A festa do Nosso Senhor do Bonfim, realizada anualmente em janeiro, na Cidade Baixa, em Salvador,
foi reconhecida como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Na Bahia, o ofício
das baianas de acarajé, a capoeira e o samba de roda do recôncavo baiano
também são bens protegidos. A aprovação do pedido ocorreu na
quarta-feira (5) pelo Conselho Consultivo do Iphan.
"É a mais importante e singular festa que nós temos, acontece há quase
300 anos e envolve uma quantidade inacreditável de pessoas, não é só uma
manifestação religiosa, é puramente emocional. E não tem indústria
nenhuma por trás, é essencialmente popular", aborda Carlos Amorim,
superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim.
Com cortejo, procissão, missa solene, lavagem de escadarias, terno de
reis e manifestações populares, ele lembra que a festa tem
historicamente o potencial de atrair moradores com as suas tradições
próprias do recôncavo baiano. "Sem dúvida, é uma das mais queridas
festas da Bahia. Representa simbolicamente a integração do recôncavo,
região que engloba a Baía de Todos os Santos, onde está o nascimento do
processo civilizatório brasileiro. E tem a ver com saveiros, samba de
roda, acarajé", explica.
Agora como bem protegido, a festa passa a
ser periodicamente acompanhada pelos técnicos do Iphan e terão os seus
elementos constitutivos monitorados. "Temos o registro da história do
bem, como nasceu, como evoluiu e como está hoje. Outra coisa é que ganha
prestígio. É notório que o fato de ser patrimônio tem dado grande força
às baianas na
disputa travada com a Fifa nos jogos das Copas. Vamos preparar um plano
de salvaguarda em que poderemos promover estratégias que possibilitem
ao máximo a duração no tempo da festividade", aponta.
O superintendente Carlos Amorim adianta que pelo menos outros dois
eventos estão sendo pensados pelo Iphan na Bahia para candidatura ao
título de Patrimônio Imaterial - as festas de Corpus Christi de Salvador
e de Rio de Contas, na Chapada Diamantina. "A gente está começando a
discutir os elementos para solicitar a abertura de processo em Brasília.
Esse é um trabalho doloroso. O que aparentemente para simples, é muito
criterioso e longo, demora muitos anos. Essas festas são do século 16,
com devoção muito forte ao corpo de Cristo", comenta.
História
De acordo com o Iphan, a festa do Bonfim é realizada desde 1745 sem interrupção, unindo o catolicismo com a tradição afro-brasileira. Historiadores apontam que o início dos festejos foi na Idade Média, a partir da devoção ao Senhor Bom Jesus, o Cristo Crucificado.
De acordo com o Iphan, a festa do Bonfim é realizada desde 1745 sem interrupção, unindo o catolicismo com a tradição afro-brasileira. Historiadores apontam que o início dos festejos foi na Idade Média, a partir da devoção ao Senhor Bom Jesus, o Cristo Crucificado.
A celebração faz parte do calendário litúrgico e das festas de largo da
capital baiana, que se mesclam com atividades profanas e culturais. Ela
começa um dia após o Santos Reis e se encerra no segundo domingo depois
da Epifania, que é o Dia do Senhor do Bonfim.
O final do cortejo, iniciado na Igreja da Conceição da Praia, no
Comércio, ocorre na própria Igreja do Senhor do Bonfim, cenário em que é
realizada a lavagem das escadarias, na Colina Sagrada. A basílica foi
erguida no século 18 e é tombado pelo Iphan desde 1938, registrado no
Livro de Belas Artes.
Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/06/festa-do-senhor-do-bonfim-ganha-titulo-de-patrimonio-imaterial-do-brasil.html
Lavagem do Bonfim é realizada todos os anos desde 1745 (Foto: Julien Karl/ G1)
Situada na Colina Sagrada, Igreja é tombada pelo Iphan desde 1938 (Foto: Julien Karl/ G1)
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