou Shakespeare e acabou despertando no público 
presente o interesse sobre a nova invenção de Graham Bell”, contou 
Maurício.
Em 1876, o imperador cruzou os Estados Unidos duas vezes, de um lado 
ao outro. Foram três meses de viagem de trem, barco e carruagem. Segundo
 o diretor do museu, a imperatriz d. Teresa Cristina não quis ir e ficou
 em Nova Iorque. “Em uma dessas viagens, ele foi o único chefe de estado
 a ir à exposição comemorativa dos 100 anos de independência dos Estados
 Unidos, que aconteceu na Filadélfia”, lembrou o historiador.
D. Pedro II também foi um dos patrocinadores da construção do Teatro 
de Bayreuth de Wagner, na Alemanha. “Ele estava na primeira fileira no 
dia da inauguração”, revelou Maurício, lembrando que a segunda metade do
 século 19 foi um período de muitas evoluções. “Caminhou muito rápido. 
Tivemos a invenção do telefone, telégrafo, das comunicações. D. Pedro II
 foi um apaixonado por essas tecnologias, pelas transformações. Isto 
está neste conjunto, a riqueza dessas informações”.
Novas honrarias a caminho
E a busca pelo reconhecimento da história não para por aí. A equipe do 
Museu Imperial já está preparando um novo dossiê sobre a Guerra do 
Paraguai com documentos visuais – com aquarelas, desenhos e mapas. Com o
 nome de “Iconografia e cartografia da Guerra do Paraguai em 
instituições brasileiras”, o documento está sendo elaborado pelo museu e
 outras sete instituições detentoras de documentação relativa à guerra 
do Paraguai.
O dossiê será submetido pela UNESCO em agosto para ser reconhecido 
como Memória do Mundo da América Latina (MOW LAC). “A escolha do assunto
 é porque ele precisa de um tratamento, ser conhecido. A intenção não é 
falar dos horrores da guerra. Essa documentação fala do território, do 
conceito de liberdade, já que os negros e escravos que participavam, 
quando voltavam ganhavam a alforria. Das relações internacionais 
pluralistas”, explicou o historiador. Por Andressa Canejo
Fonte: http://defender.org.br/2013/06/24/museu-imperial-de-petropolis-rj-e-patrimonio-da-humanidade/ 
Museu Imperial de Petrópolis (Foto: Marco Oddone).
  
Caderneta de viagem de Dom Pedro II com muitas anotações. (Foto: Divulgação)