Um patrimônio histórico do Recife
está entregue ao descaso. As obras de restauração do convento e da
igreja de Santo Antônio, na região central da cidade, estão paradas há
sete meses. Azulejos antigos, com mais de 300 anos, estão rachados e
descascando. Apenas uma parte do serviço foi concluída.
Os 15 painéis do pátio do Convento de Santo Antônio e os dez da Capela Dourada, uma das mais belas obras do barroco em Pernambuco,
foram recuperadas depois de dois anos e três meses de trabalho, um
investimento de quase R$ 1,7 milhão. Esta era só a primeira parte de um
projeto de restauração de mais de R$ 5 milhões, verba que seria liberada
em etapas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES).
Outros 12 ambientes deveriam ser restaurados, incluindo a igreja de
Santo Antônio, mas a reportagem da TV Globo constatou que não há
qualquer sinal de continuidade das obras. Há um ano e sete meses, o
trabalho de restauração parou e o patrimônio histórico está se
deteriorando dia após dia.
Os azulejos estão virando pó em muitas partes do local: na portaria,
sacristia e nos corredores. Boa parte desse material foi destruída pela
ação do tempo, pelo excesso de umidade, salinidade do solo e pelo
abandono. Os estragos se multiplicam por todo o convento e também pela
igreja. Os frades franciscanos responsáveis pelo convento dizem que não
podem arcar com a manutenção do patrimônio.
“Financeiramente é muito difícil, porque são manutenções caras, porque
exige mão-de-obra especializada, um corpo transdisciplinar que vai de
historiadores a geólogos, arquitetos, porque é um conjunto que envolve
interesses e conhecimentos múltiplos”, explicou o historiador Frei
Marcos Antônio de Almeida.
A pintura da parte restaurada já está descascando e o restante do
conjunto arquitetônico tem se degradado aos poucos, enquanto a
burocracia emperra a continuidade das obras. A Fundação de Apoio ao
Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco (Fade) é o órgão
responsável pela segunda etapa do projeto de restauração, aprovado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico de Pernambuco (Iphan) e encaminhado ao
BNDES.
“A Fade precisa prestar contar dessa primeira fase para que se possa
dar continuidade, e isso tem demorado demais. No nosso entendimento, eu
acho que a Fade precisaria correr mais para que se possa continuar esse
trabalho”, alertou o superintendente do Iphan no estado, Frederico
Almeida. “Existe uma promessa do BNDES em dar continuidade, e essa
demora da regularização administrativa da Fade em relação a esse projeto
pode ter riscos, sim”, concluiu.
A Fade informou que a restauração de dois ambientes foi concluída em
outubro de 2011 e explicou que não há pendências no projeto. A entidade
ainda analisa a possibilidade de apresentar e desenvolver um novo
projeto de restauração dos outros ambientes do convento de Santo Antônio.
Interior da Capela Dourada
Azulejos do Pátio do Convento
Nenhum comentário:
Postar um comentário