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"A gente precisa sentir que a vida é importante, que é preciso haver fantasia para poder viver um pouco melhor."(OSCAR NIEMEYER)
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Quem construiu os Moais?
Ainda há quem defenda que as gigantescas estátuas da Ilha de Páscoa
foram erguidas por uma civilização perdida. Mas seus construtores foram
os antepassados dos atuais pascoenses
por Olivier Tosseri
Os moais, enormes e
misteriosas estátuas que dominam a ilha da Páscoa, foram erguidas, por
certo, pelos pascoenses, que pertencem à etnia rapanui. Essa ilha do
Pacífico, situada a 3.680 quilômetros a oeste do litoral do Chile, foi
descoberta pelos polinésios no século IX. Seu nome lhe foi dado pelo
holandês Jacob Roggeveen, que nela aportou no domingo de Páscoa de 1722. A
ilha passou ao domínio espanhol em 1770, antes de tornar-se chilena em
1888. Ela ficou conhecida sobretudo por suas estátuas monumentais, cuja
origem permaneceu por muito tempo um mistério. Alguns evocavam os restos
de uma civilização desaparecida, outros, os vestígios de um continente
engolido pelas águas, outros ainda se remetiam a Atlântida – e também
não faltavam os que falassem em extraterrestres... Em 1774, o
capitão britânico James Cook, que explorou a ilha no decorrer de sua
segunda viagem aos mares austrais, observou que muitas estátuas jaziam
por terra e que os insulares não prestavam muita atenção a elas. Ele
formulou então a hipótese de que elas eram obra de uma civilização que
já não existia. Mais ainda, sua fabricação e o modo como foram erguidas
constituíam um enigma, em especial porque a população local não parecia
ter um nível técnico particularmente avançado. No entanto, foram
mesmo os rapanuis os seus autores. Eles haviam instalado na ilha uma
sociedade de clãs muito hierarquizada e, em determinado momento
histórico, tecnologicamente avançada. Eles construíram os ahu,
plataformas de pedra sobre as quais ergueram entre 300 e 900 dessas
estátuas monumentais chamadas de moais. Sua altura variava de 2 a 21
metros e o peso, de 75 a 270 toneladas – com o pedestal. Elas foram
talhadas em tufo, uma pedra calcária porosa proveniente do vulcão
Rano-Raraku. Algumas tiveram forma completada e se erguem ao pé da
encosta; outras parecem estar no começo da escultura e outras ainda,
próximas do término dos trabalhos. Foi somente no século XX que
os cientistas começaram verdadeiramente a se interessar pelas estátuas e
a estudá-las. Graças a recentes pesquisas arqueológicas, a
reconstruções e desconstruções das estátuas e à utilização do
carbono-14, foi possível datá-las e responder a numerosas questões.
MUDANÇA CLIMÁTICA
A ilha da Páscoa estava no passado coberta de florestas, o que
contrasta fortemente com a ausência total de árvores que se observa
hoje. Uma interrupção precipitada na produção das estátuas ocorreu por
volta do fim do século XVI ou início do XVII, o que alimentou diversas
hipóteses. Em primeiro lugar, uma erosão do solo – em decorrência do
desmatamento resultante do transporte dos blocos de pedra – teria
provocado penúria, fome e conflitos internos. Em seguida, um período de
estiagem teria levado os pascoenses a erigir as estátuas com a
finalidade expressa de fazer com que a chuva voltasse. Vendo a
ineficácia desse procedimento, eles teriam se vingado das estátuas,
derrubando-as. Finalmente, a chegada dos europeus dizimou a
população da ilha, que, já em estado de decadência, foi facilmente
reduzida à escravidão e deportada, ou ainda duramente atingida pelas
doenças introduzidas pelo homem branco. Se, em todo caso, os
autores e a construção dessas estátuas monumentais não são mais um
enigma, a dúvida subsiste quanto a seu papel preciso e às causas da
interrupção de sua construção. Divindades, parte de um ritual para os
mortos ou para obter alguma coisa dos deuses, os moais conservam apesar
de tudo uma parcela de mistério. A teoria mais aceita é que eles são
representações de ancestrais dos clãs e seriam um fator de união e
diferenciação desses grupos. Os moais não eram construídos em seus ahu,
dizem os pesquisadores. Mas, como era feito o transporte dessas
estátuas, cujo peso pode ultrapassar 80 toneladas? O uso de roldanas é
uma hipótese, mas a tradição diz que os moais... andavam.
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