quarta-feira, 3 de julho de 2013

Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro

A onda da sedução

Concreto à imagem de água ondulante é o apelo sedutor do Museu de Arte do Rio (MAR), inaugurado no início de março, na zona portuária carioca. O simbolismo diverte, mas é pouco se confrontado com o papel articulador da cobertura sinuosa do complexo, que, o primeiro de grande porte do processo de transformação urbana em curso naquela região, sela a dissolução do escritório Bernardes Jacobsen Arquitetura.
 
Até o infográfico caprichado, apontando o passo a passo da concretagem da cobertura em 16 segmentos com cerca de 5 x 5 metros de projeção (moldados por peças maciças de isopor confeccionadas por cenotécnicos do samba), serviu de munição à imprensa diária para explicar aos leitores a engenharia da obra - que teve entre seus consultores o português Jorge Nunes da Silva, braço direito de Álvaro Siza no projeto estrutural do Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre.
 
O fato é que foi em meio ao concurso para a nova unidade do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro (MIS/RJ), atualmente em construção na orla de Copacabana, que em 2009 se cogitou, para a concepção do MAR, a escolha dos arquitetos do BJA - desmembrado em 2012 nos escritórios de Thiago Bernardes (Bernardes Arquitetura) e Paulo e Bernardo Jacobsen (Jacobsen Arquitetura).
 
Simultaneamente ao MIS, cujo concurso foi vencido por Diller Scofi dio + Renfro (leia PROJETO DESIGN 356, outubro de 2009), estava em formatação um museu para dar nova vida ao Palacete D. João 5º, bem arquitetônico inaugurado em 1931 e que, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), se deteriorava na zona portuária, bem em frente ao ponto privilegiado de desembarque dos milhares de turistas que povoam os grandes navios de cruzeiro.
 
Essa opção culturalmente mais interessante à ideia preliminar de transferir para o imóvel a sede da prefeitura contou com a simpatia de dois importantes agentes: o curador de arte Paulo Herkenhoff, um dos jurados da competição do MIS, e o jornalista Leonel Kaz, que, em São Paulo, assinou a direção e o conteúdo do Museu do Futebol (leia PROJETO DESIGN 346, dezembro de 2008).

O MAR, portanto, extrapolando o espaço do palacete, já nasceu bipartido. O momento e o local - berço da formação do Rio de Janeiro - demandavam uma ação não convencional, que vinculasse o acervo especial sobre a história da cidade - arte que fala da transformação da paisagem - à ação educativa em escala muito maior do que a das salas fechadas e isoladas das instituições culturais. Algo que, com o nome Escola do Olhar, fosse tão popular quanto o sugerido pela proximidade com o morro da Conceição.

Ao palacete, assim, somou-se no programa a área do prédio vizinho, obra moderna, dos anos 1940, que abrigou a primeira rodoviária do Rio, funcionou como terminal de ônibus e, no final de 2008, amargava os últimos suspiros como hospital da polícia, já parcialmente desativado.

Os governos municipal e estadual, proprietários dos imóveis, deram o sinal verde, e a junção entre o eclético tardio e o austero moderno seguiu adiante. Então, com as curadorias em conceituação, os arquitetos passaram a estudar formas de unir as duas edificações, não necessariamente estendendo uma laje no vão de dez metros que as distancia.
 
 
 






























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